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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Mais uma palmeira morta no Jardim Botânico: Brahea armata

















Mais uma palmeira morta pelo escaravelho-vermelho. Este exemplar era uma Brahea armata e estava na Classe, junto das estufas. Até à presente data o Jardim Botânico já perdeu 10 exemplares de palmeiras.

Mesmo atrás desta palmeira morta vemos uma grua de mais uma obra de demolição integral de interiores de um imóvel do séc. XIX - esta obra vai impermeabilizar uma grande parte do logradouro que confina directamente com a cerca do Jardim Botânico. A LAJB consultou o projecto e verificámos que o pedido que o proprietário fez à CML para avançar com o edifício sobre a área do jardim foi aprovada. Justificação? Para caberem mais uns carros na garagem... Este imóvel está localizado na Rua Nova de S. Mamede 62 a 68.

segunda-feira, 31 de março de 2014

«Colina de Santana. E a paisagem?»

As paisagens foram sempre alteradas ao longo dos tempos, ou por modelação da natureza ou para satisfação das necessidades e aspirações das populações. Com os conhecimentos, técnicas e políticas de participação de que dispomos, só é sério encarar as alterações, após o estudo das funções a desempenhar pela parcela a alterar, no todo de que faz parte. Este estudo deverá ser ainda mais profundo, quando se trata de uma área tão singular como a Colina de Santana. Ecologicamente identifica-se a Colina como uma cabeceira importante, de significativa permeabilidade, separando vales fundos que drenam directamente para a Baixa e estuário, afectada fortemente por "ilhas de calor", com vulnerabilidade sísmica e proporcionando vistas excelentes. Urbanisticamente, os espaços hospitalares dominam o espaço residencial consolidado, com um quarto dos fogos vagos, uma carência acentuada em espaços verdes e mobilidade suave deficiente.

A reconversão urbana da Colina constitui uma oportunidade excepcional para promover: o usufruto da qualidade patrimonial e cénica, a melhoria da acessibilidade, a regularização microclimática, a infiltração e retenção de água no solo e subsolo e a colmatação da carência em espaços públicos. Assim, deverão assegurar-se três processos essenciais. A recuperação do património edificado e paisagístico, promovendo usos contemporâneos em resposta às carências e aspirações identificadas, com contenção das volumetrias edificadas; o estabelecimento de uma consistente estrutura ecológica e de lazer, introduzindo: gradientes (circulações atmosféricas e hídricas fundamentais); espaços abertos; uma rede coerente de contínuos (plantados, pedonais e cicláveis); médias e vastas manchas de vegetação arbóreo-arbustiva, privilegiando áreas de cabeço, maior vulnerabilidade a riscos naturais e a ligação com os jardins, cercas, claustros e logradouros existentes; predomínio de pavimentos permeáveis e semipermeáveis. A valorização cuidadosa do sistema de vistas de e para a Colina. 

in PÚBLICO, 12 de Março de 2014, por Margarida Cancela d'Abreu (Associação Portuguesa de Arquitetos Paisagistas).

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Arq. Gonçalo Ribeiro Telles na MONOCLE

«Speculative urbanization was the worst thing that happened. Urban farming makes it easier to undestand what's importante.»
 
As sempre sábias palavras do nosso associado Arq. Gonçalo Ribeiro Telles em entrevista para a revista Monocle de Agosto 2013.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

CRITICAL: LISBON. FALAR À CIDADE, FALAR COM A CIDADE (16 a 21 Julho)




Workshop coordenado por Lev Bratishenko, Frederico Duarte e Becky Quintal (inserido no programa Distância Crítica da Trienal de Arquitectura de Lisboa)

CRITICAL: Lisbon é um workshop de uma semana dedicado à expressão, discussão, escrita e publicação crítica sobre arquitetura. Concebido como um projeto editorial especulativo, este workshop confronta a noção de que o arquiteto e o público operam em universos ideologicamente díspares na sua procura e desejo comuns de melhorar a cidade.
 
Tomando a cidade de Lisboa como base de trabalho e inspiração, serão explorados os desafios e obstáculos que os críticos de arquitetura devem enfrentar, mas também as estratégias, táticas e ferramentas que utilizam para os ultrapassar.
 
No workshop serão analisados os muitos meios e mensagens disponíveis aos críticos de hoje: desde ensaios, vídeos, artigos de opinião, fotografias, entrevistas com arquitetos e outros agentes-chave da cidade até recensões descritivas de edifícios ou controvérsias atuais sobre espaços públicos. 
 
Este workshop destina-se a estudantes e jovens profissionais interessados em questões de design, arquitetura e assuntos urbanos. Os candidatos a participantes devem ter o desejo de exercitar e difundir as suas observações, análise e opinião junto de um determinado público, dos seus pares ao público em geral.
 
Aspetos práticos:
- O idioma de trabalho do workshop é o inglês. 
- Cada participante deve trazer o seu próprio caderno e material de escrita, computador portátil e máquina fotográfica ou câmara de vídeo digitais.
 
Horário do workshop: 09h30 - 18h00
Local do workshop: Sede da Trienal de Arquitectura de Lisboa, Palácio Sinel de Cordes, Campo de Santa Clara, 142-145, 1100-474 Lisboa


FOTO: demolição integral de imóvel na R. do Monte Olivete, em zona histórica consolidada.


segunda-feira, 12 de março de 2012

Cipreste em risco no Palácio Silva Amado na Travessa do Torel?

Exmo Vereador do Espaço Público e Espaços Verdes

Lisboa, 12 de Março de 2012

Exmo. Sr. Vereador,

A Liga dos Amigos do Jardim Botânico (LAJB) vem por este meio chamar atenção para uma notável árvore que poderá estar em risco no pátio do antigo Palácio Silva Amado na Travessa do Torel, Freguesia da Pena.

Recentemente deu-se início a uma grande operação urbanística neste palácio e, porque já é quase regra nestas situações, receamos que o dono da obra não tenha acautelado a protecção desta árvore. Estará este cipreste fisicamente protegido contra as actividades agressivas de uma obra desta natureza (grandes demolições em curso)?

Por último, receamos que a árvore seja abatida - atitude cada vez mais corrente, como infelizmente temos observado, em tantos outros logradouros de Lisboa quando o seu coberto vegetal é destruído para impermeabilização e abertura de caves de estacionamento.

Solicitamos assim que nos esclareça se os nossos receios são infundados e se este cipreste está protegido pelo PDM, sendo cuidadosamente integrado no projecto arquitectonico em desenvolvimento.

Enviamos em anexo imagens que mostram como esta árvore é um marco naquela zona urbana antiga de Lisboa.

Com os nossos melhores cumprimentos,

Liga dos Amigos do Jardim Botânico

CC: Assembleia Municipal de Lisboa, Junta de Freguesia da Pena, Associação Lisboa Verde, Quercus Lisboa, Fórum Cidadania Lx

domingo, 30 de outubro de 2011

O exemplo de Chicago: «A City Prepares for a Warm Long-Term Forecast»

CHICAGO — The Windy City is preparing for a heat wave — a permanent one.
Climate scientists have told city planners that based on current trends, Chicago will feel more like Baton Rouge than a Northern metropolis before the end of this century.

So, Chicago is getting ready for a wetter, steamier future. Public alleyways are being repaved with materials that are permeable to water. The white oak, the state tree of Illinois, has been banned from city planting lists, and swamp oaks and sweet gum trees from the South have been given new priority. Thermal radar is being used to map the city’s hottest spots, which are then targets for pavement removal and the addition of vegetation to roofs. And air-conditioners are being considered for all 750 public schools, which until now have been heated but rarely cooled.

“Cities adapt or they go away,” said Aaron N. Durnbaugh, deputy commissioner of Chicago’s Department of Environment. “Climate change is happening in both real and dramatic ways, but also in slow, pervasive ways. We can handle it, but we do need to acknowledge it. We are on a 50-year cycle, but we need to get going.”

Across America and in Congress, the very existence of climate change continues to be challenged — especially by conservatives. The skeptics are supported by constituents wary of science and concerned about the economic impacts of stronger regulation. Yet even as the debate rages on, city and state planners are beginning to prepare.

The precise consequences of the increase of man-made greenhouse gases in the atmosphere are hard to determine, but scientists are predicting significant sea level rise; more extreme weather events like storms, tornadoes and blizzards; and, of course, much more heat. New York City, which is doing its own adaptation planning, is worried about flooding from the rising ocean. The Navy has a task force on climate change that says it should be preparing to police the equivalent of an extra sea as the Arctic ice melts.

Some of these events will occur in the near-enough term that local governments are under pressure to act. Insurance companies are applying pressure in high-risk areas, essentially saying adapt or pay higher premiums — especially in urban and commercial areas.

The reinsurance giant Swiss Re, for example, has said that if the shore communities of four Gulf Coast states choose not to implement adaptation strategies, they could see annual climate-change related damages jump 65 percent a year to $23 billion by 2030.

“Society needs to reduce its vulnerability to climate risks, and as long as they remain manageable, they remain insurable, which is our interest as well,” said Mark D. Way, head of Swiss Re’s sustainable development for the Americas.

Melissa Stults, the climate director for ICLEI USA, an association of local governments, said that many of the administrations she was dealing with were following a strategy of “discreetly integrating preparedness into traditional planning efforts.”

Second City First
Chicago is often called the Second City, but it is way out in front of most in terms of adaptation.
The effort began in 2006, under the mayor at the time, Richard M. Daley. He said he was inspired in part by the Kyoto international treaty for reducing carbon emissions, which took effect in 2005, and also by an aspiration to raise Chicago’s profile as an environmentally friendly town.

As a first step, the city wanted to model how global warming might play out locally. Foundations, eager to get local governments moving, put up some money.

“There was real assumption that Chicago could be a model for other places,” said Adele Simmons, president of Global Philanthropy Partnership, a nonprofit group based in Chicago that helped bring in $700,000 at the early stages.

Climatologists took into account a century’s worth of historical observations of daily temperatures and precipitation from 15 Chicago-area weather stations as well as the effect of Lake Michigan in moderating extreme heat and cold to come up with a range of possibilities based on a higher and lower range of worldwide carbon emissions.

The forecasts, while not out of line with global predictions, shocked city planners.

If world carbon emissions continued apace, the scientists said, Chicago would have summers like the Deep South, with as many as 72 days over 90 degrees before the end of the century. For most of the 20th century, the city averaged fewer than 15.

By 2070, Chicago could expect 35 percent more precipitation in winter and spring, but 20 percent less in summer and fall. By then, the conditions would have changed enough to make the area’s plant hardiness zone akin to Birmingham, Ala.

But what would that mean in real-life consequences? A private risk assessment firm was hired, and the resulting report read like an urban disaster film minus Godzilla.

The city could see heat-related deaths reaching 1,200 a year. The increasing occurrences of freezes and thaws (the root of potholes) would cause billions of dollars’ worth of deterioration to building facades, bridges and roads. Termites, never previously able to withstand Chicago’s winters, would start gorging on wooden frames.

Armed with the forecasts, the city prioritized which adaptations would save the most money and would be the most feasible in the light of tight budgets and public skepticism.

“We put each of the priorities through a lens of political, economic and technical,” said Suzanne Malec-McKenna, the commissioner of Chicago’s Department of Environment. “What is it, if you will, that will pass the laugh test?”

Among the ideas rejected, Ms. Malec-McKenna said, were plans to immediately shut down local coal-powered energy plants — too much cost for too little payback.

For actions the city felt were necessary but not affordable, it got help again from a local institution, the Civic Consulting Alliance, a nonprofit organization that builds pro bono teams of business experts. In this case, the alliance convinced consulting firms to donate $14 million worth of hours to projects like designing an electric car infrastructure and planning how to move the city toward zero waste.

Mr. Daley embraced the project. He convened 20 city departments in 2010 and told them to weigh their planning dollars against the changes experts were predicting. The department heads continued to meet quarterly, and members of Mayor Rahm Emanuel’s administration have said he is committed to moving the goals of the plan forward, albeit with an added emphasis on “projects that accelerate jobs and economic development.”

Updating Infrastructure
Much of Chicago’s adaptation work is about transforming paved spaces. “Cities are hard spaces that trap water and heat,” said Janet L. Attarian, a director of streetscapes at the city’s Department of Transportation. “Alleys and streets account for 25 percent of groundcover, and closer to 40 percent when parking lots are included.”

The city’s 13,000 concrete alleyways were originally built without drainage and are a nightmare every time it rains. Storm water pours off the hard surfaces and routinely floods basements and renders low-lying roads and underpasses unusable.

To make matters worse, many of the pipes that handle storm overflow also handle raw sewage. After a very heavy rain, if overflow pipes become congested, sewage backs up into basements or is released with the rainwater into the Chicago River — an emergency response that has attracted the scrutiny of the Environmental Protection Agency.

As the region warms, Chicago is expecting more frequent and extreme storms. In the last three years, the city has had two intense storms classified as 100-year events.

So the work planned for a six-point intersection on the South Side with flooding and other issues is a prototype. The sidewalk in front of the high school on Cermak Road has been widened to include planting areas that are lower than the street surface. This not only encourages more pedestrian traffic, but also provides shade and landscaping. These will be filled with drought-resistant plants like butterfly weed and spartina grasses that sponge up excess water and help filter pollutants like de-icing salts. In some places, unabsorbed water will seep into storage tanks beneath the streets so it can be used later for watering plants or in new decorative fountains in front of the high school.

The bike lanes and parking spaces being added along the street are covered with permeable pavers, a weave of pavement that allows 80 percent of rainwater to filter through it to the ground below. Already 150 alleyways have been remade in this way.

The light-reflecting pavement is Chicago’s own mix and includes recycled tires. Rubbery additives help the asphalt expand in heat without buckling and to contract without cracking.
The new streets bring new challenges, of course. The permeable pavers have to be specially cleaned or they eventually become clogged with silt and lose effectiveness.

Still, the new construction is no more expensive than traditional costs, Ms. Attarian said. Transforming one alleyway costs about $150,000. But now, she said, “We can put a fire hose on it full blast and the water seeps right in.”

Reconsidering the Trees
Awareness of climate change has filled Chicago city planners with deep concern for the trees. Not only are they beautiful, said Ms. Malec-McKenna, herself trained as a horticulturalist, but their shade also provides immediate relief to urban heat islands. Trees improve air quality by absorbing carbon dioxide, and their leaves can keep 20 percent of an average rain from hitting the pavement.

Chicago spends over $10 million a year planting roughly 2,200 trees. From 1991 to 2008, the city added so many that officials estimate tree cover increased to 17.6 percent from 11 percent. The goal is to exceed 23 percent this decade.

The problem is that for trees to reach their expected lifespan — up to 90 years — they have to be able to endure hotter conditions. Chicago has already changed from one growing zone to another in the last 30 years, and it expects to change several times again by 2070.

Knowing this, planners asked experts at the city’s botanical garden and Morton Arboretum to evaluate their planting list. They were told to remove six of the most common tree species.

Off came the ash trees that account for 17 percent of Chicago tree cover, or more than any other tree. Gone, too, are the enormous Norway maples, which provide the most amount of shade.

A warming climate will make them more susceptible to plagues like emerald ash disease. Already white oak, the state tree of Illinois, is on the decline and, like several species of conifer, is expected to be extinct from the region within decades.

So Chicago is turning to swamp white oaks and bald cypress. It is like the rest of adaptation strategy, Ms. Malec-McKenna explains: “A constant ongoing process to make sure we are as resilient as we can be in facing the future.”

in NEW YORK TIMES, 22 de Maio de 2011

domingo, 25 de setembro de 2011

Avenidas Novas: «A sistemática destruição das árvores dos quintais»

«Os logradouros interiores dos quarteirões de Lisboa constituíram pulmões verdes e áreas de inflitracção das águas, de grande importância na sustentabilidade ecológica e estabilidade da cidade. A sistemática destruição das árvores dos quintais constitui um grave erro urbanístico.»

Arq. Gonçalo Ribeiro Telles

in A Árvore em Portugal

Foto: Parece que estas sábias observações têm caído, na maior parte das vezes, em saco roto... Logradouro 100% impermeabilizado para a construção de caves de estacionamento na Av. Duque de Loulé, 86-88-90.

domingo, 29 de maio de 2011

Solos europeus perdem anualmente para o betão e asfalto, superfície do tamanho de Berlim

Todos os anos, os solos europeus perdem para o betão e asfalto uma superfície correspondendo ao tamanho da cidade de Berlim, uma tendência que a Comissão Europeia considera “insustentável”.

A expansão das cidades e das estradas – que impermeabiliza os solos - “compromete o legado de solos férteis e de aquíferos subterrâneos a deixar às gerações vindouras”, alerta hoje a Comissão Europeia em comunicado. De 1990 a 2000 perderam-se por dia na União Europeia 275 hectares de solos, o que representa mil quilómetros quadrados por ano. Metade desses solos está definitivamente impermeabilizada por edifícios, estradas e parques de estacionamento.

Esta tendência baixou para 252 hectares por dia nos últimos anos, segundo um relatório da Comissão apresentado hoje. Ainda assim, a taxa de perda de solos continua a ser preocupante. Entre 2000 e 2006, o aumento médio das superfícies artificiais na União Europeia foi de três por cento, tendo atingido 14 por cento na Irlanda e em Chipre e 15 por cento em Espanha.

Em Portugal, os autores do relatório sublinham que a expansão urbana massiva aconteceu, sobretudo a partir de 1990. O documento salienta a rede de estradas, “entre as mais densas da Europa, com o maior número de quilómetro por habitante e área”. As áreas mais afectadas pela impermeabilização ficam no litoral e nas regiões de Lisboa, Setúbal e Porto. No Algarve, o documento lembra que 30 por cento das habitações são casas de férias.

O relatório recomenda uma intervenção a três níveis: redução da impermeabilização do solo através de um melhor ordenamento, atenuação dos efeitos da impermeabilização – como por exemplo através da construção de coberturas verdes - e compensação da perda de solos de qualidade por acções noutras áreas.

“Dependemos dos solos para alguns serviços ecossistémicos fundamentais, sem os quais a vida na Terra desapareceria. Não podemos continuar a perder solos pavimentando-os ou construindo sobre eles. Tal não significa parar o crescimento económico ou deixar de melhorar as nossas infra-estruturas, mas exige maior sustentabilidade”, disse o comissário europeu para o Ambiente, Janez Potočnik.

Os resultados deste relatório serão incorporados num documento técnico da Comissão no domínio da impermeabilização do solo, que está a ser elaborado com a colaboração de peritos nacionais. O documento facultará às autoridades nacionais, regionais e locais orientações sobre boas práticas de redução da impermeabilização do solo e de atenuação dos seus efeitos, prevendo se que esteja concluído no início de 2012.

“A impermeabilização dos solos provoca a perda irreversível das funções biológicas do solo. Como a água não se pode infiltrar nem evaporar, aumenta a escorrência, originando por vezes inundações catastróficas. A paisagem fragmenta se e os habitats tornam-se demasiado pequenos ou demasiado isolados para sustentar determinadas espécies. Além disso, o potencial de produção alimentar das terras é perdido para sempre”, explica a Comissão. Segundo as estimativas do Centro Comum de Investigação da Comissão, a impermeabilização dos solos acarreta a perda anual de 4 milhões de toneladas de trigo.

23.05.2011 in "Público"

Foto: Av. Duque de Loulé 86-96 - mais um grave exemplo de impermabilização total de um logradouro autorizada pela CML. Isto não é sustentável!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Logradouro na Av. Duque de Loulé 86-96: 100% Impermeabilizado!

Av. Duque de Loulé 86-96 torneja R. Luciano Cordeiro 117

A imagem mostra mais um terrível exemplo de impermeabilização de logradouros em Lisboa. Até ao ano de 2010 existiu aqui um conjunto de três jardins, parte integrante de um dos mais notáveis conjuntos da Arquitectura do início do séc. XX em Lisboa. Os 3 prédios de habitação foram erguidos em 1908 e constituiram na altura o paradigma da habitação de luxo para a alta burguesia lisboeta. Apesar do seu elevado valor patrimonial, e dos pedidos por parte de cidadãos, o IGESPAR recusou em 2010 a sua classificação como "Imóvel de Interesse Público". Os imóveis ficaram deste modo sem protecção legal por parte do organismo estatal reponsável pela salvaguarda do património cultural. Apenas o PDM de Lisboa identifica este conjunto na carta do património da cidade. Mas isso não impediu que o Pelouro do Urbanismo aprovasse a destruição total dos 3 logradouros como se vê pela imagem (Fevereiro de 2011). Para se construir caves de estacionamento, a CML aprovou 100% de impermeabilização dos logradouros. É lamentável que a CML continue a premiar projectos que ainda assentam em estilos de vida insustentáveis. Assim Lisboa estará sempre na cauda da Europa.

terça-feira, 12 de abril de 2011

LAJB pede alargamento do periodo de discussão pública do PDM

Exmo. Senhor Presidente da CML

Dr. António Costa,

No âmbito da revisão do Plano Director Municipal de Lisboa (PDM) abriu no passado dia 7 de Abril um periodo de consulta pública com a duração de 30 dias. A Liga dos Amigos do Jardim Botânico (LAJB), enquanto associação cívica, deseja contribuir para a versão final do mais importante documento de planeamento da nossa cidade.

No entanto, e face à complexidade e volume do documento posto em discussão, consideramos insuficiente o prazo de apenas 30 dias úteis para a participação dos cidadãos. Os Planos de Pormenor, com áreas e documentos mais pequenos, recebem 30 dias úteis para discussão pública. Notamos uma grande desproporção do tempo destinado à participação pública do PDM quando comparado com um Plano de Pormenor.

Vimos assim solicitar que considere o alargamento do periodo de discussão pública para pelo menos o dobro do tempo que é habitualmente destinado a um Plano de Pormenor. O alargamento do prazo de consulta pública deve ser dimensionado à escala, complexidade e importância do novo PDM. Estamos conscientes que o actual PDM está obsoleto e que a sua revisão já devia ter sido feita em 2004. Mas pensamos que é unânime que a fase de discussão pública não pode ser abreviada sob pena da visão dos habitantes de Lisboa não conseguir esculpir o seu próximo PDM.

Com os nossos melhores cumprimentos,

LIGA DOS AMIGOS DO JARDIM BOTÂNICO

Foto: Prédio oitocentista com logradouro na Rua de Gustavo de Matos Sequeira. A nova "Carta Municipal do Património", anexa ao próximo PDM, é um dos aspectos para os quais a LAJB estará atenta. Outro tema de enorme importância é a do futuro dos logradouros - não teremos uma urbe sustentável enquanto Lisboa for a capital da Europa com maior área impermeabilizada. O que propõe o novo PDM para reverter esta trágica estatística?

quinta-feira, 7 de abril de 2011

PDM: «Futuro de Lisboa está em discussão pública a partir de hoje»

«O que querem os lisboetas para a sua cidade, quais devem ser as prioridades urbanísticas? Quem tem respostas ou até perguntas para acrescentar a estas tem, a partir de hoje, oportunidade de pôr as cartas em cima da mesa. Dezasseis anos depois, a capital portuguesa volta a discutir o seu Plano Director Municipal (PDM), cuja proposta de revisão já passou pela câmara e está, desde hoje, em debate público. A cidade continua a desenvolver-se segundo o PDM de 1994

O documento de hoje já não é o mesmo que, em Outubro do ano passado, causou arrepios ao arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, que considerou "uma anedota em termos de planeamento" a ideia inicial de facilitar a construção nos logradouros lisboetas. Meio ano depois, a proposta de revisão está diferente. Não mudou nem de filosofia nem revolucionou as ferramentas, e manteve os objectivos estratégicos. Mas teve em conta os 31 pareceres legalmente previstos - 15 deles apontaram a necessidade de mexer na proposta inicial.

Houve uma reviravolta na questão dos logradouros, mas continuam no ar dúvidas e preocupações, como as que a própria vereadora Helena Roseta, do movimento Cidadãos por Lisboa, expressou, quando pôs em causa o modelo de compactação da cidade, que permite aumentar a capacidade construtiva nas áreas consolidadas. "Tenho dúvidas sobre esse modelo. Aceitá-lo-ia se houvesse contrapartidas ao nível da reabilitação urbana, mas não é isso o que vejo", disse Roseta, em Novembro.

Manuel Salgado, arquitecto e vice-presidente da câmara, deu a cara pela primeira versão da proposta de actualização do PDM, aprovada em Novembro pelo PS e PSD no executivo (um vereador "laranja" absteve-se) e continua a defender aquela que passou por reuniões de concertações com as 15 entidades que levantaram questões em relação à versão inicial. Salgado continua a defender o sistema de créditos que a proposta prevê considerando que "é inovador mesmo a nível internacional".

Créditos para recuperar

O também vereador do Urbanismo abriu mão de uma promessa eleitoral de peso: obrigar os promotores imobiliários a reservar uma parcela dos seus empreendimentos para habitação a custos controlados. Agora quer convencê-los a aderir a um sistema de créditos. "Se o promotor reabilitar um edifício antigo e se, depois das obras, mantiver lá a morar todos os agregados familiares que anteriormente lá residiam, tem direito a créditos para construir noutro lado." Isso significa que pode, nesse segundo local, urbanizar para além do que lhe seria permitido: numa zona da cidade onde o índice de construção de referência - ou seja, o quociente entre a área de construção e a dimensão do terreno - é de 1,7, por exemplo, passa a poder construir até um máximo de 2.

Os créditos para construir variam consoante a zona da cidade - "um crédito gerado na Av. da Liberdade não tem o mesmo valor do que um gerado na Ameixoeira" - e não se restringem à habitação. "Se o promotor imobiliário fizer três caves para estacionamento num edifício onde só é obrigado a construir duas, e se reservar a terceira cave para estacionamento público com tarifas idênticas às praticadas pela Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa, também tem direito a um crédito", frisa Manuel Salgado. "O mesmo acontecerá se transformar um quarteirão com uma fabriqueta no meio num logradouro de uso público. Ou se restaurar um edifício que está integrado na carta municipal do património sem subir a cércea [altura]". Dotar os empreendimentos imobiliários de equipamentos sociais, como creches ou lares, também dará direito a créditos, o mesmo sucedendo com o reforço da segurança sísmica ou com a manutenção de lojas de comércio tradicional durante obras de restauro de um imóvel.

"Tudo o que pudermos fazer através de incentivos, em vez de imposições, tornar-se-á mais eficaz. Se assim fosse, parte dos edifícios da carta do património não estaria no estado degradado em que se encontra". E acrescenta: "Tenho andado a estudar o que se faz no Japão, na Holanda e noutros países, e este é um regulamento muito inovador". É, também, um dos principais pontos de discórdia com os partidos da oposição. A medida apenas beneficia os grandes construtores, dizem os comunistas. "Se a maioria das pessoas rejeitar este sistema, não terei outro remédio senão meter a viola no saco".

Contrariado, o vereador do Urbanismo também teve de ceder na questão dos logradouros. "Os logradouros de Alvalade, do bairro Lopes e da colina do Castelo ficaram todos defendidos, e isso acho bem. Mas noutros casos foi-se demasiado longe, ao fixar num máximo de dez por cento a área impermeabilizável. Uma regra cega como esta é errada, porque as pessoas têm direito a ter carro. Também é importante ter estacionamento para residentes na cidade".

Preencher o que está vazio

Quanto à possibilidade de a câmara construir silos automóveis, Manuel Salgado fala das dificuldades de o fazer nas zonas históricas: "Há poucos edifícios de grande porte e parte dos que existem não pode ser demolida porque tem valor patrimonial". O autarca rejeita as críticas que lhe têm sido feitas de que este PDM irá servir para expulsar os mais pobres para os subúrbios, por via do licenciamento de obras de reabilitação que aumentarão necessariamente o valor das rendas: "É exactamente o contrário", assegura.

"Vamos procurar ter habitação a custos acessíveis. Um T2 pode vir a custar entre 400 e 500 euros por mês, consoante a zona". O cenário nunca foi tão propício à recuperação das casas antigas: "Noventa por cento das obras licenciadas pela câmara já são de reabilitação urbana". Numa altura em que "82 por cento da cidade estão urbanizados", o objectivo é recuperar o que já está construído "e preencher o que está vazio" nos espaços urbanizados.» In Público (7/4/2011)

Nota: para a LAJB o grande equívoco do Vereador do Urbanismo/CML é a defesa que fazem de uma cidade em que cada municipe tem/terá o direito a uma viatura de transporte particular assim como a um lugar de estacionamento. Se os logradouros de Lisboa estão em perigo de extinção é apenas devido à perseguição obessesiva deste ideal insustentável e obsoleto.

Foto: O fim dos logradouros em Lisboa? Em primeiro plano vemos um antigo logradouro impermeabilizado para a construção de caves de estacionamento (a relva que vemos é só para disfarçar a laje de betão da cobertura da garagem); em segundo plano, atrás do muro branco, vemos logradouros originais, ainda permeáveis e repletos de plantas. Este PDM irá decidir qual destes dois modelos ficará consagrado para o futuro.

sábado, 29 de janeiro de 2011

CCDR preocupada com logradouros de Lisboa

«A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) de Lisboa e Vale do Tejo considera que a proposta de Plano Director Municipal da capital não assegura na totalidade os objectivos de salvaguarda dos logradouros e sugere que a autarquia clarifique algumas situações.

A CCDR aponta sobretudo as excepções previstas na proposta de Plano Director Municipal (PDM), que permitem a "ocupação significativa" dos logradouros, considerando que, em certa medida, "contradizem os princípios de salvaguarda das áreas permeáveis" e "interferem com a concretização da Estrutura Ecológica Municipal".

O parecer final da comissão de acompanhamento da revisão do PDM de Lisboa, da qual fazem parte mais de 30 entidades, entre elas a CCDR, foi elaborado na semana passada. O parecer foi globalmente favorável, condicionado a um conjunto de correcções e rectificações, tendo a comissão de acompanhamento recomendado à câmara que realize "reuniões de concertação com as entidades que formularam objecções".

Uma dessas entidades foi a CCDR, que alertou para o facto de a proposta de PDM permitir "novas intervenções" ao nível dos logradouros, sublinhando que não é evidente "se se encontram ou não permitidas novas construções, ampliação das existentes ou novas impermeabilizações". "Considera-se ser de dissuadir qualquer aumento de impermeabilização dos logradouros, em particular quando coincidente com a área identificada na planta da Estrutura Ecológica Municipal, devendo a regulamentação ser clara quanto a estes aspectos e não ficar-se por uma mera menção à sua salvaguarda", refere o parecer. Chama-se ainda a atenção para a necessidade de garantir a salvaguarda dos logradouros "nos espaços consolidados e a consolidar", realçando que "a respectiva regulamentação nada refere quanto à sua salvaguarda e requalificação".

Outra das matérias destacadas pela CCDR é o Regulamento Geral do Ruído, dizendo-se que o PDM deverá contemplar "disposições relativas a condicionamentos à construção de edifícios habitacionais e de alguns equipamentos em zonas de conflito".» In Público, 29/1/2011

Foto: logradouro do Palacete Ribeiro da Cunha, ameaçado com construção nova.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Construções cobrem 60 por cento do solo de Lisboa

«Estradas, edifícios e parques de estacionamento cobrem com betão e pedras 60 por cento do solo de Lisboa, ou seja, 105 metros quadrados por habitante, revela um estudo da Agência Europeia do Ambiente (EEA, sigla em inglês) sobre impermeabilização de 38 capitais europeias.

As cidades com menor percentagem de solo impermeabilizado são Estocolmo, Berna e Oslo, com pouco mais de 20 por cento. No extremo oposto encontram-se Bucareste, Tirana e Varsóvia. As capitais da Roménia, da Albânia e da Polónia são aliás as únicas com maior percentagem de solo impermeabilizado do que Lisboa, que surge nesta lista feita a partir de dados de satélite (relativos a 2006). O que faz da capital portuguesa a quarta mais impermeabilizada na Europa.

No rácio de cobertura do solo por habitante, as capitais mais impermeabilizadas são Nicósia (Chipre), Luxemburgo e Vaduz (Liechtenstein).

Os dados revelados anteontem pela EEA não surpreendem Eugénio Sequeira, especialista em solos e presidente da assembleia geral da Liga para a Protecção da Natureza. "Na década de 1990 a 2000, a área impermeabilizada no país aumentou 50 por cento", com as cidades a crescerem "nos sítios com melhores solos". No caso de Lisboa, os barros vermelhos.

"Infelizmente, tivemos duas leis - a Reserva Agrícola Nacional e a Reserva Ecológica Nacional - que deveriam salvaguardar os melhores solos e que não são cumpridas", frisa Eugénio Sequeira, salientando que a impermeabilização é um processo irreversível.

Também a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza sustenta que, nas últimas décadas, solos muito produtivos têm sido ocupados, "sistematicamente desafectados da Reserva Agrícola Nacional". Segundo esta organização, existem casos "de ocupação recente de zonas de risco de cheia que deveriam estar classificadas como Reserva Ecológica Nacional".

A associação salienta que este pode ser um momento importante para "inverter" a tendência, uma vez que "muitos planos directores municipais estão em revisão, se equaciona uma futura Lei dos Solos e já está aprovada uma estratégia de adaptação às alterações climáticas".»

In Público

Foto: Lodão em logradouro da Rua Barata Salgueiro, ameaçado por projecto de demolição seguido de construção nova com ocupação integral do logradouro.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Agência Europeia de Ambiente: Lisboa entre as piores capitais europeias a cuidar do solo

Um relatório da Agência Europeia de Ambiente mostra que a capital portuguesa tem dos solos mais impermeáveis das capitais europeias. Pior do que Lisboa só mesmo as antigas capitais satélites do regime soviético: Bucareste, Tirana e Varsóvia.

Em comparação, Londres (Reino Unido) tem uma área impermeabilizada de 42,5 por cento e Estocolmo (Suécia), a capital melhor colocada no ranking, de 22,90 por cento.

No relatório, a Agência Europeia do Ambiente recorda que o solo é um dos recursos mais importantes do planeta, porque nos proporciona não só serviços fundamentais, como a produção de comida ou o armazenamento de água subterrânea, mas também protecção contra cheias e regulação microclimática, entre outros. in TSF

Esta notícia, mais uma vez, põe a nú a grave situação de Lisboa em matéria de política de solos. E é por a LAJB ter plena consciência deste facto que se tem batido sempre pela defesa dos solos permeáveis que ainda sobrevivem em Lisboa. Daí o não aceitarmos a iniciativa da CML, por via da actual proposta do Plano de Pormenor para o Parque Mayer, de construir mais de 22 mil m2 de novas construções que irão impermeabilizar cerca de 50% da área do plano - se excluirmos a área permeável do Jardim Botânico. A continuar assim, Lisboa será no futuro próximo a capital que mais despreza solos permeáveis.

Foto: logradouro na Rua das Portas de Santo Antão

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sá Fernandes confronta Câmara de Lisboa e universidade com opções para Jardim Botânico

«O vereador dos Espaços Verdes da Câmara de Lisboa, José Sá Fernandes, apanhou toda a gente de surpresa ao confrontar um colega seu de vereação e também o reitor da Universidade de Lisboa com as opções tomadas por estes para o Jardim Botânico.

Tudo aconteceu durante uma sessão de esclarecimento sobre o plano de pormenor do Parque Mayer que teve lugar no Teatro Maria Vitória nesta terça-feira. Sentado na plateia reservada ao público, o autarca disparou uma série de perguntas em direcção à mesa onde se sentavam o presidente da câmara, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, o reitor e por fim o autor do plano em causa, o arquitecto Aires Mateus.

Quis garantias de que nenhuma zona do Jardim Botânico será impermeabilizada e de que a circulação das águas subterrâneas se continuará a fazer como até aqui, apesar dos novo edifícios que vão ser construídos – tudo preocupações na linha das que têm sido manifestadas pelas associações cívicas que puseram a correr um abaixo-assinado exigindo a reformulação do plano de pormenor. “Não haverá impermeabilização”, garantiu-lhe o arquitecto Aires Mateus.»

In Público Online 17/11/2010

Foto: São cenários como este que cada vez mais vemos à volta do Jardim Botânico. Impermeabilização, em muito mais de que o máximo de 20% permitido pelo actual PDM, da área do logradouro do edifício da Rua do Salitre 151 a 157. Isto acontece em plena zona de protecção do Jardim Botânico. PORQUÊ?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Aires Mateus disposto a alterar plano para Parque Mayer e Jardim Botânico de Lisboa

"O arquitecto limitou-se a passar a desenho o que lhe foi pedido pela universidade. Quem sou eu para pôr em causa o que ela decidiu?", pergunta Manuel Salgado

O autor do plano de pormenor para o Parque Mayer e zona envolvente, Manuel Aires Mateus, está disposto a alterar algumas opções do projecto se for provado que são prejudiciais para o Jardim Botânico de Lisboa, ali ao lado.

É o caso do edifício de quatro pisos previsto para a futura porta de entrada do jardim, na Rua do Salitre, um centro interpretativo orçado em 6,7 milhões de euros que terá um elevador até à zona da Rua da Escola Politécnica. "Não fazemos finca-pé nele. Se a cidade o considerar negativo para o jardim... Até agora tanto a câmara como a Universidade de Lisboa [proprietária do recinto] sempre nos disseram que era um edifício interessante", diz o arquitecto. A ideia é que os autocarros com visitantes deixem de congestionar a Rua da Escola Politécnica e passem a estacionar na Rua Castilho. O elevador do edifício de acolhimento serviria os visitantes com mobilidade reduzida.

Outro aspecto que tem sido alvo de crítica é a possibilidade de aumento da altura dos prédios mais baixos da zona. A Liga dos Amigos do Jardim teme que a transformação crie um efeito de estufa que seria letal para determinadas espécies vegetais. "Os estudos que temos dizem que o alinhamento das cérceas não terá efeitos negativos. Mas se nos provarem que tem... Estamos empenhados em arranjar a melhor solução para o jardim, que é frágil e cuja preservação é central para nós", assegura Aires Mateus. O arquitecto sublinha que a subida das cérceas teria como contrapartida a demolição dos anexos construídos nos respectivos logradouros, parte dos quais clandestinos. "Isso aumentaria a área permeável do solo", explica. E nega que o seu plano implique danificar a cerca pombalina que rodeia o jardim, recentemente classificado como monumento nacional. "Nem sequer é tocada", garante.

Uma petição posta ontem a correr na Internet por várias associações cívicas (http://www.gopetition.com/petition/39771.html) defende a reformulação do plano, considerando-o "desajustado, desintegrado e altamente lesivo para a salvaguarda deste quarteirão histórico". O abaixo-assinado sugere que seja feita "uma verdadeira expansão territorial do Jardim Botânico para parte dos terrenos do Parque Mayer, com exposição de flora portuguesa". A solução encontrada por Aires Mateus para dar continuidade aos dois recintos, com a colocação de uma cobertura vegetal sobre os edifícios no Parque Mayer, não agrada aos autores da petição.

"O Jardim Botânico pertence à Universidade de Lisboa, e é a ela que cabe zelar pela salvaguarda deste património", declara o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, confrontado com as críticas. "O arquitecto Aires Mateus limitou-se a passar a desenho o que lhe foi pedido pela universidade. Quem sou eu para pôr em causa o que esta instituição decidiu?"

Tanto Aires Mateus como Manuel Salgado estão hoje numa sessão de esclarecimento sobre o plano, às 18h30 no Teatro Maria Vitória, ao abrigo da discussão pública do documento, que termina daqui a uma semana.» In Público 16/11/2010

Foto: Rua do Salitre. Entretanto a impermeabilização de logradouros na Zona de Protecção do Jardim Botânico prossegue. Se este Plano de Pormenor avançar, este cenário será aplicado a muitos mais logradouros confinantes com o nosso Jardim Botânico. É inaceitável defender este modelo de desenvolvimento, obviamente insustentável.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

«Reviravolta na proposta do PDM de Lisboa para os logradouros»

Autarquia altera proposta de revisão do PDM depois de negociar com associação de Ribeiro Telles. Logradouros em zonas históricas passarão a estar mais protegidos

A polémica em torno da betonização dos logradouros de Lisboa sofreu ontem uma reviravolta. Algumas obras clandestinas efectuadas nestes terrenos habitualmente situados nas traseiras dos prédios poderão ter de ser desfeitas, de forma a permitir que eles voltem a ser parcialmente permeáveis à água da chuva.

O tema foi abordado numa reunião que o presidente da câmara teve com a associação Lisboa é Muita Gente, constituída para apoiar o vereador José Sá Fernandes nas últimas eleições autárquicas. "A impermeabilização dos logradouros em zonas históricas passa a não poder ultrapassar os dez por cento da sua área total", explicou, no final do encontro, um membro da Lisboa é Muita Gente, António Braga. Nas restantes zonas da cidade "serão fixados vários parâmetros, consoante a zona urbana em que se insiram".

Os termos exactos do acordo entre a autarquia e a associação só serão divulgados na reunião de câmara de amanhã. Mas tanto Ribeiro Telles como Sá Fernandes, que também esteve no encontro de ontem, mostraram-se satisfeitos com o resultado da negociação - que permitiu, segundo o vereador, que algumas centenas de logradouros sejam considerados no próximo PDM como zonas verdes.

O arquitecto paisagista Ribeiro Telles, que integra a referida associação, tinha-se mostrado indignado com o facto de o futuro Plano Director Municipal (PDM) afrouxar as regras que actualmente proíbem a construção nos logradouros, em especial os situados em zonas históricas.

Aliás, uma campanha de recuperação dos logradouros havia sido uma das condições do acordo pré-eleitoral Lisboa é Muita Gente com os socialistas que governam Lisboa, cujas listas Sá Fernandes integrou como independente. A equiparação dos canteiros com cimento por baixo a espaços verdes era outra crítica da associação em relação ao futuro PDM.

Inscritos no documento pela primeira vez serão os corredores verdes, manchas contínuas de vegetação que hão-de atravessar a cidade em vários pontos. Por outro lado, foi definida a integração do Plano Verde da cidade, coordenado por Ribeiro Telles, no novo Plano Director Municipal. in Público, 9 de Novembro de 2010

Foto: Rua Rosa Araújo 49. Mesmo com a lei a proibir a impermeabilização total de logradouros, a CML abre demasiadas excepções como todos podemos constatar, um pouco por toda a cidade. A fotografia mostra um exemplo bem perto do nós (curiosamente pelos mesmos autores do Plano de Pormenor para o Parque Mayer e Jardim Botânico). Falta rigor na gestão deste bem comum vital para a saúde da nossa cidade. Lisboa não pode continuar a desprezar os solos não construídos como coisa de pouca importância, como vazios inúteis.

sábado, 6 de novembro de 2010

Jardim Botânico ameaçado pela impermeabilização da Zona de Protecção


BE "chocado" com silêncio de Sá Fernandes sobre destino do Jardim Botânico

Plano de pormenor em discussão pública repudiado por Amigos do Jardim, por causa de construção nova e abate de espécimes. Assembleia municipal pode salvar recinto, diz Bloco

A deputada municipal do Bloco de Esquerda (BE) Rita Silva declarou-se ontem chocada com o silêncio do vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, perante o destino do Jardim Botânico de Lisboa. O recinto tornou-se anteontem monumento nacional.

Em causa está o plano de pormenor para esta zona da cidade, que inclui também o Parque Mayer e que se encontra em discussão pública até 23 de Novembro. Para os bloquistas, os lisboetas não têm consciência dos perigos que o jardim corre se o plano for aprovado, por causa do aumento de construção previsto, quer para dentro do recinto verde, quer em seu redor.

Preocupações partilhadas pela Liga dos Amigos do Jardim numa visita guiada ao local. "Com o aumento da altura dos prédios em redor do jardim - que já está a começar -, o Jardim Botânico torna-se mais seco e mais quente no Verão, devido à falta de circulação do ar. E isso impede que algumas espécies sobrevivam", explicou Pedro Lérias, dos Amigos do Jardim.

A visita incluiu uma inspecção à zona do recinto virada à Rua do Salitre, onde, apesar das denúncias da associação às entidades competentes, os prédios continuam a expandir-se, contribuindo para aquilo que os seus membros designam por asfixia do jardim. Há mesmo uma piscina em construção a escassos metros do muro do recinto, apesar de todos os monumentos beneficiarem de uma zona de protecção. Neste caso, a impermeabilização em volta do recinto é mais um problema, explicam os Amigos do Jardim. "Se o plano de pormenor for por diante, crescerá uma cinta de prédios em redor do recinto", assegura Manuela Correia, dos Amigos do Jardim.

A par da construção, o BE também critica as demolições previstas de alguns edifícios antigos que fazem parte do jardim, como estufas e herbários. As promessas dos arquitectos responsáveis pelo plano de pormenor de que tudo será reconstruído em cima de um novo edifício de quatro andares não os convence. Nem a eles, nem ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, que levantou obstáculos às demolições. Por outro lado, salientam os Amigos, as obras implicarão abate de espécimes vegetais, alguns deles em vias de extinção. "Gostávamos muito de conhecer a opinião de Sá Fernandes sobre isto", diz Manuela Correia. Para Rita Silva, a salvação do jardim está nas mãos da assembleia municipal, que ainda pode chumbar o plano. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, ouvir os autores do plano. in Público, 6 de Novembro de 2010

Fotos: impermeabilização da área de protecção do Jardim Botânico já está a ser feita nos logradouros dos imóveis da Rua do Salitre. Se o Plano de Pormenor avançar, a impermeabilização será em grande escala e irá incluir também os logradouros da Rua da Escola Politécnica e Rua da Alegria. Nas imagens vemos os logradouros da Rua do Salitre 143 a 157.

sábado, 30 de outubro de 2010

Arq. Ribeiro Telles: «Foi uma lição para a revisão do Plano Director Municipal»

Ribeiro Telles diz que chuva veio na hora certa

O que se passou ontem em Lisboa "foi uma lição" para o novo Plano Director Municipal da cidade, que se encontra em fase de discussão, avisa o arquitecto paisagista Ribeiro Telles.

Em causa está a possibilidade de aumentar a construção nos logradouros (que são os quintais e outros terrenos habitualmente situados nas traseiras dos prédios) que o futuro regulamento abre. Ribeiro Telles tem-se manifestado frontalmente contra esta intenção, por causa daquilo que ela pode implicar em termos de impermeabilização do solo: "O aumento dos caudais de água da chuva e da sua velocidade de passagem". O arquitecto mora na Rua de S. José, nas traseiras da Av. da Liberdade, e ficou várias horas sem electricidade, devido a um corte de energia na zona provocado pelo mau tempo. O cenário que viu da sua janela foi suficiente: "Isto tinha que acontecer. Abrem-se caves em prédios situados em cima de ribeiras subterrâneas... Não quer dizer que tenha chovido mais que noutras ocasiões, mas o escoamento da água foi menor".

Como o novo Plano Director Municipal (PDM) ainda não foi aprovado, Ribeiro Telles diz que a chuvada de ontem chegou em boa hora - a tempo de fazer os responsáveis da Câmara de Lisboa repensar o assunto.

Mas, para o vereador da Câmara de Lisboa encarregue da revisão do PDM, Manuel Salgado, estas críticas radicam num equívoco: "O novo PDM só abre a possibilidade de aumentar a construção nos logradouros nos locais onde ela já existe. Se considerarmos toda a cidade, a área permeável até aumenta". Como? "Através da criação de um sistema de retenção das águas da chuva e de infiltração no solo", prevista também na revisão do Plano Director Municipal.

Ribeiro Telles chama ainda a atenção para o facto de a câmara continuar a autorizar a construção de caves cidade fora, agravando um problema que se estende a toda a Área Metropolitana de Lisboa. (in Público)

NOTA: Muitos prédios lisboetas têm pequenos jardins ou quintais que ajudam a absorver as águas pluviais. É lamentável que estejam ameaçados pelo novo PDM proposto pelo actual executivo da CML. Porquê? Porque continuamos a planear a cidade para os carros - todos sabemos que o motivo para a alteração da lei é a pressão imobiliária que só se interessa pela reabilitação se conseguir abrir caves para estacionamento nos logradouros. Será justo todos pagarmos um preço alto porque a sociedade não quer sair de um modelo de mobilidade obsoleto? Foto: Rua Diogo Bernardes em Alvalade.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

«Ribeiro Telles indignado com proposta que abre caminho à construção em logradouros»

«Proposta socialista de revisão do PDM de Lisboa contraria acordo pré-eleitoral do PS com José Sá Fernandes, selado há um ano para as últimas autárquicas

O arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles mostrou-se ontem indignado com a medida do PS para autorizar a construção em logradouros, proposta na revisão do Plano Director Municipal (PDM) de Lisboa. "É uma anedota em termos de planeamento", reagiu Ribeiro Telles na entrevista a publicar na edição do PÚBLICO do próximo domingo. A proposta socialista foi detalhada na última reunião de câmara, anteontem, e a questão dos logradouros foi um dos alvos de toda a oposição representada no executivo liderado por António Costa - e até o vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, se mostrou preocupado.

Lançar uma campanha de recuperação dos logradouros - via associações de proprietários, com incentivos financeiros de apoio técnico dado pelo município -, foi precisamente uma das condições do acordo pré-eleitoral de Sá Fernandes com os socialistas que governam Lisboa, e cujas listas acabou por integrar, na qualidade de independente. Além disso, Ribeiro Telles é a principal figura da associação de apoiantes de Sá Fernandes, a Lisboa é Muita Gente. Recentemente homenageado com a Medalha de Mérito Municipal, grau ouro, o arquitecto paisagista não assistiu à discussão camarária sobre a revisão do PDM, mas disse, depois de informado sobre a proposta, tratar-se de uma "medida gratuita, a favor da especulação urbana".

"Segundo percebi - prossegue, referindo-se ao documento a que depois teve acesso e ao que lhe foi transmitido -, logradouros são as tapadas, são os quintais, são as cercas conventuais e são as quintas de recreio - aquelas todas do Paço do Lumiar que são do século XVI e XVII. Se isso tudo é logradouro, evidentemente que é um desastre para a cidade de Lisboa. Quer cultural quer ambiental." Criticou ainda a imprecisão de vários conceitos usados na proposta de revisão, como o de superfície verde: "Ervas sobre betão são superfícies verdes." " [Isso] não é de uma cidade do século XXI e do sistema natural de uma cidade do século XXI", acrescentou. "É encapotar para as pessoas não perceberem bem o que é. Uma árvore vai buscar água às camadas inferiores e as raízes são a forma que tem de se sustentar. Acho bem que, depois de todas as árvores caírem em cima de automóveis e de pessoas, a câmara seja responsabilizada."

Às dúvidas colocadas em relação à proposta de autorizar mais construção nos logradouros - algo que actualmente se faz com muitas restrições (no máximo, 20 por cento da área total) -, respondeu na reunião o vereador Manuel Salgado, vice-presidente do executivo, responsável pelo Urbanismo e coordenador da revisão do PDM. Invocou a necessidade de criar mais estacionamento em Lisboa - nomeadamente nos logradouros -, sob pena de os promotores imobiliários desistirem de reabilitar os prédios antigos. E referiu também o facto de parte dos logradouros já estar ocupada com construção clandestina, que viola a regra dos 20 por cento da área total, actualmente em vigor.

O programa eleitoral do presidente, António Costa, não menciona os logradouros. Diz, no entanto, que Lisboa necessita de aumentar a quantidade de solo permeável e o coberto vegetal. Nesse sentido, promete, entre outras coisas, "promover um programa de fomento de agricultura urbana".

Ribeiro Telles destaca as mesmas necessidades. "Lisboa precisa de locais permeáveis. Diminuir essa área na cidade - potencialmente, uma estrutura verde consistente - é mau em qualquer logradouro", afirma o homem que coordenou o Plano Verde para Lisboa, que está, aliás, em exposição no antigo Mercado de Santa Clara.» in Público, 8 de Outubro de 2010

Nota: Também nós na LAJB estamos indignados!

Foto: Rua Nova de S. Mamede. Atrás destes prédios de habitação existem logradouros arborizados que confinam directamnete com o Jardim Botânico. O que o novo PDM propõe é um crime urbanístico e uma chocante cedência aos maus hábitos de mobilidade instalados em Lisboa. A CML não deve planear a cidade em função do que os promotores - e especuladores - imobiliários desejam mas sim defender o bem comum, salvaguardar um ambiente melhor para as futuras gerações!