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Friday, October 18, 2024

A LITERATURA CONTINUA PELAS RUAS DA AMARGURA

 
 
É um bom livro?
Talvez.
É uma boa obra literária?
Talvez.
Merecedora do Nobel da Literatura em 2024?
Se é o caso, a literatura continua pelas ruas da amargura.


Friday, October 11, 2024

NOBEL DE QUAL PAZ?

 

"The Norwegian Nobel Committee has decided to award the 2024 #NobelPeacePrize to the Japanese organisation Nihon Hidankyo. This grassroots movement of atomic bomb survivors from Hiroshima and Nagasaki, also known as Hibakusha, is receiving the peace prize for its efforts to achieve a world free of nuclear weapons and for demonstrating through witness testimony that nuclear weapons must never be used again."

Ouvi esta manhã, a transmissão em directo, às 10:00 horas, do anúncio da atribuição do Prémio Nobel da Paz à Organização japonesa Nihon Hidankyo.
 
Grande parte das atribuições deste prémio tem sido alvo de controvérsia. 
Não é esperável que seja o caso da atribuição deste ano. 
E, no entanto, apesar do merecimento da Organização hoje distinguida, da extrema pertinência dos seus objectivos, de apoio aos sobreviventes, de alerta para o potencial dos arsenais atómicos, em crescimento de capacidade e sofisticação, de destruição de todos os seres vivos, a recordação das imagens e os  arrepiantes testemunhos dos sobreviventes em Hiroshima e Nagasaki, não terão eficácia para inverter a actual caminhada da estupidez humana para a sua auto destruição. 

Quantos humanos tiveram conhecimento desta notícia e sentiram o mais ligeiro estremecimento pelo horror passado e o incomensurável terror futuro para onde a humanidade, sonâmbula, se encaminha?
Não, defenitivamente, este alerta não alterará a caminhada para  autodestruição enquanto os arsenais nucleares se mantiverem activos, a crescer em volume e "eficácia". Nunca este termo "eficácia" será tão danadamente apropriado como neste caso.

Não, defnitivamente, a divulgação das imagens do horror nuclear, vezes sem conta repetidas, da solidariedade que os testemunhos dos sobreviventes momentaneamente possam suscitar, não obrigarão os que têm nas suas mãos os comandos da destruição global a arrepiar caminho. 

Têm de ser os jovens a exercer sobre os senhores dos destinos da humanidade a pressão suficiente para os obrigar a ceder.
Tenho escrito neste bloco de notas as razões pelas quais só os jovens, porque são eles que mais perdem, podem determinar a inflexão de uma trajetória diabólica que não dá sinais de mudar de rumo.
 
Para um confronto com uma ameaça global só uma mobilização global dos mais ameaçados. 
Uma mobilização global que seja suscitada pela informação a todo o mundo jovem do potencial destruidor susceptível de, por decisão de estupidez extrema ou acidente imprevisível, destruir todos os seres vivos do planeta Terra.
Uma divulgação que implicaria denunciar para eliminar um tabu: o de que não se devem amedrontar os jovens com cenários dantescos, e que vivam felizes na paz da sua ignorância.

Sunday, October 29, 2017

KAZUO ISHIGURO



"Este livro não sai da cabeça, recusa-se a ir embora, força o leitor a voltar a ele ... excepcional." - Neil Gaiman, The New York Times.

A publicidade na portada de um livro coloca-me sempre de pé atrás.

Há dias, soube-se que a Kazuo Ishiguro foi atribuído o Nobel de Literatura deste ano. Das suas obras editadas em português só se encontrava disponível nas livrarias, no dia do anúncio da Academia Sueca, a última, "O Gigante Enterrado", publicado em 2015, escrito dez anos após a publicação da anterior. 

O que levou a Academia Sueca a esperar doze anos para atribuir o Nobel a um autor que ganhara o Booker Prize em 1989 com "Remains of the Day", adaptado a cinema quatro anos depois?
Muitos outros autores vencedores do Booker nunca foram nem serão distinguidos com o Nobel, mas este prémio máximo da literatura foi atribuído dois anos depois da publicação do último romance de um conjunto de sete, além de quatro roteiros para cinema, televisão e teatro. 
Foi decisiva, para a distinção Nobel, a publicação de "O Gigante Enterrado"

Se foi, deve continuar o Comité Nobel para a atribuição do Prémio de Literatura confuso, ou a procurar confundir-nos, com os seus critérios de avaliação do mérito dos autores galardoados nos últimos anos. 
Li "O Gigante Enterrado", não porque o livro me tivesse forçado a voltar a ele, mas porque percorri com alguma persistência as 405 páginas da edição portuguesa simplesmente com o objectivo de tentar descortinar nele o mérito que é suposto possuir. E não cheguei lá. 
Com menos trezentas páginas, esta novela, que é um conto sobre a amnésia colectiva mergulhado nas lendas dos tempos do rei Artur, arrastaria durante menos tempo os protagonistas da história e a paciência do leitor. 
O mesmo poder-se-à  dizer do "Ensaio Sobre a  Cegueira", mas Saramago lembrou-se primeiro de ficcionar o comportamento social em situação de ausência de visão.  

Monday, October 17, 2016

CLARIVIDENTE OU CABOTINO

A Academia Sueca desiste de contactar Bob Dylon, laureado este ano com o Nobel da Literatura, após várias tentativas a que o cantor autor respondeu com o silêncio.
Um comportamento que pode ser prenúncio da recusa do prémio.
Seria a terceira, depois de Boris Paternak, por imposição do regime soviético, e Jean-Paul Sartre por questões de princípio de não aceitar prémios.

Se Bob Dylon recusar, recusa porquê?
Por clarividência?
Por cabotinismo?

Friday, October 09, 2015

O SEM FIM DO HOMEM SOVIÉTICO

A Academia Sueca decidiu atribuir este ano o Nobel da Literatura a Svetlana Aleksievich, notabilizada  pela sua obra de investigação jornalística.

Dificilmente escapará esta atribuição a ser, como não raras vezes o foi no passado, conotada com  motivações  políticas. Desde logo por uma parte muito significativa da população russa, que, segundo Svetlana Aleksievich venera Putin como venerou Stalin. A Rússia não dispensa um czar.

Numa altura em que as relações entre o ocidente e a Rússia voltaram a confrontar-se em várias linhas vermelhas, o Nobel deste ano, independentemente do mérito literário da obra da escritora bielorrussa, recorda-nos as atribulações de escritores distinguidos com o Nobel durante o perído soviético. Boris Pasternak, Nobel da Literatura em 1958, não foi autorizado por razões políticas a receber o prémio; a Alexander Soljenítsin, Nobel em 1970, foi retirada a nacionalidade russa e expulso do país em 1974. 

Svetlana Aleksievich, nascida em 1948, entrevistou testemunhas dos mais dramáticos acontecimentos no seu país, a Segunda Grande Guerra, a guerra entre soviéticos e afegãos, a queda da União Soviética, o desastre de Chernobyl, e com esses testemunhos compôs a sua obra. Condenada pelo regime de Lukashenko, saiu da Bielorússia em 2000, passado a viver em Paris, Gotemburgo e Berlim. Voltou a Minsk, a sua cidade natal, em 2011.



"Há nesta obra de Svetlana Aleksievich, Prémio Nobel da Literatura deste ano, sobretudo uma análise sobre o perfil do homem russo". "Todos nos convencemos que, com a queda do império soviético, haveria da parte do povo um sentimento satisfação pela conquista da liberdade, pelo fim de um regime ditatorial, e o que ela reflete neste livro, através de centenas de testemunhos, é que não foi isso que aconteceu".
"Houve, antes, um grande desencanto no povo russo, e uma espécie de saudade dos tempos gloriosos em que a Rússia era de facto um grande império universal, e isso explica - como ela mostra perfeitamente -, o recrudescimento, entre os jovens, de um grande culto de Estaline, e de uma grande ambição de que a Rússia pudesse voltar a ser o espaço geográfico determinante no mundo" o que "explica muito o que está hoje a acontecer com [Vladimir] Putin".

 Manuel Alberto Valente, editor, Porto Editora

Monday, May 11, 2015

RAUL NAS MÃOS DE FRANCISCO

Por obra e graça de Obama,
 "Si el Papa sigue así volveré a rezar y regreso a la Iglesia.Y no lo digo en broma " - Raul Castro, presidente de Cuba.

"A reacção de Raúl Castro, depois de conhecer Francisco foi muito parecida com a de Barack Obama após a sua visita em Março de 2014. "O Papa desafia-nos, disse então o residente dos EUA, põe os nossos olhos perante o perigo de nos acostumarmos à desigualdade. E a sua autoridade moral faz com as suas palavras contem. É uma voz que o mundo deve escutar. A visita de Obama consagrou a liderança mundial de Jorge Mario Bergoglio, mas foi necessário esperar até 17 de Dezembro para descobrir até que ponto o primeiro Papa latino americano estava disposto a colocar a diplomacia do Vaticano ao serviço da paz e do diálogo. Naquela jornada histórica em que os presidentes dos EUA e Cuba se declararam dispostos a deixar para trás o conflito que dividiu a América durante meio século, um e outro dastacaram publicamente o trabalho  medianeiro de Francisco. Agora, a visita de Castro a Roma vem confirmar que o caminho da reconciliação, ainda que difícil, está aberto" - aqui
 
Se o Prémio Nobel da Paz foi atribuído prematuramente a Obama, também foi premonitório.

Friday, October 10, 2014

A PAZ NÃO É COM ELES

"A jovem de 17 anos, Malala Yousafzay, que sobreviveu a um ataque de talibãs em 2012, foi hoje galardoada com o Prémio Nobel da Paz por ter "mostrado, através do exemplo, que as crianças e os jovens também podem contribuir para melhorar as suas próprias situações", segundo destaca o comité, reunido em Oslo. "Através da sua luta heróica, ela tornou-se uma porta-voz destacada pelos direitos das raparigas à educação." Malala, que esteve gravemente ferida depois de ter sido baleada na sua cidade natal, continuou a sua campanha defendendo arduamente o direito à educação das jovens por todo o mundo. A paquistanesa torna-se assim a pessoa mais jovem de sempre a ser distinguida com o Nobel da Paz. O prémio também foi atribuído a Kailash Satyarthi, ativista há vários anos pelos direitos das crianças, que tem lutado por causas como o fim do trabalho infantil. O comité de Oslo destacou a "grande coragem pessoal" do indiano de 60 anos, que tem "liderado várias formas de protestos e manifestações, todas pacíficas, focando-se na exploração das crianças para ganhos financeiros", naquilo que Oslo considerou a manutenção da "tradição de Gandhi". -  Expresso 

A atribuição de um prémio Nobel pode ser controversa mas o Nobel da Paz é geralmente o que suscita mais polémica. Não poucas vezes o Nobel da Paz tem sido mal recebido pelas autoridades dos países de origem dos galardoados. A distinção deste ano premiou a jovem de 17 anos Malala, muçulmana paquistanesa, e o hindu indiano Satyarthi, de 60 anos, ambos pela dedicação a uma causa que só por preversidade mental pode ser mal interpretada. E, no entanto, por mais inacreditável que possa parecer, a admirável Mandala é, agora que foi galardoada com o prémio mais prestigiado no mundo civilizado, mais detestada que nunca por aqueles que denunciou e continua a denunciar pela sua criminosa atitude fanática que, além do mais, atinge milhões de crianças. Para os seus agressores, Mandala, continuará a ser acusada de estar ao serviço dos "infieis ocidentais".