O desenho que a vida faz
A nossa vida é um acto contínuo; mas só vista de longe, de um ponto remoto a que dificilmente conseguimos chegar, precisamente porque se trata da nossa vida. Quando olhamos a vida de uma pessoa no passado ou lemos a sua biografia, podemos ver esse acto único, contínuo. Mas, em relação à nossa, isso é mais difícil, porque estamos tão perto dela que nos aparece como um pontilhado de um quadro impressionista: se visto de perto, não se distingue a imagem lá figurada, mas apenas um conjunto de traços fugazes.
desenho de Albrecht Dürer
Estamos sempre a tempo de mudar a figura toda, porque cada gesto do presente actua sobre todo o desenho do passado. Assim, um bandido transforma a sua vida passada, que mostrava a figura disforme de um monstro, numa figura belíssima de anjo, no momento exacto em que, de uma vez por todas, se arrepende. texto originalmente publicado no blogue Maranos
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