terça-feira, 14 de novembro de 2017

Sentir

Sentir é criar.
Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o universo não tem ideias.

-Mas o que é sentir?
Ter opiniões é não sentir.
Todas as nossas opiniões são dos outros.
(...)
O sentimento abre as portas da prisão com que o pensamento fecha a alma
(...)
Que as tuas sensações sejam meros acasos, aventuras que te acontecem.

Fernando Pessoa . " Páginas íntimas e de auto-interpretação"

Arte urbana



quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Nas árvores



Diremos que se derrubam árvores por quatro razões principais, a saber:

primeira, porque quem o ordena não sabe que a árvore é uma criação perfeita que mantém sempre todas as suas admiráveis qualidades até morrer, e portanto não só toda a vida fornece sombra aos justos, como também, noutro sentido (figurado), faz sombra aos espíritos tacanhos que nunca conheceram qualquer forma de perfeição que seja e por isso se exasperam com inveja das árvores, só lhe querendo mal;

segunda, porque deitar abaixo uma árvore é fácil, rápido e flagrantemente reconhecível , o que dá ao derrubador a sensação de, com simplicidade, haver conseguido uma vez na vida ‘fazer alguma coisa que se veja’;

terceira, porque arrancar árvores introduz nos lugares de onde saem, imediatamente, um aspecto que, por não ser devido a elementos que levaram muito tempo a formar, por isso mesmo merece logo o título de novidade ou modernismo, sem preocupação ou reconhecimento se o que se acabou de fazer ficou melhor ou pior, mas que mitiga, entretanto, o prurido dos que confundem o corte de uma árvore com a ablação de um quisto enfadonho;

quarta e última, englobando ao mesmo tempo o mais mesquinho e o mais grave dos motivos : cortam árvores porque se pode então vender a sua madeira – prémio vil, mas muito superior ao pouco valor que se lhe atribui a mentalidade de quem as derruba;

e cortam as árvore porque nunca alguém lhes disse ou explicou o valor educativo que essa admirável criatura encerra».

Raul Lino . “Sintra: um teleférico e outras ratices”, 1962

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Dos cheiros


 Chelsea Physic Garden. Londres

Não imaginava que uma estufa de Pelargónios pudesse ser um lugar tão fascinante.


Dias inteiros


terça-feira, 24 de outubro de 2017

sábado, 15 de julho de 2017

Pouca coisa


terça-feira, 6 de junho de 2017

segunda-feira, 5 de junho de 2017

quarta-feira, 24 de maio de 2017

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Noutro lugar




quinta-feira, 2 de março de 2017

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Isto é muito importante



Mas, como tudo o que é muito importante, passa-nos ao lado até que se torne dramaticamente incontornável.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

À janela


terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A florir


 Kalanchoe daigremontiana

domingo, 15 de janeiro de 2017

Das doces compreensões silenciosas



Não gosto de lágrimas, de fados nem de guitarras, gosto das belas coisas claras e simples, das grandes ternuras perfeitas, das doces compreensões silenciosas, gosto de tudo, enfim, onde encontro um pouco de Beleza e de Verdade.

Florbela Espanca . em "Correspondência (1930)"

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Hoje em Lisboa

Parque Eduardo VII

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Das necessidades da alma

Le risque est un besoin essentiel de l'âme. L'absence de risque suscite une espèce d'ennui qui paralyse autrement que la peur, mais presque autant. D'ailleurs il y a des situations qui, impliquant une angoisse diffuse sans risques précis, communiquent les deux maladies à la fois. 

Le risque est un danger qui provoque une réaction réfléchie; c'est-à-dire qu'il ne dépasse pas les ressources de l'âme au point de l'écraser sous la peur. Dans certains cas, il enferme une part de jeu; dans d'autres cas, quand une obligation précise pousse l'homme à y faire face, il constitue le plus haut stimulant possible. 

La protection des hommes contre la peur et la terreur n'implique pas la suppression du risque ; elle implique au contraire la présence permanente d'une certaine quantité de risque dans tous les aspects de la vie sociale ; car l'absence de risque affaiblit le courage au point de laisser l'âme, le cas échéant, sans la moindre protection intérieure contre la peur. Il faut seulement que le risque se présente dans des conditions telles qu'il ne se transforme pas en sentiment de fatalité.

Simone Weil, L’enracinement. (1949)

terça-feira, 13 de dezembro de 2016