A pouco mais de quatro semanas do inicio de mais um campeonato de Endurance, já há sinais de contestação. Aparentemente, a ACO (Automobile Club de L'Ouest) pensa em reduzir um pouco a capacidade da tecnologia híbrida, algo do qual a Toyota já se disse estar contra, e ameaça abandonar a Endurance em 2020, caso esses planos vão para a frente.
“A principal razão para participarmos no WEC é desenvolver a tecnologia especialmente a híbrida, por isso seria praticamente impossível à Toyota regredir nesse capítulo. Desenvolver a tecnologia híbrida é a razão de ser do nosso programa”, enfatizou Pascal Vasselon, o diretor técnico da Toyota.
Sobre os planos futuros, fala-se que a FIA (e a ACO) pretendem o congelamento do desenvolvimento dos motores híbridos a partir de 2019, e isso poderia ser incluido nos novos regulamentos da Endurance, a partir de 2020, onde a ideia principal é a redução de custos para a construção de novos protótipos da LMP1. É sabido que esta é uma classe "vazia", em constraste com os LMP2 e os LMP3, carros bem mais baratos e do qual as grelhas neste momento estão cheias. Basta ver a lista de inscritos para a European Le Mans Series para ver a quantidade de carros lá inscritos...
Assim sendo, a partir de 2018 aparecerão carros para a LMP1 independentes. Ginetta e SMP estão a construir os seus carros, que não terão sistemas híbridos, e a Kolles provavelmente poderá fazer um novo chassis, agora que tem o motor Nissan que equipou o malfadado projeto oficial, em 2015. Contudo, essa classe "à parte" terá sempre uma diferença para os carros de fábrica, como estão agora os carros da Porsche e da Toyota. Mas caso haja o tal "corte de custos" a partir da tecnologia híbrida, isso abriria caminho para uma nova marca: a Peugeot. Há meses que Carlos Tavares, o presidente do Grupo PSA (que anunciou hoje a compra da Opel e da Vauxhall por cerca de dois mil milhões de euros), anda a dizer na imprensa que, caso a Endurance não pense seriamente num corte de custos, provavelmente adiaria um eventual regresso da Peugeot do WEC, de onde saiu "à pressa" no final de 2011.
Sobre isso, o diretor desportivo do ACO, Vincent Beaumesnil, já disse que todas as chances estão em cima da mesa: “Nada está acordado e nada está decidido – queremos discutir todas as possibilidades de modo a haver uma grande redução de custos para 2020”, afirmou.
A ideia de um regulamento desenhado "à medida" de um determinado construtor não é nada de novo, mas como a ACO é francesa e a FIA tem a sua sede em Paris e o seu presidente é francês, pode-se pensar nisso como uma "operação de charme" a uma marca francesa, apesar do seu dono ser português...
Enfim, veremos como é que eles se comportarão.