FICHA DO JOGO
Sem rubricar uma exibição de encher o olho, o FC Porto já conseguiu dar uma imagem mais positiva, num jogo em que até entrou mal e a perder logo aos 3 minutos, mas foi capaz, ao contrário de outros jogos, de assentar ideias, trocar melhor a bola, discernir melhor o seu jogo e ser mais eficaz, apesar de continuar a cometer falhas primárias.
José Peseiro voltou a repetir o onze titular com que atacou o campeonato nacional, desde que chegou.
Num estádio tradicionalmente difícil, só um Porto destemido, rápido e eficaz poderia sair de sorrisos nos lábios. Apesar da primeira contrariedade nos minutos iniciais com um golo sofrido, na sequência de um canto, a equipa soube ultrapassar com dignidade, à custa de muita determinação e de um futebol mais rápido, variado, discernido e com sentido de baliza, mostrando de alguma forma uma nova filosofia de jogo, menos pausado, menos lateralizado, menos bola de pé para pé e mais de transições rápidas, com lances variados, mais virados para as acções ofensivas com criação de muitos lances de rotura e obviamente mais oportunidades de golo.
Notam-se ainda muitas falhas, algumas indecisões, alguma falta de confiança, especialmente no remate final, que originaram perdidas escandalosas.
É verdade que os azuis e brancos, hoje com o seu equipamento alternativo decente (todo branco com pormenores em azul), tiveram no Estoril um adversário que não se remeteu unicamente à defesa, antes procurou jogar no campo todo, valorizando e de que maneira o espectáculo, tornando os noventa e três minutos num período bastante agradável de futebol intenso e interessante.
Ao contrário do que já vimos esta época, os portistas hoje sentiram-se espicaçados pelo golo madrugador e reagiram rapidamente ao revés, carrilando lances de ataque que acabariam por dar resultados positivos.
Assim, aos 18 minutos, na sequência de uma transição rápida, André André serviu Layún na esquerda, o mexicano conduziu velozmente a bola até à entrada da área, assistindo com precisão a entrada de Aboubakar que na passada rematou sem hipóteses para Kieszek. Estava alcançado o empate.
Os Dragões, animicamente recuperados, continuaram na sua tentativa de reverter o resultado a seu favor e o golo esteve perto na passagem do minuto 26, depois de um remate violento de Maxi Pereira que Kieszek defendeu para a frente e André André acorreu para fazer a recarga fazendo a bola embater no corpo do guardião da equipa da linha.
O segundo golo portista apareceria sete minutos depois, na sequência de um canto marcado no lado direito por Miguel Layún, para a zona da marca de grande penalidade, onde Danilo Pereira saltou melhor que os seus opositores, cabeceando certeiro.
Antes seria normal que a vencer, o FC Porto acalmasse o seu jogo e ficasse à mercê do adversário, mas hoje estes jogadores sentiram que para a frente é o caminho. Procuraram com afinco matar o jogo o mais depressa possível.
O terceiro golo esteve eminente por várias vezes. Aos 37 minutos Aboubakar assistiu para a entrada rápida de André André, que na cara de Kieszek tentou desviar para o poste mais distante, fazendo a bola sair rente à trave.
Já na segunda parte, Layún entrou bem pela esquerda, enquadrou-se com a baliza e disparou um petardo, obrigando o guardião contrário a uma defesa vistosa e aos 76 minutos do jogo a perdida mais escadalosa. André André magnificamente assistido por Herrera, entrou na área, foi à linha cruzar para o segundo poste onde apareceu Aboubakar, completamente isolado, com a baliza escancarada, a dois palmos da linha de golo, a rematar, desastradamente... sobre a barra! Incrível perdida.
O golo do descanso haveria no entanto de aparecer com toda a justiça. Varela que tinha entrado para o lugar de Brahimi, colocou a bola em Corona, o mexicano tirou um adversário do caminho, rematou bem colocado, Kieszek defendeu com dificuldade para o bico da pequena área e André André, no sítio certo, surgiu rápido para fazer a recarga vitoriosa, colorindo o marcador num agradável 3-1.
Vitória certa, justa e muito trabalhosa face à réplica de grande qualidade da equipa da casa.
Para os Dragões tratou-se de uma vitória muito importante, num estádio complicado, numa espécie de luz ao fundo do túnel.