domingo, 17 de janeiro de 2010

Cortado e composto: Pelo real, pelo sonho e o imaginado.


Créditos pela imagem: Adriano Agulló



Meu ser gera amores. Mas meu ser gera incômodos. Por sua... minha forma de ser, rancores, pudores, odores... Terrores. Às vezes quero me fechar pra vida, mas a vida não quer se fechar para mim. No instante seguinte, quero me abrir ao mundo, mas a cada palmo de chão que ando desesperado, portas pesadas de pesadelo se cerram bem junto a ponta do meu nariz.

Ontem mesmo queria ouvir música de ódio. Do mundo, de tudo. Hoje ouço som de melancolia. Talvez hoje seja ontem... eu não sou muito bom em estabelecer sequências. E quem sabe até sentia melancolia ontem e ódio hoje? Afinal, essas palavras foram para mim inventadas antes dos meus sentimentos. Será que é isso mesmo que sinto? Será que me condicionaram a pensar / me sentir assim? Será que sou um idiota divagando sobre inutilidades e nada mais? Será que nunca soube quem sou? Será? Será?!Será! Será. Será... Será?

Uma manhã e nada mais. Acordo bem como já há muito tempo não acordava. Farei então um acordo com o dia. Farei o que bem entender... Isolarei de tudo que me prende. Não gosto de prisões. Ou gosto? Afinal, se pensar bem talvez até sejam boas... Isto é, pelo menos quando se torna prisioneiro por vontade própria, pois aí, aprisionado me sentiria feliz.

Às vezes confundo minhas quimeras com o que percebo do real e nunca soube se alguns momentos do que penso que vivi, em minha cabeça sonhos eram. Em flashes de passado vejo tudo o que foi e o que não foi. Confundo-me nas fantasias da sexualidade latente para mim incompreensível nos meus sete anos. Será que com desejo eu a acariciei? Será que hoje nego tudo isso incrédulo de que poderia querê-la, quando ainda eu era tão infantil? Será que seu olhar assustado, que para mim ainda gravo, foi parte de uma noite em que eu dormia?
Perco-me nada mais.

Eu dormia... não nessa noite que não sei se foi uma noite ou um dia. Dormia quando via meu corpo dormir. Ficava ali olhando assustado. Eu olhando para ele e querendo para ele voltar enquanto flutuava pela casa tentando me encontrar. Sufocado decidia tentar deixar tudo acontecer. Mas não! Oh, céus! E, vejam que ironia! Eu que ateu já fui clamando pelos céus! Será que estaria me sentindo no inferno e procurando seu dicotômico para me agarrar? Não sei... Tentava então acordar pra me libertar, ou melhor, me livrar daquele sonho de realidade. Pensava que talvez fosse meu espírito se evadindo de mim. Isso me causava tanto temor. Nunca me dei bem com essas coisas do além, apesar de vivê-las à toda hora.

E os choques?! Ó, como eram cruéis! Sentia-os por todos os lados. De minhas entranhas até a epiderme. Brotavam do meu meio como circunferências de luz e dor e então se espalhavam. E eu ali, meu outro eu, que de carne não parecia ser, desejando em mim (ou em nós) se reencontrar. Mas não conseguíamos. Meu eu que na cama estava, e que presunçosamente se dizia ser eu em verdade, não recebia de seus membros os comandos de sua mente. Era como se estivesse atado por cordas mágicas invisíveis.

Era tudo tão horrível! Por fim, depois de muito lutar com o que parecia jamais findar, então eu acordava (ou entrava em outro sonho?) e sentia tanta dor. Na cabeça e uma dor desordenada que não sei nem explicar, que só servia para me deixar transtornado com o que viesse a acontecer em seguida. Transtorno, aliás, é uma palavra que me surge bem conveniente, pois se ousei isso descrever, nunca soube entender o que de fato era. Tanta confusão! E eu horas nela tentando me dissolver. Outras horas fugindo como se galopasse numa opulenta e veloz égua que só passasse em planejados caminhos de segurança sem sequer olhar para os lados. Decido que nisso não quero mais pensar...

Melhor mesmo não pensar... Melhor não perder tempo escrevendo bobagens. Quem sabe amanhã algum psiquiatra metido a besta me diagnostique como esquizofrênico sem saber que ele próprio também é? Tenho que aproveitar a vida até me enterrarem num hospício.

Creative Commons License
Cortado e composto: Pelo real, pelo sonho e o imaginado. by Diego, Chuck e Glommer! is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.
Based on a work at www.solucomental.blogspot.com.
Permissions beyond the scope of this license may be available at http://www.solucomental.blogspot.com.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Nada .

Créditos pela imagem: bunchofpants



Meu nome é contradição
Misto frio e quente
Paradoxo do sim e não
Com a raiz doente
Do dente e da mente...

Você observa os palhaços
Eu só vejo suas bocas
Pra você pura maquiagem...
Para mim talvez, sangue.

Lábios circundados pela rubra cor.
Entreabertos mostram dentes
Que não são marfins, nem amarelos
Nem belos e nem doces
Nem feios ou aterrorizantes

Talvez sejam grotescos
Talvez sejam sedutores
A sedução é grotesca?
O amor é ridículo?

Esqueci que não falo de amor...

No fim são eles só sorrisos
Ou melhor, gargalhadas
Estridentes e falsas.
Que tentam causar o riso
Daquele homem tão sério
E da criança brincalhona.

Que no íntimo nem riem.
Não pela não-graça
Pois quase cômico é o espetáculo
Pelo menos praquele que não é ridicularizado.

O pipoqueiro olha do canto
Do canto da arquibancada
E do canto de si próprio
Canta logo uma do Arnaldo.

Daquelas tão deprês e emboloradas
Mesmo na levada do Jerry Lee Lewis
Porque talvez ame e odeie a Rita
Ou saiba de fato o que é sentimento.

Mas eu sinto (e ele sente)
Algo irrompendo no peito...

Talvez exploda, talvez não.
O segundo seguinte é de ninguém.
Mas ninguém não é alguém.
E tantos alguéns são ninguéns.

O que você deseja, senhor?
O mesmo chá de ontem.
Frio, quente ou morno?
Se é de ontem quente não pode ser.

E lá fora tudo se transforma...
Enquanto me trancafio nesse circo.

Onde guardei os meus olhos?

----------------

Nunca escrevi pra ser legal
Ser o louco ou ser o tal
Haha! Dizer que é que sou
Haha! Dizer que eu só estou

Aí, de lá, daqui, ali e acolá.
Dizer de tudo blá, blá, blá.
Você ri de tudo e não sabe.
O que é meu, não lhe cabe.

Vou logo me matar.
De rir ou de chorar.
E você quer me controlar.
Sugar meu tudo e meu ar.

Então me diga o que quer.
Diga a verdade, ó mulher.
Ou quer ser só e demente?
Fantasmas logo em frente.

Conveniente não os ver
Conveniente não os ter.
Mas eles estarão lá.
Aqui, lá, ali e acolá.

Quem é você pra ignorar?


Creative Commons License
Nada . by Diego, Chuck e Glommer! is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.
Based on a work at www.solucomental.blogspot.com.
Permissions beyond the scope of this license may be available at http://www.solucomental.blogspot.com.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O meu lado brega.

Bom... todo mundo tem seu lado brega, né? Bom, geralmente eu não revelo isso nos meus escritos, mas este poema / letra de música acho que parece extravasar toda minha breguice contida.


Créditos pela imagem: idg

Primeira parte

Dama tão bela / Que jazes na terra / Para onde tu vais / Agora que não / É mais deste Mundo / O que eu faço agora / Sem vos terdes / Para fazeres / Com que eu sorria / Quando triste / Ficar (..) o meu (...) ser


Parte Principal


Eu me lembro de te ver / Me acenando lá do cais / Coberta por um lindo manto / Com estampas de florais.

Todo dia eu partia / Pelo mar desconhecido / Pois marinheiro que eu era / Escolher não era permitido

O capitão ditava os rumos / De minha vida e do navio / E como um cordeiro aceitava / e nunca era arredio

E a mim o que restava / Era de meu bolso retirar / A tua velha carta / Com teu amor a declarar

Eu relia sempre à noite / Feito a novas palavras / Pois elas me faziam / Pensar que a meu lado tu estavas

Morfeu então me arrebatava / E eu sentia o teu beijo / Entorpecido em doces sonhos / Transbordando de desejo

Mas em breve eu acordo / Vejo que não estás mais / No mundo triste e insano / Por onde andam os mortais

Muito infeliz eu me pego / Com lagrimas a derramar / Em todo o meu rosto / E de ti fico a lembrar

Sorrindo e chorando / Me acenando lá do cais / Coberta por um lindo manto / Com estampas de florais.



Creative Commons License
Dama tão bela by www.solucomental.blogspot.com is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.
Based on a work at www.solucomental.blogspot.com.
Permissions beyond the scope of this license may be available at http://www.solucomental.blogspot.com.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Dolores, dores, amores.


Sinto dores n'alma.
Sinto a alma em dores.
Oh, Dolores! Por que não me ama?
Por que me olha assim com tantos rancores?
Tudo é tão cinza e eu queria só cores
Nessa escala de tons de dissabores.

Subo, subo, subo e subo.
Ninguém se encontra na escada.
Tampouco o vento bate na sacada.
Minhas cortinas tão beges
Cor de poeira ressecada
De dez mil e vinte anos,
De meses poucos e alguns dias,
Ou horas quem sabe até menos.

Seu nome criei só pra rima.
Na irregularidade forjada.
Pra combinar com a verdade
Que em seus lábios é tão bem maquiada.
Creative Commons License
Dolores, dores, amores. by Diego? Chuck? Glommer? is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.
Based on a work at www.solucomental.blogspot.com.
Permissions beyond the scope of this license may be available at www.solucomental.blogspot.com.