sexta-feira, 29 de maio de 2015

Isaac, você é tão amado...

meu filho,
tenho pensado muito esses dias.
sobre o amor.
sim, sobre ele.
nas mais diversas formas.

mamãe tem estado com essa cara de cansada, filho.
não e culpa sua.
nem de ninguém.
é que adulto tem dessas coisas.
de não dormir pq quer pensar.
quer achar respostas.
ou apenas formular perguntas.

você pode achar uma bobagem grande agora.
ficar acordado olhando pro nada.
mas um dia você vai crescer e entender muita coisa.
que insônia é um fato. as vezes.
que olhar pro nada pode ser olhar pra tudo, olhar pra dentro, olhar pra fora da janela e do mundo.
que pensar é quase tudo o que somos.

mas agora é cedo.
cedo pra insônia.
cedo pra ter culpa.
cedo pra pensar em tudo.
cedo pra olhar pro nada.

agora, filho, é hora de você se sentir seguro.
seguro em nossos braços.
seguro para tomar as decisões que cabem a vc agora.
seguro para falar o que gosta, o que quer.
e também para expor seus sentimentos.

agora, isaac, é hora de entender.
entender o tamanho que o mondo tem para alguém do seu tamanho.
entender que esse mesmo mundo é horas sério, horas super divertido.
entender que tem vacina, tombo, tarefa e castigo.
mas que também há tanto doce que a gente até enjoa e não consegue comer tudo.

é hora de ter certeza,
apenas uma, acho eu.
de que você, filho, é amado.
é muito amado.
muito, mesmo e de verdade.
daqui até o infinito.


terça-feira, 26 de maio de 2015

sempre a mãe. a sua, a dele, a minha.

eu até achei que esse conflito fosse demorar a entrar na vida do isaac.
tá. sabe de nada inocente.
sei mesmo.
de nada.
e vou aprendendo.

e pensando bem, acho que até demorou.
explico.

há sempre uma mãe a ser xingada.
eu mesmo já perdi a conta de quantas santas senhoras já rotulei de puta, folgada e etecéteras.
a culpa é da mãe.
e a gente, na vida, tem vários exemplos.
a mãe natureza, a nave mãe (ah! essa aqui é ótimo assunto pra um próximo post, que não posso deixar passar), a mãe do juíz.
a mãe do motorista desatento, a mãe do político corrupto. essas super presentes.

bom, 
mas tô aqui pra falar de mim.
a mãe em questão.
a culpada e a ofendida.
nem tanto, mas cada um sabe o tamanho que enxerga a vida.

isaac chega em casa com um baita sapo boi entalado na garganta.
não fala.
segura o quanto pode.
e eu fico esperando.

já de noitinha ele ensaia e começa:

- aconteceu uma coisa muito ruim na escola hoje.
- posso te ajudar?
- é que o fulaninho disse que não ia a festa da fulaninha pq ele tinha horário estendido hoje.
- sim. acontece, né?
- e eu disse pra ele que você, as vezes, deixava eu sair mais cedo pra ir na festa.
- sim. a mamãe entende que dá pra fazer isso sim.
- e ele disse que você deixa por que você é uma burraaaaaabuááááábuáááááá.....

segura o riso AND o "burra é a mãe daquele pequeno filhodaputa! para já de andar com aquele merdinha!!!"

- vem aqui, filho... 

abraço forte e pergunto o que ele sentiu.

- senti muita raiva! muita!
- normal isaac, dá raiva na gente ver alguém que amamos ser ofendido assim. seu amigo está errado, não podemos xingar.... mas ó, as vezes ele estava com raiva tbm. pensa. se ele queria muito ir a festa e mãe dele não deixou... né?
- né. mas eu enfiei o lápis no braço dele.

o_O


terça-feira, 19 de maio de 2015

conservador

eu tenho algumas ideias sobre a vida.
tenho as minhas conclusões.
mudo minhas opiniões e verdades sem problema nem apego.
sou teimosa sim.
persistente.
acredito no que acredito e ponto.
mas não sofro com as mudanças.
seja em que sentido for.
tá. sofro um pouquinho, mas sou ser adaptável.

bom,
mas me deixemos pra lá.

o negócio é que Isaac não é.
não deixa pra lá.
não desapega nem do papel de bala.
imagine você o que faz com as próprias opiniões.

semana passada tivemos reunião na escola.
adivinha.
professoras falando que isaac não arreda o pé.
teima até em mudar até o tamanho da letra.
tá. é a personalidade.
tá, ele vai aprender.

mas será que eu também vou?
desde bem pequeno isaac já é menino decidido.
resolveu largar a mamadeira do dia pra noite.
abandonou as chupetas num piscar de olhos.
pediu para tirar a fralda noturna e ponto.
sabe o que gosta e o que quer.

então, venho me policiando pra não ser aquela que corta demais nem a que dá corda demais.
mas ó que não é fácil, viu?
a hora da tarefa em casa é um sufoco.
cabo de guerra até pra definir aonde começa e termina o parágrafo.
qualquer alteração de horários, seja do desenho ou da consulta médica, é novela. das mexicanas.

mas me diga, você, o que faria com tamanho grau de teimosia/conservadorismo/decisão?

segunda-feira, 18 de maio de 2015

como assim? vai passar? ô. uma hora vai... rs

sou xereta.
sim.
um bom tanto.
mas acontece que observando essa vida, as pessoas que passam pela minha...
e digo pessoas de todas as idades, tamanhos, graus de parentesco, amizade, afinidade, ódio, irritabilidade, artista de cinema, cantor, político, gente desconhecida, conhecida, enfim... vou tirando meus aprendizados.
sou mulher, já adulta, mas tenho cá meu pezinho na adolescência, mesmo que não seja a minha.
dou risada da vida com a mesma frequência que choro por ela.
tá.
acho que todo mundo é assim, não?

e vou aprendendo mais ainda sendo mãe, né?
convivendo com mães.
antes nas rodinhas, depois pelo blog, depois internet toda, facebooks, instagrans da vida, no geral.
conviver com mães é um tratado.
você sai de cada encontro ou se sentindo uma merda ou super heroína ou as duas coisas ao mesmo tempo ou um milhão de coisas ao mesmo tempo (e boa parte delas você nem sabia que existia).
você acha que sabe, mas não sabe.
você acha que é a louca do primário e descobre que isso é normal.
você crê que está fazendo quase tudo certo e nota que está fazendo certo demais.

e uma das frases que aprendi com a maternidade é que passamos a viver a vida em fases.
não que não fosse assim antes, mas é na maternidade que você entende o processo.
e não é pq você é criatura iluminada, veja bem...
é mais pq diante do seu drama/desespero/questionamentos, sempre vem uma mais sábia e solta a máxima "fica tranquila, é uma fase, vai passar".
eu mesma já ouvi e já falei tanto isso aí que ter a conta é impossível.

e eu mesma já desacreditei de mim quando ouvi minha própria voz explicando algo do horroroso mundo maternal como uma simples fase.
sim.
fases existem e são para ser vividas.
fases são necessárias, mas...
cola aqui, amiga...
chega perto que eu vou te contar um segredinho.

tem fase que não passa, tá?

o que passa é a sua vontade de morrer diante de uma dificuldade daquelas.
o que passa é a inexperiência.
o que passa é o desespero (que se volta para outro tópico).
como também passa o seu olhar para tudo o que seu filho faz/já fez/e ainda vai fazer.

ou seja, as fases são suas.
só suas.
não do seu filho, do seu marido, do seu casamento, do tio da quitanda.

e eu percebi esses dias que as fases nos acompanham.
só que ganham dimensões muito diferentes de acordo com o seu jeito de lidar com elas.
se mate não, viu?
não é impossível, nem difícil.
aceitar as fases e deixá-las maiores ou menores é item de fábrica.
está aí em algum lugar,

então, se seu filho não pára de gritar, comer meleca, acordar de madrugada, fazer birra, te ignorar por completo, respire fundo.
entoe o mantra clichê básico de que é uma fase.
(garanto, faz parte do processo)
e se deixe transformar.
como?
quando?
vou liberar aqui outro segredinho.
(atenção, talvez seja só trocar um clichê pelo outro)
e esse aqui você pode usar e abusar:

- uma hora vai...

ótima semana pra nós!



quinta-feira, 14 de maio de 2015

o dedo do meio

já que o assunto é a falta de educação e o vocabulário impróprio...
continuemos.

o dedo médio ganhou mais um sentido em casa (aquele bem sujo) quando isaac fez um machucado no bendito dedo e saía mostrando assim, deliberadamente para a geral.

explicamos, sei lá se devíamos, mas explicamos, que aquele dedo inofensivo alí, se bem mostrado, seria arma das boas em algumas ocasiões seria um palavrão daqueles, mesmo que não falado.

e desde então, a cria acha uma graça imensa em mostrar o dedo do meio pro cachorro, pro espelho, pro passarinho, pra cadeira, enfim...

até pra mim, já peguei.
ele que não leia, mas filho de quem é até demorou.
maaaaas, ganhou sermão, lógico.
nunca mostrei o dedo pra minha santa mãezinha, muito menos para quem não o mereça.

bom,
mas acontece, né? que a vida, essa gracinha...

isaac chega em casa todo indignado:

- mãe! você acredita que a Gi (amiga da escola, fofa de tudo) não sabia que o dedo do meio é um palavrão??????

indignada fiquei eu.
meu filho se transformou na criatura que ensina coisa feia pros coleguinhas inocentes da escola.
já senti os olhares "quem será a mãe desse menino????" das mães loucas, sendentas por justiça e laranjinhas menos podres.
mais um sermão.
não.
mais uma conversa sobre o que pode e o que não pode ser compartilhado com a turminha. sobre educação e respeito,

é fácil de teclar, assim, rindo de si mesma, mas isaac está numa fase doida, onde as explicações tem que ser muuuuito bem explicadas.
toda resposta gera mais uma tonelada de perguntas.
todo assunto vira um tratado.
e eu vou aprendendo também.
aprendendo como lidar, como responder, como dar limites e principalmente, conhecendo minha capacidade em não enlouquecer ou sair gritando "jesus me ajuda!".

o dedo do meio, aliás, os dois que cabem ao isaac, continuam lá. firmes e fortes.
cheios de sentidos e significados.
cheios de gracinhas também, devo anotar,

...

segunda-feira, 11 de maio de 2015

como diria Dercy...

eu sou boca suja.
sou.
sempre falei muito palavrão.
por conta da espontaneidade, da personalidade, do tudo.
mas sei que exemplo é tudo nessa vida.
tanto quanto a sinceridade e a verdade.
então, quando isaac nasceu, achei sim que deveria maneirar no vocabulário.
troquei a exclamação que começa com ca e termina com lho por jesus!
sim, acredito nele e respeito, mas era bem melhor clamar ao filho de deus do que clamar ao membro viril masculino.
enfim...
mas eu me traio.
vira e mexe eu topo com um menininho de olhos esbugalhados, indignado com as palavras que saíram da boca materna.
as vezes ele me repreende com um "olha só! você falou!".
e dependendo da situação dá uma risadinha besta, achando tudo o máximo.
eu peço desculpas.
eu digo que mesmo a mamãe falando, é feio.
e eu explico que tem horas que só um palavrão bem falado alivia.
ah! sou tudo, menos mentirosa.
então sigo sendo essa discípula de dercy gonçalves.
e sigo bem.
isaac também.
mas outro dia, foi hilário.

sou boca suja por hereditariedade.
minha mãe também adora um palavrão.
e depois de passar uma tarde com a vovó, isaac foi comigo à padaria.
olhou atento toda a vitrine de guloseimas e teve um choque:

- aaaaaa!!!!! esse pão eu não posso falar o nome!

jesus! - pensei eu na versão censurada - que pão será esse???

começo a vasculhar já toda curiosa a estufa.

- qual isaac?

- esse mãe!!!! - ele aponta todo vermelho de vergonha e horror.

analiso bem todas as letrinhas e seguro a risada e o choro:

B R U S Q U E TA.

fresquinhas, lindas e de todos os sabores.
aproveitei, levei umas pra casa, a fim de ilustrar a explicação que daria mais tarde.

fim?

sexta-feira, 8 de maio de 2015

é de chocolate...

eu já escrevi aqui, reclamei, chorei, dramatizei.
encarnei o "isaac não me ama mais" de todas as maneiras possíveis.
sou boba. sei.
sou exagerada. ok.
sou lokalokaloka. na maior parte do tempo.

mas acontece que eu sou assim, e sofro do jeito que me cabe.
certo que dou risada. muita risada de mim.
inclusive agora, enquanto teclo, tem gente me olhando com olhar estranho, já que tenho um risinho constante.

quem é mãe de menino já deve ter recebido essa graça divina sentido que há sempre uma criaturinha apaixonada, suspirando por você, derretendo de tanto te amar.
não?
pois bem, isaac era assim.
era.
hoje mais me ignora do que me observava.
hoje mais bufa na minha cara do que suspirava de amores e admiração.
hoje mais fala "ôôô mããããe..." do que "mamãe!!!"
hoje.... enfim....

perdeu o interesse.
é fase.
eu sei.
e até aproveito.
sofro sim, sinto falta sim, mas é a vida.

e a vida, essa coisa, sempre me dando tapinhas na cara.
me rotulando como essa doida exagerada que mesmo sou.
explico:

isaac entra no carro e eu já esperando toda a sorte de respostas monossilábicas para as raras perguntas que faço na saída da escola.
ele me espia, faz gracinhas pelo retrovisor.
logo penso que aquele sorrisinho alí é uma armadilha.
e encaro que estarei presa nela nos próximos segundos.
ele sai do carro, me abraça e manda:

- você é minha mãe de chocolate!

- sou é? tô doce ou bronzeada?

- nãããão mããããe (só pra não perder o costume, vai), você é minha delícia.

enquanto eu ficava alí, anestesiada, pronta pro momento cataploft que há tempos não vivia, ele escancarou a banguela e foi.
foi voltar a ser o menino de seis anos, quase sete, que ignora a mãe o resto da tarde.

bjo

terça-feira, 5 de maio de 2015

rwilécssssss (leia com sotaque, qualquer um que consiga)

Isaac passa pela mesa e observa tudo o que está espalhado sobre ela.
revistas, livros, peças de lego, contas a pagar, bolsa, caneta.
uma bagunça.
estica o pescoço e continua a exploração.
avista o livro.
apaixonado que é pelas palavras, logo vai lendo.
devorando o que tem pela frente:

- mãe reeee mãe reeellll mãe relaaaaxxxx???

- Isso filho.

e ele se enfia no inglês:

- mãe rwilécssssss???

- ótimo, isaac! certinho!

aí ele pensa um tanto sobre o título, me mede de cima até os dedos dos pés, sorri e manda:

- rwilécssss, minha mãe é rwilécssss.

e sai saltitando.
e eu?
fico alí babando no todo.
não sei se mais feliz por ele me enxergar relax ou por ele não ter feito alguma crítica tipo "que livro mais tonto, todo mundo sabe que não existe mãe relax nesse mundo. a minha, pelo menos, do relax passou longe"...


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