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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A foto do dia

Descobri esta por acaso, quando procurava fotos de outro assunto. A foto é de Bernard Cahier, e foi tirada no inicio da sua carreira, em 1952. O piloto em questão é Robert Manzon, morto no passado dia 19 de janeiro, aos 97 anos de idade. Nessa altura, Bernard tinha 25 anos, e tinha começado aquela que viria a ser uma longa carreira a tirar fotos de provas automobilísticas, algo que viria a ser seguido pelo seu filho Paul-Henri Cahier até aos dias de hoje.

Manzon era o "último moicano" da primeira temporada de sempre da Formula 1, onde não só participou, como também pontuou, graças a um quarto lugar no GP de França. Nessa corrida retratada, em Monza, Manzon terminou na 14ª posição com o seu Gordini, naquela que foi a sua melhor temporada de sempre, com um um pódio (um terceiro lugar), nove pontos e o sexto lugar da geral.

Nesses anos iniciais, a Formula 1 era uma competição para senhores endinheirados e pilotos com talento, que com o financiamento ideal, conseguiam carros relativamente competitivos e corriam para conseguir os "prize-money" dados pelos organizadores das corridas, pois era a única maneira que eles tinham de receberem. Não havia patrocinios sem ser os de gasolina ou pneus, não havia salários, os mecânicos eram resumidos a um ou dois, quando não era o próprio piloto a fazer de mecânico.

Manzon estava numa equipa de fábrica, a francesa Gordini. Reunia a fina-flor francesa, com pilotos como Maurice Trintignant, André Simon e Jean Behra. Naquele ano, Manzon e Behra conseguiram dois terceiros lugares e 15 pontos no total, provavelmente dos melhores anos que a equipa teve na Formula 1. Mas estavam a milhas de distância da Ferrari, a dominadora do campeonato. Contudo, foi um dos sortudos.

E ele também foi dos sortudos que viveu para contar a história. Viu pilotos como Onofre Marimon, Louis Rosier, Alberto Ascari ou até Jean Behra, a terem pior sorte do que ele, mortos nos destroços dos seus carros ou projetados deles para acabarem com pescoços partidos ou cabeças rachadas por terem aterrado mal. E há quem afirmava que na altura, não ter um cinto e ser projetado era a melhor garantia de sobrevivência. De uma certa maneira, sim. Mas nem sempre.

Visto isto seis décadas mais tarde, parece que não queremos acreditar que a Formula 1 foi um dia assim. Mas foi. E desse tempo, muito poucos já sobram. 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

The End: Robert Manzon (1917-2015)

O ex-piloto francês Robert Manzon, um dos últimos sobreviventes dos primordios da Formula 1, morreu hoje aos 97 anos de idade, segundo conta o Joe Saward no seu blog. Era a par de André Simon, um dos últimos pilotos a guiar ao serviço da Gordini, nos anos 50, e era o último sobrevivente a ter pontuado na primeira temporada da Formula 1, em 1950.

Neto de imigrantes italianos, Manzon nasceu a 12 de abril de 1917 em Marselha e era filho do dono de uma leitaria. Cedo se interessou pela mecânica, graças a um tio, que prosperara depois de ter passado uns anos no México, e depois passou para a condução, graças aos taxis, profissão que abraçou por uns anos, especialmente durante a II Guerra Mundial.

A sua estreia no automobilismo aconteceu apenas em 1946, aos 29 anos de idade, a bordo de um Simca 8 Cabriolet, na Coupe des Alps. Andou depois num Cisitália, mas cedo apareceram os sucessos, suficientes para que Theódore Pigozzi, o patrão da Simca, o convencesse a correr para Amedée Gordini, então a gerir uma equipa em parceria com a marca francesa. A passagem de Manzon na Simca-Gordini começou nos Sportscar, ao lado de Jean-Pierre Wimille, e cedo se juntou a outros nomes como Raymond Sommer, Maurice Trintignant e depois, Jean Behra.

Manzon não participou na primeira corrida do campeonato, em Silverstone, mas esteve no Mónaco, onde foi um dos nove desistentes na famigerada carambola na curva do Tabaco, devido à água salgada. Em Reims, palco do GP de França, conseguiu chegar no fim nos pontos, no quarto lugar e o melhor da armada Alfa Romeo, que dominava tudo e todos.

A melhor temporada de Manzon foi em 1952, quando a agora Gordini, (depois de retirado o apoio da Simca) fez uma grande temporada com o Type 16, estando atrás da conquistadora Ferrari, que ficara sozinho após a saída da Alfa Romeo. Um terceiro lugar na Bélgica, um quarto lugar em França e um quinto posto na Holanda fizeram com que acabasse o campeonato no sexto lugar, com nove pontos no total.

No ano seguinte, sai da Gordini e vai para a Lancia, onde corre sobretudo para os Sportcars, para além de uma passagem pela Ecurie Rosier, que alinhava com um Ferrari. E foi com ele que, em 1954, alcançou o seu segundo (e último) pódio, um terceiro lugar no GP de França, atrás dos Mercedes conquistadores de Juan Manuel Fangio e Karl Kling. Em 1955, faz o regresso à Gordini, mas isso não dará sucesso, e no final de 1956, aos 39 anos, decide abandonar a Formula 1, apesar de pelo meio ter conseguido um terceiro lugar na Targa Flório, ao volante de um Ferrari.

Após abandonar a competição, decidiu gerir um concessionário Renault em Cassis, no sul de França, não muito longe do circuito de Paul Ricard, onde trabalhou até se reformar. E era presença assidua nos encontros automobilísticos franceses até há bem pouco tempo, como nesta foto de 2013, ao lado de Gerard Larrousse. Ars lunga,vita brevis.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

GP Memória - França 1952

O pelotão da Formula 1 iria correr naquele fim de semana num novo circuito para o GP de França, mais concretamente na pista de Rouen-Les Essarts. Uma pista veloz, aberta dois anos antes, mas algo sinuosa, parcialmente a descer, até à um gancho, a Virage de Nouveau Monde, passando depois a subir em curvas como a Samson ou a Gresil, chegando até a novo gancho, a Virage du Paradis, para rumar até à meta.

Havia alguma expectativa em França pela pestação dos Gordini, pois algumas semanas antes, em Reims, Jean Behra tinha conseguido bater os Ferrari de Alberto Ascari e Nino Farina, que se afiguravam como os imbatíveis. E a equipa tinha inscrito três carros, para Behra, Robert Manzon e o nobre tailandês Bira. A Ferrari, como sempre, tinha três carros, para Alberto Ascari, Nino Farina e Piero Taruffi. Mas havia mais Ferraris, como o inscrito por Louis Rosier, o inscrito pelos suiços da Ecurie Espadon, para Rudi Fischer, bem como mais dois Ferraris da Scuderia Marzotto, para Gianfranco Comotti e Piero Carini.

Os britânicos da HVM estavam presentes com três carros, para os britânicos Peter Collins e Lance Macklin, bem como o francês Yves-Gerard Cabantous. Um Cooper-Bristol também estava presente, para o jovem Mike Hawthorn, enquanto que havia dois Simca-Gordini, para o belga Johnny Claes e o francês Maurice Trintignant. Para finalizar, existiam três Maserati inscritos, dois da Ecurie Platé, para o americano Harry Schell e o suiço Toulo de Grafenried, e outro para Philippe Etaincelin, inscrito pela Escuderia Bandeirantes.

Na qualificação, os Ferrari não deram hipóteses a ninguém, ao ficar com os três primeiros lugares. Ascari foi melhor do que Farina, com Taruffi no terceiro posto. Jean Behra e Robert Manzon ficaram a seguir, com Maurice Trintignant a ficar com o sexto posto. Peter Collins foi o setimo, seguido do Principe Bira e a fechar o "top ten" estavam o Ferrari de Louis Rosier e o HVM-Alta de Yves-Gerard Cabantous.

A corrida não teve história. Começou com os Ferrari de Ascari e Farina a partirem na frente, sem que mais fossem incomodados. Taruffi, o mais lento dos três, lutou pelo terceiro lugar com os Gordinis de Behra e Manzon, mas após algum tempo, conseguiu ganhar distância sobre eles. Na frente, Ascari ganhou uma vantagem tal que deu uma volta a toda a gente, incluindo os seus companheiros Farina e Taruffi.

Ao fim de 77 voltas, Ascari revelou-se o vencedor, seguido por Farina e Taruffi, num monopólio Ferrari. Robert Manzon foi o quarto, seguido pelo Simca-Gordini de Robert Manzon. Behra atrasou-se com problemas no seu carro, acabando no sétimo lugar final, a mais de sete voltas do vencedor.