Olhar o rio no fundo a abraçar a cidade que destila conquista e história. Os telhados vermelhos com as suas antenas, os azulejos. As igrejas imponentes, que ainda apresentam refúgio para alguns. Furar os becos e descobrir recantos. Subir e descer escadas, sempre. Levar com roupa na cabeça. A companhia de algum pombo é quase sempre certa. Fontes. Muitas fontes. Umas restauradas, outras paradas no tempo. Ruelas e pátios que congelaram lá atrás. Umas quantas casas vazias. Pedra da calçada, vasos de plantas, vizinhos à conversa. Mercearias, barbeiros, casas de fado e padarias. Ah, as padarias! As saudades que eu tinha de cheirar o pão dentro de uma. Pape secos aos molhos. Lembro-me do tempo em que ia buscar pão de manhã, no bairro onde cresci. Levava o saco do pão bordado na mão. Na altura, cada carcaça custava dois tostões e meio.
Cruzamo-nos com gente de outros locais, que vêem no nosso país uma pérola. Eles sabem. Nós, portugueses, é que às vezes não sabemos.