setembro 25, 2017
apenas uma mensagem enfastiada...
O País foi agitado por uma não-notícia. Isto, o País, agita-se quase sempre por muito pouco. Enfim, se calhar ninguém saberá de que país se fala, mas lá que parece perturbar-se, lá isso parece.
O jornal (?) Expresso fala, há dias, de um relatório sobre o «caso de Tancos». O País estremece e entreolha-se, temeroso.
Há um Coelho e demais elementos da lura que rejubilam. Pedem a cabeça do ministro da tutela e, de caminho, de todo o resto da geringonça.
Há outros que «a-ver-vamos», mais prudentes...
Agora, sabe-se que a notícia é falsa e que não há relatório nenhum.
Eu sei que isto, no meio de tantas telenovelas da programação diária, entremeadas por futebol, não vale nada nem tem importância nenhuma, nesta espécie de disneylândia em que se vai transformando Portugal.
Mas não iremos ainda a tempo de esperar de alguma entidade oficial que mova, sei lá, um processozito por falta de verdade jornalística (?) deliberada e por promoção de distúrbio social ao jornal Expresso ou, vá lá, ao rato mickey responsável por aquela notícia (?)?
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junho 28, 2017
O meu voto, outra vez, em favor do Salvador
A verdade é que vou tendendo a gostar, cada vez mais, do Salvador Sobral.
O comentário por ele produzido no concerto de ontem Juntos Por Todos e que - como tanto gosta de se dizer - está a «inflamar as redes sociais», reza mais ou menos assim: «Eu sempre que faço qualquer coisa vocês aplaudem. Vou mandar um peido para ver o que é que acontece», logo a seguir a um curtíssimo improviso que nem lhe saiu muito bem, denota tão-só que estamos em presença de alguém que aparenta ter os seus atributos no sítio e sabe - pasmem, ó gentes! - pensar com a própria cabeça.
Daí, a minha chapelada.
E o Salvador Sobral não fez, como se apregoa, um «comentário humorístico». Fez, sim, um comentário crítico, de inegável frontalidade e muito a-propósito. Para além do foguetório acrítico institucionalizado, é bom ouvir uma voz com alguma lucidez que apele, pelo contrário, a um saudável espírito crítico e, já agora, fundamentado, em vez do aplauso imbecilóide ou apatetado a que estamos tão (mal) habituados.
Os espíritos tão cordatos e politicamente correctos que se indignam ou exasperam com esta atitude corajosa não passam disso mesmo: tão cordatos e politicamente correctos, que enjoam.
Nada será definitivo, mas este Salvador, não o sendo da pátria, pelo menos ajuda-nos a preservar alguma racionalidade, no meio de tanta patetice, tanta louridão e tanta lantejoula mediática.
Bem haja.
Pós-de-escrita - Talvez se o Salvador se tivesse referido a um sonoro traque, a uma conspícua ventosidade, a uma inocente flatulência ou, até, a um imponderável pum, as hordas censórias se mantivessem mais apaziguadas. Agora, um peido, na presença de tão eméritos representantes da nação?!... Enfim, não sei se gostaria de lhe estar na pele, ao longo dos próximos dias...
E é vê-los, a todos e a todas, tão puros quão linguisticamente bem comportados, e que nem soltam nem largam, fisicamente, ventosidades que tais, os pobres, tão aprumados. No limite, exalam tão-só algum suspiro deliquescente... Sendo que neles o suspiro terá orifício alternativo.
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fevereiro 20, 2017
de trampice em trampice até à idiotice total
Do estado do mundo já nós
todos sabemos que está perigoso. Mas, assim como assim, visto que é lá fora, é
chato, mas a maltinha aguenta, remetendo-lhe um interesse, quando existe,
muito, muito periférico.
De tal modo que mesmo com
um Almaraz à porta, vendo bem sempre é do lado de lá da fronteira que, como
todos sabemos, é assim a modos que uma barreira invisível que nos protege de
tudo e mais alguma coisa…
Do Donald pato-bravo e do
seu inenarrável penteado – que evoca vagamente um pato mandarim – sente-se
alguma apreensão. Ma non troppo.
Agora, cá dentro, nesta
variedade lusitana da cosa nostra, a
coisa pia mais fino. Ou pia ou fia, que nunca apurei da justeza do dito, mas
vai tudo dar ao mesmo.
Massacrado até ao mais
profundo do meu âmago com o pseudo «caso Centeno» e sem qualquer interesse no
assunto para além do elementar facto de considerar que a Caixa Geral de
Depósitos é portuguesa e assim se deve manter, e já que todo o comentador
comenta o não-assunto, porque não hei-de eu comentá-lo também?
E, afinal, tenho muito
pouco para comentar, para além do óbvio. Veja-se:
1.
Mas houve, de facto, algum acordo com o
António Domingues? Não. O governo não acordou nada com o António Domingues. E
isto é definitivamente claro e claramente definitivo.
2.
Mas houve, de facto, alguma promessa do
ministro Centeno a António Domingues do tipo espera-aí-que-eu-vou-ver-o
que-se-pode-arranjar? Claro que houve. E daí? O homem é especialista no regime
jurídico ou ele é mais números e é para isso que integra o elenco governativo?
Entretanto, o chefe disse-lhe: não, pá, isso não pode ser nada… E acabou a
conversa!
3.
Ah, mas não vieram confessar essa fraqueza
ao povo? Enfim, tenho para mim e pelo que tenho sempre visto, que, se de cada
vez que um ministro manifestasse fraqueza em qualquer item da governação viesse
confessar tal ignomínia ao povo, há uma data de anos que não se faria mais nada
na nobre arte da governação.
4.
Alguém sabe dizer-me se a Autoridade
Tributária ou qualquer outra força viva – e mesmo, até, as moribundas – já
estão a investigar o «currículo» de António Domingues e do seu grupo nomeado
para a administração da CGD? É que, aí sim, perante tanta necessidade de
reserva de confidencialidade sobre a declaração de respectivos rendimentos não
estamos em presença de um gato escondido com o rabo de fora mas, antes, de um
rabo escondido com o gato de fora. Eu, se fosse às tais forças vivas,
escarafuncharia a sério, nem que fosse só para chatear… Como, aliás, parece
tantas vezes ser objectivo primeiro da AT junto do cidadão normal.
Pelo meio disto tudo, a
geringonça lá vai indo… e nós todos com ela. Do défice é o que se vai sabendo e
o País, se não exulta descabeladamente com a reversão da roubalheira perpetrada
nos anos do Coelho, lá vai respirando, aos soluços embora, após tremenda
asfixia.
A Caixa ainda é nossa.
Não é de Moscovo, nem da China, nem de Angola, nem de Espanha, ao contrário do
que acontece em tudo que é negócio chorudo em Portugal.
E, pelos vistos, esta é,
no fim de contas, a circunstância que apoquenta a «oposição» a que temos
direito.
Eu não sei se se lembram
de que, já no tempo da ditadura, o que se dizia do principal drama da direita
portuguesa nem era ser, como era, retrógrada. O problema maior era ser estúpida
– o que, aliás, são características que tendem a andar juntas. E parece que há coisas que não mudam.
Nota - «trampice» é o
resultado da união de «trumpice» com trampolinice, nalguma noite sem luar.
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fevereiro 05, 2017
trampice
Antecipando-me à nomeação da palavra mais usada para o ano 2017, deixo aqui já a minha proposta para a selecção de um semi-neologismo que, face ao despautério mundial que a eleição desta sinistra personagem suscita, irá andar nas bocas do mundo todo.
Esperemos que seja pela resistência e combate, também mundiais mas, principalmente, em solo americano, à sua existência nefasta.
Claro que aportuguesei o termo, o que me pareceu, aliás, fazer todo o sentido!
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janeiro 12, 2017
e, agora, para falar de outra coisa...
já olhou, com olhos de ver, para a sua factura de electricidade?
Há, nesta espuma dos dias, como alguns lhe chamam, algumas coisas mais sólidas e substanciais nas quais não nos convém tropeçar sem que, pelo menos, arrisquemos sérios danos na canela dos pensamentos.
Ora, vem ao caso, a circunstância de me ter debruçado sobre o sacrossanto tarifário da electricidade que uso lá por casa e, após cuidado apuramento de factos, apurar que, afinal, a desgraçada violência doméstica é assumida por improváveis agentes, porventura com os mesmos perniciosos efeitos civilizacionais.
Sabemos de uma praga que assola todos quantos tenham celebrado um contrato de fornecimento de electricidade, de há longos anos, e que se chamava «aluguer de contador» que consiste, por sua vez, numa espórtula prestada à entidade fornecedora tão só por nos dar a benesse de existir e apesar de cobrar, em paralelo, o consumo que, efectivamente, tivermos, em termos de Kwh consumidos.
Quando o avanço civilizacional decidiu considerar que aquele «aluguer» era um abuso e, concomitantemente, um insulto à inteligência e à dignidade do bom povo e, como tal, teria de ser erradicado, logo a inteligência do costume transmutou a coisa em «taxa de potência» - tudo sempre sob a alçada do forte braço da lei -, na perspectiva ancestral de que mudam as moscas mas não muda a matéria que as atrai. E assim se ficou a pagar o mesmo, o que, no fundo e bem vistas as coisas, era o que interessava.
Entretanto, o nível de sofisticação foi-se apurando graças aos sacrossantos avanços tecnológicos, também conhecidos por progresso, e essa «taxa de potência» passou a estar sustentada no argumento de que, enquanto o caduco e troglodita «aluguer de contador» pouca ou nenhuma variação tinha de cliente para cliente, esta «nova» taxa incidia agora sobre a «potência contratada». Leia-se, a capacidade, disponibilizada pela empresa fornecedora, de o cliente poder ligar, em simultâneo, cada vez mais electrodomésticos.
Ora, numa lógica sem lógica nenhuma - pois o consumo é suposto pagar-se pelos Kwh gastos e quantos mais electrodomésticos ligados, mais se consumindo, logo, mais se paga... - o pagador, se queria usufruir da possibilidade de ligar um aquecimento ao mesmo tempo que passava a roupa a ferro e aproveitava o tempo (cada vez mais escasso) para lavar a roupa suja da semana, lá via aumentar a tal «taxa de potência» na sua inestimável facturinha, ao solicitar «instalação» aumentada de potência contratada.
Dito de outra maneira: o cliente paga mais para poder gastar mais... Percebe-se? Duvida-se.
Esse aumento, sem entrar noutros devaneios despiciendos, traduzia-se tão-só pela calibragem de um aparelhómetro, instalado a seguir ao contador de electricidade e que se chama disjuntor diferencial. Por acréscimo, além de calibrar a potência disponível, até tinha a simpatia de proteger a instalação em casos de curto-circuitos, o que até era, vamos lá e como disse, simpático e - lá está! -, civilizado. Uma vez mais, o forte braço da lei dava cobertura ao enredo.
Um dia, em pleno cavaquismo, o País amanheceu com a privatização da empresa fornecedora deste bem. E, ao privatizá-la, algum jurista atento apurou que uma empresa privada não deve cobrar taxas... Enfim, que diabo, não estamos no México, não é? Logo a solução foi fácil e brilhante: mudou-se-lhe, de novo, o nome e passou a denominar-se então «encargo de potência», mantendo-se todos os demais pressupostos.
Aqui convém parar e referir que este «aluguer-taxa-encargo» sofre regulares aumentos anuais, como é de bom tom numa sociedade que caminha para o futuro...
Mas o irrequieto legislador não dorme sobre os louros conquistados e no seu afã de se actualizar em novas realidades e novos desafios, cada vez mais engrossado institucionalmente, até com entidade «reguladora» a preceito, que lhe vai conferindo uma armadura de aço - o «mercado regulado» - contra débeis tentativas de sobrevivência do cliente, a esbracejar aflito num consabido mar de taxas e taxinhas.
Encurtando razões, que o palavrório vai longo, eis o actual estado da arte - uma outra vez, com todo o suporte legal:
- O «encargo de potência» mantém-se;
- Os «contadores inteligentes» em fase de instalação, permitem a definição da tal «potência contratada», ficando os encargos de instalação do sistema de protecção à responsabilidade integral do utente/cliente... Será por isso que regressaram em força os incêndios motivados por curto-circuito...?
- Para cúmulo, uma vez mais civilizacional, actualmente o preço do próprio Kwh também varia em função da «potência contratada», ou seja, o cliente paga mais para poder gastar mais (potência contratada) e paga mais cara cada unidade consumida por já pagar mais para poder gastar mais (diferencial de preço em função da potência). Confusos? Pois têm mais...
-Na factura emitida avisa-se o bom povo de algo quase iniciático: «O preço da electricidade inclui o valor X (sem IVA) correspondente às tarifas de acesso às redes, que contêm o valor dos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) no valor de Y. Estes valores são independentes do comercializador» - fim de citação e de paciência. E, então, perceberam?
Há, neste contexto, uma questão filosófica que me avassala: o que é tudo isto...?!?... Enfim, o que nos vale é que vivemos num estado de direito... Olha se não fosse!
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novembro 22, 2016
um país que perdeu quase tudo...
Não sendo meu hábito, mas porque o texto merece uma séria reflexão de todos, aqui reproduzo, com a devida vénia, um texto de Nicolau Santos, publicado no Expresso Curto:
Por Nicolau Santos
21 de Novembro de 2016
O país que perdeu quase tudo sem dar por isso Bom dia. Este é o seu Expresso Curto, cada vez mais de olhos em bico, seja por causa de um banco, de umas eleições, de umas revelações, das pensões ou do diabo, que não arreda pé da política nacional.
O país amanhece hoje com mais um banco controlado por capitais chineses.
O grupo privado Fosun passa a deter 16.7% do capital do BCP, tornando-se o maior acionista individual, através de uma operação de aumento de capital, pelo qual paga 175 milhões de euros. Fica aberto o caminho para chegar aos 30% e conta já com a luz verde do BCE para esse efeito. Também os direitos de voto vão subir do atual limite de 20% para 30%. A entrada dos chineses mereceu o acordo dos outros principais investidores, nomeadamente os angolanos da Sonangol e os espanhóis do Sabadell. A Fosun já controla a companhia de seguros Fidelidade e a Luz Saúde. Mas a entrada no BCP far-se-à através de uma entidade chamada Chiado.
O negócio é excelente para o banco, que precisava de estabilidade acionista e de aumentar capital, até porque ainda deve 700 milhões ao Estado da ajuda que recebeu durante o período da troika. Mas… o BCP é o maior banco privado português. A EDP é a maior empresa elétrica do país. A REN – Redes Elétricas Nacionais gere as principais infraestruturas de transporte de eletricidade e de gás natural. A ANA controla todos os aeroportos nacionais. A TAP é fundamental na captação de turistas para o país. Todos foram vendidos ou estão concessionados a investidores estrangeiros, assim como o porto de Sines (detido pela PSA de Singapura) e todos os outros (Lisboa, Setúbal, Leixões, Aveiro e Figueira da Foz, controlados pela empresa turca Yilport).
Ora um país que não controla os seus portos, os seus aeroportos, a sua energia (quer a produção quer a distribuição) nem o seu sistema financeiro na quase totalidade (escapa a CGD) é seguramente um país que terá no futuro cada vez mais dificuldades em definir uma estratégia nacional de desenvolvimento.
Provas? A TAP quer comprar oito aeronaves para fazer face à procura crescente resultante das rotas que abriu para os Estados Unidos mas a ANA responde-lhe que não tem espaço para o seu estacionamento no aeroporto Humberto Delgado. Na verdade, os franceses da Vinci, que controlam a ANA, deveriam ter já arrancado com a construção de um novo aeroporto porque o número de passageiros na Portela está muito próximo do limite definido no acordo para que esse passo seja desencadeado. Mas preferem a solução Portela mais Montijo, que lhes sai mais barata e que só deverá estar pronta dentro de três anos, a construir um novo aeroporto, uma decisão obviamente de importância estratégica para o país.
Mais provas? Como se disse, o porto de Sines foi concessionado à PSA de Singapura. Ora, os chineses estão interessados em Sines, onde se propõem aumentar os cais e as plataformas de apoio, mais uma plataforma industrial para montarem os produtos cá e obterem o “made in Portugal”, podendo assim entrar sem problemas no mercado europeu. Só que a PSA de Singapura opõe-se e faz valer a sua opinião por ser dona da concessão. E as autoridades portuguesas pouco podem fazer porque infraestruturas deste tipo são únicas: não se podem construir outras ao lado.
É este o Estado que temos: sem poder para mandar naquilo que é verdadeiramente essencial para definir uma estratégia de desenvolvimento. E o que é espantoso é que quase tudo tenha acontecido em tão pouco tempo (entre 2011 e 2015, pouco mais de quatro anos) e que estivéssemos tão anestesiados que o não conseguíssemos evitar.
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outubro 28, 2016
Cada vez me sinto mais a modos que assim…
- Em 2013, um deputado
aparentemente inominável perorou, em artigo de opinião, sobre a «peste
grisalha» insultando alegremente e fazendo indignar uma parte muito
significativa de portugueses. No seguimento, um grisalho e respeitável cidadão
elaborou um notável texto em que atirou um apurado par de verdades ao indigno.
Três anos são volvidos e um
tribunal (?) condena o grisalho cidadão ao pagamento de uma multa de 4.200
euros por difamação. Querem vocês saber das alegações? Pois aí vai este naco
precioso: as afirmações do idoso foram consideradas «insultuosas e suscetíveis de abalar a honra e a consideração pessoal, política e familiar do assistente».
Isto é: a luminária que produziu os dislates fundamentou-os (?) com outras preciosidades, tais como afirmar que «o envelhecimento dos portugueses e o incremento do seu índice de dependência», para além de provocarem um «aumento penoso dos encargos sociais com reformas, pensões e assistência médica», colocam em causa a «sobrevivência» de Portugal «enquanto país soberano».
Dizendo de forma ainda mais clara, um fedelho destemperado insulta toda uma comunidade de anciãos e fica incólume. Um elemento dessa comunidade responde-lhe – aliás, com uma qualidade e elegância inalcançável pelo fedelho mesmo quando for velhinho – e é obrigado, em tribunal, a pagar-lhe uma indemnização.
Conclusão: eu, em relação à independência das instituições, nada tenho contra. Já relativamente às atitudes estúpidas e/ou indecorosas dos seus agentes…
- O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, deixou esta
quarta-feira recados ao Governo português. Disse o inteligente desta tourada
que são os «mercados» que tudo corria bem até António Costa ter tomado posse.
Tem dito, aliás e
no que a Portugal respeita, tudo e mais um cento em favor do governo de Passos
Coelho e contra o actual governo, legitimamente constituído.
De que é que
Portugal e o actual governo estão à espera para pedir esclarecimentos
institucionais ao governo alemão sobre as atitudes deste seu tão limitado
membro? Sei lá, uma convocatória do embaixador alemão com nota de desagrado e
pedido de esclarecimentos… Qualquer coisa, enfim, que provasse ao mundo e, em
primeira instância, aos portugueses que, finalmente, no governo, há uma coluna
vertebral que lhe mantém a cabeça erguida e direita.
- Durante esta semana tivemos
notícia da morte de duas personalidades marcantes da nossa História recente: João
Lobo Antunes e Jaime Fernandes. É o ciclo da Vida a cumprir-se. Mas não deixa
de ser, ao mesmo tempo, um empobrecimento lamentável para todos nós.
Apesar de todas as referências
elogiosas a que assistimos nos media,
o espaço dedicado ao futebol sobrepôs-se largamente ao tempo dedicado a essas
referências. Valerá a pena comentar…?
- Quase como notícia de última
hora apurámos que a vice-presidente da Comissão Europeia, logo depois de ter
feito o frete de simular que disputava o cargo de secretário-geral da ONU a
António Guterres, de seu cristalino nome Kristalina Giorgieva, que já nos tinha
divertido com uma licença sem vencimento no seu lugar de vice-presidente enquanto
fazia o tal frete, demitiu-se agora para assumir a direcção executiva do Banco
Mundial.
Não é a primeira vez que faço
este comentário pouco elegante mas, em boa verdade, este tipo de situações leva-me
invariavelmente a ele: a mulher de César, não apenas não é séria, como se está
nas tintas para o parecer e, bem pelo contrário, assume o seu estatuto de galdéria
com uma galhardia que estonteia… Assuma-se ela com os nomes de Durão, Portas,
Maria Luís ou Kristalina – aqui sim há, pelas evidências, igualdade de género.
- No próximo fim de semana a hora volta a mudar, em Portugal. Mas para quê, senhores, ninguém me diz?
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outubro 14, 2016
Bob Dylan, Prémio Nobel da Literatura ... II
Vão desculpar-me (ou não) que eu considere de alguma tendência para desfiladeiros mentais sem saída o presumirem-se, de perto ou de longe, no meu texto anterior, comparações abstrusas entre Bob Dylan e Quim Barreiros…
Gosto de cultivar uma coisa a que, salvo erro e omissão, se dava, ainda há pouco tempo, o nome de ironia a qual, se avinagrada, pode ir até ao sarcasmo. E tenciono morrer com este gosto.
Para o caso concreto, eu explico: se não houvesse uma tendência perturbada para as pressas, contra tudo e contra todos, que aparentemente limitam o discernimento mais avisado, talvez se pudesse descortinar que, pelo menos no meu texto sobre o assunto, se alude não às personagens nomeadas, mas à motivação anunciada pela Academia sueca para a atribuição do Prémio.
Explico ainda mais um pouco: o justificativo consistia em eu achar estranho que o Prémio Nobel tivesse sido atribuído a Bob Dylan apenas por ter criado novos modos de expressão poética no quadro da tradição da música americana, conforme alegação da Academia sueca.
Jean-Paul Sartre recusou o Prémio, nos idos de 1964, alegando que a sua aceitação implicaria perder a sua identidade de filósofo. Ele lá sabia… E as razões invocadas pela Academia até eram bem mais objectivas do que no caso agora em apreço.
Se todos os bons pensadores que se perturbam com as tais alusões irónicas consideram que a dimensão da música do Dylan se consubstancia na mera criação de novos modos de expressão poética, lamento mas, em minha modestíssima opinião, Dylan foi subvalorizado e a atribuição do Prémio Nobel cheira-me àquilo que sói chamar-se uma recuperação do sistema.
Se assim não entenderam o que ficou escrito, tenho pena…
E continuando, se quiserem, a ironizar, eu já lia o Saramago – e ora gostava, ora não gostava… – antes de o autor ter sido nobelizado. E, tem graça, que mantenho a mesma opinião: ora gosto, ora não gosto. Vale o mesmo para o Bob Dylan: mantenho a opinião construída há algumas décadas – e não apenas por ter criado novos modos de expressão, mas sim por dizer coisas de um tal modo que suscitava, estranhamente, nos seus ouvintes, perigosos e subversivos anseios de liberdade.
Já do Quim Barreiros, ele que me perdoe, também, mas não aprecio muito, ainda que, perante as aparentes evidências, eu não ponha a mão no fogo pela Academia sueca ou pelas suas alegações para oportunidades futuras
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outubro 13, 2016
Bob Dylan, Prémio Nobel da Literatura 2016...?!
Bem, eu aprecio bastante o moçoilo, mormente por quanto nos legou nas suas canções dos idos de 60 e de 70.
O argumento justificativo da Academia, aliás, vai muito nesse sentido: for having created new poetic expressions within the great American song tradition, que é como quem diz por ter criado novas expressões poéticas na grande tradição da canção americana...
É de mim ou isto parece-me assim a modos que poucochinho?
De repente, ocorrem-me para cima de 475.322 nomes que, ao nível mundial, se notabilizam ou notabilizaram, na poesia, pela criação de «new poetic expressions», que é como quem diz novas expressões poéticas o que, por sinal, é coisa que distingue, geralmente, os poetas e não raros prosadores nos mais desvairados âmbitos e não apenas na «great American song tradition» que, como se sabe, é como quem diz a grande tradição da canção americana...
Por esta senda, já algo confusa na atribuição dos nobelizados da Paz, não percamos a esperança de virmos a ter o Quim Barreiros, com as devidas proporções mas inevitáveis equivalências, também nobelizável, pelo seu contributo na criação de new poetic expressions within the great Portuguese song tradition, que é como quem diz novas expressões poéticas na grande tradição da canção portuguesa!
Nota complementar de esclarecimento: o Prémio Nobel não é atribuído postumamente, excepto em casos de morte recente relativamente à deliberação da entrega de determinado prémio. Essa circunstância reduz drasticamente os 475.322 nomes que refiro acima, mas ainda me sobram uns tantos milhares.
Claro que poderemos considerar que o José Carlos Ary dos Santos, por exemplo, quando ainda em vida - e já existia o Prémio Nobel para a Literatura... - com os seus 600 poemas musicados e os não musicados, teria sido, na óptica em presença, um caso a ponderar, obviamente que com outra pujança que o Quim Barreiros da pilhéria.
Mas entre tantos defensores e detractores do prémio agora atribuído e entre tantos autores invocados, curiosamente, mesmo entre autores do mesmo ofício, não ouvi ainda ninguém lembrar-se do Ary. E isso confunde-me, confesso.
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outubro 11, 2016
apenas um apontamento, do tipo dúvida metódica...
Tem a TVI passado, nos últimos dias, uma reportagem sobre crianças retiradas aos pais - maioritariamente de pais imigrantes - pelos Serviços Sociais (?) ingleses por alegados (inventados?) maus tratos, e que tudo configura tratar-se de uma desgraçada e verdadeiramente escandalosa negociata milionária por parte daqueles Serviços que, entretanto, no Reino Unido estarão privatizados...
Os pais vítimas dos casos ocorridos - e que se contam por centenas - como imigrantes que são e geralmente com os naturais problemas de integração e dificuldade de acesso aos meios convencionais de defesa de cidadania vêem-se, de súbito, despojados dos próprios filhos, sem qualquer fundamento plausível ou comprovado... os quais são direccionados para a adopção...!!!
O governo português tem mantido um silêncio sobre o assunto que mal se compreende...
Alguém que me auxilie: há algum fundo de verdade nisto? E, se sim, como é que pode o chamado «mundo civilizado» contemporizar, um dia mais que seja, com tal monstruosa e surreal barbaridade?
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setembro 14, 2016
entrada de leão, saída de sendeiro?
Carlos Alexandre por um triz se diz que é juiz... e não devia!
Sim, eu sei que a cantiga não rezava assim, mas estas analogias ocorrem-me, que querem...?
Afinal, a ser verdade o seu afastamento do «caso Sócrates», uma coisa me parece evidente: se ninguém atinava muito bem com as razões que terão levado o «saloio de Mação» a dar aquela abstrusíssima entrevista, talvez agora melhor se vislumbre a sua mais profunda motivação: dar de frosques da camisa de onze varas em que se encontrava atolado.
Ou alguém pensará que uma criatura com aquele grau de «domínio do conhecimento» seria capaz de cometer, leviana e ingenuamente, tão leviana ingenuidade?
E talvez o processo ainda prossiga sem ele. Mas deverá prosseguir muito, muito devagarinho, como é habitual apanágio.
E nada se apurará, como também é. O mais certo será, até, Sócrates exigir uma indemnização ao Estado, que somos nós, e sair por cima, filósofo e sorridente.
Por outro lado, se o acto perpetrado alegadamente contra Sócrates penalizou, afinal, cirurgicamente o PS, o homem até terá desempenhado cabalmente o seu papel.
Teve mandantes? A História nos dirá... ou talvez não, para seguir, também, os parâmetros normais.
O que está feito, feito está. Nada se desmonta e tudo se toca para a frente, que para trás mija a burra e consta que o bicho está em vias de extinção.
E, assim, com papas e bolos se enganam os tolos. Pelo caminho, silenciam-se os cínicos. No entanto, ainda há, por exemplo, no facebook quem muito aplauda e defenda a criatura. Tal é a diversidade humana que nos enriquece.
Não sei porquê mas ocorreu-me aquela velha canção do Serge Lama onde se dizia «je suis cocu mais content!»... A tradução encontra-se por aí, em qualquer consciência mais avisada.
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julho 29, 2016
o big pokébrother...
Somos, a cada passo, assaltados por uma onda de aparente palermice à qual aderem acriticamente e de imediato uma data de palermas. Por vezes tão insuspeitos (os palermas) que até podemos ser nós próprios... Aqui fica, em jeito de serviço público, uma das últimas estrondosas palermices, denunciada em texto cuja leitura muito se recomenda:
Retirado do Diário de Notícias on-line -
Pokémon Go é um passo para o totalitarismo? Oliver Stone acha que sim
Oliver Stone alerta para os riscos de fornecer os dados pessoais às grandes corporações em aplicações com o Pokémon Go.
O realizador americano criticou o jogo e os seus jogadores, que se dispõem a fornecer os seus dados a um sistema de "capitalismo de vigilância".
O Pokémon Go, o jogo da moda, é uma ferramenta de "capitalismo de vigilância" que abre caminho para uma sociedade totalitária. O alerta foi dado esta quinta-feira pelo realizador norte-americano Oliver Stone, na Comic-Con de San Diego.
O fenómeno em que se tornou este jogo para telemóveis "não tem graça", sendo uma forma de as grandes corporações conseguirem todos os dados privados dos indivíduos, numa forma de "capitalismo de vigilância", comentou o cineasta perante um painel de jovens.
"O que se vê é uma nova forma de, francamente, sociedade de robôs. É o que se chama de totalitarismo", acrescentou,
citado pelo Los Angeles Times.
Stone está na convenção de cultura 'pop' de San Diego para promover o seu mais recente filme, "Snowden", sobre o ex-analista da Agência Nacional de Segurança (NSA na sigla inglesa) que foi responsável pela maior fuga de informações secretas da história americana.
Pokemon, o jogo que traz espiões para dentro de casa - entrevista a Oliver Stone:
por Sergey Kolyasnikov (@Zergulio)
Pode falar-me do "Pokemon Go"?
Já dei três entrevistas sobre isso, de modo que agora tenho de me aprofundar nas fontes primárias.
Programador do jogo: Niantic Labs. É uma start-up da Google. Os laços da Google com o Big Brother são bem conhecidos, mas irei um pouco mais fundo.
A Niantic foi fundada por John Hanke, o qual fundou a Keyhole, Inc. – um projecto de mapeamento de superfícies cujos direitos foram comprados pela mesma Google e utilizados para criar o Google-Maps, o Google-Earth e o Google Streets.
E agora, atenção, observe as mãos! A Keyhole, Inc. foi patrocinada por uma empresa de capital de risco chamada
In-Q-Tel , que é uma fundação oficialmente da CIA estabelecida em 1999.
As aplicações mencionadas acima resolvem desafios importantes:
Actualização do mapeamento da superfície do planeta, incluindo estradas, bases [militares] e assim por diante. Outrora tais mapas eram considerados estratégicos e confidenciais. Os mapas civis continham erros propositais.
Robots nos veículos da Google Streets olhavam tudo por toda a parte, mapeando nossas cidades, carros, caras...
Mas havia um problema. Como espiar dentro dos nossos lares, porões, avenidas com árvores, quartéis, gabinetes do governo e assim por diante?
Como resolver isso? O mesmo estabelecimento, Niantic Labs, divulgou um brinquedo genial que se propagou como um vírus, com a mais recente tecnologia da realidade virtual.
Uma vez descarregada a aplicação e dadas as permissões adequadas (para acessar a câmara, microfone, giroscópio, GPS, dispositivos conectados, incluindo USB, etc) o seu telefone vibra de imediato, informando acerca da presença dos três primeiros pokemons! (Os três primeiros aparecem sempre de imediato e nas proximidades).
O jogo exige que você dispare para todos os lados, atribuindo-lhe prémios pelo êxito e ao mesmo tempo obtendo uma foto da sala onde está localizado, incluindo as coordenadas e o ângulo do telefone.
Parabéns! Acaba de registar imagens do seu apartamento! Preciso explicar mais?
A propósito: ao instalar o jogo você concorda com os termos do mesmo. E não é coisa pouca. A Niantic adverte-o oficialmente: "Nós cooperamos com agências do governo e companhias privadas. Podemos revelar qualquer informação a seu respeito ou dos seus filhos...". Mas quem é que lê isso?
E há o parágrafo 6: "Nosso programa não permite a opção "Do not track" ("Não me espie") do seu navegador". Por outras palavras – eles o espiam e o espiarão.
Assim, além do mapeamento alegre e voluntário de tudo, outras oportunidades divertidas se apresentam.
Por exemplo: se alguém quiser saber o que está a ser feito no edifício, digamos, do Parlamento? Telefones de dúzias de deputados, pessoal da limpeza, jornalistas vibram: "Pikachu está próximo!!!" E cidadãos felizes agarrarão seus smartphones, activarão câmaras, microfones, GPS, giroscópios... circulando no lugar, fitando o écran e enviando o vídeo através de ondas online...
Bingo! O mundo mudou outra vez, o mundo está diferente.
Bem vindo a uma nova era.
18/Julho/2016
·
Mais de um milhão de downloads do Pokemon em Portugal Etiquetas: Opinião, Pensamento crítico, Reflexão, Serviço público
julho 11, 2016
10 de Julho com pernas para andar, correr, saltar e etc.!
- Patrícia Mamona - medalha de ouro no triplo salto
nos Campeonatos da Europa de Atletismo 2016, em Amsterdão,
(fotografia obtida em: https://www.publico.pt/desporto/noticia/)
Sara Moreira - medalha de ouro na meia maratona
nos Campeonatos da Europa de Atletismo 2016, em Amsterdão.
Jessica Augusto conquistou, nesta mesma prova, a medalha de bronze.
(fotografia obtida em: https://www.publico.pt/desporto/noticia/)
A Selecção Portuguesa de Futebol sagrou-se Campeã da Europa,
no Stade de France, em Paris, a jogar na final contra a Selecção Francesa.
Algumas notas, mesmo só para dizer alguma coisa:
1 . No final do jogo, a Torre Eiffel não se iluminou com as cores de Portugal, ao contrário do que ocorrera em jogos anteriores, relativamente a equipas vencedoras. A Torre Eiffel deve estar a funcionar às ordens de Wolfgang Schäuble, o que não indicia nada de bom para os franceses...
2. Confirma-se que algum frio holandês relativamente a Portugal não tem incidência especial nas pernas das atletas portuguesas.
3. Congratulemo-nos pela França que, ao contrário do que dizem alguns maus-pensadores quanto ao racismo que por lá proliferará, apresentou uma selecção de futebol que quase poderíamos chamar megrebina, o que é sempre um sinal de grandeza e largueza de vistas.
4. Esperemos que a euforia que, muito legitimamente, nos inunda os corações, potencie muito rapidamente uma substancial diminuição da taxa de desemprego, acompanhada de céleres medidas de regulamentação do mercado do trabalho e melhoria geral da condição de vida dos cidadãos portugueses mais carenciados.
E, já agora, VIVA PORTUGAL!
Etiquetas: Eventos, Homenagem, Opinião
junho 15, 2016
a orfandade nas praias
É um «fenómeno» que cresce a olhos vistos na praia de Carcavelos. Mal chega o Verão e centenas (se não milhares) de camionetas de passageiros despejam milhares (se não dezenas de milhares) de crianças, de proveniências as mais desvairadas, no areal desta praia.
Presumo negócio chorudo. Pais pouco vocacionados para o serem, seja por (de)formação e/ou desinteresse pessoal, seja por imperativos do emprego-nosso-de-cada-dia entregam a prole a umas organizações estranhas que passam as manhãs ou as tardes a invadirem a praia com meninos e meninas todos verdes, ou todos vermelhos, ou todos amarelos, ou todos azuis...
E - vá lá saber-se porquê... - aqueles grupos, muito encarreirados, muito encarneirados, enquadrados por um ou dois latagões e duas ou três meninas vestidas da mesma cor, que brincam formatadamente na areia e tomam o seu banho de mar em pacote, provocam-me uma profunda impressão e auguram-me que o futuro não parece nada risonho com exemplos destes.
Também assisto, nas poucas vezes em que tenho oportunidade para pôr na areia o meu pé, a exemplos de grandíssima falta de preparação daqueles acompanhantes que, por exemplo, promovem o assalto e mortandade a tudo que é rochedos (e são tão poucos), à cata da pocinha e de quanta fauna lá possa resistir.
Ainda há dois dias foi isto: apesar da praia ainda estar desimpedida, foi exactamente no leito da ribeira que desagua na praia, conspurcado de tudo e permanentemente revolvido por máquinas que diariamente (grande negócio!) atacam, vai para alguns anos, já, o areal com intuitos que não lembrarão ao Diabo, que os «orientadores» consideraram ser o melhor local para depositar as criancinhas para as suas brincadeiras na areia. Será que informaram os pais? Será que colocariam ali os próprios filhos? Se calhar, sim. E é isso o que me entristece, com tanto areal livre, senhores.
Verdade seja que o tempo nem estava muito balnear, mas o negócio fala mais alto e ir à praia é bom para a saúde, diz-se...
Será que alguém controla esta florescente actividade, que dá tanto jeito para a sobrevivência das empresas de camionagem? Quero eu dizer com isto, por exemplo, que tenho cá as minhas dúvidas quanto a que, das importâncias que os paizinhos desembolsem para formatar assim as suas crianças, alguém passe recibo. Passará? Não me digam que são borlas...
Etiquetas: Opinião, Pensamento crítico
junho 01, 2016
reflexão para o dia da criança
escola privada – público esbulho
Já
que gestores e pais sem escrúpulos se destrambelham na mobilização de crianças
para manifestações de carácter absolutamente político, falacioso e oportunista, julgo ter também o
direito de aqui lavrar alguns comentários a propósito:
-
Com que então, se me apetecer andar num ferrari,
o estado tem a pouca vergonha de NÃO me atribuir um subsidiozito para o efeito?
Parece impossível! Isto já não há liberdade de escolha para um cidadão, mesmo
que se vista de amarelo! Isto é, sem margem para dúvidas, um claro ataque aos meus
mais elementares direitos! E, quem sabe, aos meus esquerdos, também…
Bom,
como tem sido largamente difundido pelas televisões, é de vómito o argumentário
dos queques defensores do ensino privado às custas dos impostos de todos.
Apetece-me
sempre, nestas ocasiões, atirar-lhes para o colo com o cadáver de uma das inúmeras
crianças mortas por afogamento no Mediterrâneo, por um lado porque isto anda
tudo ligado e, por outro, apenas para apurarem qual o possível sentido da vida
e da sua concomitante relatividade.
Um
único argumento, entretanto, prevalece, subliminarmente escondido naquele
argumentário: não temos pago, não pagamos
e não queremos pagar! Mas queremos usufruir.
E insistem os gestores dessas escolas privadas e alguns dos papás dos meninos compulsivamente
de amarelo: não nos apetece, pois, abdicar do inalienável direito de acharmos
melhor que os nossos filhos usufruam de condições a que a grande parte das
demais crianças não tem acesso - lá nos vão dizendo estas atrabiliárias
criaturas… - e estamo-nos nas tintas para isso e para vocês! Mas queremos que
nos paguem, pronto!
Assim,
sim, se vê o quão socialmente solidárias são estas bizarras criaturas. E espertas
que elas são, que ele, o chico-espertismo, pelos vistos campeia sem freios nestas
hostes.
- Grande lata! Então, paga-a, porra!
Não queres, antes e por exemplo, ó palerma, discutir a vida dos alunos cujos pais não têm dinheiro para os alimentar e cuja única refeição é obtida na cantina da escola?
Etiquetas: Opinião, Pensamento crítico, Reflexão
maio 24, 2016
o narciso engravatado que escreve, piscando o olho
Sou um adepto incondicional da liberdade, nas suas infinitas manifestações, atitude que tento acompanhar sempre com um incontornável direito que cada um deve ter em assumir as consequências do exercício dessa mesma liberdade... de preferência num estado de direito e democrático - o que podendo parecer redundante, nem o é tanto.
Daí que o meu sorriso se alargue até às orelhas (honni soit...) ao deparar com estas parangonas recentemente aparecidas em milagroso mês de Maio:
- «Como não há os livros que gostaria de ler, escrevo-os eu»
Não haverá por aí ninguém que, parafraseando o conceito e não aturando este JRS, se disponha a fazer rapidamente outro?
Dirá algum leitor mais objectivo que o dito se articulava com a saga a que o televisivo autor lançou mãos. Mas o certo é que quando ele diz que a sua trilogia é uma saga e que tal conceito não está desbravado em Portugal, omite duas elementares e gritantes sagas: uma, o lê-lo; outra, o aturar-lhe as piscadelas de olho... Por mim, confesso, chego a ter pesadelos! Mas tal deve-se, decerto, a problema meu e muito pessoal.
Já o dizerem-se dislates (in http://www.dn.pt/artes/interior/jose-rodrigues-dos-santos-o-fascismo-tem-origem-marxista-5189844.html) do calibre de «o fascismo é um movimento que tem origem marxista» ou, logo depois, que «o nazismo é inspirado em ideias muito populares nas democracias ocidentais...» e até o Carnegie Institute, em 1911, nos EUA, ter proposto «que se matassem os deficientes em câmaras de gás», pelo que «os nazis nada inventaram», me provoca explosões de anti-corpos, pela incomensurabilidade da demagogia, absolutamente estúpida ou, pior, deliberadamente provocatória.
Enfim, resta-me a consolação de saber que os narcisos, férteis em terrenos pantanosos, são de existência breve e rapidamente se transformam em húmus da terra.
Etiquetas: Opinião, Pensamento crítico
março 18, 2016
quem segura este Brasil?
Por demais enfartado com o monolitismo da «informação» oficial que nos invade e bombardeia o raciocínio até à náusea, aqui vos deixo informação alternativa que acabou de chegar ao meu conhecimento:
Caras/os amigas/os
O que se passa no Brasil está a ser tratado de forma miserável pela comunicação social portuguesa pelo que devemos fazer um esforço para ter informação de fontes que não façam parte da rede manipuladora a soldo dos interesses estadunidenses. O que ali se passa configura mais uma etapa da política dos Estados Unidos da América, que procura recuperar posições perdidas nos últimos anos na América do Sul.
Para melhor compreender o caso brasileiro, deve-se colocar ao lado o que se passou nos últimos meses na Argentina (onde conseguiram afastar a presidente Cristina Kirchner e pôr um "amigo" na presidência), e ter presente o bombardeamento a que têm sujeitado a revolução bolivariana na Venezuela, onde estão ganhando também algumas vitórias na defesa dos interesses do norte; sem perder de vista a guerra surda que movem a Evo Morales (Bolívia) e a Rafael Correa (Equador), e se desvalorizar a nova táctica em relação a Cuba (mas sem pôr fim ao bloqueio a que a submetem desde 1962). No entanto, segundo o portal do PT, a jogada reaccionária está sendo bem interpretada internacionalmente e Lula é alvo de manifestações de solidariedade. Ver a este respeito
http://www.pt.org.br/lideres-internacionais-divulgam-manifesto-em-apoio-a-lula/
Na maioria é gente que esteve no poder nos seus países e que se destacou pela honestidade e na defesa dos seus povos. Destaco o nome de Mujica, ex-presidente do Uruguay, um homem acima de qualquer suspeita de corrupção e de ter andado em negócios escuros com Lula ou com o PT. É que nestas coisas valorizo muito a posição dos que não têm rabos de palha, têm uma qualidade que prezo particularmente: autoridade moral. Valorizar os aspectos políticos revolucionários é muito importante mas devemos subestimar os aspectos éticos na prática política.
Eis o manifesto que subscreveram:
“DECLARAÇÃO
Durante várias décadas, Luiz Inácio Lula da Silva destacou-se como sindicalista, lutador social, criador e dirigente do Partido dos Trabalhadores.
Eleito Presidente da República, em 2002, Lula levou adiante um ambicioso programa de mudança social no Brasil, que tirou da pobreza e da miséria milhões de homens e mulheres. Sua política econômica permitiu a criação de milhões de empregos e uma extraordinária elevação da renda dos trabalhadores.
Seu Governo aprofundou a democracia, estimulando a diversidade política e cultural do país, a transparência do Estado e da vida pública. O Executivo, o Ministério Público e o Poder Judiciário puderam realizar investigações de atos de corrupção eventualmente ocorridos na administração direta ou indireta do Estado.
Preocupa à opinião democrática, no entanto, a tentativa de alguns setores de destruir a imagem deste grande brasileiro.
Lula não se considera nem está acima das leis. Mas tampouco pode ser objeto de injustificados ataques a sua integridade pessoal.
Estamos com ele e seguros de que a verdade prevalecerá.
Cristina Fernández de Kirchner (Argentina)
Eduardo Duhalde (Argentina)
Carlos Mesa (Bolívia)
Ricardo Lagos (Chile)
Ernesto Samper (Colômbia)
Maurício Funes (El Salvador)
Felipe González (Espanha)
Manuel Zelaya (Honduras)
Álvaro Colón (Guatemala)
Massímo D’Alema (Itália)
Martín Torrijos (Panamá)
Nicanor Duarte (Paraguai)
Fernando Lugo (Paraguai)
Leonel Fernández (República Dominicana)
José Mujica (Uruguai)
José Miguel Insulza (OEA)”
No portal do PT podem ver mais informação de última hora que vos pode dar uma ideia da dimensão da guerra que o povão brasileiro está a sofrer, por exemplo novos golpes baixos de figuras de topo da "justiça" brasileira .
http://www.pt.org.br/planalto-moro-violou-constituicao-e-medidas-judiciais-serao-adotadas/
Aos interessados em seguir o que se passa na América do Sul na sua luta contra o neoliberalismo e pela autonomia do gigante do norte recomendo vivamente que vejam TelesurTV (canal 223 para quem tem o serviço da NOS)
saudações antifascistas
Etiquetas: Opinião, Pensamento crítico
janeiro 25, 2016
obrigado!
Esta a forma de agradecer que nos distingue no mundo, segundo Sampaio da Nóvoa.
Os portugueses, entretanto, demonstraram uma vez mais a preponderância do relevo mediático nas suas vidas e o quanto são influenciáveis pelo jogo de espelhos que os media proporcionam.
A distorção das imagens que isso ocasiona não os incomoda. Pelo contrário, convivem de tal modo bem quase como se as suas (nossas) vidas se resumam a uma passagem, de preferência longa, por um qualquer parque de diversões.
Não será impunemente que se dizia, por franças e araganças, que les portugais sont toujours gais.
Sim, lá vamos, cantando e rindo, levados, levados, sim...E eis que o velho hino salazarento assume contornos de actualidade globalizada e globalizante.
Mas Marcelo Rebelo de Sousa, convenhamos, não é mau. Podia ser muito pior.
E como, a partir de hoje, ele é também o meu presidente, só posso desejar e esperar que venha a revelar-se muito melhor. Melhor do que sempre foi e melhor do que aquele que sai.
Etiquetas: Opinião
janeiro 22, 2016
Eu voto! E Sampaio da Nóvoa é a minha escolha.
Este blog é, evidentemente, um blog de conteúdos políticos... Aliás, à imagem e semelhança de toda a vida em nosso redor. Assim sendo, o seu autor - para quem não saiba, eu próprio -, para além de posições e opiniões, tem da cidadania o conceito de que ela só existe quando é participada.
A minha opção actual «nasceu» há muito tempo e consolidou-se no Congresso da Cidadania, promovido pela Associação 25 de Abril, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Março de 2015. E, obviamente, mantém-se.
Etiquetas: Opinião
dezembro 11, 2015
vergonha? muito pouca
ética? nenhuma
Tendo assistido a ambas as entrevistas, pareceu-nos, cá por casa, que uma delas teria acabado cedo demais... Mas, enfim, como imaginar tal malfeitoria quando tantos holofotes se centram neste momento político? Seria uma insensatez da SIC, tanto mais que, se não estou em erro, cada candidato parte de um pé muito democrático de igualdade plena (?).
Mas, afinal, parece que não. Para um, altas fachadas, envolvência gongórica, como se as eminências pintadas em redor caucionassem o discurso e a personagem, e 43 minutos de debate. Para outro, um ambiente despojado, porventura até mais consentâneo com a personalidade do candidato, pouco dado a fogos fátuos... e 23 minutos de entrevista.
Assim sendo, ora, toma lá, que é democrático! E se isto não é objectividade e isenção, venha de lá alguma velha rameira que lhes atire a primeira pedra.
Assim se constroem «clarividências» como aquelas que desembocaram em dez anos de cavaquismo à solta. E que não se diga que os amigos de direita não são para as ocasiões, que ali, sim, se cultivam os grandes valores...
Valha-nos a mulher de César!
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