Em um baú, semelhante a este, que pertencera a Anna Joaquina
de Castro Paiva, minha bisavó/trisavó Donana, eram guardadas
as chamadas "relíquias" da família Paiva....
(Foto: mercado livre)
No "baú das relíquias", repousou, por muitos anos, uma pedra de
mármore branca, escrita em tinta negra, que nunca se "tornou"
tumular, de fato....
(Essa pedra, foi "feita" pelo Rodrigo Paiva, meu filho, no CP...)
Bem próximo à Igreja da Prainha (N. Sra. da Conceição), no bairro
Outeiro, durante muitas décadas, residiu o núcleo da famíla Paiva que
emigrou para o Ceará, por volta de 1843, passando pelos Inhamuns
(Cococi) vindo, definitivamente, viver em Fortaleza onde formou o seu Clã...
Possivelmente, neste mercado eram adquiridos os gêneros de primeiras
necessidades que alimentaram a família Paiva....Esse, era o principal
mercado da época, no centro da cidade....O núcleo da família, residiu
sempre em bairros centrais de Fortaleza...
(Foto: Arquivo Nirez)
Primeira Catedral (Sé) de Fortaleza, que foi demolida em 1938
para a construção da catedral atual. O meu outro bisavô paterno,
João Francisco de Oliveira, açoreano, Mestre de vários ofícios,
construira alguns altares para essa Catedral, conforme consta
nos escritos de meu pai....
(Foto: Arquivo Nirez)
Bonde puxado a burro, em rua central da provinciana Fortaleza do
século XIX. Senhoras de vestidos brancos e chapéu, devido ao
intenso calor...
(Foto: Arquivo Nirez)
Chegada de passageiros, na Estação Central, em Fortaleza. Não sei precisar
se a família Paiva veio de trem, dos Inhamuns...quem sabe, desembarcaram aí...
(Foto: Arquivo Nirez)
Esquina da Rua Guilherme Rocha com Praça do Ferreira. Por aí
passava o bonde elétrico. A maioria dos homens andava de terno branco
e chapéu... (Foto: Arquivo Nirez)
Praça do Ferreira, ainda com o quiosque central, que daria lugar
à Coluna da Hora.... (Foto: Arquivo Nirez)
Praça do Ferreira, já com a Coluna da Hora....a primeira....depois,
um prefeito qualquer mandou ir abaixo, para construir a atual....
(Foto:Arquivo Nirez)
Praia do Meireles, vendo-se ao longe o coqueiral da Praia de Iracema,
que não mais existe....para cada coqueiro construiram um edifício.....
é a Av. Beira-Mar de hoje....
(Foto: Arquivo Nirez)
Este é o Café do Comércio, que reunia os intelectuais do século XIX, em
plena Praça do Ferreira, centro da cidade....na chamada "Fortaleza Belle Époque"...
(Foto: Arquivo Nirez)
Rua 25 de Março, no "coração" do Outeiro...Ao longe vê-se a
torre da Igreja do Pequeno Grande. À extrema esquerda, correspondente
à igreja (anexa ao Colégio da Imaculada Conceição) ficava o sítio onde
morava a Família Paiva. O sítio ocupava todo o quarteirão da Rua 25
Março, entre as atuais Ruas Franklim Távora e Pinto Madeira...
(Foto: Arquivo Nirez)
Passeio Público, depois chamado de Praça dos Mártires. Lugar
frequentado, principalmente, pela chamada "elite fortalezense" na,
também chamada "Fortaleza Belle Époque"....tal a influência
francesa, do século XIX para início do século XX...
(Foto: Arquivo Nirez).
Esta é uma foto célebre: o local é uma chácara, no bairro Benfica,
no sítio de propriedade do livreiro Gualter Silva,que costumava
reunir os intelectuais cearenses. O penúltimo, à direita, sentado
ao lado do senhor com um bandolim, é Manoel de Oliveira Paiva,
romancista, poeta, irmão de minha avó paterna, Rosa... neto, portanto,
de Anna Joaquina e Vicente Ferreira de Paiva.
(Foto: Arquivo Nirez)
Este vídeo, mostra um pouco da Fortaleza Antiga, no período denominado "Belle Époque"
pela grande influência sofrida pelos intelectuais e "elite" da "alta sociedade" fortalezense...
Depois da série de fotos em preto e branco, da Fortaleza Antiga,
que foi o "refúgio da grei", no dizer de meu pai, publico este mapa
do Ceará, a cores, que apresenta os nomes dos estados brasileiros
com os quais o Ceará faz limite(no sentido relógio): Rio Grande do Norte,
Paraiba, Pernambuco e Piauí. Foi junto ao mar, em Fortaleza,
que as gerações seguintes foram dando prosseguimento ao
Clã Paiviano.....(Foto: google)
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Após chegar à Fortaleza, entre 1843 e 1844, meu tio-avô Antônio
Pereira de Brito Paiva, já formado para o magistério, com pouco
mais de 30 anos de idade, possivelmente, logo se estabeleceu...
Sendo seus parentes do Cococi, pessoas de posses e influentes na
sociedade cearense, imagina-se que foi oferecido um considerável apoio à família que passara momentos tão aflitivos. Tornando-se o
patriarca da família, em substituição ao pai assassinado, teria que
prover de sustento à madrasta, para ele considerada mãe, e aos irmãos menores, os quais deveriam frequentar uma escola.
De acordo com os escritos deixados por meu pai, e também pelas
longas conversas que eu mantinha com ele, o "tio Antônio", casou-se por volta de 1846, com Dona Ana Joaquina da Conceição, que era viúva (deste casamento tratei nas postagens Família Albano e Paiva, unidas misticamente II e II, no mês de fevereiro p.p.) Minha bisavó, Donana, cuidava dos três filhos. O outro enteado, Miguel, fora morar em outra cidade, já adulto que era e, certamente já independente. Assim, a vida ia transcorrendo normalmente. Um dado importante, imagina-se, é que a família deve vendido muitos
de seus bens acumulados no Engenho Tamatanduba...
Quando eu menina, aí pelo início dos anos 1950, passei a me inteirar das histórias da família. Além dos móveis da casa, do
"pilão da bisa" (também há postagem, aqui, sobre ele), dos móveis,
lembro-me de dois baús : um, era retangular, escuro e com tachinhas douradas; o outro, de cedro, tinha tampa abaulada. No primeiro, eram guardados os lençóis, as toalhas de banho e mesa e as redes de dormir (alvas e cheirosas); no segundo baú, de tampa abaulada, ficavam "arquivadas" as relíquias que quase nunca saiam de lá...
Certa vez, vi meu pai a retirar objetos do "baú das relíquias" e, surpresa, fiquei a observar o que ele segurava com as duas mãos:
era uma pedra mármore, branca com palavras em tinta negra.
Fiquei impressionada porque, até então, só vira lápides no cemitério. A pedra de mármore, de acordo com a minha memória,
media 60 por 40 centímetros, mais ou menos. Perguntei a meu pai,
então, o porquê de duas datas... e se aquele J. J. Paiva, era ele...
Ele então respondeu-me que , 30 anos depois do assassinato do
pai, o filho José Joaquim de Paiva, seu pai, resolvera que iria à Tamatanduba colocar, aquela lápide, no túmulo de seu pai assassinado. Daí, as duas datas, inscritas na pedra de mármore.
Porém, os familiares o demoveram da ideia, com receio de outra desdita,disse-me. Provavelmente, meu avô e a família, não tiveram conhecimento do suicídio de Dendé Arcoverde, ocorrido em 1857,
15 anos antes da confecção da lápide tumular...Não haveria mais
perigo....,supõe-se, e meu avô teria ido levar a lápide...
Não conheci meu avô, pai de meu pai, de mesmo nome : José Joaquim. Ele faleceu em 1905, quando meu pai tinha 10 anos de idade. Meu pai contava, e está registrado em seus escritos, que ele
fora morar no Rio de Janeiro, ainda jovem, e lá casara com uma filha de italianos. Chamava-se Adelina Muzzio. Com ela, nasceram 10 filhos. Anos depois, trouxe toda a família para morar no Ceará.
Ficando viúvo, casou-se com uma sobrinha, Rosa, que seria a mãe de meu pai e de minha tia Carmelita. Quero supor, que esses segundos casamentos, com sobrinhas, tinham o "objetivo" de não "entregar" os
filhos (no caso de meu avô eram 10) às mãos de uma madrasta....
Sendo sua sobrinha, a esposa seria prima dos seus filhos...., ficariam "em família", portanto...
Voltemos, à lapide tumular...Lembro-me que, certo dia, apareceu em nossa casa, nos anos 1960 (não sei precisar a data), um padre que era pároco da cidade de Aquiraz- CE, de nome Hélio Paiva. Ele era neto de um dos filhos do primeiro casamento de meu avô. Portanto, esse padre, era sobrinho- neto de meu pai e trineto de Vicente Ferreira de Paiva. Soubera ele que meu pai tinha, em casa ,uma lápide tumular, que nunca fora afixada no túmulo de Vicente...
Tendo ele, Pe. Hélio, criado um museu sacro em Aquiraz,veio pedir, ao meu pai, que "doasse" ,ao recém criado museu, a lápide tumular referente ao assassinato de seu trisavô, Vicente Ferreira de Paiva.
Diante de um pedido assim, meu pai não se negou a atender ao seu pedido, ficando mesmo sensibilizado e, de certa forma aliviado : a lápide, ao menos, sairia do baú e seria exposta. Mais ainda: no Museu Sacro de Aquiraz. Aquiraz, foi a primeira capital da, então,
Província do Ceará....
O tempo se passou. O Padre Hélio, deixou a batina, casou-se, tornou-se político, chegando a prefeito de Aquiraz. O Museu Sacro, continua funcionando, no município de Aquiraz. Quando passei a me interessar a fazer a pesquisa sobre
a família Paiva, ao voltar do Rio Grande do Norte, em 2007, fui visitar o Museu Sacro. A lápide tumular, já lá não se encontra. Fiz contato com Hélio Paiva, indagando sobre a lápide. Segundo ele, deixou-a no museu por ele criado. Deduzi que "sumiu". Não me
dei por satisfeita. Há uns três anos, retornei ao museu, criado
pelo primo Hélio Paiva.No museu ,encontrei uma funcionária que
trabalha lá há mais de 30 anos, conforme disse-me. Ingadaguei-lhe sobre a lápide tumular. Ela respondeu-me que nunca vira essa
pedra descrita por mim. Ao despedir-me dela informou-me que era
comadre de Hélio. Acrescentou, ao final, que o compadre Hélio
possui, em sua casa, um grande acervo de peças de museu...
Confesso, que fico a "sonhar", de vez por outra que, aquela lápide
tumular, faz parte do acervo que o trineto de Vicente Ferreira de
Paiva, o ex-padre Hélio Paiva, possui em sua casa...
A lápide tumular, tenho-a apenas na memória. Foi a partir da
minha memória, passada para o papel, que meu filho "montou",
a que ilustra este último capítulo de SAGA DE UMA FAMÍLIA.
Mas, sinceramente, gostaria de rever a lápide original....
Quem sabe, um dia, se o IPHAN recuperar a capelinha do Engenho Tamatanduba eu consiga afixá-la em uma de suas paredes....Aqui, faço uma "súplica" ao Hélio Paiva:
- "Primo, ajude-me a encontrar a Lápide Tumular, para que
possamos, um dia, colocá-la no túmulo de nosso avoengo...!"
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NOTA: Aqui, dou por encerrada a série
"SAGA DE UMA FAMÍLIA".
A partir da próxima postagem, continuarei a narrar fatos
ligados à minha família e a mostrar objetos de "meu acervo museológico" real, ou dos que estão no "baú" da minha memória...
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Estou indo, mas volto........................................um abraço!