Esta foto, para mim, é inusitada. A rua que é vista, à direita, divide
o município de Pedras de Fogo, que fica ,também, à direita, e o
município de Itambé,à esquerda. Mas, o extraordinário está em Pedras
de Fogo pertencer ao Estado da Paraiba e Itambé ao
Estado de Pernambuco. São, portanto, duas cidades
geminadas : a 1ª, tem 348 Km2 e a 2ª , tem306 km2.
A história delas é muito peculiar e facilmente compreensível, pelo fato de
que Itambé significa pedras de fogo (ou pedra afiada, que solta faísca).
Esse território, no século XVI, definido apenas como "interior da Paraiba" e
"interior de Pernambuco", era caracterizado pela existência de pedras avermelhadas
cuja nomenclatura etmológica (itambé) denuncia a presença de índios na região possivelmente
ocupantes do litoral paraibano. Seriam os índígenas Carirís.
(Foto: Panoramio - google)
Há registros de que o povoamento da área correspondente à Paraiba
foi fragilmente efetivado por conquistadores brancos, nos meados do século XVI.
Colonos e tropeiros migraram de Pernambuco para o interior da Paraiba, conduzindo
boiadas, o que deu origem a uma espécie de feira onde se efetivavam trocas de bovinos
e equinos,. A feira, portanto, está relacionada com Pedras de Fogo, contudo, o desenvolvimento
conjunto com Itambé (à época També) acentua uma identidade muito próxima, observada entre
pedrafoguenses e itambeenses. Há que se registrar, nesse ínterim, que do povoado de Desterro,
També, no século XVII, grande parte dos moradores mais antigos, migraram para o povoado paraibano,
envolvendo assim, de forma considerável, os dois povos.
(Foto: Panoramio - google).
Igreja de N. Sra. da Conceição, em Pedras de Fogo.
Na verdade, a história dos dois municípios, confunde-se desde as sua origens.
Pela pesquisa realizada(*) foi impossível determinar em que período exato se constituiram.
Segundo a versão mais comum, ambas surgiram de um mesmo aglomerado, que mais tarde, em
decorrência de questões políticas, se separaram.. As terras do Norte couberam à Pedras de Fogo,
que conserva em português, o nome do lugar de onde se originou. As terras do Sul passaram a pertencer
à Itambé, que deixou de ser També para voltar às origens indígenas.
Igreja de N. Sra. do Desterro. Itambé, além de ter se chamado També e
também Desterro, por volta do século XVIII, conforme registrado
acima. Comparando as duas primeiras fotos, a primeira registrada em pleno dia, bem
nítida, e a segunda ao final da tarde, ao por do sol, observa-se a Igreja de N. Sra. da Conceição,
padroeira de Pedras de Fogo, vista à direita e de frente, e a Igreja de N. Sra. do Desterro, padroeira
de Itambé, em posição lateral.
(Fonte: O conteúdo explicativo, abaixo das fotos, teve, como fonte
a Monografia " A Feira Livre em Pedras de Fogo- PB", de Ligia
Betânia Wanderley Silva, para a obtenção de Grau, no
Curso de Geografia da Universidade Federal da Paraiba, em 2006).
(Foto: Panoramio - google).
Para ilustrar, trouxe esta foto, que mostra a queimada de um canavial,
em sítio de Pedras de Fogo -PB-Brasil.
(Foto: Panoramio- google).
Para contrastar, e compensar, trouxe esta foto, que mostra a irrigação de um
canavial, em Pedras de Fogo- PB- Brasil.
(Foto; Panoramio- google).
Temos, acima, o mapa do Estado de Pernambuco, onde a "mancha"
vermelha é o município de Itambé, limítrofre sul com o Estado da
Paraiba. (Foto: Wikipédia).
Nesta foto, vemos o mapa do Estado da Paraiba, em que a "mancha" vermelha
representa o município de Pedras de Fogo, limitand-se, ao sul,
com o Estado de Pernambuco. Observa-se a grande
proximidade com o litoral. (Foto: Wikipédia)
Foto muito antiga ,da Barra do Cunhaú. Relacionei
esta foto, com a saida de meu bisavô, Vicente Ferreira
de Paiva, em sua última viagem, no início do mês
de fevereiro de 1842, para a feira de Pedras de
Fogo, onde os "cabras" do "Brigadeiro" o
aguardavam, numa cilada, matando-o...
(Foto: do blog História de Canguaretama,
do Prof. Francisco Galvão)
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São muitos, os descendentes de VICENTE FERREIRA DE PAIVA,
que vieram perpetuando, o seu nome, por várias gerações, desde
que sua vida foi ceifada, a mando do "Brigadeiro", o Dendé do
Cunhaú, o último Senhor do Cunhaú: André Arcoverde de Albuquerque Maranhão.
Quando flolheio as páginas, onde está exposta a árvore genealógica do Patriarca da Família Paiva, no Nordeste brasileiro, encontro o nome "Vicente", em várias gerações, sendo "imortalizado", de certa forma.. . Nenhum
filho, dos dois casamentos de meu bisavô, chamou-se Vicente. A "veneração" teve início, a partir da
3ª geração. Meu primo, Francisco Lopes de Paiva, está sempre
a atualizar a "frondosa" árvore que, a esta altura, já está na 8ª
geração, salvo engano...
Vicente Ferreira de Paiva, meu bisavô, veio de Portugal,para o Brasil, possivelmente por volta de 1805, fixando moradia no município de Vila Flor,
no litoral Sul do Rio Grande do Norte. A cidade portuguesa, onde
teria nascido, não se sabe precisar. Quem sabe, no Norte de Portugal, onde corre o Rio Paiva, onde está a cidade nomeada por Castelo de Paiva. Dizem que, de lá, vieram os primeiros, de sobrenome Paiva.
"Imaginemos", que sim..., por enquanto !
Em Vila Flor, Vicente casa-se, em primeiras núpcias, com Maria Rita do Amor Divino, filha de Aurélio Pereira de Brito e D. Maria Inácia Barbosa Pereira Franco. Deste consórcio, nasceram três
filhos: Maria Benvinda, Miguel e Antônio Pereira de Brito Paiva.
Morrendo a primeira esposa, Vicente casa-se com D. Anna Joaquina Revorêdo de Castro, filha de Gonçalo Gomes de Castro e Maria Rita de Revorêdo. Do casamento com D. Anna, nasceram,
também, três filhos : José Joaquim, Manoel e Maria Isabel de Castro Paiva.
Sabe-se que, Vicente Ferreira de Paiva, lidava com agro-pecuária,
quando passou a residir no Engenho Tamatanduba. No ano de 1842 tinha, de seus filhos do primeiro casamento, já adultos,
todo o apoio no trabalho do engenho. Os três filhos mais jovens, com Donana (assim chamava a mulher, segundo meu pai),
minha bisavó, eram crianças, ainda, entre cinco e oito anos, de acordo com os escritos de meu pai - José Joaquim de Oliveira Paiva,
filho de José Joaquim de Castro Paiva, meu avô. Segundo meu pai,
José Joaquim, seu pai, teria ,em 1842, a idade de oito anos.
Meus leitores já conhecem o "clima" reinante entre o Engenho do Cunhaú, de Dendé Arcoverde e o Engenho Tamatanduba, do
Professor Brito Paiva. Este meu tio-avô, com idade de 31 anos,
em 1842, nascera em 1811, como vimos na postagem
anterior, ajudava ao pai na administração da propridade. No entanto, ministrando aulas na escola, em Vila Flor,
na maioria das viagens, não acompanhava o velho pai, para a venda dos produtos agrícolas e gado na feira de Pedras de Fogo, na Paraiba.
Certa madrugada, no início do mês de fevereiro de 1842, ao
se despedir da esposa, saindo para a venda da produção, na feira de Pedras de Fogo, cidade paraibana, limítrofe com Itambé,
cidade de Pernambuco, Donana repetira, o que há muito vinha
vinha dizendo:- "Tome muito cuidado, há muito perigo rondando
a estrada, o caminho é longo demais, não se descuide, Centú".
Ela temia a viagem do marido, que sempre precedia aos seus homens, com a carga. Mas ele teria dito, à mulher:-"Donana, quem não deve, não teme!".
Mas, o golpe era premeditado e traiçoeiro.Contaram ao meu pai,
que deixou registrado em seus escritos, que ,o cavalo de Vicente era tão ensinado que, sem o dono, caido morto, em Pedras de Fogo, chegou com a sela, à beira da porteira do cercado do Engenho Tamatanduba. Era o dia dois de fevereiro de 1842...
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NOTA: Na próxima postagem, começa a emigação de minha bisavó,
Donana, viúva, com 3 filhos e 2 enteados, para o Ceará.
O Prof. Brito Paiva, que tratava a madrasta como sua
mãe, assume o patriarcado da família.
Portanto, queridos leitores, teremos : "De Tamatanduba
ao Cococi" (IN) SAGA DE UMA FAMÍLIA (VII)...
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Já vou embora............................mas, eu volto. Um abraço!