JABURU - Goleador Nº 34
Apontou 54 golos em 68 jogos realizados com a camisola do FC Porto, durante as 3 épocas em que representou este Clube (1955/56 a 1957/58).
Jorge de Sousa Matos, conhecido no futebol como Jaburu, nasceu no dia 19 de Abril de 1933, no Rio de Janeiro.
No Brasil representou o Olaria A.C., o Fluminense F.C. e o América de Minas Gerais. Chegou ao Porto com 22 anos de idade, recomendado pelo treinador Dorival Knippel Yustrich.
Jaburu era um negrão enorme, bamboleante, de olhos vivos e um quase permanente sorriso de menino maroto ou de moleque simpático. Como jogador de futebol jingava e sambava com a bola, adorava recrear-se, atormentar os adversários com as suas habilidades. Era avisado, por isso exímio a evitar o choque. Alto e algo desengonçado, razão pela qual lhe chamavam Jaburu (nome de pássaro aquático do Brasil, pernalta e melancólico), era no entanto rápido, de finta curta e fácil e senhor de enorme versatilidade, que lhe permitia jogar tão bem com os pés como com a cabeça. Dotado de estampa atlética pouco comum nos jogadores portugueses da época, rematava com grande violência, de curta e meia distância.
Estreou-se oficialmente com a camisola do FC Porto, no dia 18 de Setembro de 1955, na Covilhã, frente ao Sporting local, em jogo da 1ª Jornada do Campeonato nacional, com um empate a duas bolas.
Jaburu foi um dos principais artífices da vitória no Campeonato nacional de 1955/56, depois de um largo jejum de 16 anos, ao apontar 23 dos 77 golos marcados pela equipa portista. Foi também importante na conquista da Taça de Portugal, dessa época, apontando 7 golos, contribuindo para a deliciosa dobradinha.
Como brasileiro de gema, adorava a gastronomia da sua terra e de forma muito especial, a bebida, estando disponível para a farra, mais do que seria recomendável. Jaburu era muito imaturo, portando-se quase como uma criança. Reconhecendo-lhe bem essa faceta, Yustrich tratava-o com um filho, castigando-o, quando era caso disso, como um menino que fazia uma diabrura e não como um adulto que prevaricava. Mantinha-lhe a rédea curta e assim o ia domesticando e motivando.
O treinador deixou o FC Porto na época seguinte e Jaburu não voltou a ser o mesmo. Como se tivesse ficado orfão, afundou-se na cachaça perdendo-se como jogador, até que em Outubro de 1958 foi cedido, a preço de ouro (950 mil pesetas), ao Celta de Vigo.
Jaburu ainda voltou a jogar em Portugal, no Leixões em 1962 e 1963, mas era uma sombra do jogador que brilhou no FC Porto.
Regressado ao Brasil, perdeu-se-lhe o rasto até que se soube que a roda da desgraça o apanhara sem remissão. Alcoolizado, pobre pedinte, foi-se-lhe o tino e internaram-no num hospício. Anos mais tarde alguém disse que tinha morrido atropelado.
Palmarés ao serviço do FC Porto (2 títulos):
1 Campeonato Nacional (1955/56)
1 Taça de Portugal (1955/56)
Fontes: FC Porto - 100 anos de história, de Álvaro Magalhães e Manuel Dias; Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar