06/02/2011
borrões de rio
20/12/2010
um a um
20/11/2010
feito rio
04/04/2010
asa & partida
(Asa Partida: Fagner / Abel Silva)
31/01/2010
peso e medida
De repente...
Não mais que de repente...
E só ficaram as vestes noturnas da saudade
E pousaram, sobre mim, as escuras asas da sobriedade.
Porque o verde virou cinza
(tenho visto, não há cor pior!)
E o azul glicerina
(tenho dito: a imagem deformou-se por tanta dó).
O olhar sereno, meigo, inocente
perdeu a cor, o ritmo, o tom
Dando lugar à dúvida, à luxúria...
ao peso e à medida da razão.
E o olhar entristecido,
embevecido no trajeto e no passo vazio,
rio estarrecido das cores cinza do frio coração.
Assim, haja vista!...
(02 Jan. 2007)
*Imagem localizada no Google.
15/01/2010
contudos
foto: José de Almeida & Maria Flores
então é isso...
foram peixes
ficaram anzóis
fome de-lírio
: isca nós
(14 jan. 2010)
O interessante de tudo é que não houve contudos...
Aceitaram, enfim, a fatalidade na lei da gravidade e os sinais de alerta no trânsito.
O interessante de tudo é que tinha de ser assim...
Havia de haver um ponto final às vírgulas embriagadas na comprida estrada.
– Então, por que a saudade?
Porque permanecem os sonhos e os naufrágios. Gotas de orvalho decorando cartas de amor.
O relógio em descompasso mapeando a geografia do corpo quando se perde a primeira hora no café da manhã.
Porque pulsa e toma força estranha: reclama, arranha e desembocam rios na aspereza e na esterilidade.
Porque se percebe, no abismo, um lugar habitável e não há como transpor extremidades no curso natural do vento.
Isso tudo é interessante e requer sofia.
Não para oferecer explicações às indeléveis expedições humanas na enciclopédia do tempo.
Mas para acalmar a ventania que assola as noites de tempestade...
(30 ago. 2008)
16/06/2009
Avalanche
Faz frio.
Rio lânguido cesto de vazio
avolumou, semântico, avalanche
em meu peito...
Poema publicado em
30/05/2009
Re(s)postando...
— Coitada dela! Falava-lhe a voz da in-consciência.
Faltava-lhe o ar comprimido... élan vital. Faltavam-lhe o pôr-do-sol, a primavera e a voracidade matinal. Faltavam-lhe o néctar da tarde e o solo frugal. Todas essas coisas in-sensatas que adoçam o peito de saudade...
Texto postado em 13/10/07.
22/05/2009
Contagem
Se me faltares,
direi sem qualquer dúvida,
sombra ou roupagem:
"a saudade me desapruma, me abate
confunde-me as brumas, quando
em contagem"...
14/05/2009
Insônia
20/02/2009
Rios
As folhas caem
enquanto a chuva derrama rios de lamento
foi-se o tempo, foi-se o rouxinol
e o seu coração é inverno
imerso em navio de saudade
quando bem longe...
é carnaval.
28/01/2009
Lembranças
Para Taninha Nascimento
Ele partiu.
Deixando suas vestes pelo caminho.
De quando meus olhos risonhos seguiam
E hoje, tristonhos, se sabem sozinhos.
Ele partiu.
E o meu peito é vale e é concha aberta
triturada em moinhos.
Mas a saudade é alvura em praia deserta
e alveja os meus escaninhos.
30/08/2008
Sinais do vento
- Então, por que a saudade?
Porque pulsa e toma força estranha: reclama, arranha e desembocam rios na aspereza e na esterilidade.
Porque se percebe, no abismo, um lugar habitável e não há como transpor extremidades no curso natural do vento.
Isso tudo é interessante e requer sofia.
08/06/2008
Contudo(s)
Agora que as coisas andam...
Quando tudo era pranto e válido:
hálito, sândalo, pastoreio.
nem verdades esculpidas.
Lentes, arcos, moldares
furores e medidas.
Agora, nada de saudade
nem inquietações.
Sonhos mirabolantes
fabulários e demonstrações...
nada de estrelas na tarde
nem surtos.
Nada de clara e dócil obscuridade
nem contudo(s)...
06/02/2008
Insensatez
Ela era um pouco dada à distração: sonhadora! Dedicava-se à arte, música, literatura. Apreciava os poetas simbolistas...
Ele era pragmático, metódico, civilizado... Tão racional e categórico que não olhava, ao céu, senão para contar estrelas!
Mas eles se complementavam.
Havia amor entre eles.
E eles se contemplavam como querendo enxergar o eu no outro.
♥♥♥
Há muitas formas de amar. Uma delas se realiza pelo olhar.
No princípio, eles não precisavam de satisfações carnais: beijos, abraços, carícias sensuais... Bastavam-lhes a urgência e a intensidade do olhar.
Mas, os dias foram passando e a cobiça da paixão fora lhes dominando. O anseio fizera com que eles passassem a se estranhar. O que antes consistia pura contemplação fora se transformando, gradativamente, em possessão:
Ela o queria. Ele a ambicionava – um só sentimento em maneiras distintas.
♥♥♥
Porém, toda vez que estavam prestes a se entregarem à insensatez, algo lhes acontecia.
Certo dia, ela embevecida - por tantas letras, canções e asas partidas - lhe escrevera a fim de fazer-lhe ir ao seu encontro.
Ele recebera a escrita tão entusiasmado que até perdera, no percurso, o salto; só para a Lua poder alcançar. Mas, quando ela recebera a resposta já não se encontrava ao seu livre alcance... E não havia mais como retroceder, não havia como de seu Planeta descer!...
O fato é que ela passou muitas luas envolvida àquela mensagem: sonhando, sonhando, sonhando... Ali, enfim, ela tivera certeza da reciprocidade do amor. Entretanto, jamais ela pudera lhe falar sobre a sua impossibilidade de vôo...
♥♥♥
Ele, decepcionado, acreditou que tudo não passava de uma vã brincadeira; jogo de criança mimada.
Ela, ansiosa, fora vendo seu amor se desfazer e, na sua loucura, perdera o equilíbrio e o domínio das ações...
Então, ele deixara de buscar o seu olhar, pois duvidava, duvidava, duvidava...
Ela ainda quis fazer-lhe reconsiderar, mas era tarde demais.
♥♥♥
Como demente ela passou a se comportar, tentando-o ao ciúme. Não que ela aspirasse qualquer outra experiência. Ela só almejava ter de volta o seu amor e o forte sentimento de amizade que, outrora, os uniam. Mas foi aí que ele passou, cada vez mais, a duvidar, duvidar, duvidar...
Ele ficou mudo. Ela entristeceu.
♥♥♥
Não há Natal, Ano Novo ou data de aniversário que ela não o recorde. Durante anos fizera questão de lhe enviar expressões de afeto. Contudo, seu silêncio grita tanto em seus ouvidos que ela também passou a desconfiar, desconfiar, desconfiar...
Ela ainda o ama - não há dúvidas sobre isso! - já que não há um só dia que, dele, se esqueça, embora já não veja a cor do seu olhar.
Hoje seu coração só guarda saudades. Por isso, ela, também, emudeceu!...
21/01/2008
Contador de estrelas
– Posso até contar estrelas..., mas não sou demente!
13/10/2007
Flor de cimento
Ela sentia-se vazia: sem cor, sem parede, sem teto e sem chão.
Faltava-lhe o ar comprimido... élan vital. Faltavam-lhe o pôr-do-sol, a primavera e a voracidade matinal. Faltavam-lhe o néctar da tarde e o solo frugal. Todas essas coisas in-sensatas que adoçam o peito de saudade...
— Coitada dela! Coitada dela!... O canto tenebroso da insistência insistia-lhe aos ouvidos.
Faltava-lhe o sexto sentido: o bruma da paixão, o pêndulo do esquecimento. Vale de larvas e flocos de prata se desdobrando em flor de cimento.
— Coitada dela, coitada dela...
Exposição fria, cruel, nua. Paisagem viva-morta n’alguma in-existente aquarela...
— Coitada dela!
"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."(Gaston Bachelard)