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Monday, November 23, 2020
Saturday, October 03, 2020
O QUE DISSE OBAMA
Obama disse esperar que Trump " junto com outras pessoas afectadas pela
Covid-19 em todo o país, recebam os cuidados de que precisam e estejam
no caminho de uma recuperação rápida". - aqui
Tuesday, December 12, 2017
TRABALHOS DE TRUMP
Trump, de algum modo, cumpre o que promete.
Prometeu reduzir os impostos sobre os maiores rendimentos, e está a conseguir.
É a política do Trickle down economics segundo a qual a redução dos impostos sobre os mais ricos beneficiará, por tabela, os mais pobres. E há muitos pobres que acreditam nisso: Trump foi eleito em grande parte com os votos de eleitores das regiões mais deprimidas dos EUA.
Quem também contribuiu em larga escala para a eleição de Mr. Trump foram as mulheres norte-americanas. Mesmo depois de contra ele terem sido disparadas, durante a campanha eleitoral, várias denúncias de práticas de assédio sexual. Curiosamente, a avalanche de denúncias do mesmo tipo, desencadeada nas últimas semanas a partir, sobretudo, de Hollywood, continua, aparentemente, a não causar mossa a Mr. Trump.
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Act. - Entretanto, o candidato democrata ao Senado dos EUA pelo Alabama, Doug Jones, causou surpresa ao vencer esta terça-feira o republicano Roy Moore naquele estado conservador, acusado de abuso sexual por oito mulheres, durante a campanha eleitoral.
Por outro lado, na semana passada, Al Franken, senador pelo Minennesota, acusado de condutas sexuais impróprias, anunciou que vai renunciar, aguardando que a Comissão de Ética do Senado o julgará inocente.
"Eu, como toda a gente, estou ciente de que há alguma ironia no facto de estar de saída (do Senado) enquanto um homem que se vangloriou, em registo gravado, da sua história de agressão sexual continua sentado na Sala Oval ... " - Al Franken, no anúncio de saída
Segundo estas notícias, o vendaval de acusações de casos de assédio sexual a derrubar políticos não vai dissipar-se tão depressa.
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Act. - Apesar dos esforços de Trump para acabar com o Obamacare, o número de aderentes está exceder as mais optimistas expectativas, aumentando a inviabilidade política do actual presidente anular os objectivos do acto mais representativo do governo do seu antecessor. - aqui
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Act. - Poderá uma acusação de obstrução à Justiça determinar um processo de impeachment a Trump em 2018.
Mais do que quaisquer denúncias ou testemunhos, serão os resultados das midterm elections que, se retirarem a Trump o suporte que ele ainda detém no Congresso, poderão determinar o desencadeamento do processo de impeachment ou garantir-lhe roda livre para continuar a proceder como até aqui até ao fim deste mandato. vd. aqui: ."Doubting the intelligence, Trump pursues Putin and leaves a Russian threat unchecked"
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Act. - Entretanto, o candidato democrata ao Senado dos EUA pelo Alabama, Doug Jones, causou surpresa ao vencer esta terça-feira o republicano Roy Moore naquele estado conservador, acusado de abuso sexual por oito mulheres, durante a campanha eleitoral.
Por outro lado, na semana passada, Al Franken, senador pelo Minennesota, acusado de condutas sexuais impróprias, anunciou que vai renunciar, aguardando que a Comissão de Ética do Senado o julgará inocente.
"Eu, como toda a gente, estou ciente de que há alguma ironia no facto de estar de saída (do Senado) enquanto um homem que se vangloriou, em registo gravado, da sua história de agressão sexual continua sentado na Sala Oval ... " - Al Franken, no anúncio de saída
Segundo estas notícias, o vendaval de acusações de casos de assédio sexual a derrubar políticos não vai dissipar-se tão depressa.
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Act. - Apesar dos esforços de Trump para acabar com o Obamacare, o número de aderentes está exceder as mais optimistas expectativas, aumentando a inviabilidade política do actual presidente anular os objectivos do acto mais representativo do governo do seu antecessor. - aqui
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Act. - Poderá uma acusação de obstrução à Justiça determinar um processo de impeachment a Trump em 2018.
Mais do que quaisquer denúncias ou testemunhos, serão os resultados das midterm elections que, se retirarem a Trump o suporte que ele ainda detém no Congresso, poderão determinar o desencadeamento do processo de impeachment ou garantir-lhe roda livre para continuar a proceder como até aqui até ao fim deste mandato. vd. aqui: ."Doubting the intelligence, Trump pursues Putin and leaves a Russian threat unchecked"
Sunday, January 22, 2017
WE THE PEOPLE
"We thought (they) were the three groups that had been maybe criticized by Trump and maybe were going to be most, if not necessarily vulnerable in a literal sense, most feeling that their needs would be neglected in a Trump administration," Fairey told CNN.
Tuesday, January 17, 2017
TRUMP NA GRELHA DE PARTIDA
cf. aqui
Entretanto, em Davos, no World Economic Forum, Xi Jinping, presidente da China, onde participou pela primeira vez, defendeu a globalização, o comércio livre, os acordos de Paris sobre políticas ambientais, a protecção aos refugiados, alertou para o perigo das guerras comerciais, atacou os populismos ... , atacando Trump, sem nunca o nomear.
Putin, por outro lado, tinha considerado pior que prostitutas quem ataca Trump.
Putin, por outro lado, tinha considerado pior que prostitutas quem ataca Trump.
Em Londres, Theresa May anunciou as linhas gerais em que pretende enquadrar o Brêxit, com renúncia do Reino Unido ao Mercado Único Europeu e a intenção de estabelecer acordos bilaterais com os outros 27 membros da União Europeia. - cf. aqui. O Reino Unido prepara-se para reerguer-se como paraíso fiscal, destruindo a unidade europeia.
O mundo está virado do avesso.
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Act. - Hoje, 18/01, soube-se - vd. aqui, que Obama indultou Chelsea Manning, um soldado transsexual condenado a 35 anos de prisão por ter entregue documentos diplomáticos e militares confidenciais à WikiLeaks de Julian Assange, permitindo que Manning seja libertado em Maio. Assange, o amigo de Trump, comprometeu-se a entregar-se à justiça norte-americana se Manning fosse libertada.
Aguarda-se agora o que tuitará Trump sobre o assunto.
O mundo está virado do avesso.
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Act. - Hoje, 18/01, soube-se - vd. aqui, que Obama indultou Chelsea Manning, um soldado transsexual condenado a 35 anos de prisão por ter entregue documentos diplomáticos e militares confidenciais à WikiLeaks de Julian Assange, permitindo que Manning seja libertado em Maio. Assange, o amigo de Trump, comprometeu-se a entregar-se à justiça norte-americana se Manning fosse libertada.
Aguarda-se agora o que tuitará Trump sobre o assunto.
Wednesday, September 28, 2016
A ARÁBIA SAUDITA NO BANCO DOS RÉUS
Provavelmente, nada feriu mais profundamente o orgulho norte-americano do que os ataques de 11 de Setembro de 2001. Pearl Harbour aconteceu em contexto de guerra e fora do território do continental dos EUA, o número de combatentes caídos no Havai foi inferior ao número de vítimas mortais civis de 11/9.
Quinze anos depois, familiares das vítimas conseguiram fazer passar no Congresso uma lei que permite colocar a Arábia Saudita no banco dos réus por alegado envolvimento nos ataques suicidas.
Que meio de prova será usado para demonstrar aquele envolvimento, não é do conhecimento público.
O Presidente Obama vetou a lei, alegando que ela será, certamente, invocada como precedente por outros povos contra, nomeadamente, as suas representações diplomáticas e os seus militares em missões fora do país. Mas este será o primeiro veto de Obama a ser contrariado pelo Congresso.
O que leva os congressistas a muito maioritariamente - no Senado, a votação foi esmagadora de 97 a favor e apenas 1 contra - aprovarem uma lei susceptível de colocar os EUA em múltiplas situações de retaliação jurídica?
Os EUA vão eleger o próximo presidente, e, democratas e republicanos, não querem assumir hoje a responsabilidade das consequências futuras do seu voto rejeitando esta lei, arriscando a perda de votos a 8 de Novembro. A demagogia, já se sabe, vence sempre a democracia de vistas curtas.
Vd. aqui a história deste acontecimento que promete fazer disparar outras no futuro.
Tuesday, January 05, 2016
UM HOMEM CHORA
Enquanto os poltrões se enredam na teia tecida por um demagogo que excita os instintos mais brutais da condição humana. E que nada garante que não seja daqui a um ano o presidente da maior nação do planeta com todos os apocalípticos desvarios que o cargo lhe possa permitir.
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* Escrevo, de homens, porque de todos os morticínios provocados por tiros disparados por armas nos EUA não me recordo de algum que tenha sido perpetado por mulheres.
Sendo o Congresso norte-americano dominado muito maioritariamente por homens pode ser esta a explicação para a renitente persistência de uma lei bárbara. Explicação que, contudo, não absolve as mulheres norte-americanas pela passividade com que toleram ou agressividade com que estimulam tal lei e as suas consequências.
Monday, May 11, 2015
RAUL NAS MÃOS DE FRANCISCO
Por obra e graça de Obama,
"Si el Papa sigue así volveré a rezar y regreso a la Iglesia.Y no lo digo en broma " - Raul Castro, presidente de Cuba.
Se o Prémio Nobel da Paz foi atribuído prematuramente a Obama, também foi premonitório.
"Si el Papa sigue así volveré a rezar y regreso a la Iglesia.Y no lo digo en broma " - Raul Castro, presidente de Cuba.
"A reacção de Raúl Castro, depois de conhecer Francisco foi muito parecida com a de Barack Obama após a sua visita em Março de 2014. "O Papa desafia-nos, disse então o residente dos EUA, põe os nossos olhos perante o perigo de nos acostumarmos à desigualdade. E a sua autoridade moral faz com as suas palavras contem. É uma voz que o mundo deve escutar. A visita de Obama consagrou a liderança mundial de Jorge Mario Bergoglio, mas foi necessário esperar até 17 de Dezembro para descobrir até que ponto o primeiro Papa latino americano estava disposto a colocar a diplomacia do Vaticano ao serviço da paz e do diálogo. Naquela jornada histórica em que os presidentes dos EUA e Cuba se declararam dispostos a deixar para trás o conflito que dividiu a América durante meio século, um e outro dastacaram publicamente o trabalho medianeiro de Francisco. Agora, a visita de Castro a Roma vem confirmar que o caminho da reconciliação, ainda que difícil, está aberto" - aqui
Monday, September 09, 2013
A SOLUÇÃO FINAL
- Percebo o ponto de vista, mas aprovas ou desaprovas um eventual bombardeamento telecomandado a alvos estratégicos na Síria como forma de punição do regime de Assad e prevenção contra futuras utilizações de armas químicas, na Síria ou em qualquer outra parte do mundo?
- Uma vez que a quase totalidade das nações representadas na ONU votou pela proibição de armas químicas, se, provadamente, Assad utilizou tal meio de destruição humana contra o seu próprio povo, um ataque punitivo e preventivo parece-me indeclinavelmente necessário para que os compromissos assumidos pela comunidade internacional sejam cumpridos. Aliás, percebo mal as posições comodamente pacifistas dos europeus, ao que parece esquecidos do aniquilamento de 6 milhões de judeus nos crematórios nazis durante a Segunda Guerra Mundial, e da intervenção dos EUA, decisiva para libertar a Europa do terror hitleriano.
- Concordo, mas, do meu ponto de vista, há uma razão mais determinante. Nenhuma sociedade é perdurável sem leis, nenhuma lei é obedecida se não for sancionado o seu incumprimento. Assim sendo, a intervenção dos EUA na Síria, além de punir Assad, irá pressionar a ONU a acelerar os processos se intervenção em situações onde os compromissos assumidos no seu âmbito não forem respeitados. Se todos se põem à espera, nada anda.
-Certamente. O problema está na prova. E, quanto a este aspecto, a sombra da série de contradições e desmentidos observados a seguir à intervenção no Iraque, e o derrube de Saddam Hussein, pairam sobre este caso. É a falta de meios de intervenção imediata na comprovação das provas por parte da ONU que imobiliza as acções de punição ou precipita intervenções que podem ter objectivos diferentes dos reclamados.
- Por isso mesmo é que nesta aldeia global em que vivemos, ou há leis que permitam garantir a sobrevivência da espécie humana, ou os desenvolvimentos científicos apenas precipitarão o seu fim.
E, provadamente, a ONU não está a realizar o papel para que foi criada.
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Correl .- Comunicado da ONU, publicado hoje
Mau uso da Ciência
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Syria accepts Russia proposal on weapons -Se assim for, se a Syria aceitar colocar os stocks de armas químicas à disposição da ONU para que sejam eliminadas, presume-se que na comunicação de Obama, hoje, terça-feira, será declarado o adiamento do ataque até que o acordo sobre a proposta russa seja cumprido.
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Syria accepts Russia proposal on weapons -Se assim for, se a Syria aceitar colocar os stocks de armas químicas à disposição da ONU para que sejam eliminadas, presume-se que na comunicação de Obama, hoje, terça-feira, será declarado o adiamento do ataque até que o acordo sobre a proposta russa seja cumprido.
Sunday, September 08, 2013
IDEOLOGIA E ESPÍRITO DE PORCO
Depois de amanhã, Obama vai dirigir-se aos norte-americanos sobre a questão síria numa altura em que é indefenida a tendência da votação na Câmara dos Representantes. Acerca deste assunto, decisivo para a geopolítica mundial, e da eventual intervenção dos EUA, enquanto superpotência, cada qual terá a sua opinião mas muitos, também neste caso, opinam ou opõem-se por mero espírito de contradição.
Invoca Obama que não é sua credibilidade que está em causa se os EUA não intervierem no conflito, mas a humanidade. "I didn´t set a red line, the world set a red line", respondeu durante a conferência de imprensa em Estocolmo, na quarta-feira, sustentando a sua afirmação no facto do acordo de probição do uso de armas químicas ter sido aprovado pela quase totalidade dos países representados nas Nações Unidas.
A generalidade dos comentadores norte-americanos vê numa eventual rejeição do Congresso um rombo sério na credibilidade interna e externa do seu presidente apesar de ninguém contestar a sua opção de ter colocado nos representantes do povo norte-americano a co-responsabilidade de os EUA intervirem nesta e em situações idênticas no futuro. David Cameron fez uma opção idêntica, a sua proposta de intervenção na Síria foi rejeitada pela maioria no Parlamento, e Cameron declinou a participação do Reino Unido. Aliás, tendo já Obama declarado que uma intervenção norte-americana contra o regime de Assad seria remota, sem intervenção de soldados no terreno, "no boots on the groun in Syria", e um ataque realizado agora contra a votação maioritária no Congresso poderia, segundo John McCaine, provocar o impeachement do presidente, com ou sem Reino Unido ao lado dos EUA, Obama está condenado a ser culpabilizado pela opinião pública qualquer que seja a sua decisão final.
Mas será a votação do Congresso a resultante das convicções ideológicas dos seus membros e, por delegação, a expressão da vontade dos cidadãos eleitores? Não será. Perfila-se uma votação que, se for maioritariamente contra no Congresso, resultará da conjugação de votações coerentemente assumidas com as suas convicções acerca das responsabilidades que impendem ou não sobre os EUA como superpotência, e dos votos de vários membros do Congresso que votarão contra pela única razão de votar contra Obama. Aqui, como aí, prevalecem frequentemente as obstinações clubistas: se é assim, são contra; se for assado, também.
Demagogia e espírito porco andam por aí frequentemente de mãos dadas.
A generalidade dos comentadores norte-americanos vê numa eventual rejeição do Congresso um rombo sério na credibilidade interna e externa do seu presidente apesar de ninguém contestar a sua opção de ter colocado nos representantes do povo norte-americano a co-responsabilidade de os EUA intervirem nesta e em situações idênticas no futuro. David Cameron fez uma opção idêntica, a sua proposta de intervenção na Síria foi rejeitada pela maioria no Parlamento, e Cameron declinou a participação do Reino Unido. Aliás, tendo já Obama declarado que uma intervenção norte-americana contra o regime de Assad seria remota, sem intervenção de soldados no terreno, "no boots on the groun in Syria", e um ataque realizado agora contra a votação maioritária no Congresso poderia, segundo John McCaine, provocar o impeachement do presidente, com ou sem Reino Unido ao lado dos EUA, Obama está condenado a ser culpabilizado pela opinião pública qualquer que seja a sua decisão final.
Mas será a votação do Congresso a resultante das convicções ideológicas dos seus membros e, por delegação, a expressão da vontade dos cidadãos eleitores? Não será. Perfila-se uma votação que, se for maioritariamente contra no Congresso, resultará da conjugação de votações coerentemente assumidas com as suas convicções acerca das responsabilidades que impendem ou não sobre os EUA como superpotência, e dos votos de vários membros do Congresso que votarão contra pela única razão de votar contra Obama. Aqui, como aí, prevalecem frequentemente as obstinações clubistas: se é assim, são contra; se for assado, também.
Demagogia e espírito porco andam por aí frequentemente de mãos dadas.
Wednesday, February 13, 2013
NA PISTA DO DÓLAREURO
Eurodólares já há. Dólareuros, invenção minha, salvo se já há patente registada, passou a haver*.
Tal designação foi-me sugerida pelas notícias acerca do "Discurso da União" que o Presidente Obama dirigiu ontem aos congressistas, a todos os norte-americanos e, porque não reconhecê-lo, dada a resiliente liderança norte-americana, também ao mundo. Não menos que "Urbi et Orbi", sem intenção de heresia.
Os EUA tinham perdido, sobretudo durante os mandantos de Bush II, o respeito do mundo, atolando-se quase isolados em algumas guerras intermináveis e numa teia de aranha financeira gigante que quase sufocou o sistema financeiro global. Obama, o mais improvável de todos os presidentes norte-americanos, foi eleito quando o país quase desabava. Depois de um primeiro mandato, de que não resultou o melhor dos mundos do dr. Pangloss, os EUA, no entanto, recuperaram o respeito perdido internacionalmente, o sistema financeiro, se não melhorou a olhos vistos encontra-se estabilizado, a economia recuperou, o desemprego, ainda alto para os hábitos locais, mantem-se a níveis bem mais baixos que os observados na Europa, o emprego voltou a crescer. O contraste com o que, entretanto, se passou na União Europeia não poderia ser maior.
A diferença está em Obama e na sua equipa? Em parte, sim. Mas a grande diferença reside no facto de Obama representar e responder perante todos os norte-americanos enquanto a Chanceller Merkel, o Presidente Hollande, o par do directório que de facto governa a UE, representam e respondem apenas perante os eleitores alemães e franceses, respectivamente. A política da Chanceler Merkel, ou de qualquer outro chanceler alemão, será sempre fixada em função dos votos alemães.
Voltando ao "Discurso da União", que aqui se considera incluir propostas políticamente possíveis, umas, mas implausíveis, outras, Obama presidente reeleito mostrou-se mais decidido e ambicioso do que Obama candidato à reeleição. Normalmente, sucede o contrário. Obama, ao avançar para um conjunto de objectivos, alguns deles fracturantes, implausíveis, pretende, segundo a leitura de Ezra Klein, marcar a agenda política e encostar os republicamos à parede. Na Europa, as regras do jogo são outras, completamente diferentes, a política europeia está enredada em contradições sem desenleio à vista.
Há, no entanto, neste discurso de Obama um ponto, que mais do que qualquer outro, confronta as disparidades e as incongruências da União Europeia na encruzilhada em que se encontra e do qual parece não saber sair. Obama anunciou, e desde logo é estranho que nenhum sinal tenha sido dado da parte da UE a seu propósito, que os EUA e a UE vão entrar em negociações tendo em vista a construção de um espaço económico alargado que incluirá 800 milhões de pessoas.
Ouve-se, abisma-se e interroga-se: onde é que ele, ou eles, querem chegar? E, mais do que, aonde, como? Com uma moeda única, o dólareuro? Sem moeda única, e fé em Deus? Pode um espaço económico comum funcionar guerreando-se as moedas de parte a parte? Escapa-me completamente a
plausibilidade desta intenção de Obama e de mais não sabemos quem.
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* Designação que, de tão obtusa, também por essa razão, nunca seria usada
Thursday, January 24, 2013
O DÉFICE NÃO É UM PROBLEMA
Martin Wolf, citado por Paul Krugman aqui, defendia ontem no Financial Times que a política fiscal norte-americana não está em crise - America´s fiscal policy is not in crisis -, o desafio mais urgente é a promoção da recuperação da economia. Sem dúvida, reconhece MW, a evolução da dívida poderá vir a colocar sérios problemas a longo prazo, mas a única forma de os evitar não é a redução da despesa a curto prazo mas a criação de condições de crescimento económico que obrigue a inflexão da curva do endividamento antes que este assuma proporções indomáveis. Em resumo: Martin Wolf alinha pela política da administração de Obama, ainda que pondere nela alguns trajectos que deverão ser equacionados, por exemplo, o crescimento dos custos de um sistema, ineficiente, de saúde. Do ponto de vista da oposição republicana no Congresso, que já engoliu metade do sapo do aumento do tecto da dívida, Martin Wolf será um socialista infiltrado no diário de maior expansão mundial, um símbolo inequívoco do capitalismo.
Uma das consequências imediatamente visíveis desta política é persistente desvalorização do dólar relativamente à moeda única europeia que, obviamente, favorece as exportações norte-americanas e dificulta as economias europeias, sobretudo aquelas que, por se encontrarem num patamar tecnológico médio menos competitivo, enfrentam desarmadas a guerra das moedas. A desvalorização da moeda não é uma uma boa via para ganhar competitividade de forma sustentada, mas a valorização é certamente um handicap que algumas economias, e nomeadamente a portuguesa, com um tecido produtivo não geralmente sofisticado, dificilmente poderão compensar com outros argumentos.
Assim sendo, é esperável que a União Europeia do norte reconheça a curto prazo que a política prioritária da austeridade tem de dar lugar a uma política mais flexível que, sem descurar a prosecução do aumento da eficiência do Estado, permita criar condições à revitalização das economias mais fragilizadas. A obsessiva polarização do discurso político no saneamento das finanças públicas, de que a reentrada nos mercados é um exemplo flagrante, tem desvalorizado o caminho económico que permitirá pagar a dívida. Alguns argumentam que não há crescimento económico sem saneamento das finanças públicas e que a economia não é o governo que a promove mas os empresários. O que sendo verdade, não é totalmente verdade. Se fosse, as exportações portugueses não representariam, apesar dos progressos observados, ainda uma parte menor do PIB do país.
Uma das consequências imediatamente visíveis desta política é persistente desvalorização do dólar relativamente à moeda única europeia que, obviamente, favorece as exportações norte-americanas e dificulta as economias europeias, sobretudo aquelas que, por se encontrarem num patamar tecnológico médio menos competitivo, enfrentam desarmadas a guerra das moedas. A desvalorização da moeda não é uma uma boa via para ganhar competitividade de forma sustentada, mas a valorização é certamente um handicap que algumas economias, e nomeadamente a portuguesa, com um tecido produtivo não geralmente sofisticado, dificilmente poderão compensar com outros argumentos.
Assim sendo, é esperável que a União Europeia do norte reconheça a curto prazo que a política prioritária da austeridade tem de dar lugar a uma política mais flexível que, sem descurar a prosecução do aumento da eficiência do Estado, permita criar condições à revitalização das economias mais fragilizadas. A obsessiva polarização do discurso político no saneamento das finanças públicas, de que a reentrada nos mercados é um exemplo flagrante, tem desvalorizado o caminho económico que permitirá pagar a dívida. Alguns argumentam que não há crescimento económico sem saneamento das finanças públicas e que a economia não é o governo que a promove mas os empresários. O que sendo verdade, não é totalmente verdade. Se fosse, as exportações portugueses não representariam, apesar dos progressos observados, ainda uma parte menor do PIB do país.
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Monday, January 21, 2013
OBAMA DAY
A inauguração do segundo mandato de Obama é a notícia do dia.
Nenhuma tomada de posse de qualquer outro governante do mundo tem o impacto mediático, aproximado sequer, da Inauguration do mandato do presidente dos Estados Unidos da América. Com Obama, o mais improvável presidente à nascença, mesmo nos EUA, esse mediatismo multiplicou-se há quatro anos com a personalidade de Barack Hussein Obama, (num tempo em que o maior inimigo da América era Osama bin Laden, e Saddam Hussein tinha sido apeado em Baghdad) embalado no crescimento exponencial que os meios de comunicação observaram nas últimas décadas.
Hoje, repetiu-se a pompa e circunstância, celebrando uma tradição que tem o seu ponto máximo mais popular na parada desde o Capitólio à Casa Branca, através da Constitution Ave. e Pennsylvania Ave., por entre os edifícios governamentais de revivalismo clássico, e é óbvia a comparação com os desfiles dos triunfadores na Roma Antiga, vd aqui.
Os presidentes dos Estados Unidos da América não dispõem do poder de decisão que a imagem do "homem mais poderoso do planeta" incute no imaginário comum. Mas também não é verdade, como ouvi esta tarde a um conhecido comentador político na Sic Notícias, que, não tendo o presidente dos EUA qualquer poder legislativo, a sua capacidade de mudar o stato quo é nula porque é ao Congresso (Câmara dos Representantes e Senado) que compete decidir o que o presidente pode e deve fazer.
Se assim fosse, não teria havido, por exemplo, alterações no sistema de segurança social e o novo teto da dívida não teria sido, implicitamente, aprovado pela maioria republicana na Câmara de Representantes. O presidente dos EUA tem poderes limitados pelas maiorias no Congresso mas é o responsável máximo do governo federal e, enqunto tal, tem um poder de intervenção que fazem dele realmente "o homem mais poderoso do planeta".
Hoje, repetiu-se a pompa e circunstância, celebrando uma tradição que tem o seu ponto máximo mais popular na parada desde o Capitólio à Casa Branca, através da Constitution Ave. e Pennsylvania Ave., por entre os edifícios governamentais de revivalismo clássico, e é óbvia a comparação com os desfiles dos triunfadores na Roma Antiga, vd aqui.
Os presidentes dos Estados Unidos da América não dispõem do poder de decisão que a imagem do "homem mais poderoso do planeta" incute no imaginário comum. Mas também não é verdade, como ouvi esta tarde a um conhecido comentador político na Sic Notícias, que, não tendo o presidente dos EUA qualquer poder legislativo, a sua capacidade de mudar o stato quo é nula porque é ao Congresso (Câmara dos Representantes e Senado) que compete decidir o que o presidente pode e deve fazer.
Se assim fosse, não teria havido, por exemplo, alterações no sistema de segurança social e o novo teto da dívida não teria sido, implicitamente, aprovado pela maioria republicana na Câmara de Representantes. O presidente dos EUA tem poderes limitados pelas maiorias no Congresso mas é o responsável máximo do governo federal e, enqunto tal, tem um poder de intervenção que fazem dele realmente "o homem mais poderoso do planeta".
Wednesday, November 07, 2012
TAMBÉM UMA VITÓRIA EUROPEIA
Obama venceu, e nem sequer tão apertadamente como sugeriam as sondagens. O voto popular ainda não está totalmente contado, mas o incumbente ultrapassou a fasquia dos 50% contra 48% do candidato. Em número de delegados ao colégio eleitoral, Obama conta com 332 e Romney 206 (vd aqui).

Para aqueles que afirmavam que, ainda que Obama ganhasse, Romney seria também vencedor porque já recuperara durante a campanha o prestígio perdido pelos republicanos durante a administração de George W. Bush, a magreza dos resultados conseguidos pelo seu candidato (apenas recuperou Indiana e Carolina do Norte) desfaz muitas ilusões acerca do futuro do Grand Old Party. Obama, que iniciou o seu primeiro mandato no meio de uma tormenta que ameaçava desfazer o sistema financeiro mundial, consegue, com a reeleição, aquilo que até agora nenhum líder político conseguiu no mundo ocidental depois da erupção da crise.
A facção mais extremada do partido republicano, o Tea Party, a quem Romney subordinou a sua campanha eleitoral, sendo desde logo muito sintomática dessa subjugação a escolha de Paul Ryan para candidato a vice-presidente, entusiasma muita gente mas assusta muitos mais. Já a candidatura, apoiada pelo Tea Party, de Sarah Palin a vice de John McCain se tinha mostrado uma flagrante menos valia. A história repetiu-se, e repetir-se-á no futuro, enquanto os republicanos se entrincheiraram por detrás da sua ala mais radical. Mantêm uma larga maioria na Câmara dos Representantes e irão dificultar a presidência de Obama, seguindo uma opção de não cooperação, apesar do discurso de Romney esta madrugada. Em tempos de crise, a tarefa de Oabama nunca seria fácil; a oposição obstinada republicana torná-la-á ainda mais difícil.
Será a vitória de Obama também um vitória da Europa na medida em que o seu posicionamento político se identifica mais com o da generalidade dos europeus do que de Romney, e, sobretudo, dos republicanos de hoje? A grande maioria dos europeus pensa que sim, a avaliar pelas sondagens à opinião pública realizada recentemente. Mas não nos iludamos. Se os europeus não encontram um rumo que evite a continuação da caminhada para um desentendimento geral, se a desorientação persiste e se agrava, não serão os norte-americanos que lhes poderão valer.
Os norte-americanos têm interferido no Velho Continente quando os locais se matam generalizadamente uns aos outros. Espera-se que não desembarquem novamente nas costas deste lado Atlântico por razões idênticas às de um passado trágico.
Saturday, November 03, 2012
AS IMPOTÊNCIAS CIRCULARES
Há dias li numa dessas legendas que passam impressas por baixo das imagens televisivas que, segundo, um inquérito recente, se aos europeus fosse consentido votar nas eleições presidenciais da próxima terça-feira, 90% votariam em Obama. Mas os europeus não votam nos EUA, e os norte-americanos só no fim do dia 6 saberão quem será o seu próximo presidente porque nas últimas horas que precedem a votação, apesar das perturbações causadas pelo Sandy que ainda subsistem (na zona de Nova Iorque cerca de um milhão de pessoas continua sem luz eléctrica) continua a disputa cerrada dos votos decisivos nos swing states.
Embora não votando, aos europeus não é indiferente a eleição de Obama ou Romney, por mais que muitos não descortinem, ou não queiram descortinar, diferenças relevantes entre um e outro, para além da cor da pele. Impotentes, sem voto na matéria nem palco suficientemente visível de onde possam influenciar aqueles que votam, o resto do mundo entretem-se com palpites inconsequentes e análises mais ou menos elaboradas em apoio das suas convicções. E se o resultado previsível não lhes convém, minimizam, quando não achincalham, o mérito da vitória dos que estão do outro lado.
A perspectiva de observação é tanto mais vesga quanto mais extremadas são as convicções ideológicas dos analistas ou simples comentadores em privado e explica, por exemplo, a razão pela qual o PCP nunca reconheceu sem reservas de justificações serôdias a perda de uma eleição.
No Expresso desta semana, dois colunistas habituais, um historiador, outro mestre na história, discorrem sobre as eleições do dia 6 nos EUA, resumindo os títulos das suas crónicas as suas mal disfarçadas desilusões acerca dos prováveis resultados da próxima terça-feira. Para um será "A derrota de Obama", porque Obama não era a solução em 2008, mas também não é o problema. O problema - se fizerem questão em que haja um problema - é o mundo; para o outro, Obama é " O pretinho Salazarista", porque se um político português defendesse um projecto obâmico seria acusado pela esquerda, que idolatra Obama, de querer o "regresso ao salazarismo".
Para o historiador, o problema é, redundantemente, o mundo; para o outro é a cor da pele, porque Obama limita-se a importar para os EUA os modelos de segurança social adoptados na Suíça, Alemanha ou Holanda, que a esquerda portuguesa rejeita mas o mestre na história aprova. No fim de contas, é à cor da pele de Obama que causa alergias ao historiador e ao jovem mestre na história.
Tanta conversa para uma confissão tão clara de rejeição racista.
Wednesday, October 31, 2012
POR QUEM NÃO VOTAM OS EUROPEUS
Em princípio, ao começo da próxima quarta feira, a Europa saberá quem os norte-americanos elegeram seu presidente para o quadriénio de 2013 a 2017. A menos de uma semana das eleições, as sondagens prognosticam uma ligeira vantagem de Romney sobre Obama no voto popular, mas porque a composição do colégio eleitoral que, ulteriormente, elegerá o presidente não é proporcional ao número total de votos angariado pelos delegados de cada um dos candidatos a nível nacional - os votos dos delegados no colégio eleitoral de cada estado representam apenas os votos do candidato vencedor nesse estado - a vantagem final parece ainda pender para Obama. Poderá assim repetir-se a situação observada em 2000 quando Al Gore, candidato dos democratas, que obteve a maioria com mais 500 mil votos a nível nacional perdeu no colégio eleitoral por cinco votos, após uma renhida e confusa recontagem de votos que se prolongou (vd aqui) quase até à data limite do mandato do presidente cessante (Bill Clinton).
A eleição de um presidente dos EUA tem sempre repercussões que extravasam largamente os interesses dos que decidem com o seu voto quem deve governar a América. Não é, obviamente, indiferente para o mundo em geral, e para a Europa em particular, que na próxima terça-feira vença Romney ou Obama, sendo também óbvio que não é indiferente para os norte-americanos, e desde logo para o seu presidente, a evolução da situação política, económica e financeira na Europa. Aliás, a avaliação que os norte-americanos fizerem no próximo dia 6 da administração Obama no crítico sector da economia não valorizará um factor que também condicionou em certa medida o comportamento da economia norte-americana durante o seu mandato: a turbulência que assaltou a União Europeia, condicionando gravemente o seu crescimento económico e colocando em risco o sistema financeiro a nível mundial depois da grande erupção de um sistema minado pela ganância dos banqueiros e a gula dos políticos observada nos EUA ainda durante o mandato de George W Bush.
A grande diferença, contudo, entre a capacidade de os norte-americanos, mal ou bem, escolherem quem deve presidir aos destinos do seu país durante quatro anos e a incapacidade dos europeus votarem democraticamente naqueles que decidem os caminhos do seu futuro próximo e, indirectamente, do seu futuro a longo prazo, não pode ser mais evidente. Roomney ou Obama, um deles será presidente eleito em conformidade com a Constituição aprovada em 1787. A União Europeia é, de facto, governada pelo voto ou pelo veto dos mais fortes, liderados pela Alemanha.
Obama ou Romney, qual deles será a melhor opção para os interesses europeus, e sobretudo dos países mais fragilizados? Martin Wolf, prestigiado analista de política económica e financeira no insuspeito de enviesamento à esquerda Financial Times, considera no seu mais recente artigo publicado - Romney would be a backward step - que se Romney ganhar as eleições no próximo dia 6, os EUA regressarão a um tempo e a um modo de governo que se demonstrou desastrado. É certo que Romney inflectiu nas últimas semanas da campanha o seu discurso para o centro com o objectivo de ganhar votos ainda indecisos, mas a sua base de apoio é outra, e dela, Romney, se for presidente não poderá esquivar-se.
Mergulhada numa crise em que ninguém vislumbra sequer o começo do fim, para a União Europeia, e sobretudo para os países fragilizados do sul, a eleição de Obama será mais agregadora da unidade na Europa, porque a sua missão é mais solidária do que o radicalismo de liberalismo económico que dominará a acção de Romney como presidente. Entre Wall Street e Main Street só votam pela primeira os mais beneficiados e os mais prejudicados, neste caso, inconscientemente, por ela.
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Correl.- Economist apoia Obama com muito pouco entusiasmo
Correl.- Economist apoia Obama com muito pouco entusiasmo
Friday, October 26, 2012
A CULPA DA COR
Há quatro anos, os norte-americanos supreendiam o mundo ao eleger o candidato democrata Barack Hussein Obama , um afro-americano, filho de um economista queniano e de uma antropóloga norte americana, preterindo o candidato republicano, John McCain, um herói da Segunda Grande Guerra. Um acontecimento só possível nos EUA, foi o comentário mais generalizado na altura.
Tanto ou mais surpreendente foi a atribuição do Nobel da Paz um ano depois, geralmente considerado, e reconhecido implicitamente pelo laureado no seu discurso em Oslo, como prematuro. Quando Obama tomou posse os Estados Unidos debatiam-se numa situação de descalabro financeiro só comparável com a Grande Depressão entre as duas guerras mundiais e o prestígio da nação mais poderosa do mundo tinha-se sido afundado com o comportamento errático do seu presidente, o republicano George W. Bush.
Durante os quase quatro anos na presidência de Obama, os EUA recuperaram em grande medida o prestígio perdido internacionalmente, a economia, não tendo recuperado de modo impressivo apresenta indicadores de vitalidade não superados pelas outras economias ocidentais, nomeadamente a União Europeia, incluindo o Reino Unido, sempre mais seguidor do rumo do outro lado do Atlântico do que do Continente ao lado. A situação financeira, por outro lado, se não pode considerar-se garantidamente consolidada deixou de pesar sobre ela a iminência de uma catástrofe imparável. No campo das relações internacionais, onde o papel de Hillary Clinton tem sido decisivo, os EUA eliminaram Osama Bin Laden desferindo um golpe, espera-se que irrecuperável na Al-Qaeda, reduziu ao mínimo a presença de tropas no Iraque, prometeu uma estratégia idêntica no Afeganistão. No campo social, qualquer que seja a rota futura, a sua marca ficará para sempre impressa na segurança social garantida a 30 milhões de concidadãos seus.
Contrariamente a Bush, muitas vezes alvo de chacota da opinião pública, e a Bill Clinton, enlameado em cenas sórdidas, Barack Obama transmitiu ao longo do seu mandato uma atitude de grande seriedade, serenidade e capacidade de decisão. Ainda há pouco mais de um mês as sondagens lhe prognosticavam a reeleição.
No próximo dia 6 de Novembro, os norte-americanos irão votar o seu presidente para os próximos quatro anos. Na reta final, o candidato Mitt Romney está, segundo as últimas sondagens, posicionado à frente de Obama e será, se o voto popular confirmar as previsões, o próximo presidente dos EUA.
E porquê? Pelas piores razões. Inesperadamente, os norte-americanos que há quatro a nos surpreenderam o mundo elegendo um negro como presidente, irão negar-lhe um segundo mandato por (vd aqui) culpa da cor.
O racismo, como o escalracho, tem raízes profundas e volta a rebentar sempre que o tempo lhe correde feição.
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Correl.- GDP rises 2 percent showing a slow but durable recovery
Romney, Obama could split popular and electoral college vote polls suggest
Better faster than slower
Obama centra sus esperanzas en su maquinaria de movilización del voto
Romney seeks Virginia coal country edge
O racismo, como o escalracho, tem raízes profundas e volta a rebentar sempre que o tempo lhe correde feição.
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Correl.- GDP rises 2 percent showing a slow but durable recovery
Romney, Obama could split popular and electoral college vote polls suggest
Better faster than slower
Obama centra sus esperanzas en su maquinaria de movilización del voto
Romney seeks Virginia coal country edge
Wednesday, September 19, 2012
APANHADO, MR. ROMNEY
A divulgação de um vídeo, gravado à socapa, onde o candidato republicano às eleições presidenciais de 6 de Novembro estigmatiza 47% de norte-americanos que são, segundo ele, subsidiados pelo Estado, não pagam impostos, uma grande parte não procura emprego, e ... votam em Obama, aumentou a desconfiança em Romney mesmo entre as hostes mais conservadoras.
Romney falava a um grupo de doadores da campanha num espaço reservado e não contava que a intromissão de uma câmara pudesse ter o impacto que está ter junto da opinião pública norte-americana.
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Para além da crueza moral que as palavras do candidato republicano revelam, se é verdade que cerca de 47% de norte-americanos não pagam impostos sobre o rendimento, essa situação decorre em grande parte das isenções decididas por administrações republicanas com o intuito de beneficiar os cidadãos de baixos rendimentos (vd gráfica abaixo). Destes 47%, contudo, 28,3% pagam contribuições de segurança social e, evidentemente, todos pagam impostos sobre os consumos.
Por outro lado, uma grande parte dos eleitores mais apegados aos republicanos residem em estados onde é elevado o número daqueles que não pagam impostos precisamente porque os seus rendimentos não atingem os limites mínimos de tributação. Um tiro no pé de Mr. Romney.

c/p Economist
Saturday, September 15, 2012
OBAMA VERSUS ROMNEY

O Economist publica esta semana aqui um vídeo sobre a evolução dos resultados das sondagens às intenções de votos dos candidatos às eleições de 6 de Novembro.
Para já, Obama parece estar a distanciar-se do seu opositor que demonstrou grande inabilibidade e sofreguidão de poder durante esta crise, aberta no Médio Oriente por um filme manhoso realizado por um especialista em fitas pornográficas.
Na Rua Árabe continua a fúria à solta (vd aqui ) desencadeada também desta vez, como em várias outras situações semelhante no passado recente - Versículos Satânicos de Salman Rushdie, a caricatura de Maomé publicada num jornal dinamarquês, a ameaça de um tipo qualquer norte-americano de ameçar queimar em público o Corão - que confirmam um distanciamento civilizacional marcada por uma irredutível diferença de valores morais que serve de bandeira aos movimentos que no Médio Oriente, com destaque para A-Qaeda, persistem numa Jihad sem fim até vitória sobre o Ocidente.
Até que ponto Obama vai ser capaz de dominar a situação e continuar a ganhar pontos com este acontecimento inesperado, não se sabe. O que se sabe é que Romney dificilmente poderá dele retirar vantagens a 6 de Novembro depois das declarações precipitadas que fez.
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Friday, September 14, 2012
QE 3 E ESPERAR PELO RESULTADO
"As preocupações aumentaram na última semana com o relatório, decepcionante, do emprego em Agosto e o aumento do número de desempregados. Qualquer destes indicadores confirma uma quebra de dinamismo no mercado do trabalho, e aparecem numa altura em que o desempego de longa duração e o desemprego jovem são muito elevados, os norte-americanos estão a desistir de conseguir trabalho, a pobreza está aumentar, a desigualdade de rendimentos está a alargar-se." (aqui)
Onde se lê " os norte-americanos" poder-se-ia ler "os portugueses" porque o diagnóstico possível, salvo o tamanho do doente e a gravidade relativa da situação, não difere substancialmente. Mas os EUA são, pelo menos, em termos de PIB, sessenta vezes maiores que Portugal e a taxa de desemprego cerca de metade.
Envolvido numa situação económica que parece ter perdido a resiliência que permitiu inverter vigorosamente das fases descendentes dos ciclos, que caracterizam as economias de mercado, em crises anteriores, Obama, a mês e meio de eleições presidenciais, só pode contar agora que a nova dose de "quantitive easing" - leia-se, libertação de mais liquidez pela FED - possa espevitar o indolente e quebrar a apatia dos empresários, que, segundo alguns, se sentaram nos lucros acumulados à espera que a crise passe, segundo outros, porque não há ambiente macroeconómico que faça germinar mais investimentos.
A crise espoletada pelo imobiliário decorreu em larga medida da dimensão que este sector tinha atingido na economia norte-americana (mas também em Espanha, no Reino Unido, em Portugal, entre outros). Os EUA desindustrializaram-se, e o sector industrial que no passado tinha sido a mola fundamental das retomas em crises anteriores, desta vez tem a mola pasmada. Alguma semelhança com a situação da economia portuguesa, o aumento de desemprego, a falta de políticas consequentes (de que muita gente fala sem dizer em que pensa, se é que pensa em alguma coisa, salvo injectar dinheiro sem proveito consistente) não é, portanto, mera coincidência.
Passos Coelho reafirmou ontem a sua determinação de ir por diante com as políticas anunciadas, e de outras a anunciar, com cariz idêntico. Por agora, a discussão e a contestação polarizam-se nas medidas de austeridade, porque ninguém sabe como é que se podem recuperar centenas de milhares de postos de trabalho perdidos em sectores económicos que irremediavelmente pasmaram. Na entrevista da RTP, o primeiro-ministro referiu que "muitas empresas do sector de construção civil e obras públicas encerraram as portas mais cedo do que o Governo esperava", e daí o aumento de desemprego acima das suas previsões. O que, não custa a crer, pode ser verdade. Mas é uma verdade que não aponta para uma solução. Logo a seguir, Passos Coelho afirmou que "não é possível voltar aos níveis de actividade nesses sectores - construção civil e obras públicas - que se observaram no passado recente". Estou a citar de cor, mas creio estar a reproduzir o sentido das afirmações produzidas pelo PM.
Não é possível, não senhor. Então que fazer? Que fazer, senhor primeiro-ministro? Que fazer, senhor líder do principal partido da oposição?
Voltando aos EUA, e a Obama, Ben Bernanke decidiu injectar QE3 sem limite de volume. Resulta, não resulta, alguma coisa resultará. Para já o dólar está a cair significativamente contra o euro (está neste momento a fazer 1,316) e até o franco suíço (que está a fazer 1, 218 contra o euro) parece agora mais agarrado à moeda norte-americana que à moeda única europeia. O Yuan Renmimbi chinês, apesar da valorização pontual, deve manter-se no intervalo de variação em que tem flutuado nos últimos doze meses. A competitividade monetária resultante desta injecção de QE3 vai, portanto, sobretudo impor-se às economias da zona euro, se nada fizer inverter a tendência. Mas resolverá o problema da mola pasmada?
Duvido.
Voltando a Portugal, à QE3 da FED só podemos, parece, corresponder com a fé do senhor ministro das finanças. O que é manifestamente pouco. Quando em Maio do ano passado aquecia a campanha eleitoral em Portugal, anotei algures neste caderno de apontamentos que uma coligação que não englobasse os três partidos subscritores do programa de ajuda externa estaria condenada a não governar mais que dois anos.
Insisto nisto: O PS nunca deveria, nas circunstâncias da crise em que o país se afogou, ter sido dispensado de participar directamente na solução dos problemas de cuja criação foi principal protagonista. Não o tendo feito, o primeiro-ministro confronta-se agora com a totalidade da oposição externa e parte significativa do seu próprio partido. Até quando? Receio que me tenha enganado por excesso.
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