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domingo, 19 de abril de 2020

Isolados. Adolescentes.Seguimos.

É com a maior cara de pau e amor do mundo que sempre volto aqui.
Já expliquei em vários e espaçados posts o que me faz ir e voltar e voltar menos do que gostaria e viver mais que teclar, bla bla bla, escreve deleta escreve deleta, ....
Mas tem hora que eu to na vida, isso, vivendo, que eu penso “putsssss isso deveria estar no blog”.
Então to aqui, mais um post, anos depois.

Acontece que Isaac já fez onze anos.
Cresceu, ficou cabeludo (e peludo, ele que não leia esse post até atingir maturidade suficiente pra esconder dos filhos dele e não vir brigar comigo), começou a falar palavrão e calça mais do que eu.
Está adolescentando, exercendo os plenos direitos dele.
Só que entre pelos, crises de humor, intensidade grau figurino da Elke Maravilha, temos um período denominado como isolamento social.

Prometo não falar nada sobre isso. Sobre o isolamento.
Mas eu tenho que registrar que, coleeeega, é processo de evolução que não se pode botar defeito.
Pra mim e pra ele. Não sejamos injustos.
Não há teoria ou fórmula que consiga explicar tal momento vital.
É cada explosão que a gente não sabe nem de onde veio.

Eu, mãe, tento me munir de santa paciência todo dia. Compreensão, coerência, sabedoria e graça.
Cada “filho, vem aqui, vamos conversar” eu encaro como encarava carregar bombinha de festa junina no bolso do shorts.
Encaro com aquele medo do assistir meu pai bater manga com leite no liquidificador. A gente tinha plena certeza que dalí sairia o poltergeist. Depois inventaram o espetáculo do refrigerante com a bala de menta e a manga virou só uma fruta, não um ovo de gremlin que não podia entrar em contato com lácteos a qualquer hora do dia.

To divagando, eu sei, mas é muita coisa.
Muito sentimento, muita dúvida, muita vontade de gastar o vale viagem no tempo que não existe.
A gente tem que encarar. Com fé, garra e amor.
Eu sei.
Eu encaro.

Mas também estou debutando né?
Tirando a minha própria adolescência, conheci nenhuma outra.
E trato aqui com um exemplar de outra geração, outra realidade, outros obstáculos a sobreviver.

A escola é tudo o que ele pedia aos céus:
On-line, em casa.
Porém ele percebeu que não é tão legal quanto parecia.

Os amigos, aqueles que a gente encontra todo dia faça chuva ou faça sol, não são mais diários.
Se são, são a distância.
E essa galerinha está penando um tanto pra entender que esbarrar com colega assim, ó, fisicamente, faz falta.

Não da pra ir dormir na avó.
Não da pra ir na casa do amigo.
Natação? Esquece.
Tênis? O clube tá fechado.

Da raiva, da medo, da dúvida, frustra.
E eu vou tentando, caindo, levantando.
Pula armadilha, segura a ansiedade, num looping infinito.
Buscando esse equilíbrio desequilibrado.

Ele vai crescendo.
Isolado.
Adolescente/
E eu junto. Crescendo junto. Com certeza.


domingo, 11 de junho de 2017

Amor

Antes de começar este post preciso fazer algumas considerações:
ok que hoje é dia dos namorado e falar de amor hoje me entrega ao clichê.
Ok que falar que o filho é namorado da mamãe é coisa pra lá de estranha que me irrita desde sempre.
E mais ok ainda qhe vai parecer pouco criativo:
Mas acontece que eu mantenho isso aqui - mesmo que sem-vergonhamente - é pra todo tipo de momento e inspiração, então me deixa.

...

Isaac está beirando os nove.
E isso faz dele uma pessoinha quase que completa no quesito emoção.
Engatinha ainda em vários subtítulos do tema.
(Eu mesma engatinho em muitos)
Mas vai aprendendo como lidar com os motivos inexplicáveis e não-contáveis do existir.
Sofre.
Eu sofro.
(Pq mãe sofre mesmo e ponto)
Nós sofremos.
Assim a vida segue no curso, tranco e barrancos, velejar que nos compete.

Tá.
Mas é aí, não sei em que coordenada espacial, que entra o sentimento maluco e nem sempre gratificante que é o amor.
Lindo, mas nem tanto.
Puro, mas às vezes.
Completo... de dúvidas.

Não minto.
Mostro - sempre que consigo - que o amor é controverso.

- filho, eu te amo, você é a coisa mais importante pra mim, mas eu sou mãe de merda às vezes é esqueço que tinha reunião na escola.

- te amo e sou responsável por você. Desculpe, mas na próxima eu compareço.

- filho, a mamãe tá um tanto chateada hoje. Te amo, mas ó, daqui uma horinha eu organizo as minhas ideias e estarei melhor.

E ainda tem aqueles momentos em que eu preciso que ele saiba que o amor existe na vida dele.
Mesmo que pareça que não.

- isaac, você é muito amado, sabia?
Quase sempre o safado fala que não pra ganhar cafuné e ouvir a mesma frase inúmeras vezes, sorrindo grato, respirando fundo.

Enfim....

Hoje ele estava particularmente cheio de amor pra dar.
Disse que eu sou a melhor mãe do mundo (cof cof).
Disse que eu sou muito amada e exato que é, já emendou com "você sabe muito bem disso".
Disse que queria me abraçar pra sempre.

Óbvio que derreto.
Claro que deixo ele ver meus olhos transbordando.
E digo ainda que sou muito grata pela minha vida.

Mas hoje fiz do amor um ciclo infinito:

- filho, sabe como a mamãe te ensina a amar?

 curioso que só, me olhou bem nos olhos e nem piscou aguardando o segredo do universo.

- te amando.

- é né, mãe?

- eu só sei assim filho.

- eu acho que que eu também.

...


segunda-feira, 22 de maio de 2017

Sedentário de carteirinha

E então que não pari o Michael Phelps.
Nem o Jordan.
Muito menos um Beckham.

Isaac é todo pensamento.
Raciocínio.
Troca qualquer brincadeira ao ar livre por um gibi.
Se vamos ao parque ele sobe no ponto mais alto do brinquedo e fica lá a observar o tempo.

E isso não é de agora não.
É item de fábrica.
Foi à natação resmungando até aprender a nadar, aí perdi os argumentos.
Judô enquanto achou engraçado, aí não havia faixa que o segurasse no esporte.
Arco e flecha, pilates, basquete, tecido circense.
Ele mostra interesse e a gente imagina que a próxima será a escolhida.
Até pode ser, mas por hora, por tempo limitado.

O negócio da criança é robótica, xadrez, lógica, videogame, livros e livros e livros e livros.

Não acho ruim não.
Acho lindo.
Mas é que a gente tem que achar um equilíbrio nisso tudo.

Atualmente Isaac escoheu o tênis.
Isso.
Raquete, bolinha e professor querido.
Vamos indo.
Tivemos período de yoga, mas como a mestre foi meditar em outro canto do mundo... damos um tempo.

Mas não pense que é uma coisa assim "yupiiiii hoje tem tênis".
Ele até vai, mas mais naquelas...
E eu sempre arrumo uma brecha pra falar do fortalecimento físico.
Metáforas, parábolas, poesias, músicas, diálogos, monólogos.
Ele sempre no jeito e no tempo dele.
E eu me encaixando, tipo uma gladiadora encarando uns leões.

Aí que no meio desses papos ele judia:

- mãe... sabe qual é o músculo mais forte de todos?

Confesso que na hora assim, só pensei em valorizar o exercício e respondi que, para um tenista, eu achava que era um músculo ligado ao ombro...
Ele me lascou aquele olhar de reprovação e de maneira bem seca querou minhas pernas fracas:

- o cérebro. LÓ-GI-CO.

...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Bê u ene dê a.

faz tempo que vc que me acompanha sabe que sou boca suja.
Verbalmente despudorada.
Criação vocabular livre.
Com os benefícios e malefícios, faço o uso de certas palavras que deixam muita gente se olhos arregalados.
Incluindo meu filho - aquele garotinho de oito anos - que me repreeende a cada putamerda proferido.
Enfim...
Toda essa introdução pra falar sobre a poupança, a buzanfa, a traseira, o popô, a anca, as nádegas.
A minha?
A sua?
A nossa?
Não!
A bunda que falamos hoje é iluminada, superior e suprema.

Pausa
Acontece que ouvir assim, da boca do seu filho a palavra bunda, aqui é um evento.
Despausa

E lá vem o causo, estava eu dirigindo dia desses, isaac no banco de trás mirando a paisagem.

- olha mae! Olha a lua!

- olha a lua? Cadê?

- ali ó!

- Olha só!!!! E tá parecendo com o que essa lua hoje, isaac?

...

Silêncio.
Aquele que faz a gente morrer de curiosidade, depois de orgulho, de vergonha ou de rir internamente.


- pensando bem, mãe, a lua pode ser a bunda de Deus.

Acompanhei o raciocínio viu?!?! Pode parecer maluquice, mae acompanhei.

- a bunda de Deus?

- é.

- mas me diz, tem dia que ele tá mais tímido e mostra menos, depois mais um pouco e tem dia que tá desavergonhado e mostra tudo assim, bem cheia?????

Ele riu né?
Depois me olhou com aquela cara "essa velha não leva nada a sério" e riu mais um pouco.

....
E aí veio outro silêncio.

- se fosse, ia ser uma bunda bem feia.
S
E ficou ali, visualizando uma bundona beeeeem grande, branca e repleta de crateras.

E eu morri.
Como sempre.
De amor e de rir (internamente)

..:




quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Nocautes

Sabe a Ronda?
Mas não aquela Ronda. Dos áureos tempos.
To falando da atual.
A do último UFC do ano?!?! Sabe?!?
Então.
To fazendo cosplay de Ronda.
Nao tenho me enfiado em briga e arte marcial não faz meu gênero.
Acontece que tenho um filho de oito anos.
Menino.
DNA estabanado.
E a realidade se tornou outra.
Sabe aquela corridinha que seu bebê dava em sua direção e te fazia o ser mais feliz e completo de todos os mundos?!?!
Vixi... ficou ali, de lado, junto com as unhas do meu dedinho do pé.
A tal corridinha continua terminando num abraço. Mas entre a corridinha e o abraço temos aí posso, uma trombada, um soco acidental nos peitos é uma cabeçada no queixo.
Puxões de cabelo acidentais. Fato.
Peça de lego no olho. Quase sempre.
Chute na boca durante as brincadeiras no sofá? Opa!
E se for dia de cama compartilhada então.... não consigo nem explicar os golpes.
Tudo fruto do mais puro amor e carinho.
Mas a regra é clara, Arnaldo.
Pediu desculpa, viu como estão os feridos, tudo começa de novo.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

cabelos

eu.
logo eu que tenho um vício maluco em cortar o cabelo.
logo eu que num belo dia adolescente troquei as madeixas pela cintura por um curtinho cortado à máquina.
logo eu que nunca, nunquinha, fui adepta do "só dois dedinhos".
logo eu que só vivo de shampoo e condicionador, sem pente, sem hidratação, sem escova, sem secador.
sim, eu.
pari criatura que não só está com cabelo quase maior que o meu como também tá numa neura de que "se o barbeiro cortar demais eu nunca mais piso lá".
sério.
isaac resolveu, aos sete, deixar o cabelo crescer e eu vi nisso uma oportunidade bacana de:

a) puxa, cada um tem um gosto e preferência para a própria aparência.
b) bora ensinar sobre paciência e higiene
c) cabelo ensina a ser responsável? tô dentro.

então que desde o final do ano passado isaac vinha nos enrolando dizendo que só iria deixar o cabelo crescer "até março".
chegou março e ele decidiu que curtiu a franjona na cara e os comentários e elogios da galera, que, em sua maioria acha a loirice linda balançando ao vento.

e lá vamos nós...

filho cabeludo? sim, trabalhamos.
comprar condicionador, pente largo, secar a cabeleira pra ir pra escola nesses dias frios? quem nunca?
(eu, mas tá valendo, que ser mãe é se transformar)
explicar sobre piolhos, caspa, oleosidade e embaraço? tá no repertório mais recente.

um outro mundo.
aliás, isaac me apresentando a mais um deles.
desses mundos todos que ainda vou viver, dentro desse universo que é maternar.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Religião: entre game overs e reencarnação

Eu ainda não sei dizer a vocês se somos sem vergonhas ou bem abertos quando o assunto é vida-morte-força-maior.
Acontece que acreditamos em Deus, o Papai do Céu.
De diversas maneiras.
Outro dia mesmo disse em voz alta que não me sentia evoluída para evoluir em religião alguma.
E pra dormir com um barulho desse, levando em consideração todas as perguntas que cabem a um ser humano de 7 anos, não é tarefa fácil.
Mas a gente vê que a fé não costuma faiá aqui em casa quando participa da seguinte conversa:

- Mãe, esse negócio de onde a gente vai depois que morre é engraçado.

(a mãe aqui pensa pensa pensa mas não perde a mania)

- Engraçado? Pois é, Isaac, as vezes também acho. Mas como assim?

- Então, eu estava pensando aqui que a gente deveria passar por um portal onde a nossa barra de vida ficaria infinita.

- Em que momento da vida?

- Assim, depois do game over. A barra de vida ia ser infinita, com muitos corações.

PAUSA

Se seu filho ainda não se entregou aos jogos LEGO, eu te explico: cada coraçãozinho da barra aguenta umas três porradas da vida eletrônica... mas isso é mais ou menos assim desde que o mundo é mundo, então né...

DESPAUSA

- E aí? a gente ia viver no game over?

- Não! depois de um tempo a gente nascia de novo. Pode ser no "formato" de outra pessoa.

- Posso ser um animal????

- Não sei.

- E a Galinha Pintadinha? Posso???? (ele odeia quando retomo a super infância embalada aos top hits da galinácea)

- Mãe! É sério!

ploft.

(recolham os pedaços da mãe ali, que quase desintegrou com tanta maturidade)

...

terça-feira, 22 de março de 2016

Bruxelas

Isaac faz uma vista rápida a avó onde a TV notíciava os atentados em Bruxelas.
De longe observei ele atento às legendas e imagens.
Fiquei alí, só me preparando para o zilhão de perguntas que brotariam a seguir.
Ele ficou quieto, um tanto chateado, nem esboçou dúvidas sobre o ocorrido.
Ao entrar no carro...
(Ah, o carro, nosso ninho psico-paradoxo-estranho de conversas mil)

- mãe, o que é Bruxelas?

- Bruxelas é uma cidade que fica num país chamado Bélgica.

- couve de Bruxelas?

- também.

Silêncio. Danou-se.

- mãe, eu acho que eu tenho DNA de inseto.

- sério? Pq?

- então, a mosca não vai direto na luz da televisão?

- sim.

- isso! Eu não conseguia tirar os olhos da TV e ver aquelas coisas que aconteceram em Bruxelas.

Meu coração moeu-se.
Realidade dura e feia essa.
Inexplicável.
Imagina então encontrar didática para falar de tal assunto?
Eu?
Fiquei alí.
Olhei bem nos olhos dele e perguntei se ele tinha entendido bem o que tinha acontecido.
Isaac fez a cara mais triste do mundo.
Não me deixou dúvidas sobre o seu sim.

- também ha esse tipo de vilão hoje no mundo, filho.

- os que explodem?

- sim. E como vc viu, no meio de um monte de gente inocente.

Um suspiro fundo.
Uma decepção com o real.

- mama, então eu acho que deviam passar essas notícias ruins só em "bruxelês", aí a gente não ia entender.

Faz sentido.
Às vezes, muito.


sábado, 13 de fevereiro de 2016

Pequenas nerdices, religião e praticidade

titulo de post mais controverso não há, eu sei.
Mas é isso mesmo.
Sem preconceito algum digo que tenho um filho nerd, ou geek, sei lá.
Ainda me familiarizo com toda a nomenclatura.
No final das contas, Isaac é daquelas pessoas que curtem aquilo que o povo chama de coisa de nerd.
Troca qualquer programa por um filme da marvel, tem uma infinidade de livros sobre criaturas, se interessa mais pelo C3PO do que por mim, tem dias, confesso.

Enfim,
Acontece que depois que apresentamos Marty McFly e Doc ao pequeno, ele arruma uma maneira de enfiar o Delorean onde consegue.
Explico.

Viagens no tempo, comparações com o passado, previsões pro futuro, experiências e imaginação a mil.
Coisa de criança e mãe de criança.
A gente se entrega.
Brinca, curte, tira e volta os pés no chão.
Como se deve.

E aí, que outro dia, Isaac - que diga-se de passagem está formando suas ideias sobre religião - suspira, e expõe a ideia:

- mãe, eu acredito que Jesus já sabe tudo o que vai acontecer com a gente.

- é filho? Vc quer saber no que eu acredito?

- lógico!

(Adolescência, não nos roube isso, poooooor favor)

- acredito que Jesus e o papai dele tem algo planejado pra gente sim, mas eles nos deram um poder.

- mutante?

- mais ou menos. Eles nos deram o poder de escolher.

- só?????

- então, só. Mas olha, a gente aprende muitas coisas, o que é certo e o que é errado, mas muitas vezes fazemos o errado.

- como assim?

- hummmm... Acho que quase todo mundo sabe que fumar faz mal, certo? Mas mesmo assim tem gente que vai lá, compra o cigarro e fuma.

- Jesus ensinou que fumar faz mal?

- de certa forma, ensinou que a gente deve cuidar da nossa saúde.

- aaaa... Mas ele sabe do nosso futuro.

- sabe?

- saaaabe. E a cabeça de Jesus é tipo um Delorean da nossa vida.

Explodi de orgulho, gente, explodi.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

E chegou o dia

Então....
Antes eu ficava louca pensando em quando Isaac crescesse e quisesse começar a ler esses escritos aqui.
Nunca me permiti censurar.
Meu filho, vive comigo, sabe bem das coisas que faço e falo.
Certeza que ia reprovar uma montanha de coisas, se envergonhar com tantas outras.
Ok.

O tempo passou, a maternidade mudou pra mim, em mim, me mudou... esse blog aqui ficou um tanto abandonado... E tal....
E o dia chegou.

Antes de eu falar de hoje, preciso contar que sexta-feira tive conversa super produtiva com colega-pai-de-menino-de-dez-anos.
A gente falando das crias informadas e informatizadas, da tecnologia, desse mundo maluco.
E ele me disse que o filho quer ser YouTuber quando crescer (ou daqui dois anos, quem sabe).
Como toda mãe, curti horrores a conversa durante bom tempo, enquanto ela passeava pelos Meus pensamentos.

Enquanto isso, eu e Isaac Passamos o feriado montando um castelo de lego.
Lindo, enorme, cheio de criatividade e detalhes.
Hoje ele acordou agitado, contemplou o castelo, se orgulhou e deixou a coisa fluir:

- mama!!!! Tira uma foto! Foto boa hein?!?!

- Ok. Assim???

- isso. Agora coloca no Safari.

- oi?!?!

- isso mãe, na internet ó!

(Sua velhota lerda e desatualizada - dava pra ler nas entrelinhas)

- vc quer seu castelo na internet?

- sim. Na página do Google de "castelos legais".

Fiquei ali, parada, sei lá se admirando o momento sei lá se mergulhando na doideira ou chorando por dentro.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

as sete (e muitas mais) faces do ser humano de sete anos

Esse é um apanhado do todo dia lá em casa.
De como é ser mãe, amiga, colega de quarto, de brincadeira, de zueira e de briga.
Esse é um tanto do Isaac, e de mim, pq não?!?!

O educado:
Assiste indignado o narrador de um canal infantil que usa a frase "sai da frente" para anunciar o desenho que vai começar.
- nossa! que moço mais mal educado? Ele não sabe que se diz "da licença"?

O consciente
Assusta ao ver a máquina de lavar roupa completando um dos seus ciclos.
- mãe!!!! Você sabe bem que está acabando com a água do planeta, né?

O fofo possessivo
Me abraça forte e repete um milhão de vezes:
- vc é minha mãe, minha mãe, minha mãe, só minha, minha minha.

Só que não
Me olha bem nos olhos e metralha:
- sai, sai, você atrapalha minha brincadeira.

O saudável
Abre o saquinho de mini pizzas e fica horrorizado:
- você tá de brincadeira né? Cadê tomate? Isso aqui é só um pãozinho redondo com queijo!

O carente
- vc não me ama! O iron não me ama! Ninguém me ama!!!! Como é que alguém vive assim?

O nerd
- mãe, mae, acorda!
- hummmmm
- mãe, acorda! É sério!
- oi filho.
- como é mesmo a música do darth vader?

O controverso
- posso escolher? Então eu quero pizza de brócolis com rúcula.
- só isso?
- só. Mas não esquece do bacon.

O safadinho
- ai To cansado.
- muito?
- ai ai ai ai (bem tipo maria do bairro)
- mas tá com dor também?
- ai ai ai ai ai (bem tipo marimar)
- onde?
- ai, aqui ó, nos pés.
- aqui?
- é. Aproveita e faz uma massagem.

O polêmico
- Isaac? Quem vc acha que manda em casa?
- a mamãe, ela manda em tudo aqui.

O sedentário
- vamos! Vamos pedalar!
- aaaaaaaaa....
- vamos Isaac! Faz bem pra sua saúde! E é super divertido!
- divertido? Onde é divertido fazer força e ficar com dor nas pernas?

O negociante
- Ok. Vamos combinar. Você pedala x minutos e ganha x minutos de jogo no tablet.
- tá, mas se eu pedalar mais eu vou poder jogar de graça?

O bagre ensaboado
- mãe, eu fiquei na cor amarela hoje na escola (todo miando).
- a é? E o que houve?
- olha, me escuta primeiro, eu não sabia que conversar enquanto um outro amigo estava apresentando seu trabalho era sinal que eu não gostava dele.
- mesmo assim, a professora está certa. Não é legal atrapalhar o colega.
- é, mas eu gosto dele! (Faz a vítima)
- sei.
- mas eu gosto de conversar tbm, oras. Ela não entende?????

O dramático
- vamos filho! Já já vc tem pilates!
- pilates????? (Lagrimazinha no canto)
- sim, pilates.
- pq? Pq? Pq???????

O prático
- vamos! Vc tem que terminar todos os exercícios. Depois vc escolhe o que fazer.
- sério?
- sério.
- é isso. Vc não me ama mais.

O docinho de coco da mamãe.
- e aí Isaac? Tudo lindo na escola?
- tudo, mas faltou uma coisa.
- o que?
- vc, mãe, faltou vc.

O surreal
- vem aqui mãe! Deita e levanta a blusa!
- pra quê meu filho????
- vou tirar a tampa do seu umbigo e me enfiar aí de novo.

O impaciente
- calma Isaac. Precisa ter paciência.
- paciência? Pra que serve paciência?
E antes de eu concluir um movimento respiratório completo...
- pra que serve? Pra quê? Pra que serve? Hein? A paciência? Ela serve pra que? Oi? Quem precisa de paciência? Que paciência? Hein? Manhê? Vc tem paciência? Que paciência? Pra quê?

O saudoso-canibal
- mãe, eu estou com tanta saudade que engolia você e guardava aqui dentro.

O canibal-canibal
- estou com fome. Mas tanta fome! Vem cá!
(E faz aquele mundaréu de onomatopeias fingindo que está me mastigando)

O brontossauro
- mãe! Eu não comi lanche na escola hoje. Agora, se eu pudesse comia uma árvore. Mas aquela árvore gigante, lá da avenida, aquela enorme. Bem alta.

Na TPA (tensão pré-alguma coisa que ainda não descobri)
-humpf....
- tudo bem filho?
- afffffffuuuuu....
- Isaac?
Ele me olha torto, bem torto, levanta e vai até o lugar mais longe que consegue, se enfia num gibi e só sai quando está morrendo de fome.

O super sincero
- mãe, não vá se ofender, mas, com essas unhas compridas, vc está parecendo uma BRUXA.
Ao ver minha decepção ele manda:
- ué, eu tinha que falar. Tinha!






terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Três minutos



Achei interessante ser esse o primeiro post do ano.

(Tenho sido uma blogueira sem vergonha e não nego)

Acontece que a gente, por mais insano que pareça, quer mesmo é a bendita da felicidade.
Quer ser feliz.
Quer o filho feliz.
Marido, cunhadas, sogro, sogra, pais, país, universo. Tudo na plena felicidade.
Impossível?
Sei que é.
Mas não custa tentar.

Acontece que eu, ser reclamão, porém chegado numa gargalhada bem dada, tenho sofrido muito com a ranhetice do Isaac.

Ele é lindo, saudável, vive bem, escola legal, pais que o amam, dentes sendo alinhados pelo aparelho, mas risada zero.

É difícil tirar um sorrisinho do danado.
Ele é emburrado de natureza.
Não vê graça.
Gargalhada é coisa rara.

Enfim, estava eu outro dia, só com meus botões, me entregando as músicas, como de costume, tive uma ideia.

Vou fazer três minutos.
Três. Só três.
Começo sozinha, tenho certeza, mas sei que ele vai se render.

E como quem não queria nada, coloquei a música mais dançante e pulante da playlist e me joguei nos movimentos.
Dancei como se Ana Botafogo fosse (tivesse tido um ataque).
Dancei feito clipe dos anos 80.
Moves like jagger, Jackson, travolta.
Pelos três minutos e poucos da música eu ri de mim, rodopiei e girei.
Cantei alto.

E quando me dei conta havia um serzinho loiro de olhar reprovador parado na porta da sala.
Não sabia se ria, chorava ou ligava pro conselho tutelar.

Estava achando aquilo tudo um absurdo gigantesco.
Vergonha da mãe que tem.
Branco, apoiado na parede como se tivesse 60 anos.

Eu só parei a hora que a música terminou.
Olhei bem nos olhos dele, toda descabelada, e propus que ele também tivesse aqueles três minutos.

Estendi a mão, tentei brincadeira, chamei.
E ele:
- eu, hein?????

Nota pra mim mesma e pra vc, Isaac do futuro: nunca se permita desperdiçar oportunidades de ser feliz, mesmo que sejam os três minutos mais bobos ever. Sempre vale a pena.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

esse velho aí não existe

das loucuras dessa vida, a maior - creio eu - é esquecer que o tempo passa, e junto com ele a inocência e as gracinhas infantis.
isaac ainda é criança. sim. sim.
mas não é mais um bebezinho.
nem um menininho fácil de enganar.

acontece que no começo do mês ele veio falando sobre os presentes de natal.
e eu, toda desatualizada, perguntei sobre a cartinha que ele escreveria ao noel.
e tomei, claro:

- eu sei que não é ele que traz os presentes.

ploft!
momento drama da mamãe.
aquele mimimi todo que vocês já conhecem.
logo pensei que com sete anos eu já tinha mandado o bom velhinho à merda.
então, tudo bem.

bom,
e como vocês tbm me conhecem, eu não deixei quieto:

- e quem é que traz os presentes, isaac?

- uma pessoa vestida de papai noel, ué.

- uma pessoa qualquer?

- é. um desconhecido.

- alguém que não te conhece?

- é.

- e traz um presentaço pra vc no natal?

- é.

ploft!
momento mãe lokalokaloka.
pensei em cooooooomo meu delllllssss!!!! essa criança, nesse mundo louco, cheio de perigos, poderia i-ma-gi-nar que um estranho pode ser legal a ponto de dar um presente pedido e aguardado durante o ano toooodoooooo??????
bora destruir esse conceito aí, minha gente.

bom,
não sei se fiz certo. não se se deveria, mas cortei aí.
expliquei com calma, com amor e paciência... fui conversando até ele mesmo chegar a conclusão de quem, na real dava os presentes a ele.

senti sim a decepção.
fui olhada daquela maneira que arrepia, sabe?
daquele jeito "sua velha cruel, mentiu pra mim durante tooodos esses anos????".

mas ó, passou.
mas passou assim:

- mãe, então se antes eu ganhava um presente do papai noel e um de você e do papai.... agora vocês vão me dar DOIS presentes?????

né?

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

as voltas que o mundo dá, o feminismo e a doce arte de educar uma criança...

título longo, eu sei...
mas não consegui resumir, nem pensar em um melhor.
mas vamos lá... organizar as ideias.

acontece que aos sete anos eu ia sozinha ao supermercado.
com a mesma idade eu já era capaz de deixar louça lavada, cozinha arrumada e tarefa feita.
já lia e escrevia meus livros, fazia capa e tudo.
ia pra escola a pé sem reclamar.
já sabia que ônibus tomar, contar os dinheiros e solicitar o troco caso faltasse.

certeza.
a geração antes da nossa não estava a fim de criar bundões.
seja lá por qual motivo, a educação a base do olhar de repreensão, das ocasionais chineladas e dos temidos "vai lá no meu armário e pega a cinta", funcionou.
bom, pelo menos pra mim.

mas acontece também que o tempo passa, as cabeças pensantes e influentes se transformam, a tecnologia avança e penso eu agora que virei bundona.
em algum momento, com algum sentido, me perdi na coisa toda.

hoje sou eu quem cria um filho de sete anos.
que reclama para ajudar em tarefas simples do cotidiano.
que nem imagina uma realidade onde ele lave o próprio copo.
vá lá limpa a própria buzanfa sem achar aquilo um absurdo.

e eu fico me perguntando em que momento da vida a coisa desandou...
como é que eu não segui com os ensinamentos passados pela minha vozinha e depois minha mãe.
que tipo de ser eu acho que vou deixar pro mundo.
um bundão feliz?
um egoísta?
um infeliz de tão feliz?
uma daquelas criaturas que se frustram por ter que colaborar?

mas mesmo me fazendo uma infinidade de perguntas eu não desisto.
é lógico ser mais fácil ir lá pegar o copo, dar dois passos e colocar na pia do que desfiar um sermão sobre a contribuição e convívio em sociedade, mas eu não me poupo.
falo sobre a vida, sobre tudo o que significa ter a atitude de pegar o copo que usou e levar até a pia.
o copo, o prato, os talheres e o guardanapo, que deve ser jogado no lixo reciclável.

ainda tem o tênis, a mochila, os brinquedos.
os horários e compromissos.
o banho sem demora, a roupa limpa, a suja, a cueca longe do chão.
enfim, as responsabilidades.
que já existem sim, e eu não as ignoro.
não deixo que isaac esqueça também.
oras.

eu não esquecia.
e olha que tinha sete anos.
ai de mim se precisasse de supervisão adulta para as responsabilidades que faziam meus dias na época.
eu mesmo me cobrava em ajudar, já que minha mãe trabalhava o dia todo... nem passava pela minha cabeça dar mais trabalho a ela.

não quero viver de extremos.
não quero ser igual a minha mãe.
mas também não quero ser tão diferente assim.
quero mais é que o mundo dê voltas e voltas e volte de novo, pois acho que assim também se aprende.

e como é que pensei nesse texto?
olhei meus cintos no armário esse final de semana e gelei ao pensar se todas aquelas taxas e fivelas enormes morassem no armário da minha mãe em 1986.

...



quarta-feira, 7 de outubro de 2015

vivendo e ensinando e aprendendo (como o consumismo acontece lá em casa)

está ele lá.
isaac parado, só de cueca, em frente ao espelho:

- sabe, mãe, eu não entendo.

(antes de eu me apavorar imaginando todas as questões que envolvem um menininho de 7 anos, cuecas e espelhos, fui traída pela minha própria língua e pensamento rápidos)

- o que você não entende, isaac?

ele coloca as mãos na cintura, mira bem a cueca, o pipi, sei lá, a parte de baixo:

- esse negócio das cuecas, mãe.

(pronto. agora ele vai querer andar com o pássaro livre. só pode)

- como assim?

ele pega no pipi, bem na frente, bem menino, bem sei lá. não consigo explicar.

(e já começo a pensar num bom motivo de eu não ter mandado ele vestir logo a bermuda)

- eu não sei pq eles colocam esses desenhos de personagens na cueca.

(respondo um pouco aliviada, só que não. isaac sempre tem questões surpresa guardadas na manga)

- não sabe?

- é não sei. pq, ó, veja bem...

(iiiiii, o veja bem, me lasquei)

e deixo ele continuar, olhando firme seu reflexo no espelho.

- se a cueca fica escondida, pq é que ela tem que ser bonita ou ter o personagem. só eu que vou ver...

- entendo sua dúvida, filho... entendo.

- então, mãe, não é sem sentido????

(e lá vamos nós)

- sim, se a gente pensar dessa maneira, sim... mas eu vou te explicar um sentido mais triste.

- triste?

(só pensei nessa palavra, foi mal)

- é. triste. vc sabe pq eles colocam os personagens nas cuecas?

- não.

- pra mães bobas, como eu, irem na loja, pensarem nos seus filhos fofos, e gastarem o dobro do dinheiro num pacote de cuecas só pq há um personagem nela.

- cueca com desenho é mais cara?

- sim, amor, bem mais cara.

- e vc comprou?

(aí eu já estava jogada no chão, me achando a pior das criaturas)

- comprei, filho, pq na hora a tonta aqui só pensou em como vc curte assistir a esse desenho. e comprei.

- hummmm ...

(ponderou ele, com uma cara de pena, que deu pena de mim)

- é isso que as empresas fazem, isaac, nos enfiam produtos que não precisamos.

- como exemplo, cuecas com desenhos que ninguém vai ver.

- isso.

- ó, mãe, eu não preciso de cueca com desenho. é legal, mas tudo bem usar cuecas lisas.

(ploft! só não morri alí pq se o papo rolou eu devo estar acertando em alguma coisa)

- que bom filho, que vc entende assim.

(aí acho que ele percebeu a cara de "puta que paril! que merda! como eu pude me render as cuecas estampadas e licenciadas???? que caralho de mulher/mae/ser humano sou eu????)

- mãe, olha aqui na gaveta.... eu tenho muitas cuecas lisas. olha!

se certificou de que eu realmente estava olhando na gaveta, sorriu e saiu, correndo atrás do cachorro.

...

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

da mãe que pensa, sofre, senta, chora e levanta, dança, grita, ri, vira cambalhota.

pois é.
ser mãe é ser bipolar.
ou tripolar.
ou quadripolar.

tenho aprendido no todo dia.
e mais importante, estou - aos poucos, diga-se bem - conseguindo lidar com tudo isso.

sim.
corro o risco de ser só comigo.
de a bipolar mesmo ser eu, não a maternidade.

só que acontece que eu comecei a chamar a maternidade de montanha russa desde que me vi grávida.
então, tenho pra mim que é tudo um conjunto.

e eu não falo de bipolaridade com preconceito.
falo pq eu tenho me analisado e, numa tarde, eu consigo ir de música clássica a heavy metal sem nem perceber.

explodo de raiva ao mesmo tempo que me encolho ao mesmo tempo que explodo de orgulho pelos feitos do isaac.
choro ao mesmo tempo que rio ao mesmo tempo que dou bronca ao mesmo tempo que dou cambalhotas.

desenho animado, cara amiga?
não.
eu, sendo eu mesma, sendo a mãe em que me desenvolvo.

lógico que eu inflo a loucura toda aqui pra dar graça.
mas é assim que me vejo.

semana passada saí correndo da sala e me tranquei no banheiro para derrubar duas lágrimas.
sim, choro na frente do isaac sim, ele tem uma mãe humana e sabe disso.
mas eu corri pro banheiro pq eu não ia saber explicar o motivo das duas lágrimas.
então me tranquei mesmo pq na hora me pareceu mais fácil.

aí, veja você, esta madrugada tive uma revelação.
estar entregue a todos os sentimentos ao mesmo tempo é quase que uma exigência nesse ramo.
o de criar filhos.
um plus curricular.
explico.
melhor, pensa na cena:
você lá, com a cria, toda trabalhada na música alegre, feliz, dançante, todo mundo girando e rodando pela sala até que o menininho começa a pular no sofá.
e a festa continua.
até que o menininho lindo resolve que subir no parapeito da janela é a nova moda.
incrementada pelo salto mortal triplo direto nas almofadas.
e aí? faz o quê?
mantém a vibe?
segura aloka e finge que não viu?

ãhã.
eu não sei você, mas eu observei a primeira, a segunda, a terceira, a quarta rodada de pulos.
e em todas elas acompanhada daquela vozinha dizendo "vai dar merda, vai dar merda, vai dar merdaaaaaaaa".
ouvi a vozinha, mudei a música, sentei no chão com a mão na cabeça e dei um grito interno.
antes do externo, claro.
que saiu assim, como se fosse liberto de uma década de isolamento.

deu pra entender?
só pra completar o raciocínio... depois do grito, logico que corri pro abraço, beijei, até sorri.
mas um segundo depois estava séria, olho no olho, dissertando sobre as consequências ortopédicas de uma queda.

né?

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Sete anos

Pois é, minha gente.
Isaac fez sete anos.
Ontem.
E eu não escrevi este post ontem pq não era dia.
Além do óbvio motivo de que eu queria mais era viver e reviver ao vivo todos os momentos possíveis do dia dele, eu tenho um motivo meu.

Eu conheci Isaac assim, mesmo mesmo, de fora pra dentro, no dia 26.
Como assim?
Explico.
Lógico que cheirei a cria e sorri pro meu filho assim que ele foi retirado da kitinete quentinha que dividia com todos os órgãos vitais desta que vos tecla, mas depois dormi e só fui subornar enfermeira pra ter o pequeno nos braços na madrugada, quando me recuperei da anestesia.
Ou seja, comemoro o dia de hoje tanto quanto o ontem.
E sim, Isaac nasceu de uma bem sucedida cesárea, numa limpa e esterilizada sala cirúrgica, com uma mãe feliz e amarrada pelos braços, cheinha de anestesia.
Nasceu assim, como devia e podia, diante das informações e possibilidades que eu tinha na época.
E sim, foi para o berçário hospitalar, ficou aos cuidados de gente que não era eu.
Foi assim, como devia e podia, diante das informações e possibilidades da época.

Saca?
Um dia comemoro a vida. E no outro, as minhas reflexões sobre aquele começo de semana.
Aquele começo de tudo.

Vc deve estar me perguntando: E então pq raios esse post de aniversário não é daquelas poesias melosas e sobrecarregadíssimas de amor que vc faz todos os anos?

Respondo: Como não? E tem mais amor do que ser verdadeira e celebrar o tudo que nasceu em mim naquele dia 26?
E com mais amor ainda, já inicio neste espaço aqui tudo o que Isaac vai ouvir um dia, toda a briga do natural versus o cirúrgico, do humano versus o desumano, do certo versus o errado, do menos versus o mais.
Do radicalismo que mora em todos os lados, em todas as conversas, em todas as esferas.
E tenho cá pra mim, que o amor que tenho pelo meu filho, também me permite explicar como isso atrapalha, diminui, anula e cancela.

Puxa! E como um post de aniversário, transbordando de amor virou isso?
Bom,
prometi a mim mesma que este texto em especial não teria rascunho.
Seria um cuspe bem cuspido no monitor. Sem lencinho pra limpar.
E depois que, estou sob forte influência do menininho loiro de agora sete anos que me chama de mamãe.
Isaac, hoje, é um ser completo.
Lógico que nas proporções que lhe cabem, mas ele vive na realidade.
Logico que durante os momentos em que feiticeiros, dinossauros e super heróis não estão em alguma aventura.
Isaac conversa com a gente de maneira que eu demorei muito pra fazer com os meus pais.
Isaac mudou e anda de cabeça erguida, defende seu ponto de vista, sorri e abana a mão pros amigos.
Isaac lê, escreve, soma, subtrai e multiplica.
Além das contas matemáticas, mais um monte de outras coisas que só vai entender quando passar dos um metro e meio de altura, acredito.
Ele é uma pessoa teimosa e implacável quando quer ser.
E fala o que tem vontade.
E se sabe que é coisa forte, apenas alivia começando com a frase com "não se ofenda, mas....".

Eu não poderia desejar outra coisa a ele. Que não seja continuar assim.
Verdadeiro e complexo.
Teimoso e sedento por aprender tudo o que puder.

Aos sete.



segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Nave Mãe

ser mãe.
tarefinha delícia porém cheia de vírgulas.
satisfação plena porém repletas de tempestades de cuspe.
um ensinar e aprender infinito.
ok.
sabemos.

e estava eu outro dia conversando com isaac sobre a vida.
jogo bem a real.
digo que ela não é fácil.
que se a gente não ter paciência a gente sofre.
que egoísmo é uma arma que usamos contra nós mesmos.
que gentilezas são necessárias para quem escolhe viver em sociedade.
e que, principalmente, ouvir os pais é importantíssimo.

tá.

ele logo pergunta se estou dando bronca.
digo que não.
mas que as vezes a gente precisa ter umas conversas mais sérias.
que eu preciso muito ensinar para ele algumas maneiras de se virar com o mundo.
de crescer num caminho legal.
que vou contando como aprendi pra ele mesmo saber o que fazer.

ãhã.

ele logo muda o assunto para video games, peças de montar e filmes de ação.

ok, vamos juntos, passo a passo.

e ele logo questiona sobre a palavra mãe estar tão presente em tudo.
a língua-mãe. explico.
a placa-mãe do computador. explico.
ele pergunta, pergunta, pergunta.
e eu, toda tonta, falo sobre a nave mãe.
a do jogo eletrônico querido.

- a nave mãe é aquela que protege as outras naves menores.

- nããããão, mãe. não, né?

- não??? então o que ela faz?

- a nave mãe é aquela que QUER controlar tudo.

(e me olhou com aquela cara de "e não controla bosta nenhuma")

ok.
mudança de comportamento! ATIVAR!!!!!

terça-feira, 14 de julho de 2015

as lições de uma mãe que não é a loira do tchan

aaaa.... as férias.
isaac entrou de férias na penúltima sexta-feira.
somemos então, são 11 dias de férias.
e eu tô rebolando, viu, gente?!
trabalho, casa, família, cachorro, papagaio, periquito and filho de férias.
vamos nos ajeitando.
mas longe do desespero que já tive em várias outras ocasiões, esse ano resolvi encarar assim:
isaac já tem seis anos.
sabe muito bem que a mãe trabalha.
e sabe que a mãe não tem férias.
em nenhuma de suas funções.
logo, sentei com ele na semana antes de tudo começar, e expliquei que seria assim.
que eu ia fazer o possível para que os dias fossem felizes e divertidos, mas que ele teria que ter paciência pelas manhãs, enquanto eu daria atenção ao trabalho.
e que alguns dias ele iria passar duas horinhas comigo na rádio.
ou ia ter que ir comigo ao supermercado.
expliquei que tinha coisas que não tinha como cancelar.
ele entendeu.
é lógico que resmungou, fez manha, mas tem entendido muito bem.
então ele dorme até não aguentar mais de manhã enquanto eu organizo o dia da casa e adianto o noticiário.
se vem comigo pra radio, já vem com kit sobrevivência a momentos chatos.
mesmo assim, tem sido um baita (e feliz) parceiro de estúdio. escolhe as músicas, ouve das notícias as palavras que lhe interessam, uma graça.
e a tarde, como de costume, sou dele.
tenho rebolado pra achar o que fazer, amigo pra chamar, tudo.
mas o mais importante é que, nsstas férias, estamos nos ensinando uma lição das mais importantes:
(atenção! foi o que aprendi esse ano, nessas férias, aliás, nesse início de férias)
que, em alguns casos - principalmente se vc não for a loira do tchan ou fã de passinho - rebolar tanto pode não ser uma boa.
eu aprendi que, as vezes, é importante ouvir o vento, sentir o sol, passar hora brincando de não deixar a bexiga tocar o chão.
pq, as vezes, quem rebola acaba descadeirado.

...


segunda-feira, 6 de julho de 2015

pensamentos de quase-mãe*

*eu ainda me considero quase-mãe...
talvez eu me ache inteira-mãe um dia, mas por hoje, engatinho.
só que meu status é outro.
de acordo com as leis sociais e toda a burocracia, pari um dependente, tenho 01 filho do sexo masculino, menor de idade.
sei disso tudo.
e não uso o quase-mãe no sentido depreciativo.
uso pq acho que ainda há muito a se aprender.
bom, mas a questão é que eu tenho um capítulo na minha vida, que eu chamo de quase-quase-mãe.
eu não me considerava tentante, eu não me considerava mãe em potencial.
eu me achava mesmo uma azarada de carteirinha.
eu não conseguia ovular.
depois eu ovulava e não conseguia engravidar.
depois eu engravidava e não conseguia permanecer em tal estado de graça.
num looping.
duas vezes.
e como bônus, cirurgias, curetagens, toda a sorte de chatice hospitalar.
além disso, as pessoas me olhando com aquela carinha de cocker spainel asmático, isso sim me matava.
passou tempo pacas, eu sei.
até hoje aprendi muito (muito mesmo) sobre mim, meus limites, meus sentimentos, a força que tenho, sobre o poder e o controle que habitam nesta gordinha aqui.
fui presenteada com o menino mais bacana do universo. tenho a sorte e o prazer de educá-lo.
não me acho mais a azarada de carteirinha.
mas ainda me encontro com os pensamentos da época.
eles retornam.
me assombram.
e as vezes, até me acalentam.
é confuso sim, mas existe.
acontece que a gente supera, só que não.
a gente esquece, só que por um tempo.
entende, digere, mas nem tanto.
e vez ou outra se pega pensando em tudo aquilo.
como se fosse o capítulo de um livro de história, mas doído de ler.
eu passei muito tempo tendo raiva de mim. me achando com defeito.
me sentindo incompleta. um ovo podre.
achando que era uma dívida alta a ser paga.
e ainda gasto (ou perco) um tempo com isso.
vendo os segundos filhos.
vendo barrigas grávidas.
vendo TV.
não é inveja. não é mesmo. é uma coisa estranha.
fico muito satisfeita em ver a família alheia.
não tenho vontade de que a minha aumente.
acontece que eu fui marcada por essa fase.
profundamente.
fui marcada de uma maneira que só eu consigo entender. e eu mesma não consigo explicar.
eu sei que aprendi a lidar com essa carol que ainda mora aqui.
bem no fundinho, mas mora.
que as vezes aparece, mas some de novo e hiberna.
que me coloca no fundo do poço mas também me resgata de lá.
uma carol sozinha, sabe?
que suspira, se deixa chorar, mas se assusta.
e se esconde.

...


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