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22/09/2014

Verdades adiadas

A pergunta que mais vezes tive que responder, após o lançamento do livro "Bin Laden não morreu!", em 11 de setembro de 2012, foi se eu tinha medo de ser perseguido, preso ou sequestrado pela CIA.

Não sei de onde as pessoas tiraram essa ideia, afinal, tudo o que fiz foi reunir num livro os documentos oficias que estão à disposição de qualquer interessado (declassified documents). De fato, não creio que a intelligenza ianque tenha qualquer interesse em perseguir alguém num distante e insignificante (pra eles) Brazil. Nem sou tão corajoso como muitos arriscaram dizer, e nem dei uma de Tim Lopes, pois não tenho competência para tanto. Talvez as pessoas tenham perdido a intimidade com a verdade e entrem em pânico quando veem alguém que o faz.

Escrever o "Bin Laden...", para quem frequentou as trincheiras da oposição durante a ditadura militar, nasceu e foi criado numa cidade onde o cidadão de bem vive atrás das grades com medo de arrastões e balas perdidas, não é tão complicado.

Agora mesmo, a mídia está enchendo a boca para dizer que foi finalmente provado que a Zuzu Angel foi assassinada pela ditadura. Ora, será que alguém em sã consciência tinha alguma dúvida a esse respeito? Quem viveu aqueles tempos sabe que uma mãe que saísse todos os dias procurando um filho desaparecido ia acabar tendo o mesmo fim.

E na esteira desse caso há inúmeros outros: Jango, Juscelino, Vlado, Tancredo, Castelo Branco e até Eduardo Campos.

Por essas e outras, quando os louros meninos do norte proclamaram aos quatro ventos que pegaram o Bin Laden e não mostraram nenhuma prova desse grande feito, me deixaram com a pulga atrás da orelha. Afinal, esse não é o padrão deles: Guevara (desarmado e doente), foi assassinado com uma rajada de metralhadora depois de preso e “mereceu” a foto de seu cadáver exibido mundo a fora. Com o Saddam foi a mesma coisa: foto do buraco onde ele foi encontrado; foto do ditador barbudo; foto do julgamento “justo” e da execução. Então porque não fazer o mesmo com o líder da Al Qaeda? O inimigo número 1 da moda, naquele momento?

Estranho, muito estranho. E pra piorar ainda vem alguém e diz que o cara era invenção da CIA? Invenção em que sentido?

Sei lá, talvez as pessoas devessem ler (ou reler) o “1984”, do Orwell para reaprender a desconfiar de histórias mal contadas. Ou, quem sabe até, o meu “Bin Laden...”, pois podem haver verdades ocultas atrás das “verdades” que a gente pensa conhecer.

Talvez a CIA não perca seu precioso tempo me perseguindo ou sequestrando, até porque tudo leva a crer que eles acreditam que ninguém jamais saberá a verdade sobre a queda das torres gêmeas ou a “morte” de Bin Laden, assim como não se sabe até hoje as verdadeiras circunstâncias do assassinato do Kennedy.

As pessoas esperaram vinte e tantos anos para “saber” que Zuzu Angel foi assassinada. Não custa, portanto, esperar mais um pouco para saber o que se chamou de “invenção da CIA”. Se eu não souber, tudo bem. Meus netos ou bisnetos saberão.

Afinal, a humanidade não é tão idiota assim diante de certas obviedades.

Anderson Fabiano

Imagem: Google

15/08/2014

Não vou desistir do Brasil

Eduardo morreu! Não um Eduardo qualquer. Esses, morrem todos os dias de balas perdidas, nas filas do SUS, de subemprego, fome ou desesperança. Mas um Eduardo presidenciável.

O país dormiu com um tanto da esperança renovada e acordou com uma bola de fogo despencando dos céus de Santos. Ou como disse um amigo que compartilhei no Facebook, "La magique n’existe pas”.

Eduardo não era nenhum santo ou mesmo um salvador da pátria, afinal era um político e como tal poderia, perfeitamente, conhecer e ser adepto da prática do tapinha nas costas e das promessas não cumpridas, mas que sua plataforma política lançou um alento no seio da família brasileira, lá isso ele fez. Longe de ser um Sassá Mutema, o neto do Arraes soube se apresentar à nação nesses tempos de videoteipe PT versus PSDB, com um discurso que o país anda louquinho para ouvir e ver funcionar: o da Ética. E se existe um tema sobre o qual nem PT, nem PSDB podem abrir a boca é essa tal de ética. Cuecas milionárias, mensaleiros, dossiê disso, dossiê daquilo, etc. e tal. Até parece vaca de fazenda nordestina: num ano é de “A”, no outro de “B” e tome de empréstimo no Banco do Brasil. Sai FHC, entra Lula, sai Dilma, entra Aécio. É só isso que temos? Será que nenhum partido político possui um filiado que seja que frequente os botequins da cidade, as rodinhas das esquinas, os fins de festa da periferia para ouvir o que o povão anda dizendo da Dilma, do PT, da política?

Ninguém aguenta mais essa zona! Ninguém aguenta mais políticos de discursos vazios e sorrisos encomendados para fotos de campanha!

A gente está de saco cheio desses caras!

Caetano Veloso disse, após a morte de seu amigo Eduardo: “estou cansado demais das esperanças ligadas ao Brasil. São muitas décadas de teimosa aposta no país em que nasci”.

O Eduardo dizia “que não ia desistir do Brasil”.

E eu... nem sei mais o que dizer. Mas desistir, jamais!

Anderson Fabiano

Imagem: Google