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domingo, 13 de dezembro de 2009

Na festa do Natal Cristão tudo se desenrola à volta do nascimento de um menino.

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«Nascido Jesus em Belém da Judeia, (lugar situado a 9 Km ao sul de Jerusalém, actualmente, onde a paz não se vislumbra), no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém os magos (sábios persas que se dedicavam ao estudo dos astros ou talvez sábios, chefes de aldeia ou de tribo) que perguntaram: «Onde está o rei dos Judeus que acaba de nascer? Pois vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo».
- Começou logo nesta fase, enquanto o menino dormia tranquilamente, a habitual luta pelo poder. Uns, segundo os ensinamentos bíblicos, admitiam que acabava de nascer o futuro rei dos judeus; outros que, além de um menino vulgar como os outros meninos, era filho de Deus, Senhor do universo; ainda muitos outros, como vamos transcrever de um poema de Miguel Torga, nem sequer, em pensamento, poderiam admitir que alguém pudesse vir a ser superior a eles. E, nos nossos dias, é à volta da história do menino a que se refere o Poeta que, na minha aldeia, as Famílias se reúnem, plenas de alegria, a recordarem os tempos em que viveram felizes no seu lar de nascimento, à volta da lareira e da mesa, para intensificarem o calor humano que sempre os uniu, embora os corpos estejam, agora, separados por longas distâncias. À Ceia, come-se o tradicional bacalhau, o polvo, as batatas, as couves, a aletria, as rabanadas e outras iguarias, que vão sendo introduzidas na ementa para harmonizar o paladar das crianças com o dos adultos. O manjar mais saboroso é o sorriso e o repetir das saudades de outros tempos em que estavam presentes outros familiares. Enquanto não chega a meia-noite, as crianças vão-se entretendo com o jogo do rapa, vindo do tempo dos avós, e outros
que já marcam encontro com o telemóvel, as novas tecnologias e a magia que foi crescendo durante a infância, associada às aventuras e presentes que o Pai Natal lhes virá pôr no sapatinho. Vive-se uma Noite de Paz, de Amor e de Alegria.
- No dia seguinte, as crianças prolongam a magia na Igreja, junto do presépio aonde vão admirar as figuras artesanais que representam o nascimento do Menino, o burro, as ovelhas, os magos e os pastores com ovelhas dos seus rebanhos que vão oferecer como presentes.

Termino com palavras de uma das melhores actrizes da actualidade em Portugal, Fernanda Serrano, uma das vedetas das telenovelas da TVI: «O Santiago (filho mais velho) ainda acredita no Pai Natal, escreve carta e tudo. Vou ver se consigo prolongar esta magia por mais dois ou três anos …porque tem muita graça.» Correio da Manhã de 26-11-2009. Gostaríamos que todos os Pais, sem complexos de infantilidade mental, cultivassem a magia do Natal nas crianças em vez de se contentarem a materializá-las com brinquedos de guerra e outros com significado socialmente discutível.
Desejamos Boas Festas a todo o género humano.

Escrito por Artur Monteiro do Couto, do blog Beleza Serrana
A versão completa encontra-se no blog do mesmo.
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domingo, 15 de novembro de 2009

MAGUSTO NO DIA DE SÃO MARTINHO

Diz o POVO:
“No dia de S. Martinho, vai à adega, incerta o pipo e prova o vinho.”
- E como o vinho é “generoso”, convidou as castanhas para se associarem à festa em honra do Santo, patrono dos pobres.

As Castanhas a saírem do ventre materno
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Em determinadas regiões de Trás-os-Montes, as castanhas são rainhas da gastronomia festiva no mês de Novembro e viajam, mesmo, de Vinhais e de Carrazedo de Montenegro, concelho de Valpaços, para o Brasil, para a Europa e outras zonas do globo. Umas assadas, outras cozidas, lá vão sendo comidas; avinhadas e bem saboreadas, alimentam e inebriam os pares para dançar ao som das músicas populares cantadas e tocadas.
A Lenda de São Martinho contada pela Lena, à guisa de introdução, é uma lição de amor e fraternidade para as sociedades modernas que estão a educar as novas gerações para o egoísmo e para as melhores técnicas de marketing visando ludibriar incautos e chuparem-lhes o sangue como as famosas sanguessugas da medicina pré-científica. O exemplo de S. Martinho merece ser celebrado, cada ano que passa, com mais entusiasmo para que o pensamento filosófico do ser humano se preocupe mais com a justiça criativa e distributiva, ensinando uns a “pescar”, a resguardarem-se das tempestades, do granizo e do frio das nevadas, pelas suas capacidades de trabalho e poupança – e socorrer os mendigos, os pobres de espírito e de haveres. Com este comportamento social, todos os seres humanos poderão, um dia, celebrar a festa de S. Martinho, comer as castanhas, provar o vinho e sentir o calor do Verão de São Martinho com um sorriso nos lábios e uma nova esperança. Os bons exemplos são para imitar.
Pessoalmente, vou participar na festa organizada pela Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa, no Externato Marista de Benfica, Rua de S. Neutel, nº11. É uma festa a valer. Há castanhas assadas, transformadas em doces, alheiras, pão centeio, vinho do bom e à farta, bandas de música, o conjunto MARANUS e outras surpresas. Aqui, não há distinção de classes. Há apenas amigos e conterrâneos a continuar as festas a que se habituaram a celebrar humildemente a 500kms de distância, nos tempos de meninos.

Escrito por Artur Monteiro do Couto, do blogue Beleza Serrana
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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

“NA MINHA TERRA COME-SE BEM”

FIANDEIRA À ENTRADA DA ALBERGARIA RIO BEÇA

Para uma apreciação correcta, devo esclarecer:
Ponto único. Na minha Terra, concelho de Boticas, Trás-os-Montes, comer bem ou comer mal depende de algumas variantes a considerar:
- Se tem dinheiro para pagar cerca de 20 (vinte) euros por pessoa e por refeição, pode comer bem, na Albergaria Rio Beça, na Estalagem de Carvalhelhos, no Restaurante o Caçador, na aldeia típica de Vilarinho Seco (Alturas do Barroso) – Casa do Pedro - recuperada com apoios Comunitários. Nesta, com todas as características da Idade Média. Só que, para saborear um bom cozido à Barrosã, convém ir no dia certo ou juntar-
-se com uns amigos e encomendá-lo com antecedência. Então, poderá comer, sem gritar por mais, a não ser em dias subsequentes: salpicão, toucinho, presunto, farinheira, chouriça de carne, vitela barrosã devidamente certificada, batatas, nabos, couves frescas apanhadas na horta minutos antes de entrarem no pote de ferro com três pés, e uma boa sobremesa caseira, à escolha. Para alegrar o convívio e despertar mais o paladar, poderá beber um bom vinho tinto, o tal remédio para as doenças de estômago mencionado num dos livros do Professor Doutor Armando Moreno - médico, que em tempos não muito longínquos deu voz ao programa “ Viver com Saúde “ na RTP, produzido pela Videofono, editora, também, dos programas do Professor Doutor José Hermano Saraiva.
- Se a tensão arterial lho permitir, tome um café e beba uma bagaceira regional, numa dependência contígua à sala de refeições e junte aos sabores as belezas das paisagens criando no seu íntimo a sensação de estar num mundo divinal onde as modernices citadinas ainda não estragaram o que fez a mão do Criador.
- Se é um “teso” e apenas souber contar uns magros cêntimos, então, poderá comer pouco e mal numa “tasca”, ou ter a sorte de encontrar alguém que conserve a tradicional bonomia transmontana do “ Entre Quem É “ e oferecer-lhe um bocado de pão centeio, presunto e vinho…- porque lá diz o ditado popular . «Quem não tem dinheiro não tem vício», neste caso, de comer bem e à farta.
- Diz a sabedoria popular: «Cada boca seu paladar». E o meu paladar contenta-se a saborear um frango caseiro estofado com azeite, tomate, alho, cebola, pimentos, salsa, folha de louro, alecrim e umas batatas cozidas no pote ao calor da lareira. E nessa altura, meio litro de “vinho dos mortos” a entrar pela boca na adega passageira e a suavidade alcoólica dos 11 graus a subir ao cérebro, parece que estamos a viver no paraíso…A seguir, um breve passeio, a pé, até aos “Cornos das Alturas do Barroso” e basta para se sentir bem e não criar “barriga de vaca”.
Aqui fica uma súmula do que pode constituir “ Comer bem na Minha Terra” e onde.
A escolha é sua. Desejo-lhe bom apetite e algum dinheiro.


Escrito por Artur Monteiro Couto, do blogue Beleza Serrana
Nota: pode ver o texto numa versão mais jocosa no respectivo blogue.


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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Romarias

Nas diferentes religiões, encontram-se múltiplos exemplos de peregrinações a santuários situados, por vezes, a grandes distâncias.


Com uma função religiosa e lúdica, elas constituem como que o ponto culminante da vida das populações rurais, na renovação do vestuário, nas folias e, para os mais jovens, momentos possíveis para se arranjarem namoros. Também, não raras vezes, devido ao consumo excessivo de álcool, alguns provocavam desordens. Actualmente, o progressivo afastamento da sociedade tradicional, provocado pelo desenvolvimento cultural e económico, podemos afirmar que as atitudes negativas quase desapareceram. Ficou o lazer e os ciclos anuais de alegria, no encontro com os amigos, e a devoção aos padroeiros.

As Romarias mais importantes do Concelho são a de Nossa Senhora da Livração, em Boticas, e a do Santuário do Senhor do Monte, freguesia de Pinho. Podemos afirmar que as férias de todos os da diáspora giram à volta destas datas. Reúnem todos os anos muitos milhares de pessoas. Os programas são ricos e variados.

A festa do Senhor do Monte realiza-se à volta de um Santuário amplo, bonito, vistoso, com belas paisagens e um parque admirável. Todas as numerosas famílias têm condições para estenderem os equipamentos necessários para comerem, confortavelmente, as deliciosas merendas à sombra de árvores frondosas, onde tanto se pode comer, beber, cantar ou dançar, sem incomodar ninguém. Até às 14 horas, trata-se do espírito, da fé, do cumprimento de promessas e de apresentar novos pedidos e promessas para o ano seguinte.

Os tradicionais andores, as bandas de música, os ranchos folclóricos dão vida e colorido artístico ao verde dos pinheiros, dos carvalhos, das giestas e das urzes. Propomos-lhe que participe numa festa destas, aberta a todo o público, no último domingo de Julho. Aqui ninguém paga nada, ninguém lhe pergunta por contas, a não ser os feirantes dos brinquedos, dos chapéus de palha e de outros produtos regionais. Os pobres camponeses misturam-se com os hóspedes ricos dos hotéis de Vidago, Pedras Salgadas, Chaves ou das Casas Rurais do concelho, numa sintonia perfeita de bem-estar. A fé nos santos e nos homens é pura; não há fanatismo nem calculistas. Há harmonia e um casamento perfeito do homem com a fé e a natureza.

A Romaria de Nossa Senhora da Livração, que tem por base o terceiro domingo de Agosto, realiza-se na sede do concelho e tem um carácter programático mais universalista. Durante uma semana, associa as Actividades Económicas da região ao manto da Santa Padroeira, que movimenta multidões, sobretudo, quando antes do arraial se realiza uma das procissões mais bonitas e bem organizadas do interior norte de Portugal: abrindo o cortejo os imponentes cavalos e cavaleiros da Guarda Nacional Republicana, seguidos da fanfarra dos bombeiros, vindos dos lados do Porto, da juventude, elegância e aprumo dos escuteiros, acompanhados dos estandartes e representantes da Associações Culturais do Concelho, das figuras bíblicas representadas por crianças vestidas como rezam as crónicas, com vestes vindas de Braga, e o desfile continua durante horas com anjos e santos a percorrerem as ruas da vila, contemplados das janelas das casas, dos passeios ou miradouros mais elevados, ao som dos acordes de marchas religiosas tocadas pelas bandas musicais escolhidas a preceito. Assistência e actores sentem-se orgulhosos do que está a acontecer. É um quadro tão diversificado e tão belo que nenhum pintor pode reproduzir na melhor tela do Mundo. É grande de mais para caber lá. Quer ver para crer?


Em 2009, vai realizar-se de 10 a 16 de Agosto, com destaque para o dia 15, sábado, feriado nacional, e dia 16, domingo.

Na majestosa procissão, dia 15 pelas 18 horas, irão desfilar 30 (trinta) andores adornados com flores naturais em volta de todos os santos e santas padroeiras das freguesias do concelho, e não só. Quatro (4) bandas musicais e a Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de S. Mamede de Infesta, logo atrás dos imponentes cavalos e cavaleiros da G N R, tudo vestido a rigor, abrindo o cortejo.

Se não mora na região do Barroso e quer participar na procissão e no arraial, deixamos-lhe um conselho: hospede-se em Chaves ou procure já alojamento ainda disponível, informando-se no Turismo local.


Artur Monteiro do Couto, do blogue Beleza serrana
Barroso, Chaves

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Quem sabe sai daqui o melhor comentário do mês.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

FÉRIAS ENCANTADORAS NA REGIÃO DE LISBOA


Atravesse a ponte sobre o Tejo e dirija-se ao Monumento a Cristo Rei. Entre no elevador e suba até ao último varandim. Os olhos ficam extasiados e já não sabem para aonde se hão-de voltar. Vai ter de ser o cérebro a comandá-los e a orientá-los em todas as direcções. Cada cabeça, sua sentença, mas o conceito de beleza vai ser decisivo.


Com sofreguidão, os faróis da alma vão partir em grande velocidade do Oceano Atlântico, Tejo acima, piscando ora à esquerda ora à direita, ao longo das margens do rio que desce entre os concelhos de Lisboa, Oeiras e Cascais e o concelho de Almada, até à ponte Vasco da Gama. Ali, param e começam a descer no sentido da corrente fluvial, observando a beleza da Cidade das Sete Colinas, todas estas bem visíveis, com belos monumentos a decorá-las e a obrigarem a paragem obrigatória.

Encontramo-nos diante de uma das cidades mais lindas do mundo, de braços estendidos desde Belém até ao Parque das Nações para nos receber.

O Povo diz:«Palavras leva-as o vento e uma imagem vale mais que mil palavras.» Estamos plenamente de acordo. Também se diz: «Quem não viu Lisboa, não viu coisa boa.»

Suba aos miradouros de Lisboa, Sintra e ao mais esplendoroso de todos eles, pelas vistas deslumbrantes sobre o que há de mais belo em Portugal, o de Cristo Rei, em Almada.


Escrito por: Artur Couto, do Blogue: Beleza Serrana
Terra: Lisboa/ Portugal

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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sapiãos, uma aldeia da Boticas


Nasci no sopé de uma serra que,segundo rezam as crónicas, por ter muitos leirões,(ratos grandes), se chama Serra do Leiranco, com 1134 metros de altitude.
SAPIÃOS, concelho de Boticas, distrito de Vila Real, não foi um nome imutável ao longo dos séculos e, o que a tornou célebre pelas belezas naturais, economia agrária, água em abundância e situação estratégica, entre Bracara Augusta e Aquae Flaviae, foi “SIPIÕES” por ser a partir dali que nasceu o apelido “Barroso” de um fidalgo, senhor das Terras do Barroso que ali tinha uma Torre. Foi ele D.EGAS GOMES GUEDEÃO, no século XIII, que preferiu substituir Guedeão por Barroso. (Consultar Armorial Lusitano).
Na aldeia da minha vida, cresci a ouvir cantar os rouxinóis, o cuco, os galos,ao som do tilintar das campainhas das vacas, do chocalhar de cabras e ovelhas, de passear nos tradicionais carros dos bois e a cavalo dos dóceis burros e imponentes cavalos.
À medida que fui crescendo, ia-me deliciando a ouvir histórias de mouras encantadas que teriam vivido no Castro do Muro e que distribuíam amor aos homens valentes que ali habitaram, a que umas vezes chamavam “Mouros”, outras vezes “Romanos”, e só mais tarde admiti que também tivessem sido “Celtas”, “Calaicos”,
“Ibéricos” e não sei que mais…


Quando comecei a ir ao cemitério, disseram-me que dentro da elegante capela românica, em volta da qual foram aumentando o número de campas dos mortos, inicialmente, eram enterradas as pessoas mais importantes do “Povoado”. E mostraram--me essas sepulturas separadas por pedaços de rochas graníticas, cobertas de madeira e que sobre elas se ajoelhavam, ou estavam de pé, os fiéis que participavam nas cerimónias religiosas. Fiquei impressionado com o que estava a ver e a ouvir e tive a sensação de medo. Mais tarde, já homem feito e estudado, em conversa com populares, disseram-me que no lugar dos Pássaros havia umas pedras parecidas com as pias dos porcos e também parecidas com uma fotografia que tinha no manual de História de Portugal. Pedi ao José da Silva para mas mostrar e lá fui eu encontrar as “ Sepulturas Antropomórficas”, ainda maiores do que a do livro. Eram uma espécie de mausoléus da era moderna feitos directamente nas rochas, bastante perto do “castro do muro”. Agora, passei eu a ser o professor das sepulturas antropomórficas para a população local e não só. Descrevi-as no jornal “A VOZ DE CHAVES”; convidei a Dr.ª Isabel Viçoso, amante de antiguidades, a visitá-las, e pouco tempo depois, por iniciativa da Câmara Municipal de Boticas, foram resguardadas e passaram a ser um cartaz turístico da minha aldeia, já com o nome de SAPIÃOS.
Mas a minha aldeia é, sem fantasias, a que possui o Património Histórico mais valioso do concelho. Tem uma capela românica do século XIII onde se celebraram os actos de culto até ao século XVIII, século em que graças ao dinheiro vindo dos emigrantes do Brasil, se construíram duas elegantes capelas particulares e a actual Igreja Paroquial, com bela e artística talha dourada, estilo Barroco. Até ao século XX, consumíamos a água das fontes de mergulho e comíamos os frutos da terra, terra, no sentido próprio.
Tratavam-se as doenças com plantas do campo, sopas de burro cansado,(malgas de vinho com pão e açúcar), bagaço e mel.
A morte foi roubando os mais fracos; e os que resistiram aos inimigos da saúde, nesses tempos não distantes, alguns, chegam a viver quase cem anos.
Hoje, no dia 9 de Junho do ano 2009, a minha aldeia é de longe, a mais bonita e progressiva do Concelho de Boticas. Utiliza as tecnologias confortáveis das grandes urbes e enfeita-se com belos jardins das casas dos emigrantes no centro do grande jardim colectivo formado pelos campos, montes e vales que se vão ajustando aos nove meses de Inverno e três de Inferno, no dizer de alguns que só estão habituados a viver num espaço mal cheiroso, de meia dúzia de metros quadrados, com ar condicionado. Na minha aldeia faz-se História e vive-se a História dos antepassados com amor e alegria.



A música popular foi recolhida, em Sapiãos, pelo musicólogo Dr. José Alberto Sardinha e sua irmã, Drª. Olinda, Técnica Superior do Museu de Arqueologia de Lisboa (Mosteiro dos Jerónimos) no dia 01-09-1991.
Foi editada em disco pelo Jornal de Notícias do Porto. O Romance foi representado por jovens artistas "prata da casa" e as vestes que envergam foram emprestadas pela Direcção do Teatro Nacional de São Carlos. Este facto, por imprevisto e inédito, criou uma mais-valia importante na população local, nos emigrantes em férias, vendo nós um deles, licenciado em Direito, no Brasil, a manifestar toda a sua surpresa por ter deixado, aos teze anos de idade, os seus conterrâneos apenas educados com a quarta classe, (actual 4º ano), e agora assistir, na companhia do Presidente da Câmara Municipal e outros emigrantes brasileiros, directores do Clube de futebol Vasco da Gama e da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro do Rio de Janeiro, a um espectáculo de cariz histórico, cantado, fazendo o o poema parte do Romanceiro de Almeida Garrett. Aquilo foi um luxo no interior serrano pobre e abandonado pelo Portugal banhado pelo Atlântico.
Na Aldeia da Minha Vida interiorizou-se o princípio de que nem só de pão vive o homem. A Associação Cultural Serra do Leiranco justifica a sua existência. Preserva as tradições, as danças e cantares regionais.
Mas no forno comunitário continua a cozer-se o pão centeio ou de mistura, folares de carne ou sem ela, a assar cabritos, frangos, pimentos e outros petiscos que nos fazem crescer água na boca.
A minha aldeia, que é A Aldeia da Minha Vida, está de braços abertos para Vos acolher. Oferece-vos o perfume das flores campestres, o delicioso paladar das iguarias e o abraço da amizade transmontana, consagrada na célebre expressão: «Entre quem é …»
Consulte http://flickr.com/photos/arturcouto
onde poderá ver mais documentos fotográficos da Aldeia da Minha Vida.
Escrito por: Artur Monteiro do Couto
Sapiãos, Boticas, Vila Real
Para comentar, vá ao blogue de origem: http://roinesxxi.blogs.sapo.pt/87992.html
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