26 fevereiro, 2011

Black Swan


Nunca um filme de final tão previsível (já na primeira cena, dá para prever corretamente como será a última) foi tão surpreendente para mim.

Poucas vezes na vida saí do cinema com a sensação de "nem preciso ver as outras interpretações para saber que, se este ator/atriz não levar o Oscar, é porque foi marmelada". Lembro de ter ouvido esta frase do rapaz que sentou na cadeira em frente à minha quando assisti a Boys Don't Cry, referindo-se à atriz Hillary Swank, que merecidamente ganhou o prêmio. E, antes disso, já tinha levantado da cadeira com a mesma certeza quando assisti a Forrest Gump, embora muitos dissessem que o Tom Hanks não ganharia o Oscar novamente, porque já tinha levado a estatueta por Philadelphia no ano anterior.

Que me desculpem as outras concorrentes, mas uma interpretação melhor que a da Natalie Portman está fora de cogitação este ano. A personagem Nina comenta que "só queria ser perfeita", mas a atriz conseguiu. Está perfeita no papel.

Que filme que mexe com a gente, que incomoda, que permite ao espectador experimentar a metamorfose junto com a personagem! Difícil ser indiferente ao filme, não acordar cantarolando a melodia igualmente fascinante do Tchaikovsky depois do solo magnífico do cisne negro.

Um filme para bailarinos, psicólogos, perfeccionistas e cinéfilos em geral. Um motivo que faz valer a pena deixar a prole em casa com o marido e escapar para ver a última sessão, devorando sem culpa um saco imenso de pipocas. Não deve levar a estatueta de melhor filme, embora mereça, porque perturba. E muito. Cento e oitenta graus do típico "feel-good movie", mas imperdível para quem topa sair da sua zona de conforto.

25 fevereiro, 2011

Tomar vacina pra quê?

O Pacotinho de Preparativos para a Vida Escolar tomou sua vacina "de ir pro kindergarten", como é chamado o reforço da vacina tríplice que é dado no ano em que a criança completa 5 anos, antes de entrar na escola.

Quando a irmãzinha estava tomando banho, ele reparou dois band-aids na coxa dela e sabia que estavam ali porque ela havia tomado vacinas. Como ele não deixa passar nada:

- Mãe, ela tomou vacina pra ir pro kindergarten?
- Não, ela não vai pro kindergarten.
- Ela vai pra onde?
- Pra lugar nenhum.
- Ela tomou vacina pra ficar em casa? Pra quê?

24 fevereiro, 2011

O Pacotinho de Observações Lógicas

A visão de dois ou três adultos caminhando pela calçada com um carrinho duplo, triplo ou quádruplo cheio de pimpolhinhos a bordo não é rara em Vancouver. Também é bem comum ver uma turminha que mal sabe caminhar andando de mãos dadas com adultos, na proporção de quatro cabecinhas para cada pessoa grande, atravessando a rua em bando.

Tendo ele mesmo feito parte de inúmeros passeios nesse esquema nos seus mais de três anos de creche, quando vê um grupo de pessoas atravessando a rua juntas, todas vestidas de preto (cor oficial de todos os invernos), o Pacotinho de Lógica não tem dúvidas:

- Mãe, aquela ali é uma escola de adultos.

23 fevereiro, 2011

O Pacotinho de Prioridades

Numa fase de temer barulhos e escuro, o Pacotinho de Medo acorda de manhã e pede à Mamãe para ir ao banheiro com ele.

Enquanto ele está em pé, de frente para o vaso, prestes a fazer o óbvio, ela tenta planejar o dia e começa o assunto:

- Hoje tem sol, então vou falar o que a gente pode fazer e você escolhe,'tá?
- 'Tá.
- A gente pode ir ao parquinho ou pode ir ao centro comunitário ou pode ir à biblioteca pegar mais livros para ler de noite ou...
- Pode eu fazer xixi?

21 fevereiro, 2011

Como não tratar os animais - dicas do Pacotinho de Lógica

Passa um cachorro lindo na rua.

- Olha, Filhote, que cachorro lindo!
- É mesmo. Mãe, você gosta de gato e de cachorro?
- Não, só de cachorro. Gato eu só acho bonitinho quando é filhotinho.
- Mãe, pode a gente comprar um gatinho bebezinho?
- Não.
- Por que?
- Porque ele vai crescer e não vou gostar mais dele.
(ele retruca num tom impaciente)
- Não, Mamãe. Eu não vou dar NENHUMA comida pra ele.
- Filhote, mas não pode matar o gatinho de fome!
- Então eu vou dar bem pouquinho de comida.
- Por que?
- Porque aí ele não morre, mas também não cresce.

19 fevereiro, 2011

O Pacotinho de Identidade Própria

Arrumando-se para ir à aula semanal de futebol,o Pacotinho de Identidade Própria comenta com sua mãe, ao ver a camisa do Brasil com o nome do Kaká sendo tirada da gaveta (a mesma que, por pura conveniência, a mãe escolhe para todos os sábados, já que as outras camisas de manga curta estão empacotadas desde outubro):

- Mãe, o moço da aula de futebol não sabe que meu nome é Daniel, ele fala eu de Kaka.
- É Kaká, Filhote.
- Mãe, ele fala eu de Kaka!
- Ele fala Kaka porque gringo não sabe falar Kaká.
- Eu quero a camisa do Brasil com minha nome.
(Sai da gaveta a camisa do Brasil com o nome dele - então nem todas as roupas de verão estavam empacotadas, como nas casas das mães organizadas)
- Pronto, Filhote. Está escrito aqui seu nome, ele não vai mais chamar você de Kaká.
- É, mas ele vai falar em inglês "Dániel", não vai falar Daniel.

10 fevereiro, 2011

O Pacotinho de Múltiplas Indagações

Para os conterrâneos que desejam filhos falantes de português (nem todos fazem questão), os DVDs trazidos do Brasil são uma ótima pedida. É surpreendente o que as crianças aprendem da nossa cultura e vocabulário. Quem disse que, além de babá ocasional, a TV não pode também ser professora?

Depois de assistir ao Cocoricó, enquanto a Mãe Sem Criadagem faz o jantar, o Pacotinho de Dúvidas Constantes pergunta:

- Mãe, como é que o Mula-Sem-Cabeça cospe fogo se ele não tem cabeça?
- Ah, Filhote, é porque ela não tem cabeça, solta fogo pelo pescoço, sabe?

Pergunta difícil de responder, até porque, a mãe do Pacotinho de Perguntas sempre soube que a Mula-Sem-Cabeça solta fogo pelas ventas. Agora ela cospe, é?

***

- Mãe, você sabe o que é condomínio?
- Sei. Onde você ouviu esta palavra?
- Foi o Russell que falou pro Up.

O "Up" é o Mr. Frederickson, personagem principal do filme, para quem não assistiu ao delicioso desenho.

09 fevereiro, 2011

O Pacotinho de Adivinhação

- Mãe, vamos brincar de adivinhar que bicho eu estou pensando?
- Vamos.
- É um bicho que nasce do ovo, não tem rabo e come morango.
- Come morango?
- Se o morango está no chão, ele come.
- Galinha!
- Galinha não é verde...
- Você não disse que era verde.
- É verde.
- Ah, Filhote, não sei não, um grilo?
- Sim!
- E grilo come morango?
- É uma grilo BEM grande.

***

- É um animal que come bambu.
- Urso panda.
- Ah, Mamãe, eu queria falar as outras coisas.
- 'Tá bom, desculpa.
- É uma urso bonzinho, que não tem rabo e come bambu.
- É preto e branco?
- Sim!
- Urso panda.
(com voz de surpresa)
- Sim, você acertou!

07 fevereiro, 2011

Carta de Janeiro 2

"Fofolete,

Você completou 4 meses, o tempo está passando rápido demais! Estes primeiros meses de um bebê são tão gostosos e esta idade de 4 meses é uma das mais deliciosas. Mamãe queria congelar você deste tamanho em que está.

Você começou na aula de natação, é a menorzinha da turma. Os outros bebês da sua turma já tem entre 6 e 9 meses, o que faz muita diferença pra alguém na sua idade. Todos os domingos, é seu pai quem entra com você na piscina. Na verdade, o objetivo da aula não é ensinar os bebês a nadar, mas a sobreviver dentro da água. Eles dão ênfase em ensinar a boiar e a ficar confortável com água caindo sobre o rosto. Você adora!

Você teve bronquiolite no final de janeiro (claro que a Baka disse logo que foi por causa da natação). Ficou três dias com febre, bem prostrada, olhos lacrimenjantes, tossindo muitíssimo. Até emagreceu, dava uma pena! Confirmamos que era bronquiolite (RSV) pela cultura da secreção do nariz. Um médico de família chegou a prescrever antibiótico, que Mamãe recusou-se a dar. Onde já se viu? Pulmão limpo, ouvidos idem, mas ele disse "ela é muito novinha, melhor dar antibiótico". Se tem uma coisa que sua mãe não é, nem nunca foi, é apavorada. Acabamos indo ao hospital, como o médico de família recomendou, para que você fosse vista por um pediatra (que confirmou a falta de necessidade de antibiótico). Nem antitérmico você tomou, só banho para baixar a febre e homeopatia. De positivo, Mamãe aprendeu a usar o óleo de tomilho para massagem no peito e nas costas, um santo remédio, que ajudou você a dormir nas noites de tosse.

Por conta da virose, tivemos que adiar suas vacinas de 4 meses até esta semana. Você engordou somente 275 gramas em janeiro, certamente ganhou mais e depois perdeu peso enquanto esteve doente. Está no percentil 75 de altura e 50 de peso, com as coxas grossas e os pulsos fofinhos cheios de dobrinhas, mas seu segundo queixo deu uma encolhida.

Mesmo doentinha, você logo voltou a dormir a noite toda, depois de duas noites acordando e tossindo muito. Graças a Deus, você tem tirado uma soneca ocasional no balanço, no carrinho e até no moisés durante o dia. As costas da sua mãe andam muito doloridas. O fato de ter dois bebês que dormem a noite inteira desde novinhos mas lutam contra as sonecas diárias por meses a fio é um mistério que sua mãe ainda não conseguiu desvendar. O que poderia ter sido feito de diferente para que vocês dormissem melhor de dia?

Você está a cada dia mais parecida com seu irmão quando ele tinha a sua idade. Como ele, também aprendeu a rolar de bruços para as costas antes do contrário, que é o mais comum para a maioria dos bebês. E, também como ele sempre foi, é agitadíssima quando está no chão. Passa grande parte do tempo acordada com as mãos na boca, mas não chupa nenhum dedo em especial (geralmente 3 ou 4 ao mesmo tempo). Consegue segurar os brinquedos e eventualmente leva um à boca. Por enquanto, ainda prefere chupar as suas mãos. E, outra coincidência com ele nesta idade, seu lugar preferido na casa é o trocador de fraldas. Você dá gritinhos de felicidade enquanto está deitada lá e a cada dia tem sido mais difícil trocar as fraldas, com tanta agitação e movimentos novos.

Você adora seu irmão. Como Mamãe já tinha previsto desde que você nasceu, suas primeiras gargalhadas foram para ele. Hoje mesmo, enquanto brincávamos os três no colchão, você riu alto até perder o fôlego vendo-o esconder-se debaixo de uma pilha de travesseiros.

Você não gosta de estranhos, ou melhor, nem desgosta deles, contanto que não a peguem no colo. Mesmo a Baka e o Deda são recebidos com beicinho e muitas lágrimas em 90% das tentativas de segurar você. Mas você sorri para estranhos na rua, o problema é a aproximação.

Você é muito curiosa. Se alguém estiver conversando durante sua mamada, você prefere ouvir a conversa olhando para a pessoa (ou a TV) a matar a fome.

Você tem um gorro de orelhas de coelho, cor de rosa-choque, que é uma sensação na rua. Não houve um só dia em que tenhamos saído de casa sem que um estranho (os homens principalmente) tenha dito "cool hat" ou algo do tipo. Nos dias mais frios, Mamãe coloca as luvas combinando com o gorro, mas só mesmo nos dias em que as mãos estão doendo de frio, porque você detesta as luvas.

Mamãe, quem diria, este mês resolveu testar umas fraldas de pano em você. Cansada que estava de lavar roupas borradas de cocôs desafiadores da lei da gravidade, daqueles que sobem pelas costas várias vezes por dia, ela ouviu dizer que as fraldas de pano não vazam. Ela adoraria dizer que estava preocupada com o meio-ambiente, mas não foi essa a razão. E estamos felizes com as fraldas da Bum Genius! Se alguém tivesse dito que em pleno 2011 sua mãe iria sequer pensar em experimentar uma fralda de pano num filho, ela teria dito que certamente nunca. Por enquanto, ainda não estamos usando em 100% do tempo, mas a ideia já está cada vez mais atraente. As fraldas de pano modernas são lindas, práticas e em nada lembram as que suas avós dobravam e colocavam nos filhos. Para quem já liga a máquina de lavar todos os dias, umas fraldas a mais não fazem diferença.

Na sua curta existência, já superamos um monte de dificuldades para amamentar, uma mastite, uma bronquiolite e ainda assim, na maior parte do tempo, tem sido uma aventura deliciosa ter você conosco. Obrigada por trazer de volta a esta casa seu cheirinho irresistível de cabeça de bebê, suas meias minúsculas caídas na secadora de roupa, sua gargalhadinha contagiante e muitos motivos para usarmos um tom de voz meloso.

Um beijinho no pescoço mais cheiroso do pedaço,
Mamãe".

06 fevereiro, 2011

Carta de Janeiro - ufa, acabou!


"Filhote,

Janeiro foi um mês difícil para todos nós. Que sua mãe jamais gostou de inverno você sabe, que ela fica triste quando alguém vem visitar do Brasil e vai embora também, mas foram muitas mudanças nas nossas vidas de uma vez só.

Quando a Mamãe ficou jururu porque seu tio foi embora, você tentou consolá-la "mas ele vem buscar a gente pra ir pro Brasil!". Seu tio ficou aqui até dia 18 de janeiro. Impressionante como seu português melhorou durante a estadia dele! Ele é tão carinhoso, tem energia para brincar com você e não resiste aos seus abraços apertados. Já disse que está com saudades da sua voz.

Dia 31 de dezembro foi seu último dia na creche que frequentava desde setembro de 2007, a única da qual você se lembra. Deixou pra trás seus amigos e professoras que conhecia desde bebê. Curtiu seu "Happy Last Day" chupando picolé com os amigos, que Mamãe e seu tio levaram. E nunca pediu para voltar lá, nem disse que estava com saudade. Sempre fala "eu gosto minha escola velha e gosto minha escola nova". Foi feliz da vida pra sua escola nova, onde fica das 12:45 às 15:45 somente (ênfase no somente). É uma escola Montessori, com umas regras diferentes e rígidas (Mamãe deixa você na porta e não pode entrar nunca), mas você vai feliz todos os dias. Tem dias em que vamos de carrinho (você vai em pé numa prancha acoplada e canta para distrair sua irmã quando ela chora - tão lindo ver seu carinho com ela! Como você mesmo diz, "a Marina gosta do eu"), em outros vamos de ônibus e de vez em quando, vamos de carrinho e de ônibus (sua versão favorita).

Já é notável seu progresso na escola. Com duas semanas de aula, passou a se interessar pelos sons e a perguntar com que letra começam as palavras. Quando estamos caminhando na rua, brincamos de um jogo de adivinhação dos bichos que começam com uma determinada letra.

Como a escola é só na parte da tarde, temos que inventar o que fazer todas as manhãs e evitar ao máximo a deusa azulada da TV, que você fica mal-humorado quando assiste por mais de meia hora. Nas segundas-feiras, seus avós ficam com você. Vão ao Science World, ao Aquarium, ao parque, dependendo do clima. Na terça, nós vamos ao ginásio do centro comunitário e depois tem aula de música. Na quarta, tem ginástica, que você ama. Na quinta, vamos ao centro comunitário novamente e na sexta vamos ao Story Time na biblioteca. Terças e quintas de noite vamos ao "drop in" da ginástica. No sábado ("minha dia favorito", como diz você), tem futebol e no domingo, natação. É preciso muita atividade para diminuir em um pouquinho a sua energia inesgotável.

Outro dia a Baka chegou aqui sozinha e você perguntou pelo seu avô. Ela achou que você estava sentindo saudade dele, mas você esclareceu "I miss the car", já que ela não dirige.

Temos ido à biblioteca várias vezes durante a semana. Pegamos uns 10-12 livros de cada vez, que lemos de noite, antes de dormir. Você presta atenção, tão concentrado! Faz umas perguntas engraçadas. Tem preferência por livros de dragões, qualquer coisa do espaço sideral e, pra arrepio da Mamãe, ratos. Lemos um esquisitíssimo de um ratinho chamado Grill Pan Eddy, que você queria reler toda noite umas três vezes. Você adora devolver os livros na esteira rolante da biblioteca e já sabe passar sozinho o cartão e os livros no "check-out" automático.

Mamãe anda muito cansada. Há vários tipos de mãe, sabe? A maioria das mães (e dos pais) gosta muito mais da fase em que as crianças já sabem falar e expressar suas ideias. Só que a sua é do tipo raro que acha que bebês saudáveis não dão trabalho, mesmo os mais novinhos, mas ela não tem muita energia para acompanhar crianças incansáveis. Você é incansável, Filhote. Tem dias em que Mamãe pensa que você deveria ser proibido para mães maiores de 21 anos. Na aula de música, enquanto as outras crianças timidamente escolhem um chocalho que balançam devagar, você pega a caixa para recolher os chocalhos de todos e dança enquanto faz o serviço (sem que a professora tenha pedido). Se você não se concentrasse nunca, ela acharia que tem hiperatividade. É uma empolgação pra tudo, você faz amizade com crianças no parquinho, puxa conversa com estranhos no elevador, corrige a bibliotecária no "Story Time" quando ela canta uma música e esquece uma estrofe. Não há uma só célula tímida no seu organismo.

Você adora ajudar na cozinha, temos feito bolo de cenoura com frequência. "Pode eu cozinhar com você?" é sua frase de toda noite.

Semana passada você foi tomar suas vacinas de 4 anos e meio, já para entrar no "kindergarten". Mamãe avisou a semana toda que teria vacina e que depois você poderia comprar um brinquedo pequeno, a única exceção até seu aniversário. Você foi todo empolgado, sentou na sala do médico com a manga da camisa levantada. Ele queria examinar e conversar, você queria logo a injeção. Ele sugeriu que você não olhasse, mas foi solenemente ignorado. Você encarou a agulha com atenção, nem piscou ou reclamou. Quando chegou em casa, comentou com seu pai que havia ganho um band-aid, sequer citou a injeção. E pensar que, quando você tomou suas primeiras vacinas, aos 2meses de idade, foi uma choradeira geral dos seus pais... É, você está crescendo mesmo (e Mamãe constata isso com um misto de orgulho e nostalgia).

Outro dia Mamãe chamou sua atenção por algum motivo que ela já nem se lembra mais e você disse "não fale assim com sua filho! Não vou te dar nenhum presente na sua aniversário" Precisamos de umas férias. Estávamos brigando muito por causa da TV de manhã, até que combinamos a regra de assistir a um desenho e não enrolar na hora de sair de casa. As brigas pararam. Outro dia você comentou, na hora de sair "viu como não fiquei mal-humorado?" Desculpa se a Mamãe andou uns dias sem muita paciência, é o cansaço aliado à chuva onipresente, somado à dor no braço, saudade do Brasil, estresse de procurar casa... Fevereiro há de ser bem melhor.

Um abraço apertado,
Mamãe".

SAL do Iglu para Silvia

Obrigada pela preocupação, talvez em Edmonton seja assim, mas aqui não é. Moro atualmente no bairro de maior concentração populacional do Canadá (não de Vancouver). Conheço várias pessoas que moram na área da escola local (meus vizinhos de prédio) e não foram sorteados na loteria, ou seja, não tiveram direito nem à escola na porta de casa. A palavra "loteria" não é força de expressão, é sorteio mesmo para vagas. Talvez em Edmonton não haja problema de falta de vagas nas escolas, então basta se inscrever mesmo que seja fora de "catchment area" que existem vagas excedentes.

Para "French immersion", todas as escolas atualmente tem loteria em Vancouver. Para inglês, somente a do bairro onde moro.

A maior vantagem da escola de bairro é poder ir a pé, além de ter como colegas de classe os vizinhos. Para a minha realidade de mãe que trabalha fora, é inviável mandar uma criança de 5 anos sozinha para uma escola no outro lado da cidade (numa terra onde não há transporte escolar como no Brasil).