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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

CRISE EXISTENCIAL DO PAI NATAL



Na véspera de Ano Novo, recebemos um poema muito bonito. Apesar de já ter terminado a Blogagem de Dezembro, quisemos postar esta participação extra. A nossa querida bloguista Maria Letra escreveu-nos estas belissímas rimas para ajudar a causa da Isabela. Eis o seu poema fresquinho, escrito pela manhã do dia 30 de Dezembro:


Este ano, aquele Pai Natal, famoso por ser gordinho,
Corado, bonacheirão e muito rechonchudinho,
Entrou pela chaminé, num estado de fazer dó.
De barringuinha encolhida, não conseguiu descer só
E eu, que não acredito, em Pais Natal, vi, então,
Que se impunha, ir ajudá-lo, senão caía no chão.
Trazia dentro do saco, promessas, muitas promessas.
Estava muito cabisbaixo. Sabia que nas cabeças
De meio mundo, a sofrer, por tanta leviandade,
A que ele estava a assistir, na sua já longa idade,
Havia gente que ainda, esperava, apesar de tudo,
Que ele trouxesse no seu saco, algum presente graudo.
Perguntei-lhe. Porque sofres e estás tão magrito assim?
Respondeu-me: Porque tenho o meu reinado no fim.
Dantes, todos me esperavam o ano inteiro, pacientes,
Agora, que eu já estou pobre e tenho poucos presentes,
Ninguém quer saber de mim e já dizem que o Natal
Não tem Pai, nem nunca teve. Estou lixadinho, estou mal!
Eu não tive alternativa. Puxei o peito p'ra fora,
Dei-lhe o braço, ternamente e fomos dali embora
Conscientes, muito calmos, procurar um novo mundo,
Sem esta vil confusão e preconceitos de fundo,
Onde a Paz seja perfeita e este doce Pai Natal,
Viva só para a criança, rara Jóia Universal!

Escrito por Maria Letra, do blog Caminhos de Cristal


segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

NOITE DE NATAL


Quem era o Filipe “Ranhoso” ? E porque lhe chamavam “Ranhoso”?

Julgo que por esta razão: - Ouvia dizer que era empregado fabril, mas nunca soube onde trabalhava, vendendo nas horas vagas relógios, canivetes, isqueiros e bugigangas das mais variadas, parecendo assim, como uma loja dos trezentos, mas ambulante. Já entenderam que o “Ranhoso” não possuía local fixo para vender os artigos, nem ninguém sabia também onde os ia adquirir. Julgo que se o alcunharam de “Ranhoso”, devia ser pelo facto de só vender umas ranhozices, mas que faziam as delicias dos compradores e dos que assistiam ao negócio. Além do mais, a fala do “Ranhoso” era um tanto ou quanto trapalhona e muitas vezes difícil de perceber. Eu, sinceramente, sentia muitas dificuldades em o entender e às vezes perguntava ao vizinho do lado, como se ele fosse o meu tradutor. Tinha um jeito característico para explicar o funcionamento das coisas que vendia.
Na véspera do dia 25, as famílias fazem os seus rituais e eu para não fugir à regra também seguia a tradição.
Habitualmente a noite de Natal é friorenta, cai chuva de molha tolos, está nevoeiro. Os pais aproveitam para confirmar aos seus rebentos que o tempo está a adivinhar a chegada do Pai Natal e consequentemente amanhã haverá prenda no sapatinho. Naquela noite, enquanto minha mãe fazia filhós e outras doçarias da época, e por esses terras do nosso País se assistia à missa do Galo, eu e mais meia dúzia de amigos fomos fazer uma visita à colectividade local, praticamente vazia, estando os dois directores de serviços, ansiosos pela saída dos retardatários a fim de fechar o “estaminé”, pois de certo também quereriam ir para o seu seio familiar. A faltar aí 15 ou 20 minutos para a meia noite, aparece o “Ranhoso”, com o que lhe restava das entregas feitas naquele dia e há muito encomendadas, para fazerem felizes, na manhã do outro dia, os premiados pela visita do Pai Natal, encaminhando-se apressadamente para os sanitários. Assim que o vimos chegar, preparamo-nos para fazer um pouco de sala e mirar o que ele desta vez trazia. As sanitas eram daquelas com um buraco e o utilizador tem de baixa-se de cócaras. Neste entretanto, a luz eléctrica apagou-se e o “Ranhoso” desata lá de dentro a protestar sem possibilidade de lhe podermos acudir, visto ser um corte geral na povoação. Ele não se calava, e todos que não seriam mais de 9 ou 10, fomos até aos sanitários… Um dos meus amigos tira do bolso um acendedor de cigarros, acende-o e vimos que a coisa estava torta, lá para os lados do “Ranhoso”. Encontra-se com o cu à mostra, com uma mão a segurar as calças que estavam pelo meio das pernas, protestava e apontava para o buraco onde tinha acabado de fazer a necessidade fisiológica.
Assim que se apanhou com luz, o “Ranhoso” ajoelha-se tal como fazem os muçulmanos quando estão a rezar virados para Meca, mete o braço pelo buraco abaixo, perante a perplexidade dos presentes, enquanto o que tinha o acendedor na mão, queimava os dedos e apagava-o. O “Ranhoso” levanta-se, e, com a voz ainda mais atabalhoada, pede por favor para o acenderem novamente, tendo Deus, feito-lhe a vontade, pois reacendeu-se novamente a luz eléctrica. E então, para nossa plena satisfação, a cena repete-se com o “Ranhoso” a meter novamente a mão, até lá bem abaixo, para pegar…(?) era uma incógnita. Finalmente, os dedos lá pegaram o procurado e o homem feliz e orgulhoso, mostra uma pistola da marca Star, 6,35m/m, sua propriedade que tinha dentro de uma bolsa de cabedal pendurada no cinto das calças, e que, ao desapertar-se e faltando-lhe a luz deixou cair no buraco, fazendo-lhe a “larada” em cima.
Com todos os assistentes a rir, olho para a pistola que mais parecia uma pistola de chocolate, fazendo-me imediatamente lembrar aquelas que, quando em miúdo brincava no dia de Natal, depois de a retirar do sapatinho e a comia aos bocados, retirando-lhe a prata que a cobria, começando sempre pelo cano. O “Ranhoso” com a dignidade possível, mas ainda com as calças na mesma posição, lava a pistola debaixo da torneira do lavatório e como o cano da dita estava entupido com matéria estranho ao seu funcionamento, a água faz ricochete, salpicando-lhe a cara e os óculos, ficando ambas a necessitar de uma desinfecção urgente.
O Pai Natal atarefado a fazer a distribuição dos “presentes” pelo mundo cristão, mas talvez aborrecido com a concorrência desleal que o “Ranhoso” lhe fazia, não quis perder a oportunidade de lhe pregar esta partida.
Acredito que nem se terá apercebido de que o Homem estava em apuros e que não seria a altura mais indicada para lhe dar a prenda, até porque ali não existia chaminé, nem o sapato engraxado para a receber.
Os Directores de serviço naquela noite, o “Ranhoso” e mais os associados presentes a esta cena de Noite de Natal e simultaneamente Carnaval da Vida, foram durante muitos meses assunto de conversa na minha Aldeia.

Escrito por Zé do Cão

Este texto foi escrito num âmbito de camaradagem e não se encontrará a "concurso" na votação simbólica. No entanto, ao comentá-lo estará mesmo assim a ajudar a Isabela.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

QUANDO EU ERA MENINA...





(Imagem retirada da Internet)

Quando eu era menina (e já lá vão tantos anos) o Natal era uma festa. Meus pais, e meus avós diziam que na noite de Natal o Menino Jesus vinha recompensar os meninos bons e trazer presentes. Nós vivíamos num barracão de madeira que em tempos fora habitado por 4 casais e respectivos filhos, mas no qual ficaram apenas os meus pais, quando os outros casais se foram. O barracão tinha um salão com 11 metros ao fundo do qual tinha um fogão, constituído por duas fileiras de tijolos com uma grelha em cima, e um forno de tijolo onde minha mãe cozia o pão.Pelo Natal todos os anos vinham meus avós do Norte e se juntavam lá em casa com alguns dos filhos, – meus tios.Não havia rádio, nem TV, nem sequer luz eléctrica. Mas haviam 3 candeeiros a petróleo, que na noite de Natal ficavam acesos até depois da meia-noite. Antes do Natal meu pai colhia no pinhal perto da nossa casa, muitas pinhas, que debulhava. Partia alguns pinhões para comermos e os outros eram para jogarmos. Ele mesmo fazia uma piorra com o Rapa Tira Põe e Deixa. Ou então jogávamos ao "Pinhas alhas" que era assim. Cada um tinha 50 pinhões para começar o jogo. Pegávamos uns quantos na mão fechada, e dizíamos para os parceiros "Pinhas alhas" e o outro respondia "abre a mão e dalhas". "Sobre quantas?" E saía um número. Se fosse a quantidade que tínhamos na mão, tínhamos que dar os nossos pinhões. Mas se errassem tinham que nos dar tantos pinhões quantos tínhamos. E era o nosso entretém.
Pelas 10 horas, meu pai dizia que tínhamos de ir para a cama e mandava-nos pôr os tamancos junto ao fogão para o Menino Jesus deixar os presentes. E nós lá deixávamos os tamanquitos e íamos para a cama na esperança de que nesse ano o menino Jesus deixasse uns brinquedos iguais aos dos filhos do capitão que geria a Seca do Bacalhau, onde os meus pais trabalhavam e nós vivíamos. Mas no dia seguinte era sempre a mesma coisa. Uma tremenda decepção, pois lá só havia meia dúzia de rebuçados e dois ou três figos secos.
Lembro-me que um ano, decidi esperar acordada a chegada do Menino Jesus para lhe perguntar porque é que deixava lindos brinquedos aos filhos do capitão que eram meninos ricos a quem não faltava nada e a nós que éramos tão pobres que não tínhamos nada só deixava rebuçados. Consegui manter-me acordada e quando ouvi barulho, levantei-me e apanhei a minha mãe a pôr os rebuçados nos tamancos. Fiquei tão revoltada, pensei que o Menino Jesus não queria saber de nós, fartei-me de chorar, e foi a minha avó que para me acalmar, me explicou que o Menino Jesus não vinha dar prendas a ninguém que era uma tradição dizerem isso porque fazia anos que Ele nascera, mas que na verdade as prendas eram dadas pelos pais e os meus não tinham dinheiro que desse para outra coisa que não os rebuçados. Foi um choque e um alívio ao mesmo tempo.

Escrito por Elvira Carvalho, do blog Sexta-feira

Este texto foi escrito num âmbito de camaradagem e não se encontrará a “concurso” na votação simbólica. No entanto, ao comentá-lo estará mesmo assim a ajudar a Isabela.

O NATAL NA MINHA TERRA


O dia estava chuvoso e eu não conseguia parar de pensar naquelas recordações de quando era criança, naquelas gargalhadas que dávamos em conjunto, naqueles momentos que me faziam feliz e que agora tornavam o meu presente ainda mais frio, triste e despido de esperanças e de vontade de continuar de cabeça erguida.
É verdade que os anos foram passando, e talvez a magia do Natal tenha desaparecido à medida que fui crescendo, mas chegava a fazer listas infindáveis de presentes na esperança de que algum pudesse ser meu. Agora que penso nisso, lembro-me de acordar de manhãzinha e de correr em bicos de pés, e sem que ninguém percebesse, até aos embrulhos que estavam debaixo da árvore de Natal. Cheguei mesmo a agarrar nas caixas e abaná-las para ver se percebia o que estava lá dentro. Raramente conseguia descobrir, por isso adoptava outra técnica que consistia em olhar pelas brechas e descolar ligeiramente a fita-cola que alguém, carinhosamente, tinha colocado! Velhos tempos!
Olho agora pela janela e tento perceber como é que esta magia se foi, como é que já nada parece fazer tanto sentido, como é que o bacalhau cozido regado com azeite na noite de consoada e a perna de peru com arroz de açafrão na tarde de Natal já não me motivam a voltar a essas reuniões de família onde enchemos cada vez mais a mesa à medida que a família vai crescendo. Hum, talvez seja por isso. Sim, deve ser por isso. Tu já lá não estás!
O meu avião acabou de aterrar! Resta-me ir buscar as malas e controlar-me para não começar a chorar quando me acenarem ou chamarem pelo nome à porta do aeroporto. Enfim, não vale a pena massacrar-me mais com estas recordações. Levo o meu filho ao colo, atento a toda aquela novidade, e só quero que ele seja tão feliz neste Natal como eu fui em todos aqueles que passei junto daqueles que mais amo!

Escrito por White_Fox, do blog Vamos Opinar

Se gostou deste texto, vote nele simbolicamente de 28 a 31 de Dezembro.

domingo, 20 de dezembro de 2009

A PERGUNTA DE NATAL



Em 1999, a propósito de uma pergunta da minha filha, que tinha 4 anos, escrevi um artigo para um jornal escolar sobre a confusão que ia na sua cabeça acerca de quem trazia os presentes de Natal. Seria o Pai Natal ou o Menino Jesus?

Passados 10 anos, já não preciso de lhe responder a essa pergunta, mas o Pai Natal e o Menino Jesus continuam a repartir essa tarefa, na minha família. Como passamos o Natal fora, recebemos os presentes do Pai Natal em casa alheia e os presentes do Menino Jesus na nossa casa, junto ao sapatinho que colocamos debaixo da árvore de Natal, para que ele não se engane.

No meu tempo de menina, escrevia ao Menino Jesus e não ao Pai Natal. Acho que quando esse bom homem de barbas brancas apareceu na minha vida, já não acreditava nessa fantasia. Por isso, a sua presença foi-se impondo gradualmente na minha vida, mas nunca esquecendo que no Natal se celebra ao nascimento do Menino Jesus. Assim fui educada! Assim eduquei a minha filha, embora ela reclamasse e se questionasse pois aparecia o Pai Natal em todo o lado e nunca o Menino Jesus! Porém durante anos acreditou em ambos. Acreditou que era o Menino Jesus, que vinha cá a casa, na nossa ausência e que colocava um presente, o presente especial, junto a cada um dos nossos sapatos.

Observo agora, que a grande maioria das crianças já não se sente confusa, pois quem lhes dá os presentes de Natal é o Pai Natal, e ponto final! É Natal, e celebra-se o quê? Muitas não sabem responder e nem nisso pensam!

Assim se educam as nossas crianças!

Escrito por CarpeDiemaria

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O NATAL NA MINHA TERRA - SALVATERRA DO EXTREMO



Vou hoje fazer mais uma viagem ao passado e contar-vos como se vivia toda a época natalícia cá na terra, há uns anos atrás. Tenho algumas memórias que me marcaram, e outras são de minha mãe, com quem falei sobre isso noutro dia. Meu filho que ia ouvindo a conversa, nem imaginava que era assim. Nem sequer acreditava que não se recebiam brinquedos como prenda, que não havia computadores, jogos ou outras coisas que as crianças de agora têm, e que afinal, nem é isso que mais precisam. Pois é, não havia essas prendas, nem o consumismo, mas havia algo que não há hoje em dia: o verdadeiro espírito do Natal… E esse não se compra, não se vende, não se fabrica… Esse nasce em cada um de nós; nasce em conjunto numa pequena aldeia onde todos são como uma grande família… E ainda mais unidos, sempre que chegava esta altura.
Tudo começava no dia 8 de Dezembro, quando à volta da estrada todos aguardavam ansiosamente pelo madeiro, que vinha em carroças puxadas por burros (quando ainda os havia em grande quantidade; sim, porque até os burros hoje estão em extinção). Os grandes troncos de madeira vinham cobertos por lindas colchas, e atrás da carroça, vinham rapazes e raparigas, a cantar canções de Natal. E todos juntos, fazia-se depois atrás da carroça, o percurso até ao adro da igreja, onde os troncos eram deixados no chão. Ali ficariam até ao dia 24, altura em que lhes pegavam fogo, fazendo assim uma enorme fogueira, que nunca se apagava, e que estaria toda a noite de 24 e todo o dia de 25 a queimar, para aquecer o menino Jesus. É o Madeiro do Menino Jesus: uma tradição milenar que se mantém ainda viva nesta aldeia, bem como em muitas outras do interior do país, e que espero nunca morra. Há lembranças que nunca se apagam de nossa memória, e esta que tenho é uma delas: o madeiro a arder em altas labaredas, e as pessoas à sua volta, também elas a aquecerem-se no frio gelado da noite.


Na noite de 24, em trabalho conjunto e alegre de família, faziam-se as filhoses que eram tendidas no joelho. À roda da lareira, com um pano sobre os joelhos, esticavam-se bocados de massa, dando uma forma única a estes doces, que eram depois fritos em azeite e polvilhados de açúcar e canela, ou sem nenhum destes temperos, para serem guardados em arcas para durarem mais tempo. Tudo tinha de estar pronto até à meia-noite, pois não se podia faltar à missa do galo. Depois da missa iam todos para casa e deitavam-se. De manhã cedo, minha mãe e os irmãos, todos crianças nessa altura, tentavam acordar o mais cedo possível, e ficavam todos contentes quando minha avó lhes dava 1 caixa pequenina de bombons. Não havia cá brinquedos, livros ou outras coisas: apenas uma simples caixa de bombons. E esta já fazia a alegria de todos. Não havia dinheiro para mais… Podiam não ter o que os meninos ricos tinham nesse dia, mas tinham tudo aquilo que seus pais lhes podiam oferecer. E principalmente, um lar onde todos eram unidos, onde reinava não só o respeito para com seus pais, mas também a devoção, o amor e o carinho uns pelos outros. Eles, sem se darem conta, é que possuíam o verdadeiro espírito do Natal, e hoje, tenho certeza: minha mãe e meus tios tudo dariam para voltar a ser crianças, e poderem ter como presente, apenas uma simples caixinha de bombons (...).

Escrito por Cristina R., do blog Uma Aldeia perdida por entre montes
A versão completa deste texto encontra-se no respectivo blog.
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sábado, 19 de dezembro de 2009

A FESTA DA NEVE EM SPRAY - O Natal da minha Terra - Brasil



Sim, existe Natal no outro lado da borda do mar. Um Natal estranho e desconfortável.

Cinco séculos depois de nos ensinarem sobre o ouro, o incenso e a mirra, parece que ainda não sabemos muito bem o que fazer com eles. Fica esse gosto estranho na boca de quem espera fruta no lugar de hóstia.

Faz um calor desgraçado nos dezembros brasileiros, mas as lojas se esmeram na decoração baseada em neve artificial e nas renas que jamais teremos por estas bandas. Os pais se endividam com presentes que os filhos nem vão gostar tanto assim e os sapatos (novos) das moças são sempre mais desconfortáveis que o necessário.

Nossos pinheiros de Natal são de um plástico frágil, que os ventos mais fortes derrubam sem esforço. As canções são traduções literais e mal feitas de uma Hollywood distante.

No Brasil de imensa variedade de credos, também há a terrível inevitabilidade do Natal, sua onipresença irrespirável, quer você seja cristão ou judeu, candomblicista ou hindu. Ignorar a data? Impossível, o Natal vai te achar mesmo assim.

Claro, existem as crianças que ainda escrevem cartas singelas e tentam flagrar o Papai Noel caminhando na ponta dos pés. Há os que vão no frio e no escuro doar um prato de sopa aos famintos e as preces dos que pedem com fé. Porém mesmo eles estão fadados a enfrentar o pior do Natal - a obrigação de estar feliz.

Não interessa se há um lugar vazio na mesa (que a morte vai deixar vago para sempre), as reticências dos solitários ou os rancores das famílias magoadas. No Natal, há que se sorrir. Felicidade agendada, com dia, hora e local pré-estabelecidos e inapeláveis.

Mas se um dia, por um milagre inesperado, o Natal puder ser refeito, eis minha proposta: sejamos mais lisos, mais francos e naturais. Se há alguma coisa que os trópicos têm a ensinar ao resto do mundo é esta cara lavada, bonita sem maquiagem, marcante sem afetações. Quem sabe assim podemos trocar o Natal das árvores de plástico por um mais simples, menos absolutista e mais espontâneo. Talvez um de verdade.

Escrito por Ana Claudia Pantoja, do blog Café das Ilusões

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O NATAL NA MINHA TERRA




A época de Natal era, e ainda é, para mim uma das épocas mais bonitas do ano.

Vivi numa aldeia até aos vinte e três anos e recordo com saudade os natais ali passados. Ainda hoje tenho na minha memória os montes cheios de geada (ou neve), o cheiro da terra molhada e, logo pela manhãzinha, cheirava a lenha queimada… que saudades!
Era, e é, um tempo de família.
Não foram tempos fáceis. Havia muita pobreza mas o Natal daquela época era vivido como a época em que nasceu Jesus e não naquilo que se tornou hoje, época de consumismo e de correrias para as lojas. No entanto, seja no passado ou nos tempos actuais o Natal é uma época muito especial.

Bem, lembro-me do natal na minha terra:
A preparação do Natal começava com alguma antecedência. Como não havia dinheiro para comprar as figuras do presépio, tudo era feito por mim e pelos meus irmãos. Ia-mos ao campo apanhar o musgo, a cabana era feita de paus revestidos de palha de centeio. O São José, a Nossa Senhora, o Menino Jesus, a vaquinha e o burrito eram feitos com muito cuidado e normalmente eram representados por bonecos feitos de tecido e pintados com os nossos lápis da escola. As casas eram feitas com pedras pequenas, pintadas de cal branca e decoradas com pedacinhos de paus, as ovelhas com lã que tirava-mos das ovelhas que pastávamos ao longo do ano. Já a igreja era simbolizada por uma cruz feita com paus, o moleiro e os figurantes com boneco de trapos. Os meus irmãos e o meu pai iam cortar um pinheiro para a árvore de natal que era enfeitada com tiras de tecido que eu e a minha mãe cortávamos de trapos velhos, fazíamos um grande novelo e depois andava-mos a volta da árvore a enfeitá-la. Como os panos tinham várias cores ficava muito bonita, pendurávamos imagens de papel feitas por nós.

Na noite de natal, vestia-mos uma roupa melhor (a roupa de domingo) e jantávamos as batatas com couves, ovos e bacalhau (este era só quando havia). Depois, por volta da meia-noite, íamos à missa do galo. Mas como a igreja era na vila de Góis, que ficava a 4 Km, e íamos normalmente a pé, tínhamos de sair de casa uma hora mais cedo para chegar lá à meia noite, regressávamos e junto à lareira deixávamos os nossos sapatos para o menino Jesus vir deixar uma prendinha.

No dia de Natal acordávamos cedo. Apesar de pobres, o nosso menino Jesus deixava o que podia dentro das nossas botas de borracha (imaginem que nós deixávamos as botas de borracha porque tinham um cano mais alto e cabia uma prenda maior). Uma prenda simples como umas meias ou uma camisola davam-nos toda a felicidade do mundo.

Escrito por Eugénia Santa Cruz, do blog Cortecega - Notícias da Minha Terra
A versão completa do texto encontra-se no respectivo blog.

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"...O NATAL NA MINHA ALDEIA"...



Era Inverno, a aldeia estava coberta de neve. Em quase todas as casas, uma lareira estava acesa.

As pessoas que viviam na aldeia não eram muito ricas, pois as crianças não tinham brinquedos e nem jogos para brincar.
Um homem, um pouco já de idade, de barbas brancas e barrigudo, que andava a passear pela aldeia, viu crianças tristes e descontentes por não terem brinquedos para brincar. Esse senhor chegou à sua casa humilde e disse para a sua mulher:

- Sabes, tenho pena das crianças da nossa aldeia!
- Porquê? – perguntou a sua mulher.
- Porque não têm os brinquedos que gostavam de ter para brincar, nem jogos para jogar.
- Temos de fazer alguma coisa! – exclamou a mulher.
- Tens razão! – disse o marido.

O casal pensou, pensou, mas nenhum dos dois chegou a uma conclusão, até que o marido disse:
- Tenho uma ideia!
- Que ideia é essa?! – perguntou a esposa, admirada.
- Vou fazer brinquedos para meninos e meninas.
- É uma óptima ideia!

O homem foi buscar madeira, barro, plástico e outras coisas que podia arranjar.
Com a ajuda da sua mulher, começou a fazer brinquedos e jogos simples. Foi nessa altura que a mulher teve uma ideia:
- Eu acho que podias ir vestido com alguma fantasia!
- Tens razão, já tenho uma na minha cabeça.
- Ai sim, qual?
- Vou vestido de vermelho, e como estamos no Natal, podia ir de Pai … de Pai …Natal! – exclamou com orgulho!
- É uma óptima sugestão!
- É isso que eu vou fazer! Na noite de Natal levo um saco enorme e, pelas chaminés, deito os brinquedos.
- És maravilhoso, estou orgulhosa de ti, meu marido!
E foi assim, o combinado.

Na noite de Natal, algo aconteceu!
Seis veados estavam à porta da humilde casa do casal e, aí, o senhor teve outra ideia:

- Com um trenó velho, feito de madeira, eu posso prender os veados pelas correias do trenó e eles podem transportar-me.
- Só tu tens ideias maravilhosas! – exclamou a mulher.
O casal fez o que o homem tinha dito e ficou tudo uma maravilha.

Nessa noite de Natal, o senhor de idade e um pouco pançudo, de barbas brancas, foi um óptimo Pai Natal.
No dia seguinte, dia de Natal, todas as crianças estavam muito contentes com os seus maravilhosos brinquedos.

O casal feliz, passeando pela aldeia, olhando para as crianças, a mulher disse:
- És fantástico, tens de fazer isto, noutros anos.

Pena tenho é que, nós seres humanos só nos recordamos que é NATAL nesta altura do ano, esquecendo por vezes aquilo que nos vai na alma os outros dias do ano....
Sem travões, mas desejando a todos um NATAL com saúde, alegria e amizade, quer aos leitores do meu cantinho, quer a toda gente....

Escrito por Pinto, o Infante, do blog As Voltas do Pinto Infante

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"ERA UMA VEZ O PAI NATAL..."




Aldeia de Ranholas, perto de Sintra. Na praça principal a população reúne-se, apreensiva, para decidir o que fazer perante os últimos acontecimentos.


Presidente da Junta: O que foste tu fazer, homem de Deus?!?

Etelvino: Ó senhor presidente, eu sabia lá, pensei que era uma raposa e dei-lhe uma chumbada, que estou farto que me comam as galinhas!

Presidente da Junta: Raposa?!? Uma raposa vermelha, seu animal? Quem te dava uma chumbada era eu, não fossem as eleições serem daqui a uns meses! E nem desconfiaste que a “raposa” tinha um saco às costas e barba branca?

Etelvino: Quer dizer, achei estranho ela ir só em duas patas, mas o saco pensei que eram as minhas ricas galinhas que lá iam, a barba pensei que era a raposa que se ia a babar, ao pensar no pitéu. Mas foi um tirinho de nada, quase nem lhe acertei...

Presidente da Junta: Tens consciência que arruinaste o Natal de toda a gente?

Etelvino: Ó Senhor Presidente, isso também é exagero, já quase ninguém acredita no Pai Natal. E o que temos a fazer é manter isto entre nós, e aproveitávamos e fazíamos uma churrascada para a aldeia toda, afinal as renas agora já não servem de nada à raposa, ou melhor, ao Pai Natal.

Presidente da Junta: Pois, ainda é o melhor, não quero que a nossa aldeia seja conhecida por ter acabado de vez com o Natal. Mas entretanto passa para cá a caçadeira, que não tarda nada está aí a Páscoa e não gosto de comer coelho...

Escrito por Rafeiro Perfumado

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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

DESILUSÃO DE NATAL

A Cusca e seus irmãos foram educados no seio de uma família católica e o Natal assumia nas suas vidas um extrema importância. Sempre muito atenta ao que a rodeava, não era fácil fazerem-lhe "o ninho atrás da orelha" eheheh

Desde muito pequena começou a questionar os mais velhos sobre o que não entendia, e a existência do Pai Natal e o mistério que envolvia a sua descida pela chaminé na noite de consoada era coisa mal explicada e que não entrava muito bem na "caixa da dos pirolitos" eheheh

Fizera recentemente 6 anos e só ela sabia o esforço que tinha feito para cumprir a promessa que fizera ao avô de se tornar numa menina bem-comportada, trocando as diabruras por orações ao anjo da guarda e até se lembrando de agradecer, antecipadamente, o presente que sabia iria receber no sapatinho... uma caixa de coloridos lápis de cor, igual ao da sua colega Ana Maria, filha do senhor doutor Augusto!



No ano anterior tivera de se contentar com um cachecol que quase jurava ter visto, meio tricotado, no saco de tricot da mãe. Agora contava os dias, ansiosa e, na sua imaginação, rabiscara uma sequência de desenhos que faltava colorir.

Foi a primeira a acordar e, sem esperar pelos irmãos, correu à cozinha. No interior de cada sapato, espreitava um chupa-chupa e algumas moedas de 50 centavos.

Desiludida e zangada gritou para os irmãos:

- Não quero chupa-chupas da taberna do senhor João... o Pai Natal é forreta ou nem existe!!!

Escrito por Cusca Endiabrada

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FALEMOS ENTÃO DE NATAL.



- Natal, data simbólica em que se festeja o nascimento de Cristo, filho de Deus, vindo ao mundo para resgatar os pecados dos Homens. Nascimento que significa a esperança de nos redimirmos da nossa condição humana e aspirarmos a uma eternidade de bem-aventuranças.

- Natal das tradições. Das filhós e das azevias feitas à lareira. Do presépio construído com figurinhas e musgo retirado das pedras do muro da azinhaga. Do tempo em que ainda não havia Pai Natal, nem árvore de Natal e os presentes (figurinhas de chocolate) eram trazidos, à meia-noite, pelo Menino Jesus.

- Natal, festa da família. Mas que família? A que reúne várias gerações para celebrar o amor e a harmonia das relações familiares? Este mito da perfeição, repetido à exaustão, faz com que se sintam profundamente infelizes os que não estão incluídos neste idealizado grupo.

- Natal, símbolo acabado do consumismo mais desenfreado. Dos centros comerciais onde circulam pessoas submetidas à necessidade criada artificialmente de comprar presentes. Das coisas úteis e inúteis que se adquirem para trocar por outras úteis ou igualmente inúteis. Do dinheiro gasto e que em Janeiro há-de faltar.

Seja como for, desejos de um FELIZ NATAL!

Escrito por Júlia Galego, do blog Gambozino

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O NATAL NA MADEIRA E EM LISBOA



Aos treze anos fui viver para a madeira com o meu pai biológico e o natal na Madeira celebra –se da seguinte forma:
Na Madeira a festa começa cedo, logo a partir do dia 16 de Dezembro, com as missas do parto, ou novenas de Ó, celebradas todas as madrugadas até à missa de alva do dia 23, ou Missa da Galinha. É uma tradição que vem de longe, e nem o frio nem a chuva das manhãs de Inverno demovem os fiéis das novenas. À ida para a igreja bebe-se café quente com um "cheirinho" de grogue ou um copito de aguardente com mel, para afastar o frio e o sono. Alguns acrescentam umas gotas de sumo de laranja para tornar a voz mais cristalina, juntando-se aos cantares que animam as celebrações. Depois da missa, junta-se o povo no adro da Igreja em amena cavaqueira, comendo broas de mel no baile, antes de mais um dia de trabalho. Na Câmara de Lobos e Camacha, as bandas filarmónicas percorrem as ruas com ascastanholas, os bombos, as cabrinhas ou os acordeões, que acordam os mais dorminhocos. Todo o mês de Dezembro é dedicado aos preparativos do Natal: enfeita-se o pinheiro, fazem-se as decorações com as flores típicas da época - as cabrinhas, os enciões, o azevinho . e montam-se as lapinhas, ou os presépios. Mias uma vez, a imaginação popular dá lugar aos mais variados quadros, com pastores casinhas e figuras, que representam também cenas da vida madeirense. Na Missa do Galo ainda se representam os autos do Natal e as romarias dos pastores. Quando a missa acaba, cada um recolhe à sua casa para o reconfortante calor da canja de galinha. Ao almoço do dia de Natal, come-se a tradicional carne de vinha de alhos, leitão assado e peru. Mas não há festa sem a especialidade natalícia mais cobiçada, o bolo de mel, cujas origens remontam ao século XVII, feito com mel de cana-de-açúcar e condimentado com especiarias.

Aqui em Lisboa enfeitamos a casa com o presépio e a árvore de natal, pela meia noite do dia 24 abrimos os presentes e os que desejam vão à missa. O jantar em familia é composto pelo primeiro prato de bacalhau com batatas e couve Portuguesa cozida e originalmente o segundo prato seria perú no forno com batatas assadas mas como eu não gosto na minha casa faz-se cabrito ou borrego. Depois do jantar coloca-se na mesa os doces de natal Bolo Rei ,filhoses, azevias, sonhos, rabanadas, frutos secos e a familia fica a conviver até a hora de trocar os presentes.

Escrito pela nossa Isabela, "Princesa dos Motociclistas", do blog Hope Isabela

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O NATAL EM ANGOLA, A MINHA TERRA NATAL



O Natal só ficou conhecido em Angola depois que o colono português lá chegou, pois este na sua expansão colonial fazia se acompanhar sempre de missionário. Lembro aqui que, com os descobrimentos os portugueses visavam expandir o império colonial e a fé de Crista. Com a evangelização, o Natal tornou-se uma festa hoje assumida como tradicional em Angola, sendo assim, comemorada em todo o País.

Há uma diferença entre o Natal das cidades e das aldeias.Nas cidades onde o nível social das população é elevado, o Natal é tipicamente português, com todos ingredientes com que é conhecido na Europa, neste caso, em Portugal.O Natal nas aldeias chega a ter uma característica adequada a baixa condição socio-económica, cultural e intelectual dos cidadãos ali residentes. E muito animado, o povo programa uma festa tradicional com comidas e bebidas conforme a sua região. Geralmente há missa na noite de 24 para 25 de Dezembro. Durante o dia, há danças folclóricas. Bebe-se a Kissanga ou Kimbombo, que são bebidas tradicionais feitas em casa com ferina de cereais. Os adultos bebem geralmente o caporroto que é uma bebida destilada, feita com banana, ou batata doce ou ainda com farelo de cereais. As aldeias vizinhas programam encontros, animados com danças folclóricas. Os povos praticam desporto, ou outras diversões culturais durante o dia 25 de Dezembro, tais como encontro de football, entre grupos pertencentes a aldeias diferentes.

O Natal em Angola é a maior festa que mobiliza todas populações. Nas aldeias as pessoas são normalmente religiosas. Não se pode falar em religião sem falar de Cristo. Isto torna o Natal, nascimento de Cristo uma história muito interessante.

Escrito por a nossa Isabela, "Princesa dos Motociclistas", do blog Hope Isabela

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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

APESAR DE TUDO, AINDA HÁ NATAL!!!

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Não tenho uma especial apetência pela comemoração do Natal tal qual ele hoje é entendido. Todos falam de solidariedade, de bondade, amizade e outras palavras sonantes terminadas em ade, ou não. Mas, parece-me, a verdade é que falta vontade, nesta sociedade, em ver a realidade com honestidade e praticar a caridade, não a caridadezinha!
Na idade de todos os sonhos, o meu Natal era a época em que nos reuníamos, em Lisboa, a minha avó materna, os meus tios, o meu irmão e os meus pais. Havia Menino Jesus, a missa do Galo e não faltavam as filhós. Digo em Lisboa porque da minha terra, donde saí com pouco mais de 3 anos, nada recordo. Tudo aquilo que sei é de ouvir contar.
As filhós eram o motivo de toda a azáfama. Da minha mãe e da minha avó, claro! Nós, só as comíamos. Era vê-las, à noite (não havia tempo durante o dia) a amassar, a pôr a fintar e depois a tender, não sem que lhe tivessem adicionado o azeite q.b. e um calicezinho de aguardente. Espero que estes passos estejam correctos, pelo que deixo o favor da correcção aos entendidos, antecipando as minhas desculpas.

O próximo passo era estender a massa sobre a mesa (suponho que uma tábua, devidamente untada), passavam-lhe o rolo de madeira e depois de bem fininha, com a recartilha, cortavam pedaços rectangulares, nos quais davam ainda dois pequenos cortes no sentido longitudinal. A sertã, com o azeite, estava ao lume e começava a fritura. Era ver, então, aqueles rectângulos de massa a inchar e a ficarem como que umas almofadinhas. Depois de fritas e retiradas eram colocadas numa travessa e, por cima, deitava-se-lhes açúcar. Isso, eu já ajudava, esfarelando o açúcar entre os dedos.
Tudo pronto, colocavam-se as filhós dentro dum alguidar e tapavam-se com um pano, deixando-as arrefecer até ao dia seguinte.
Este trabalho entrava pela noite dentro mas, no dia seguinte, a Consoada estaria completa e as filhós, finas e estaladiças (como eu gosto), faziam as honras da mesa.
Havia também o hábito de ofertar, com elas, vizinhos e familiares, principalmente os que estivessem de luto, porque decerto não as fariam, e assim não se privassem delas em época de FRATERNIDADE.

Escrito por João Celorico, do blog Salvaterra e eu
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NATAL NA MINHA CIDADE

Presépio em Areia
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Gosto da época Natalícia na minha cidade, S. João da Madeira, com as Avenidas e rotundas exibindo decorações alusivas à época, (todas preparadas por alunos das escolas e não só) que, mostrando a sua criatividade, lá vão aproveitando produtos recicláveis, enfeitando a Cidade com um brilho de alegria, de pundonor e regozijo, digno de ser apreciado por qualquer pessoa.
Gosto de percorrer minha Cidade e apreciar as casas vestidas de luzes, onde o frio do Inverno é esquecido, só pela contemplação de todas estas imagens multicolores alusivas ao Natal.

A Cidade, nesta época é visitada por muitos forasteiros, apenas para contemplarem a alegria desta quadra, alegrarem seus olhos na contemplação das cores, dos adereços natalícios, da arte implícita nesses pequenos gestos e, de certa forma, louvarem, felicitarem todo o empenho das pessoas, das crianças e adolescentes no embelezamento da cidade.
É feito em tenda especialmente construída para o efeito, um lindíssimo presépio, todo em areia, exposto na zona pedonal, zona central da Cidade. Há concursos promovidos pela Câmara Municipal para a decoração de prédios, de vivendas, de montras, com incentivo em dinheiro, para os premiados e, com todo este ambiente de festa, sentimo-nos como que num paraíso natalício, quente, onde apenas existe Amor, Paz, Fraternidade, Doação ao Próximo, Reflexão, enfim , espírito de NATAL!

Escrito por Tina, do blog Blumen
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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O CHEIRO DO NATAL

(imagem tirada da Internet)

A proximidade do Natal, na minha terra, cheira a "cachiço" que desde a vindima fermenta para agora, misturado com o cheiro da madeira mais dura, arder no alambique que o transforma na cáustica aguardente; é o seu cheiro acre que inunda quem passa pelas ruas de xisto e que se mistura com o cheiro das hortas cuja terra a chuva molhou. É Natal quando as árvores despidas ou amarelecidas da aldeia lhe dão um tom invernal que apela a fumos de lareiras e algum aconchego. É Natal quando nas casas de famílias numerosas se ouve o chocalhar alegre das vozes reunidas que comungam dos comeres e doces típicos da quadra. É um Natal mais terno o das famílias pequenas que já viram partir os crescidos, os velhos, chorados interiormente, por entre sorrisos de festividade. É Natal na minha terra quando as fragas já escorregam de tanta chuva receberem, de regatos e ribeiros que lhe passam por cima e onde o musgo, à volta, verdinho, pede para ser recolhido e adornar o presépio sagrado. O Natal na minha terra cheira a pinheiros ardidos nas lareiras e a molhos de alecrim e oliveira bentos no domingo de ramos anterior. Cheiraria a rosmaninho e a fogueirão se o Deus Menino se tivesse lembrado de cá nascer, no nosso Verão, ou a castanhas assadas ou mosto, se o fora no Outono. Aproveitaria ainda as chuvas após grande calor, que deixa a terra a terra e a floresta espirrarem o seu aroma molhado, como não há igual.

O Natal é quando, em puro gesto de oferenda se diz: "Ó cachopa, vai lá ao meu quintal e leva uns baldes. Há por lá tanto tomate e pimento que não consumo aquilo tudo. Apanha para comer e congelar. Vai também às couves!"; ou quando se vai às "coirelas"e se apanham os melhores frutos e legumes para deixar na casa de uma amigo ou conhecido, pois a fartura é muita e deseja-se partilhar; ou quando se faz um bom queijo de leite de ovelha e cabra e se o oferece a alguém que não teria outra oportunidade de provar aquela iguaria caseira e natural; também quando nos lembramos de gente escarninha que nada nos merece, e desejamos que tenha plácidos dias; ou quando há festejos e levamos um pratinho com todos os doces à vizinha que nos acarinha; ou ainda quando oferecemos o melhor sorriso e bom dia a quem quer que seja; ou quando nos desdobramos para fazer o melhor em qualquer causa, vestindo essa camisola, como se não houvesse outra. É Natal sobretudo quando seguro e encho o colo com os meus filhos que não possuo...

Bom Natal para todos!


Escrito por Luciana Serra, do blog De pedra e cal
A versão completa do texto encontra-se no respectivo blog.


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O NATAL NA MINHA TERRA


O Natal…o Natal que deveria ser todos os dias ?

O que é o Natal ?

O Natal na minha terra é longe…
Aqui o Natal está cheio de movimento, de gente, de cores, de jogos, de odores…
O cheiro a canela transborda do vinho quente, as especiarias, os doces, os pinheiros, rodopiam perante os nossos olhos e levam-nos ao mundo do Natal de quando eramos crianças…

O Natal é das crianças…
O Natal que nao é na minha terra tem neve, branca, fria e bela… é um Natal diferente mas presente… tem fogo , brasas, lareiras, tem outras culturas, outras maneiras…

Na minha terra o Natal nao tem neve, nao tem lareira, mas tem o calor da familia e dos amigos ! Tem a alegria de poder estar com os nossos, com a gente que nasceu da nossa Terra, das pedras, do chao, da calçada…
Tem as cores do vulcão, tem o cheiro a pinho, a azevinho, tem as lagoas profundas e cheias de mistérios, tem o mar que nos traz nas ondas os segredos escondidos do Universo…

A familia para mim é o Natal, na minha terra ou longe dela…Para sempre no meu coração.
E mesmo que nao esteja na minha terra o meu Natal tem sempre muito Amor, muita Paz, muita alegria !

Por saber de onde venho sei quem sou…e eu sou por todo o lado, e trago comigo sempre, o Natal da minha terra…

Escrito por Ana Tavares, do blog Lemondeana
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domingo, 13 de dezembro de 2009

Na festa do Natal Cristão tudo se desenrola à volta do nascimento de um menino.

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«Nascido Jesus em Belém da Judeia, (lugar situado a 9 Km ao sul de Jerusalém, actualmente, onde a paz não se vislumbra), no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém os magos (sábios persas que se dedicavam ao estudo dos astros ou talvez sábios, chefes de aldeia ou de tribo) que perguntaram: «Onde está o rei dos Judeus que acaba de nascer? Pois vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo».
- Começou logo nesta fase, enquanto o menino dormia tranquilamente, a habitual luta pelo poder. Uns, segundo os ensinamentos bíblicos, admitiam que acabava de nascer o futuro rei dos judeus; outros que, além de um menino vulgar como os outros meninos, era filho de Deus, Senhor do universo; ainda muitos outros, como vamos transcrever de um poema de Miguel Torga, nem sequer, em pensamento, poderiam admitir que alguém pudesse vir a ser superior a eles. E, nos nossos dias, é à volta da história do menino a que se refere o Poeta que, na minha aldeia, as Famílias se reúnem, plenas de alegria, a recordarem os tempos em que viveram felizes no seu lar de nascimento, à volta da lareira e da mesa, para intensificarem o calor humano que sempre os uniu, embora os corpos estejam, agora, separados por longas distâncias. À Ceia, come-se o tradicional bacalhau, o polvo, as batatas, as couves, a aletria, as rabanadas e outras iguarias, que vão sendo introduzidas na ementa para harmonizar o paladar das crianças com o dos adultos. O manjar mais saboroso é o sorriso e o repetir das saudades de outros tempos em que estavam presentes outros familiares. Enquanto não chega a meia-noite, as crianças vão-se entretendo com o jogo do rapa, vindo do tempo dos avós, e outros
que já marcam encontro com o telemóvel, as novas tecnologias e a magia que foi crescendo durante a infância, associada às aventuras e presentes que o Pai Natal lhes virá pôr no sapatinho. Vive-se uma Noite de Paz, de Amor e de Alegria.
- No dia seguinte, as crianças prolongam a magia na Igreja, junto do presépio aonde vão admirar as figuras artesanais que representam o nascimento do Menino, o burro, as ovelhas, os magos e os pastores com ovelhas dos seus rebanhos que vão oferecer como presentes.

Termino com palavras de uma das melhores actrizes da actualidade em Portugal, Fernanda Serrano, uma das vedetas das telenovelas da TVI: «O Santiago (filho mais velho) ainda acredita no Pai Natal, escreve carta e tudo. Vou ver se consigo prolongar esta magia por mais dois ou três anos …porque tem muita graça.» Correio da Manhã de 26-11-2009. Gostaríamos que todos os Pais, sem complexos de infantilidade mental, cultivassem a magia do Natal nas crianças em vez de se contentarem a materializá-las com brinquedos de guerra e outros com significado socialmente discutível.
Desejamos Boas Festas a todo o género humano.

Escrito por Artur Monteiro do Couto, do blog Beleza Serrana
A versão completa encontra-se no blog do mesmo.
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O NATAL NA MINHA TERRA


A vida tem sempre algumas contradições que são engraçadas. Sempre adorei a quadra festiva do Natal e muitas vezes tive grandes decepções nesta época. Talvez porque sonhe com coisas que não são comuns a todos nós.
É uma quadra que desde criança sempre senti ter uma magia muita grande para mim, sinto-a no ar talvez por criar grandes expectativas embrenhar-me em recordações, talvez porque sinto as coisas de maneira diferente das pessoas que me rodeiam, isto conduz-me a um estado de tristeza e nostalgia. O espírito do Natal deu lugar a um espírito de consumo cinismo e hipocrisia
Famílias inteiras sentam-se à mesa, trocam presentes, sorriem, com aquela alegria falsa e cheia de hipocrisia, como se durante todo o ano, ou toda a vida tivessem mantido entre si o espírito de família.Na minha mesa da consoada as cadeiras têm sido ocupadas por cada vez um número menor de pessoas. Uns já faleceram e deixam uma enorme saudade, outros afastaram-se e deixam um, misto de saudade e alívio, outros há que querem impor a sua presença mas por motivos que sabemos não ser os mais desejados outros serão ou não, mas com um espírito diferente do meu. Talvez por obrigação, ou só por respeito a alguns membros da família. Esse não é o conceito que eu gostaria que fosse o do Natal. Tantas vezes se diz que o Natal é sempre que nós o quisermos. Será? Por onde anda o espírito de família? A partilha do bom e do mau, a cumplicidade, a união, o espírito de entreajuda, o respeito mútuo. Certas quadras não deveriam existir, não por aquilo que representam, mas por aquilo que nos fazem acreditar que são.
Mas têm de existir mesmo, para que possamos reflectir sobre muita coisa. Para que tenhamos a oportunidade de mudar o que nos magoa. Para que deste modo possamos dar mais uns passinhos, por muito pequeninos que sejam, em direcção a um bem muito maior, que é o bem-estar da humanidade. Talvez ao sentirmos o afastamento da família ou o espírito da família nesta quadra de Natal, nos leve a meditar e a alargar os horizontes e a pensar que todos na terra deviam viver unidos por esse espírito. Se existem tantas famílias que não se dão bem como podemos querer a paz no mundo. O melhor será começarmos pela nossa família já que não conseguimos mudar o mundo, peço a Deus que nesta quadra nos ajude a manter o espírito de família, nesta ínfima célula a que está reduzida a minha família e que esse espírito vá passando de geração em geração. No Natal reaprende-se o verdadeiro significado de estar em família, de ouvir aquela voz que já não se ouve há muito ou o receber uma lembrança de alguém improvável.
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Escrito por Acácio Moreira, do blog Carvalhal do Sapo
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