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segunda-feira, 12 de junho de 2017

Nuno Garoupa

Uma conversa de quase hora e meia. Foto de @Paula Nunes
A entrevista que fiz a Nuno Garoupa para o Eco é um desafio que nos permite perceber melhor as escolhas que andamos a fazer. Aqui fica um guia de leitura segundo a linha do tempo seguida na conversa que durou quase uma hora e meia:

1. A conversa começou pela Justiça, uma das suas áreas de estudo e investigação. Falou-se sobre a organização da Justiça em Portugal, os desafios (perigosos para o regime, digo eu) que enfrenta, com os casos que te em mãos e caso acabem em arquivamentos ou "perdidos pelos tribunais", o espaço que existe ara um partido justicialista e as razões pelas quais a classe política está refém do sistema e incapaz de fazer uma reforma e
O título desta parte é " Caso Sócrates é inaceitável e não é normal" 

2. A segunda parte da entrevista foi sobre regulação e supervisão: "É inaceitável que o Banco de Portugal continue a fazer 'outsourcing' de auditorias e legislação" .  Falamos sobre a independência dos reguladores (ou a falta dela); as razões que explicam essa falta de independência - uma filosofia pombalista, dirigista com mais de dois séculos -; os problemas que isso tem criado ao noss desenvolvimento e a análise que Nuno Garoupa faz à proposta de mudança do modelo de regulação e supervisão da banca - na sua perspectiva, uma mudança que comporta riscos de governamentalização.

3. Na sequência do tema da supervisão bancária falámos sobre o caso Montepio: "Santa Casa no Montepio? É um disparate"

4. A conversa desenrolou-se para o papel dos jornalistas nesta crise bancária. Nuno Garoupa defende que "Os jornalistas devia fazre uma reflexão sobre o caso da banca". Porque não detectámos nós jornalistas o que se passava? A essa pergunta deixa hipóteses como falta de informação ou captura. E considera que o debate contribuíria para credibilizar o jornalsmo.

5. Nesta parte falamos da conjuntura económica e política nacional. "Não partilho o optimismo que reina no país", diz Nuno Garoupa

6. Na última parte a entrevista foi sobre os Estados Unidos e a observação que tem do país a partir do estrangeiro. E confesso que me surpreendeu. O que mais chocou Nuno Garoupa no regresso de três anos a Portugal foi o atraso na igualdade de género.

7. Sobre os Estados Unidos falámos ainda do caso das aulas de Manuel Pinho na Universidade de Columbia. E ficamos a saber que se os protagonistas fossem norte-americanos um caso destes era impossível - um regulador pagar para uma personalidade que o regulou dar aulas  

8. Para conhecer as preferências de Nuno Garoupa, um leitor de biografias e admirador do bisavô terminei com estas perguntas que faço a todos os entrevistados 

Um perfil de Nuno Garoupa pode ser lido aqui, um economista que está no "top 5" dos economistas portugueses.

Uma entrevista que enriquece quem a faz e quem a lê, que contribui para percebermos melhor o que se passa em Portugal e compreendermos as escolhas que indirectamente fazemos quando, por exemplo, clamamos por mais legislação ou apoiamos algumas intervenções do Estado. É isso que queremos? Até pode ser. O desafio da entrevista é que nos coloca perante essas escolhas. Permite-nos que nos perguntemos: é isso que de facto quero, racionalmente?

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Cortar a língua ao mensageiro...

... nunca resolveu problema nenhum. Criou problemas maiores, como aliás diz Fisher Sá Nogueira

A intervenção final do discurso de tomada de posse do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, defendendo a criação de um "órgão com poderes disciplinares efectivos" para os jornalistas assim como o ataque - mais do que criticas - que fez aos media acabam por dar razão a quem critica o funcionamento da Justiça.

Como António Barreto que se pode ler e ouvir aqui e aqui

Posso concordar com parte do diagnóstico que Noronha do Nascimento faz. Por exemplo, quando se refere aos efeitos perniciosos da concorrência num tempo em que o quadro em que se movia o negócio dos media está a mudar sem que ninguém saiba bem em que sentido (veja-se o debate aceso nos Estados Unidos e ainda a reflexão que ali se faz sobre as ameaças aos direitos dos cidaãos e sobre a liberdade da informação.

Não posso concordar com a solução. Nos media, tal como noutros universos da vida portuguesa, não é por falta de entidades reguladoras que não se cumprem as regras e as leis. O sector dos media, bem pelo contrário, está bastante policiado. O problema é mais vasto.

Mas se o problema é a violação da lei, a quem cabe fazer cumprir a lei? A resposta a esta pergunta que acaba por nos levar a concluir que o ataque aos media de Noronha do Nascimento acaba por ser um ataque à Justiça.

Declaração de interesses: Sou jornalista. Como jornalista, profissionalmente obrigada e treinada para o distanciamento na descrição e análise dos factos, fiz aqui também esse esforço e com cuidados redobrados.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A justiça, o jornalismo e as campanhas

A entrevista da Procuradora Cândida Almeida a Judite de Sousa foi extremamente importante - foram feitas as perguntas que queríamos ver respondidas e a Procuradora, que revela uma força e uma segurança que nos conforta, esclareceu o que podia que foi suficiente para percebermos que há nesta história uma elevada parcela de manipulação.

Revela ainda como é importante a Justiça dar a cara no palco mediático. Tem sido a sua recusa em comunicar - que como vimos é possível, respeitando o segredo de justiça - que viabiliza a manipulação.

Dito isto, é fundamental que não se responsabilize o mensageiro: os jornalistas que fizeram o seu trabalho respeitando as regras.

O que escrevi aqui mereceu várias criticas. De João Pinto e Castro e da Câmara Corporativa .

Um jornalista sabe que enfrenta sempre o risco de manipulação. Cabe-nos a nós jornalistas minimizar a manipulação tendo consciência que frequentemente não a conseguimos eliminar. Não tenho razões para considerar que as regras jornalísticas foram menos cumpridas neste caso que noutros.

Há em toda a história que veio a público partes que correspondem ao que está no processo e partes que não correspondem. Isso mesmo foi dito pela Procuradora na entrevista à RTP. Mas houve de facto um erro: o primeiro-ministro não é suspeito no único processo onde tudo tem origem - o que foi desencadeado pela carta anónima.

Quando se juntam todos os casos enfrentados pelo primeiro-ministro, parafraseando Cândida Almeida, qualquer pessoa que enfrentasse o que ele já enfrentou seria tentado, como ele, a concluir que "há campanhas negras" que o perseguem. Há racionalidade nessa conclusão pelas medidas que adoptou, duras para muita gente.

Um absurdo...e a ameaça a Portugal

Qual a probabilidade de o título que se segue ser manchete dos jornais ingleses?

"Polícia portuguesa suspeita de Gordon Brown"

Não sei, como ninguém sabe, o que se passou no caso Freeport.

Discordo de quem considera que o que está a sair nos jornais é apenas poluição.

Os protagonistas deviam preocupar-se mais em esclarecer o que está a ser publicado do que em debater as fugas de informação.

No meio de uma crise financeira, bancária e económica só precisávamos mesmo de uma crise política envolvendo o primeiro-ministro.

O que se está a passar é mesmo muito preocupante. Talvez a maior ameaça às mudanças que o país tanto precisa para garantir o regresso da prosperidade.

Sócrates tentou fazer um conjunto de reformas que ameaçaram os direitos adquiridos de muita gente no país. Todos diziam que era preciso fazer isso. Nunca ninguém o fez. Por variadas razões, muitas perfeitamente justificáveis, como a ausência de estabilidade política.

Se Sócrates for vencido sem ser em eleições, tenho dúvidas que mais alguém tenha a coragem de iniciar as reformas que se tentaram fazer - com mais ou menos sucesso - nesta legislatura.

Sendo ou não verdadeiro o que os maiores apoiantes de Sócrates dizem - sucessivos ataques ao primeiro-ministro praticamente desde que se candidatou - qualquer novo Governo terá naturalmente mais receio de ser tão reformista como este tentou ser.

É preciso evitar a habitual tentação saloia de dar carta branca a tudo o que é estrangeiro. (O que não significa que a história não seja notícia).

Sendo os pedidos de informação das autoridades judiciais inglesas enquadrados nos princípios de cooperação judicial, é bom não esquecer essa cooperação não existiu quando foi pedida por Lisboa. E que os ingleses teriam actuado de forma muito diferente se fossemos nós a pedir informações sobre o seu primeiro-ministro.

Dito isto, vale a pena esclarecer o mais depressa possível o que se está a passar.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Informação e fugas de...

Porque estamos, alguns, mais preocupados com a fuga de informação do que com a informação, em si?

Freeport - questões

Porque não nos queixamos às autoridades?

Uma das questões que me colocaram em conversas sobre o caso Freeport foi:

Se alguém estava a pedir dinheiro para um licenciamento - os tais 4 milhões referidos pelo tio de José Sócrates - porque ninguém fez uma denúncia?

domingo, 7 de dezembro de 2008

BPN e Casa Pia

Marcele Rebelo de Sousa hoje na RTP,
- Para exemplificar que o caso BPN nada tinha a ver com a actual liderança do PSD usa como comparação o caso Casa Pia (que, subentendeu-se, nada tinha a ver com a então liderança do PS)

Muito interessante.

A decisão de nacionalizar o BPN tem ainda um "racional" com falhas.
A proposta de Miguel Cadilhe - em que os esforço de recuperação do banco era partilhado entre o Estado e os accionistas - foi rejeitado sem qualquer negociação. (A remuneração oferecida ao Estado poderia ter sido negociada)

Sairia mais barato aos contribuintes portugueses.
Um dos contra-argumentos que me apresentam é: se os accionistas não tiveram dinheiro para a segunda tranche do aumento de capital que garantias existiriam de que tinham dinheiro para o novo plano. O pior é que os accionistas dizem que não aumentaram o capital porque já se sabia que o Governo ia decidir pela nacionalização.

Enfim. Esperemos que Marcelo não tenha razão. Viveremos infinitamente em efeito ricochete - saltando de casos em casos - com pouca Justiça.