No ano de 1911, ou seja, há exatos 100 anos, meu pai já era um
moço feito, com seus 16 anos de idade...Sendo a sua mãe viúva, desde que ele tinha 10 anos, e tendo a mãe e a irmã para manter financeiramente, cedo começara a trabalhar...
Minha mãe, à altura, era apenas uma menininha, de 3 anos de
idade. Ambas as famílias, a de meu pai e a de mãe, residiam
na mesma rua, em Fortaleza, no bairro Outeiro (hoje Aldeota).
Frequentavam a mesma igreja, na missa aos domingos: Igreja do Pequeno Grande. Interessante, é que os dois núcleos familiares se assemelhavam, na composição de seus membros: mães viúvas , e ambas com dois filhos, uma menina e um menino.
Maria Carolina, minha avó materna, era mãe de Lauro e Maria José; Rosa, minha avó paterna, era mãe de José Joaquim e Maria Carmelita.O tio Lauro, era mais velho que a mamãe;meu pai, era mais velho que a tia Carmelita...
As duas senhoras, apenas se cumprimentavam, ao passar uma pela outra,nas ruas ou quando estavam na igreja, contava minha mãe...
Papai, inúmeras vezes comentou que se lembrava, perfeitamente, do tempo em que, ao assistir à missa, ele já rapazinho, observava a criança loirinha, de olhos bem azuis, que brincava com um terço, de joelhos, debruçada sobre o longo banco, daquele belo templo néo-gótico que é o Pequeno Grande. Aquela cena dominical, creio,
o encantara, tal era a ternura com que ele se referia a essa passagem de sua vida, de quando conhecera minha mãe, ainda menina. A diferença de idade, entre os dois, era de 13 anos...
Mamãe, por sua vez, nos dizia que, quando já mocinha, ainda com as duas famílias morando nas mesmas casas,na mesma rua, ao passar acompanhada de sua mãe, pensava, quando o via:" O José, só cumprimenta a mamãe...antipático e besta, como ele só!".. Era a contra-partida para o relato do meu pai, sobre o"terço" com o qual, quando ela era pequenina, brincava, enquanto o padre celebrava à missa....
Trago aqui, essas "cenas" de fatos reais, no intuito de associar, à letra da canção,"A Flor da Saudade", que papai tanto gostava de cantar, ao intenso amor, tecido, pacientemente, por meu pai, à minha mãe, desde a sua adolescência...
Ele acompanhara o desabrochar daquela "mimosinha flor" que
era a sua bela prometida :" a Mazé, da Dona Carolina, menina prendada, pobre, mas de "boa" família"...(palavras dele)...
Apreciem a pureza, o romantismo da letra..,que é bem curtinha mas, naturalmente, mimosa...
A FLOR DA SAUDADE
Ó terna saudade
Mimosinha flor
Só tu me acompanhas
Meu pranto e dor
Só tu me acompanhas
Meu pranto e dor
Eu quero, quero amar-te
Mimosinha flor
Ó grito tristonho
Do campo assolas
Do meu coração
És fiel retrato
Só tu me acompanhas
Meu pranto e dor
Eu quero, quero amar-te
Mimosinha flor
Ó terna saudade
Que exprime paixão
Só tu tens entrada
Em meu coração
Só tu me acompanhas
Meu pranto e dor
Eu quero, quero amar-te
Mimosinha flor
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NOTAS:
1- A imagem, no início da postagem, que achei bem apropriada, para a letra de A Flor da Saudade, "salvei-a" no google...
2- No caderno, em que a letra está manuscrita, não há referência sobre o autor...como em grande parte das letras, como já me referí antes...
3- Retornando hoje, de nossa belíssima Capital Federal, Brasília,
3- Retornando hoje, de nossa belíssima Capital Federal, Brasília,
devo confirmar que não vi, sequer, a famigerada "Rampa do Planalto". Além de visitar o "museu" do B., meu mano "véio", assistir à eterna Elza Soares (inteira) e alguns curtas e longas (muito bons) do 44 º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, fiquei "meia enclausurada" na bela "Asa Sul", da "Cidade Avião", projetada por Niemayer, revisitando o acervo de meu pai, onde, à cada visita, mais descubro de sua encantadora personalidade. Pasmem: não me fiz fotografar uma única vez, apenas fotografei objetos-relíquias...que tantas vezes passaram por suas prodigiosas e carinhosas mãos...
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Estou indo...........................................mas eu volto, um abraço!