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21/01/2008

Contador de estrelas



Tem dias em que a saudade grita assustadoramente. Basta a percepção de uma palavra lançada ao vento, a memória de uma paisagem idílica, o sabor de um beijo rápido e deveras às escondidas...

Aí, surge a ansiedade e, com ela, as prováveis suposições: poderia ter sido assim, ali, assado... em um canavial logo, aqui, ao lado; poderia ter sido tempo bom, bem gasto.

Poderia!...

Ah..., poderiam ter sido tantas coisas! Como poderia ter sido absolutamente nada! (Quem irá duvidar das coisas do destino!?...).

Às vezes, está tudo tão claro, tão ao livre alcance..., no entanto, perde-se tanto tempo - que é, diga-se de passagem, bem caro! -, buscando revitalizar velhas lembranças... (estampas infrutíferas de verificação!).

Exemplificando, sem querer parecer piegas, mas já o sendo! Se fôssemos contar a quantidade de estrelas existentes no Universo, o que aconteceria? A vida provavelmente à deriva passaria!...

Ah..., eu que vivo fazendo perguntas, cansei de buscar respostas. A pergunta me lança ao futuro enquanto que as respostas fixam-me no presente. E, como ele, vem à tona: o porão, os ratos e os gestos subservientes...

Isso tudo significa que:

– Posso até contar estrelas..., mas não sou demente!







"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)