janeiro 12, 2017
e, agora, para falar de outra coisa...
já olhou, com olhos de ver, para a sua factura de electricidade?
Há, nesta espuma dos dias, como alguns lhe chamam, algumas coisas mais sólidas e substanciais nas quais não nos convém tropeçar sem que, pelo menos, arrisquemos sérios danos na canela dos pensamentos.
Ora, vem ao caso, a circunstância de me ter debruçado sobre o sacrossanto tarifário da electricidade que uso lá por casa e, após cuidado apuramento de factos, apurar que, afinal, a desgraçada violência doméstica é assumida por improváveis agentes, porventura com os mesmos perniciosos efeitos civilizacionais.
Sabemos de uma praga que assola todos quantos tenham celebrado um contrato de fornecimento de electricidade, de há longos anos, e que se chamava «aluguer de contador» que consiste, por sua vez, numa espórtula prestada à entidade fornecedora tão só por nos dar a benesse de existir e apesar de cobrar, em paralelo, o consumo que, efectivamente, tivermos, em termos de Kwh consumidos.
Quando o avanço civilizacional decidiu considerar que aquele «aluguer» era um abuso e, concomitantemente, um insulto à inteligência e à dignidade do bom povo e, como tal, teria de ser erradicado, logo a inteligência do costume transmutou a coisa em «taxa de potência» - tudo sempre sob a alçada do forte braço da lei -, na perspectiva ancestral de que mudam as moscas mas não muda a matéria que as atrai. E assim se ficou a pagar o mesmo, o que, no fundo e bem vistas as coisas, era o que interessava.
Entretanto, o nível de sofisticação foi-se apurando graças aos sacrossantos avanços tecnológicos, também conhecidos por progresso, e essa «taxa de potência» passou a estar sustentada no argumento de que, enquanto o caduco e troglodita «aluguer de contador» pouca ou nenhuma variação tinha de cliente para cliente, esta «nova» taxa incidia agora sobre a «potência contratada». Leia-se, a capacidade, disponibilizada pela empresa fornecedora, de o cliente poder ligar, em simultâneo, cada vez mais electrodomésticos.
Ora, numa lógica sem lógica nenhuma - pois o consumo é suposto pagar-se pelos Kwh gastos e quantos mais electrodomésticos ligados, mais se consumindo, logo, mais se paga... - o pagador, se queria usufruir da possibilidade de ligar um aquecimento ao mesmo tempo que passava a roupa a ferro e aproveitava o tempo (cada vez mais escasso) para lavar a roupa suja da semana, lá via aumentar a tal «taxa de potência» na sua inestimável facturinha, ao solicitar «instalação» aumentada de potência contratada.
Dito de outra maneira: o cliente paga mais para poder gastar mais... Percebe-se? Duvida-se.
Esse aumento, sem entrar noutros devaneios despiciendos, traduzia-se tão-só pela calibragem de um aparelhómetro, instalado a seguir ao contador de electricidade e que se chama disjuntor diferencial. Por acréscimo, além de calibrar a potência disponível, até tinha a simpatia de proteger a instalação em casos de curto-circuitos, o que até era, vamos lá e como disse, simpático e - lá está! -, civilizado. Uma vez mais, o forte braço da lei dava cobertura ao enredo.
Um dia, em pleno cavaquismo, o País amanheceu com a privatização da empresa fornecedora deste bem. E, ao privatizá-la, algum jurista atento apurou que uma empresa privada não deve cobrar taxas... Enfim, que diabo, não estamos no México, não é? Logo a solução foi fácil e brilhante: mudou-se-lhe, de novo, o nome e passou a denominar-se então «encargo de potência», mantendo-se todos os demais pressupostos.
Aqui convém parar e referir que este «aluguer-taxa-encargo» sofre regulares aumentos anuais, como é de bom tom numa sociedade que caminha para o futuro...
Mas o irrequieto legislador não dorme sobre os louros conquistados e no seu afã de se actualizar em novas realidades e novos desafios, cada vez mais engrossado institucionalmente, até com entidade «reguladora» a preceito, que lhe vai conferindo uma armadura de aço - o «mercado regulado» - contra débeis tentativas de sobrevivência do cliente, a esbracejar aflito num consabido mar de taxas e taxinhas.
Encurtando razões, que o palavrório vai longo, eis o actual estado da arte - uma outra vez, com todo o suporte legal:
- O «encargo de potência» mantém-se;
- Os «contadores inteligentes» em fase de instalação, permitem a definição da tal «potência contratada», ficando os encargos de instalação do sistema de protecção à responsabilidade integral do utente/cliente... Será por isso que regressaram em força os incêndios motivados por curto-circuito...?
- Para cúmulo, uma vez mais civilizacional, actualmente o preço do próprio Kwh também varia em função da «potência contratada», ou seja, o cliente paga mais para poder gastar mais (potência contratada) e paga mais cara cada unidade consumida por já pagar mais para poder gastar mais (diferencial de preço em função da potência). Confusos? Pois têm mais...
-Na factura emitida avisa-se o bom povo de algo quase iniciático: «O preço da electricidade inclui o valor X (sem IVA) correspondente às tarifas de acesso às redes, que contêm o valor dos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) no valor de Y. Estes valores são independentes do comercializador» - fim de citação e de paciência. E, então, perceberam?
Há, neste contexto, uma questão filosófica que me avassala: o que é tudo isto...?!?... Enfim, o que nos vale é que vivemos num estado de direito... Olha se não fosse!
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novembro 22, 2016
um país que perdeu quase tudo...
Não sendo meu hábito, mas porque o texto merece uma séria reflexão de todos, aqui reproduzo, com a devida vénia, um texto de Nicolau Santos, publicado no Expresso Curto:
Por Nicolau Santos
21 de Novembro de 2016
O país que perdeu quase tudo sem dar por isso Bom dia. Este é o seu Expresso Curto, cada vez mais de olhos em bico, seja por causa de um banco, de umas eleições, de umas revelações, das pensões ou do diabo, que não arreda pé da política nacional.
O país amanhece hoje com mais um banco controlado por capitais chineses.
O grupo privado Fosun passa a deter 16.7% do capital do BCP, tornando-se o maior acionista individual, através de uma operação de aumento de capital, pelo qual paga 175 milhões de euros. Fica aberto o caminho para chegar aos 30% e conta já com a luz verde do BCE para esse efeito. Também os direitos de voto vão subir do atual limite de 20% para 30%. A entrada dos chineses mereceu o acordo dos outros principais investidores, nomeadamente os angolanos da Sonangol e os espanhóis do Sabadell. A Fosun já controla a companhia de seguros Fidelidade e a Luz Saúde. Mas a entrada no BCP far-se-à através de uma entidade chamada Chiado.
O negócio é excelente para o banco, que precisava de estabilidade acionista e de aumentar capital, até porque ainda deve 700 milhões ao Estado da ajuda que recebeu durante o período da troika. Mas… o BCP é o maior banco privado português. A EDP é a maior empresa elétrica do país. A REN – Redes Elétricas Nacionais gere as principais infraestruturas de transporte de eletricidade e de gás natural. A ANA controla todos os aeroportos nacionais. A TAP é fundamental na captação de turistas para o país. Todos foram vendidos ou estão concessionados a investidores estrangeiros, assim como o porto de Sines (detido pela PSA de Singapura) e todos os outros (Lisboa, Setúbal, Leixões, Aveiro e Figueira da Foz, controlados pela empresa turca Yilport).
Ora um país que não controla os seus portos, os seus aeroportos, a sua energia (quer a produção quer a distribuição) nem o seu sistema financeiro na quase totalidade (escapa a CGD) é seguramente um país que terá no futuro cada vez mais dificuldades em definir uma estratégia nacional de desenvolvimento.
Provas? A TAP quer comprar oito aeronaves para fazer face à procura crescente resultante das rotas que abriu para os Estados Unidos mas a ANA responde-lhe que não tem espaço para o seu estacionamento no aeroporto Humberto Delgado. Na verdade, os franceses da Vinci, que controlam a ANA, deveriam ter já arrancado com a construção de um novo aeroporto porque o número de passageiros na Portela está muito próximo do limite definido no acordo para que esse passo seja desencadeado. Mas preferem a solução Portela mais Montijo, que lhes sai mais barata e que só deverá estar pronta dentro de três anos, a construir um novo aeroporto, uma decisão obviamente de importância estratégica para o país.
Mais provas? Como se disse, o porto de Sines foi concessionado à PSA de Singapura. Ora, os chineses estão interessados em Sines, onde se propõem aumentar os cais e as plataformas de apoio, mais uma plataforma industrial para montarem os produtos cá e obterem o “made in Portugal”, podendo assim entrar sem problemas no mercado europeu. Só que a PSA de Singapura opõe-se e faz valer a sua opinião por ser dona da concessão. E as autoridades portuguesas pouco podem fazer porque infraestruturas deste tipo são únicas: não se podem construir outras ao lado.
É este o Estado que temos: sem poder para mandar naquilo que é verdadeiramente essencial para definir uma estratégia de desenvolvimento. E o que é espantoso é que quase tudo tenha acontecido em tão pouco tempo (entre 2011 e 2015, pouco mais de quatro anos) e que estivéssemos tão anestesiados que o não conseguíssemos evitar.
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outubro 11, 2016
apenas um apontamento, do tipo dúvida metódica...
Tem a TVI passado, nos últimos dias, uma reportagem sobre crianças retiradas aos pais - maioritariamente de pais imigrantes - pelos Serviços Sociais (?) ingleses por alegados (inventados?) maus tratos, e que tudo configura tratar-se de uma desgraçada e verdadeiramente escandalosa negociata milionária por parte daqueles Serviços que, entretanto, no Reino Unido estarão privatizados...
Os pais vítimas dos casos ocorridos - e que se contam por centenas - como imigrantes que são e geralmente com os naturais problemas de integração e dificuldade de acesso aos meios convencionais de defesa de cidadania vêem-se, de súbito, despojados dos próprios filhos, sem qualquer fundamento plausível ou comprovado... os quais são direccionados para a adopção...!!!
O governo português tem mantido um silêncio sobre o assunto que mal se compreende...
Alguém que me auxilie: há algum fundo de verdade nisto? E, se sim, como é que pode o chamado «mundo civilizado» contemporizar, um dia mais que seja, com tal monstruosa e surreal barbaridade?
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julho 29, 2016
o big pokébrother...
Somos, a cada passo, assaltados por uma onda de aparente palermice à qual aderem acriticamente e de imediato uma data de palermas. Por vezes tão insuspeitos (os palermas) que até podemos ser nós próprios... Aqui fica, em jeito de serviço público, uma das últimas estrondosas palermices, denunciada em texto cuja leitura muito se recomenda:
Retirado do Diário de Notícias on-line -
Pokémon Go é um passo para o totalitarismo? Oliver Stone acha que sim
Oliver Stone alerta para os riscos de fornecer os dados pessoais às grandes corporações em aplicações com o Pokémon Go.
O realizador americano criticou o jogo e os seus jogadores, que se dispõem a fornecer os seus dados a um sistema de "capitalismo de vigilância".
O Pokémon Go, o jogo da moda, é uma ferramenta de "capitalismo de vigilância" que abre caminho para uma sociedade totalitária. O alerta foi dado esta quinta-feira pelo realizador norte-americano Oliver Stone, na Comic-Con de San Diego.
O fenómeno em que se tornou este jogo para telemóveis "não tem graça", sendo uma forma de as grandes corporações conseguirem todos os dados privados dos indivíduos, numa forma de "capitalismo de vigilância", comentou o cineasta perante um painel de jovens.
"O que se vê é uma nova forma de, francamente, sociedade de robôs. É o que se chama de totalitarismo", acrescentou,
citado pelo Los Angeles Times.
Stone está na convenção de cultura 'pop' de San Diego para promover o seu mais recente filme, "Snowden", sobre o ex-analista da Agência Nacional de Segurança (NSA na sigla inglesa) que foi responsável pela maior fuga de informações secretas da história americana.
Pokemon, o jogo que traz espiões para dentro de casa - entrevista a Oliver Stone:
por Sergey Kolyasnikov (@Zergulio)
Pode falar-me do "Pokemon Go"?
Já dei três entrevistas sobre isso, de modo que agora tenho de me aprofundar nas fontes primárias.
Programador do jogo: Niantic Labs. É uma start-up da Google. Os laços da Google com o Big Brother são bem conhecidos, mas irei um pouco mais fundo.
A Niantic foi fundada por John Hanke, o qual fundou a Keyhole, Inc. – um projecto de mapeamento de superfícies cujos direitos foram comprados pela mesma Google e utilizados para criar o Google-Maps, o Google-Earth e o Google Streets.
E agora, atenção, observe as mãos! A Keyhole, Inc. foi patrocinada por uma empresa de capital de risco chamada
In-Q-Tel , que é uma fundação oficialmente da CIA estabelecida em 1999.
As aplicações mencionadas acima resolvem desafios importantes:
Actualização do mapeamento da superfície do planeta, incluindo estradas, bases [militares] e assim por diante. Outrora tais mapas eram considerados estratégicos e confidenciais. Os mapas civis continham erros propositais.
Robots nos veículos da Google Streets olhavam tudo por toda a parte, mapeando nossas cidades, carros, caras...
Mas havia um problema. Como espiar dentro dos nossos lares, porões, avenidas com árvores, quartéis, gabinetes do governo e assim por diante?
Como resolver isso? O mesmo estabelecimento, Niantic Labs, divulgou um brinquedo genial que se propagou como um vírus, com a mais recente tecnologia da realidade virtual.
Uma vez descarregada a aplicação e dadas as permissões adequadas (para acessar a câmara, microfone, giroscópio, GPS, dispositivos conectados, incluindo USB, etc) o seu telefone vibra de imediato, informando acerca da presença dos três primeiros pokemons! (Os três primeiros aparecem sempre de imediato e nas proximidades).
O jogo exige que você dispare para todos os lados, atribuindo-lhe prémios pelo êxito e ao mesmo tempo obtendo uma foto da sala onde está localizado, incluindo as coordenadas e o ângulo do telefone.
Parabéns! Acaba de registar imagens do seu apartamento! Preciso explicar mais?
A propósito: ao instalar o jogo você concorda com os termos do mesmo. E não é coisa pouca. A Niantic adverte-o oficialmente: "Nós cooperamos com agências do governo e companhias privadas. Podemos revelar qualquer informação a seu respeito ou dos seus filhos...". Mas quem é que lê isso?
E há o parágrafo 6: "Nosso programa não permite a opção "Do not track" ("Não me espie") do seu navegador". Por outras palavras – eles o espiam e o espiarão.
Assim, além do mapeamento alegre e voluntário de tudo, outras oportunidades divertidas se apresentam.
Por exemplo: se alguém quiser saber o que está a ser feito no edifício, digamos, do Parlamento? Telefones de dúzias de deputados, pessoal da limpeza, jornalistas vibram: "Pikachu está próximo!!!" E cidadãos felizes agarrarão seus smartphones, activarão câmaras, microfones, GPS, giroscópios... circulando no lugar, fitando o écran e enviando o vídeo através de ondas online...
Bingo! O mundo mudou outra vez, o mundo está diferente.
Bem vindo a uma nova era.
18/Julho/2016
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Mais de um milhão de downloads do Pokemon em Portugal Etiquetas: Opinião, Pensamento crítico, Reflexão, Serviço público
julho 15, 2016
Nice, em dia de opróbio
Em Nice morreu hoje, um pouco mais, o racional da Humanidade. Tal como vai morrendo, em cada dia, em toda a parte, pela aparente impossibilidade do ser humano ser capaz de conviver consigo próprio.
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junho 28, 2016
e a Islândia aqui tão perto...
Desde que me conheço que utilizo recorrentemente, em termos de desabafo contido e a propósito de alguma coisa que, em Portugal, se me depare de violência social intransponível, a seguinte expressão: «ainda estou a tempo de emigrar para o Canadá!».
Perante algumas evidências a que vou assistindo, creio oportuno alterar essa expressão para «ainda estou a tempo de emigrar para a Islândia!».
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junho 01, 2016
reflexão para o dia da criança
escola privada – público esbulho
Já
que gestores e pais sem escrúpulos se destrambelham na mobilização de crianças
para manifestações de carácter absolutamente político, falacioso e oportunista, julgo ter também o
direito de aqui lavrar alguns comentários a propósito:
-
Com que então, se me apetecer andar num ferrari,
o estado tem a pouca vergonha de NÃO me atribuir um subsidiozito para o efeito?
Parece impossível! Isto já não há liberdade de escolha para um cidadão, mesmo
que se vista de amarelo! Isto é, sem margem para dúvidas, um claro ataque aos meus
mais elementares direitos! E, quem sabe, aos meus esquerdos, também…
Bom,
como tem sido largamente difundido pelas televisões, é de vómito o argumentário
dos queques defensores do ensino privado às custas dos impostos de todos.
Apetece-me
sempre, nestas ocasiões, atirar-lhes para o colo com o cadáver de uma das inúmeras
crianças mortas por afogamento no Mediterrâneo, por um lado porque isto anda
tudo ligado e, por outro, apenas para apurarem qual o possível sentido da vida
e da sua concomitante relatividade.
Um
único argumento, entretanto, prevalece, subliminarmente escondido naquele
argumentário: não temos pago, não pagamos
e não queremos pagar! Mas queremos usufruir.
E insistem os gestores dessas escolas privadas e alguns dos papás dos meninos compulsivamente
de amarelo: não nos apetece, pois, abdicar do inalienável direito de acharmos
melhor que os nossos filhos usufruam de condições a que a grande parte das
demais crianças não tem acesso - lá nos vão dizendo estas atrabiliárias
criaturas… - e estamo-nos nas tintas para isso e para vocês! Mas queremos que
nos paguem, pronto!
Assim,
sim, se vê o quão socialmente solidárias são estas bizarras criaturas. E espertas
que elas são, que ele, o chico-espertismo, pelos vistos campeia sem freios nestas
hostes.
- Grande lata! Então, paga-a, porra!
Não queres, antes e por exemplo, ó palerma, discutir a vida dos alunos cujos pais não têm dinheiro para os alimentar e cuja única refeição é obtida na cantina da escola?
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maio 09, 2016
brevíssimas reflexões interrogativas...
- O ensino privado, em Portugal, quer o quê? Ser público?
- Porque é que as comissuras dos já de si estreitos lábios de Passos Coelho lhe estão a cair mais do que o cabelo?
- Quem é o ex-primeiro ministro de Portugal que um dia foi brincar às guerras, aos Açores, e veio de lá como moço de fretes, tendo sido recompensado, concomitantemente, com um alto cargo europeu?
- Alguém viu, alguma vez e porventura, o Passos Coelho numa inauguração de qualquer coisa, enquanto primeiro ministro? Como ele diz que não, nunca fez tal coisa, então, quem já viu, que lhe atire a primeira pedra...
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março 10, 2016
cada um(a) acumula o que pode...
Ora, aqui está um pensamento de fusão que me ocorreu passeando pelo facebook:
- uns(umas) acumulam cargos...
(para o pé-de-meia)
... enquanto outros(as) coleccionam fardos
(para a meia do pé).
No caso, mulheres ambas. Só que uma de finanças, enquanto outra de andanças.
A cada uma segundo as suas possibilidades, assim se diria se a hipocrisia
tivesse alguma vergonha na cara...
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janeiro 08, 2016
breve reflexão de um assumido apoiante de Sampaio da Nóvoa, após o debate para as presidenciais
Não vá dar-se o caso do senhor professor Marcelo me questionar, num qualquer dia destes, acerca do que é que eu pensei no dia 07 de Janeiro de 2015 sobre ele - isto porque, presumivelmente, quase ninguém me conhece e posso querer candidatar-me à Presidência da República no futuro - , aqui fica registado que creio bem que Marcelo encontrou finalmente alguém, à altura da sua inteligência, que foi capaz de o deixar muito inquieto e tão pouco à vontade, como nunca o vi.
E por muito que se ginastiquem os desvairados «comentadores» e «analistas políticos» da nossa praça, Sampaio da Nóvoa disse-lhe o que havia a dizer e o desconforto da careca destapada foi gritantemente patente no que a Marcelo diz respeito.
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dezembro 15, 2015
amizades,
não sei dizer-vos em duas palavras...
... o que me apetece dizer em três. Nem o Natal é o que se quiser antes de ser a baliza onde um ano finda e, logo, um outro começa.
Não há machado que corte a raiz ao pensamento, cantava-nos Manuel Freire, com clarividente espírito libertário, semeando tantas frondosas árvores de livre arbítrio que, ainda e sempre, permanecem como esteios de vida para aqueles que dessa mesma vida têm, por superior objectivo, vivê-la.
Mas, como em tudo, ele há machados e machados e, muito especialmente, há os nossos olhos quando observam as coisas que nos rodeiam - a que alguns chamam, a propósito, a raiz do pensamento.
Vem isto ao caso de, em lojinha (Memórias) que conheço lá para a Rua das Flores (número 18), no Porto, onde sempre me maravilho com produtos manufacturados com graça e originalidade pelo engenho humano, ter tropeçado com o objecto que vos deixo, nataliciamente, em imagem e que se me depara como metáfora para os dias que vamos vivendo.
Nestes dias necessários de ver com olhos de ver, tentemos olhar para o mundo que é o nosso com outro olhar, mais articulados com uma dimensão de Humanidade, onde não nos devemos alhear da reformulação de tantos conceitos.
- produto artesanal da serralharia O Pinha de Manuel Machado, em Celeirós,
ali para os lados de Braga.
O certo é que me emocionei com a reutilização dada pelo artista aos três elementos de ferro, agreste e duro, que compõem a escultura, comummente designada como presépio ou sagrada família. Não sei se aqui reside, em mim, um limiar de religiosidade, mas sei que foram mãos humanas que, conjugadas com um cérebro inquieto e observador, deram à luz tal peça, diferente em tudo dos elementos que a enformam, e, ainda assim, não desdenhando a sua matriz.
Esta, pois, a tal metáfora com que vos deixo, a todos, os meus votos de festas felizes. E um poema, claro:
Natal 2015
tudo muda nesta vida
para que a vida aconteça
cai a noite adormecida
para que o dia amanheça
e assim muda o nosso olhar
com tudo aquilo que vemos
por vezes até o mar
se faz chão quando queremos
nada fica sem mudança
num imenso torvelinho
um homem ontem criança
uma ave a sair do ninho
e na vida assim passando
nessa espiral infinita
vai a esperança esperando
em tudo quanto acredita
e em cada ano que passa
a vida por nós passando
sentimos que nos abraça
a vontade de ir voando
e lá vamos sem parança
que a vida toda se inflama
e lá ao longe de esperança
já o horizonte nos chama
e com temor ou audazes
a rir levamos a sério
o sentirmo-nos capazes
de ser parte do mistério
connosco uma nostalgia
que é também vida afinal
… mas já lá vem outro dia
se quisermos de Natal.
- Jorge Castro
Dezembro de 2015
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dezembro 02, 2015
minha reflexão do dia
Para quantos andam a perorar aos quatro ventos que a solução parlamentar à esquerda é uma tentativa desesperada de «sobrevivência» dos partidos envolvidos - veja-se Zita Seabra e outros «teóricos» quejandos - ocorre-me uma reflexão:
- todos os partidos, bem como todos os seres vivos, aliás, tentam, em cada segundo, em cada minuto, em cada dia, em cada acção, apenas sobreviver; só que uns são melhor sucedidos do que outros. Mais nada.
Parafraseando um dito célebre, é a Biologia, estúpidos!
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novembro 15, 2015
mais do que nunca
Liberdade
Igualdade
Fraternidade
outubro 03, 2015
apelo ao voto - Associação 25 de Abril
Momento de reflexão:
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setembro 05, 2015
anúncio (com nudez implícita)
Não sei se isto irá ocorrer (ou correr bem...), mas quero, desde já, avisar todos quantos aqui venham, que estou a pensar, muito seriamente, publicar no Sete Mares uma foto minha todo nu.
Ainda não me decidi, também, quanto à parte anatómica a expor com maior minudência, mas tal será ditado pela circunstância do momento político, claro.
Tenho a certeza, entretanto, de que toda a gente levará, a partir daí, as minhas convicções, políticas e não só, muito mais a sério!
Confesso, assim, desta forma enviezada, a minha incapacidade intelectual para compreender o gratuito inesperado de certas atitudes.
E que nos valha uma albarda...!
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maio 17, 2015
vejam bem... (II) - pequeno desenvolvimento
No seguimento da entrada, em 15 de Maio p.p., com este mesmo título (vejam bem...), um amigo meu - a quem vou nomear apenas como JF por reserva de confidencialidade - contactou-me por telefone e com habitual e esperada frontalidade, legitimamente agastado por aquilo que ele considerou - e com alguma razão, a meu ver - eu ter «deixado no ar» uma crítica social de que transpareceria ser o valor da obra de arte a causa da minha diatribe...
Estou, obviamente a simplificar a densidade da conversa telefónica, cordialíssima, aliás, como se espera de bons amigos que - oh, curiosidade! - ainda para mais se respeitam, mas sim para obstar ao sofrimento dos meus improváveis leitores para me aturarem neste desenvolvimento.
Tive, assim, oportunidade de esclarecer que, muito de acordo com a opinião de que uma obra de arte, em si, terá até um valor incalculável ou imaterial enquanto património da humanidade, o artista necessita de comer e de beber todos os dias e, daí, haver de se lhe atribuir - à obra de arte produzida - um valor muito material que o sustente.
Até aqui, estamos em enormíssimo acordo.
A minha reflexão - onde também contraponho e sublinho a minha própria situação de privilégio em relação a imensas maiorias de cidadãos por esse mundo fora - é tão-só o alerta possível relativamente a esse mundo em que um qualquer indivíduo, cidadão como os demais, se pode guindar ao estatuto de transaccionar um bem como o quadro de Picasso de que aqui se fala por aquele valor anunciado - do qual convirá também referir que o próprio autor já não está em condições de usufruir a mais ínfima parte.
E se Picasso, em vida, não teve desmesurados problemas de sustento, isso não ocorre com uma imensa maioria de artistas de desvairadas disciplinas, por esse mundo fora.
A distorção social a que chegamos - e da qual quase nem damos conta - que subjaz à capacidade do indivíduo ou da instituição dispor de tais astronómicas verbas, a despeito do mundo à sua volta se encontrar imerso na desgraça da fome, no meio da sociedade da abastança, isso sim é que reputo de irracional e obsceno.
Outro aspecto a considerar tantas vezes, é que a
apropriação particular ou privada da obra de arte vai, afinal, sonegar
do grande público o seu acesso, encerrada que fica em catacumbas securitárias
pelo incomensurável valor que lhe foi atribuído por corpos estranhos ao acto
criativo.
Depois, se olharmos para a progressiva indigência em que vai mergulhando, por toda a parte, o mundo da arte e da cultura, onde o autor hoje miserável e a viver de amigos, tem a sua obra incensada e finalmente valorizada depois da sua morte, mais arrepiante se me depara aquela obscenidade...
Por fim, dir-se-á que tudo isto tem muito que ver com a
«natureza humana», expressão com as costas largas de acolher os desmandos que
passem pela cabeça e pelo poder de compra de cada um. Mas em que parte dessa
«natureza» fica, depois, a destruição do património da humanidade a que estamos
a assistir, quase impávidos, por parte de uma aberrante seita numa guerra insensata
(como todas são, ainda que umas mais do que outras, se me perdoarem a
contradição…) que foi suscitada e é alimentada por esta magnífica sociedade
ocidental em que estamos e somos?
A obra de arte, como tal reconhecida, integra o nosso património
e dela, numa sociedade da Utopia, apenas deveria colher benefício material
imediato o seu autor, enquanto elemento fundador dessa sociedade.
Para todos os demais, mormente após a inexorável morte do
autor, interessaria assumir a consciência de que a obra de arte pertence ao
mundo e dela deveriam desfrutar todos e por ela todos deverem ser atentos responsáveis
e os mais fiéis guardadores.
Falta aqui Escola, muita Escola, claro, para que esta
Utopia se materialize. E sobra, por outro lado, muita cegueira do lucro parasitário. Mas, já
diria Galileu, contudo a Terra move-se
e, assim sendo, o mundo pula e avança…
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maio 13, 2015
vejam bem...
Um quadro de Picasso (As Mulheres de Argel - versão O) tornou-se na segunda-feira a tela mais cara alguma vez vendida em leilão, ao ser adjudicada por 179,3 milhões de dólares (161 milhões de euros). Mas houve mais recordes em Nova Iorque (...).
(In http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=4562831)
Há qualquer coisa de admirável no mundo que todos ajudamos a construir. Vejamos:
Hoje, eu, afortunado cidadão de um país do mundo ocidental, almocei. Pedi uma dose de coelho grelhado (e metade do animal vinha na travessa), acompanhado com esparregado e batatas a murro; reguei tudo com um belo tinto (reserva), comi um pão e bebi o café e, chegado ao fim, custou-me esta aventura qualquer coisa como 12 (doze) euros. O restaurante é normal, bem frequentado por clientes normais. Enfim, interessa o que interessa: satisfeito, eu paguei 12 euros.
E dei por mim a magicar nestas extraordinárias transcendências:
- 161.000.000 € - e, notem bem, por UM simples quadro, ainda que de Picasso -, a 12 € por refeição, dariam para 13.416.666 refeições idênticas ou, dito de modo mais prosaico e considerando que o ser humano poderá ingerir duas refeiçõezitas destas ao dia e que o ano tem, geralmente, 365 dias (logo 630 refeições destas), 21.296 seres humanos poderiam alimentar-se, durante um ano, só com este quadro.
Por outro lado
- 161.000.000 € - e sempre o mesmo quadro de Picasso - se considerarmos que, em África, o rendimento diário per capita, em vários países, ronda UM €, poderá levar-nos à seguinte contabilização: 50 anos são 18.250 dias e, assim sendo, aquele montante permitiria que 8.822 seres humanos pudessem sobreviver durante 50 anos... e, outra vez, apenas com este quadro.
Este raciocínio é tão pornográfico, tão escabroso, tão obsceno que estou em crer que desta vez é que me encerram o blog...
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abril 02, 2015
é Primavera
Completamente saturado dos permanentes vendilhões do templo que andam todos os dias de Portugal à lapela, no exercício que lhes é tão caro de apresentarem fachadas ornamentadas e pintadas de fresco em imóveis de interior caduco, apodrecido e desprezado, quero continuar a transportar esta nação a que pertenço no coração, lugar muito mais reservado, mas de grande aconchego e motivação.
Aí, na verdade, ainda não há pin descartável que se lhe aplique...
- E acabei, mesmo agora, de saber que Manoel de Oliveira nos morreu. Ficará, agora, a terra mais rica, que nós já o estamos que avonde com a obra que nos deixa.
Etiquetas: Reflexão
janeiro 26, 2015
Hoje, não estou só Charlie...
... também estou Cyriza!
Não sei o dia de amanhã. Ninguém sabe.
Mas sei que me interessa a esperança.
E por ela é que vamos!
Etiquetas: Opinião, Reflexão
janeiro 21, 2015
o preço a que está o cherne
Será este, porventura, um exercício simplório da mais sórdida inveja. Muito bem! E, já agora, um não menos bacoco exemplo de incompreensão infinita da res publica. O que só cai mal em espírito que se pretende informado q.b. e lúcido outro tanto.
Será tudo o que quiserem, sem apelo ou negação - e já me está a ocorrer o Ary... - mas tratar assim o cherne, não! O que irão dizer (sentir?) todos os escamados que pululam os sete mares?
E notem que este humilde cidadão que eu sou, tão escamado, aliás, como as demais espécies piscícolas que vagueiam pelos oceanos, não tem nada contra estes milhares todos de bênçãos que tombam, placidamente, no toutiço deste cherne. Nada disso! Eu só gostaria, mesmo, é que estas bençãos, quando nascessem, fossem como o Sol: para todos.
Enfim, porque ele, o cherne, merece e com a devida vénia, deixo-vos aqui um poemaço do meu amigo cápê, a este (des)propósito:
O CHERNE
OK O`NEILL
Sigamos o Cherne
de Alexandre O`Nell
serviu para alguma coisa
serviu para a Uva
dizer ao Zé
ganharás o poder
meu ex-maoísta
meu sempre em pé
podes dele abusar
e se todos nós
os portugueses
seguíssemos o Cherne
estaríamos refastelados
em Bruxelas
com brutos ordenados
mas um país deserto
país não é
portanto fico
por cá a fazê-lo
prefiro o cherne
de preferência?
É cozê-lo.
cápê in Ó Simpático Vai um Tirinho?
Etiquetas: Breves reflexões, Opinião, Pensamento crítico, Poemas, Reflexão
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