26.5.11

Ministério da Cultura - Sim ou Não?

(imagem daqui)
Se fosse cínico, e tendo em conta o descalabro dos últimos anos, diria que qualquer solução é indiferente. Mas esta é uma via perigosa. A extinção do Ministério da Cultura representaria uma enorme desconsideração simbólica a um sector de amplas perspectivas e que tão importante tem sido na imagem externa de Portugal. Cabe dizer ainda que o argumento do PSD não colhe. Não é por ser uma área transversal que a Cultura não deve ter ministério próprio. Que eu saiba, um sector como, por exemplo, o Ambiente também tem implicações transversais e não é por isso que deixa de ter o ministério próprio, e outros exemplos haverá.
O Ministério da Cultura tem é que ser inteiramente reestruturado, em função dos novos dados da situação financeira e económica do país. No presente quadro tão negro, não tenho dúvidas que qualquer que seja o governo que saia das próximas eleições, a Cultura não será uma prioridade. Mas não deverá, por isso, deixar de ser, antes pelo contrário, um eixo de orientação estratégica.

25.5.11

As Novas Temporadas

A temporada da Gulbenkian para 2011/12 vai ser apresentada no próximo dia 30 de Maio, no Grande Auditório. Quem lá for terá direito a música.

O CCB já apresentou a sua, que pode ser consultada em PDF. Destaque, assim de repente, para a presença da coreógrafa Anne Teresa de Keersmaeker como artista associada, para os recitais de Sequeira Costa, Louis Lortie e Stephen Kovacevich e para os Dias da Música, desta vez dedicados à voz humana. Segundo Mega Ferreira (Público), "a melhor programação feita com os meios que temos".
- São Carlos, está alguém à escuta?

24.5.11

Estúdio de Ópera

O Foyer do Teatro de São Carlos estará Aberto nos dias 1, 8, 15 e 22 de Junho, sempre às 18h00, e com entrada livre. Oportunidade para ir conhecer novas vozes. Ah, Carlos Cardoso também estará lá.


23.5.11

Passeando em Lisboa

Andrew Richards
A temporada do Teatro de São Carlos vai terminar com a Carmen de Rinat Shaham e o Don José de Andrew Richards, que já bloga em Lisboa.

17.5.11

Notícias


Está para sair em DVD e Blu-Ray, lá para o fim do mês de Maio, a ópera "Les Troyens", de Berlioz, filmada em Valência, com a encenação de Carlus Padrissa (La Fura dels Baus), a direcção musical de Valery Gergiev e a Cassandra de Elisabete Matos. Enquanto não chega cá, e com Elisabete no Chile preparada para mais uma "Tosca", podemos ir ouviendo alguns excertos da sua primeira Isolda.




16.5.11

Die Walküre at the Met - IV

O sempre generoso Joaquim actualizou o post e disponibilizou os enllaços para a descarga da gravação (áudio) d'A Valquíria do Met (o I acto já está aqui a cantar). A Morte de Siegmund (no final do II acto) foi assim:

2011/12 Live in HD Season

"Die Walküre" (cena final)
No Sábado passado terminou a temporada de transmissões em directo do Met, com A Valquíria de Lepage, de que o Joaquim já deu conta. Em Lisboa, o grand finale terá lugar uma semana mais tarde, supõe-se que sem o atraso de cerca de quarenta e cinco minutos causado por uma caprichosa avaria no sistema informático da máquina.
Entretanto, o leitor Bosc d'Anjou teve a gentileza de nos informar sobre a próxima temporada Live in HD, ainda não anunciada pela Gulbenkian, mas que, tendo em conta o sucesso que esta tem tido, se espera ver incluída na programação de 2011/12.

Com a ressalva de algumas récitas poderem vir a ser transmitidas em diferido,
aqui vai para os leitores do Valkirio planearem desde já as suas vidas...
15/10/2011 Donizetti: Anna Bolena - Nova produção.
29/10/2011 Mozart: Don Giovanni - Nova produção. Com Mariusz Kwiecien no papel do Don.
5/11/2011 Wagner: Siegfried - Nova produção (Lepage).
19/11/2011 Glass: Satyagraha.
3/12/2011 Handel: Rodelinda (Renée Fleming no papel de R. mais Stephanie Blythe e Andreas Scholl).
10/12/2011 Gounod: Faust - Nova produção já vista em Londres (com Jonas Kaufmann no papel de F.).
21/1/2012 The Enchanted Island - Nova produção. Uma fantasia com música de Handel, Vivaldi, Rameau entre outros. O libreto é baseado em elementos da Tempestade e do Sonho de uma Noite de Verão de Shakespeare. David Daniels no papel de Prospero.
11/2/2012 Wagner: Götterdämmerung - Nova produção, a malta do costume, James Levine.
25/2/2012 Verdi: Ernani.
7/4/2012 Massenet: Manon - Nova produção de Laurent Pelly, vinda da Royal Opera House.
14/4/2012 Verdi: La Traviata. Natalie Dessay no papel de Violetta.
Dos 11 espectáculos, 7 são novas produções. Felizmente ainda há alguns sectores que não ouviram falar de crise :-)

Bosc d'Anjou

Para mais detalhes, consulte a página do Met.

10.5.11

Noites de Verão

Há coisa de uma semana, Anne Sofie von Otter, que ontem aniversariou (parabéns, Anne Sofie!), cantou "Les Nuits d'Été" em Versalhes, com a Orchestre des Musiciens du Louvre e Marc Minkowski. A ouver.

2.5.11

Die Walküre at the Met - III - "A máquina"



O comentário que o leitor Bosc d'Anjou aqui deixou,  e que muito agradeço, sugeriu-me algumas considerações em relação ao tema "encenadores".
Já li muitas críticas (e comentários em blogues) à nova produção d'A Valquíria. Algumas são positivas, outras antes pelo contrário. Como não a vi (e não poderei assistir à transmissão na Gulbenkian), pouco posso falar. Ouvi a récita de estreia em directo e fiquei muito bem impressionado com Jonas Kaufmann; Eva-Maria Westbroek estava doente mas creio que já estará bem e que será uma óptima Sieglinde, a avaliar pelo que conheço dela; Bryn Terfel deixou-me com emoções diversas; de Deborah Voigt não gostei; Stephanie Blythe e Hans-Peter König cumpriram muito bem. Note-se que me refiro a uma transmissão via rádio.
O problema das encenações modernas em geral, e desta em particular, é que muitas vezes não respeitam o libreto, a música e os cantores. O papel dos encenadores é fundamental, a menos que se assista a uma ópera em versão de concerto (que muitas vezes prefiro), para que dramaturgicamente tudo faça sentido. O cenário pode até estar vazio, desde que o encenador saiba como há-de trabalhar com os cantores de modo a que eles representem cenicamente os papéis que estão a cantar. Obrigá-los a desempenhar actividades circenses, como Padrissa fez em Valência, colocando o pobre Siegfried a cantar de pernas para o ar, parece-me pouco apropriado. Não acredito que um cantor se sinta confortável nessa posição. É aí que entra o bom senso, e por isso continuo a preferir sempre Patrice Chéreau, que valoriza acima de tudo o libreto e a música (ver o Anel de Bayreuth e o Tristão do Scala) e não os efeitos visuais de alta tecnologia, que são isso mesmo: efeitos visuais.
Assisti à transmissão d'O Ouro do Reno, que inaugurou a temporada Met Opera Live in HD na Gulbenkian, e apesar do impacto causado por algumas habilidades da máquina (as Filhas do Reno, a Descida a Nibelheim), decepcionou-me a falta de imaginação no aspecto dramático. Na maior parte dos casos, os cantores foram abandonados a cantar à frente do engenho, que pouco mais fazia que decorar o palco, e pareciam não saber muito bem o que fazer uns com os outros. Creio que se valorizou a cenografia em detrimento da encenação.
Talvez algumas coisas tenham mudado n'A Valquíria e na sala do Met o efeito é certamente diferente do que se vê no grande ecrã. Contudo, a minha dúvida sobre se terá valido a pena o investimento na máquina mantém-se. Consta que a máquina é ruidosa, que nem sempre funciona, numa das récitas uma valquíria caiu do cavalo, noutra foi o trono de Fricka que deu problemas e, na cena final, quando Wotan adormece Brünnhilde com um beijo e a rodeia de fogo mágico, uma das cenas mais belas da tetralogia, é uma figurante que surge disposta com a cabeça para baixo, deitada no topo da montanha (a máquina) envolta em chamas. O efeito visual não quebrará o encanto, sendo óbvio para o público que não foi de facto Bryn Terfel que deitou Deborah Voigt naquela posição? É uma pergunta que deixo a quem já viu A Valquíria.
Cavalgada das Valquírias (mais imagens)

30.4.11

D'amor sull'ali rosee

Sondra Radvanovsky
Mais logo o Met vem novamente à Avenida de Berna. Canta-se "Il Trovatore".
D'amor sull'ali rosee
Vanne, sospir dolente:
Del prigioniero misero
Conforta l'egra mente...
Com'aura di speranza
Aleggia in quella stanza:
Lo desta alle memorie,
Ai sogni dell'amor!
Ma deh! non dirgli, improvvido,
Le pene del mio cor!
A estreia de Leontyne Price no Met, em 1961:


Caballé em Orange, 1972: