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24/08/2009

Dor em três atos no Poema Dia


Essa dor...



I -

não mais cretina

não mais ladina

caudalosa

rósea

cor

tina


II -

dilacera

alma

gentil

curva-

-línea


lápide

álgida

escarla-

tina


intacta

crua

muda

mole

fina


III -

fere

desce

serpentina


chove

engole

rosne

finda

!

.

.

.




* Texto escrito entre 16 e 17 de julho de 2008, revisitado pela autora em 24 de agosto de 2009 e publicado no Poema Dia.

** Poema repostado in te gral mente, no HF diante do espelho, em 25-08-09.


18/08/2009

Re(s)postando (4)

Cancioneiro de primavera



Era primavera.

Havia pássaros e tinham borboletas.

Um grilo insistia em um monólogo.

Os raios finais da tarde acenavam para o lado noturno da hera:

cancioneiro de primavera!

Havia uma menina sentada no banco da praça: a espera!

Havia um olhar distante, distraído em alguma paisagem perdida.

Havia um relógio: sem batidas!

Havia um bêbado no canto: em pranto!

Havia um chinelo azul.

Tinham tamancos cor-de–rosa e uma carta envelhecida de baralho.

Havia parede, teto, assoalho...

Marcas de pés descalços; olhares sem óculos, sem esquadros.

E, lágrimas deslizavam ao longo do corredor oblongo decorado.



Passeio ao crepúsculo: Van Gogh.

Texto escrito em 04-02-08.


10/08/2009

Mar vagabundo no Maria Clara: simplesmente poesia


Mar revolto: José Cavaliere


Há um mar em mim.

Um mar de águas revoltas.

Nuvens pesadas circulam passageiras

Areias, em fileiras, atiram-me ao fundo

quase sempre certeiras...



*Para continuar lendo, visite o Maria Clara: simplesmente poesia.


11/07/2009

Re(s)postando 3


Apetrechos


Reuni os meus apetrechos,

espalhei flores sobre a cama.


Penteei meus longos cabelos

joguei os pés, doídos, à santa.


Caí na calada da noite

cantei, dancei música cigana.


Colei retratos na janela

bebi álcool com laranja.


Depois subi pelas paredes:

(quase lhe pedindo...)

socorro, pano, lâmpada!


Mas você nada me disse

nem nada me fingiu dizer.

Nem mesmo me arriscou um palpite

sobre o meu jeito lânguida de ser.


É por isso que eu fico assim meio triste

(nesse disse me disse)

Esperando...

minhas coisas:


..........[cama (de flores)

..........[santa (de redenção)

..........[cigana (de amores)

..........[laranja (de odores)

..........[lâmpada (de contemplação)

..........[lânguida (de solidão)


Você [me] recolher!...




Texto postado em 19 ago. 2007.

Imagem disponível no Google.


08/07/2009

Re(s)postando 2

La Scapigliata

Leonardo da Vinci


nor mal mente


É normal que eu tenha sonhos

que eu queira voar sem asa delta

que eu me despedace por amor

e mantenha portas sempre abertas.


É normal que eu faça juras secretas

que eu me esforce por ganhar

que eu vença o medo de perder

que eu cante:

madrugada até o entardecer!


É normal que eu chore

des con so la da mente


que eu ria

com pul si va mente


que eu grite

in tem pes ti va mente


que eu ame

tão dul cís si ma (mente)


É normal,

tão nor mal mente...


(09 out. 2007)


30/05/2009

Re(s)postando...


— Coitada dela! Falava-lhe a voz da in-consciência.

Ela sentia-se vazia: sem cor, sem parede, sem teto, sem chão.

Faltava-lhe o ar comprimido... élan vital. Faltavam-lhe o pôr-do-sol, a primavera e a voracidade matinal. Faltavam-lhe o néctar da tarde e o solo frugal. Todas essas coisas in-sensatas que adoçam o peito de saudade...

— Coitada dela! Coitada dela!... O canto tenebroso da insistência insistia-lhe aos ouvidos.

Faltava-lhe o sexto sentido: o bruma da paixão, o pêndulo do esquecimento. Vale de larvas e flocos de prata se desdobrando em flor de cimento.

— Coitada dela, coitada dela...

Exposição fria, cruel, nua. Paisagem viva-morta n’alguma in-existente aquarela...

— Coitada dela!...



Texto postado em 13/10/07.

"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)