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Heresia
Isabel Xavier
Herético
O braço que se ergue
A mão que se abre
Herética
A pele à flor da pele
O silêncio que brotou.
Herético e feliz
O pão e o mel
A boca a que sabe
A que o provou.
Herética
A luz do sol a amanhecer
O dia que finda
A noite a acontecer
Heréticos
Os montes e vales percorridos
A plena certeza dos sentidos.
Herético e feliz
O corpo saciado
À beira - vida abandonado
Herético
O lugar onde morre a heresia
E quem do amor fez liturgia.
Basta dizer que é um poema muito feliz como
ResponderEliminar«O pão e o mel
A boca a que sabe
A que o provou».
Eduardo Aroso
Como disse Jorge Luís Borges no início de um poema seu:
ResponderEliminar"Cometi o pior desses pecados
Que podem cometer-se. Não fui sendo
Feliz. (...)"
E, no mesmo poema, mais adiante, falando dos pais:
"Defraudei-os. Não fui feliz. Cumprida
Não foi sua vontade. (...)"
- Isabel Xavier -