Um blog fotográfico sobre Sesimbra
☆ Monumentos e outros edifícios ☆ Lugares com Alma ☆ Passeio ao Castelo
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Sesimbra
segunda-feira, fevereiro 27, 2006
sábado, fevereiro 25, 2006
Cezimbra
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Canoa de Cezimbra
«Cezimbra - A 9 quilómetros para leste do Cabo do Espichel demora a Ponta da Varanda, limite ocidental da enseada de Cezimbra, ao fundo da qual fica a povoação de pesca do mesmo nome, a qual pode ser considerada unicamente entregue a esta indústria.
Na costa que se desenvolve desde o Cabo do Espichel até ao Portinho da Arrábida, denominada "Costa de Cezimbra ou da Serra", em uma extensão de 4,5 léguas, lançam vinte e três armações de pesca, como consta do mapa seguinte, referido a 1886:
Número | Nome das armações | Proprietários |
1 | Balieira Velha | Manuel Caldeira da Costa |
2 | Balieira Nova | Sociedade de Pescarias Lisbonense |
3 | Vale Covo | Frade & Rumina |
4 | Forninho | Viúva Roquette |
5 | Baixas | Soares & Pólvora |
6 | Bolará | Bernardino José da Silva |
7 | Burgau | Manuel Caldeira da Costa |
8 | Ilhéu das Gaivotas | Frade & Rumina |
9 | Varanda | Sociedade de Pescarias Lisbonense |
10 | Cavalo | Soares & Pólvora |
11 | Remechida | Preto & Franco |
12 | Torre | Soares & Pólvora |
13 | Charanga | Frade & Rumina |
14 | Moeda | Viúva Roquette |
15 | Agulha | Alípio Loureiro |
16 | Cova de Cabo de Ares | Alípio Loureiro |
17 | Cabo de Ares | Sociedade de Pescarias Lisbonense |
18 | Cozinhadoira | Manuel da Cruz Fernandes |
19 | São Penedo | Sociedade de Pescarias Lisbonense |
20 | Risco | Manuel Caldeira da Costa |
21 | Ilhéu dos Olhos | João Maria Cruz |
22 | Greta | Soares & Pólvora |
23 | Lagosteira | D. Diogo de Sousa |
Este sistema de pesca é o principal e o que maior quantidade de pescaria produz, no entanto também o porto de Cezimbra possui canoas de pesca do alto e costeira ao anzol, e os pescadores lançam na enseada as armadilhas de verga denominadas cóvos.
O mapa que se segue mostra o movimento de pesca do porto de Cezimbra no ano de 1885 a 1886.»
Barcos | Armações de pesca | Total | |||||
Número | Tripulantes | Número | Barcos | Número de homens das companhas | Embarcações | Pessoas | |
39 | 195 | 23 | 130 | 575 | 169 | 770 | |
Valor do pescado | |||||||
Sardinha | Peixe diverso | Total | |||||
89.527$040 | 262.055$960 | 351.583$000 |
A. A. Baldaque da Silva
"Estado Actual das Pescas em Portugal" - 1892
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
Conferências Quaresmais
A Paróquia de Santiago volta a promover, durante a Quaresma, um programa de conferências sobre temas eclesiais, que já vai no 9º ano de realização, sempre com conferencistas de grande qualidade. Este ano, sob o tema «A Bíblia: Palavra de Deus para a vida», as conferências realizam-se às quartas-feiras, pelas 21.30 horas, na Igreja Matriz de Santiago:1 de Março |
8 de Março |
15 de Março |
22 de Março |
29 de Março |
5 de Abril |
12 de Abril |
(informação divulgada pelo blogue Arrábida)
Genuinamente
(...)«Quando Rui Afonso regressou a casa cruzou-se com o irmão Luís que saía para os ensaios do seu grupo carnavalesco, carregando com dificuldade em ambas as mãos a roupa colorida e semeada de brilhantes e penas de aves tropicais, arrastando ainda um grande tambor. O encontro foi rápido e de passagem mas, ainda assim, permitiu mais uma variante das suas usuais picardias acerca do carnaval abrasileirado que agora dominava na vila:
- Então, lá vais outra vez disfarçar-te de brasileiro...
- Querias que fosse como - mascarado à pescador?
- Pelo menos era mais genuíno.
Era a conversa do costume. Mas desta vez Luís, que já se afastava de casa, parou, voltou-se e mirou o irmão de alto a baixo:
- E tu estás vestido à quê? Esse pulôver inglês e essas calcinhas italianas são genuínas donde?
Rui Afonso foi surpreendido pelo argumento - que ouvia pela primeira vez. Riu-se e retorquiu a cantarolar:
- "Mamã eu quero! Mamã eu quero!..."
- Tu queres é conversa!
Luís afastou-se com a tralha e o irmão entrou em casa. Dirigiu-se à cozinha e preparou um martini com limão. Foi depois para a sala onde colocou um disco de música country a tocar baixo, tirou um livro da estante e retomou uma leitura já adiantada. Só lia Lodge em inglês, para não ser atraiçoado pelas traduções, segundo apregoava: "One, two, three, testing, testing … recorder working OK…".
Em fundo, alguém cantava:
"In the summer time we didn't have shoes to wear
But in the wintertime we'd all get a brand new pair..."»
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
Campismo nas rochas
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Acampar na costa entre Sesimbra e o Cabo deve ser espectacular - embora domir sobre a rocha possa provocar alguns problemas.
Pois este grupo de jovens que esteve em Portugal em 2000, depois de ter participado no Boom Festival, na Herdade do Zambujal, deu um saltinho até Sesimbra e não podia ter arranjado melhor lugar para desfrutar do nosso mar.
Uma sequência de fotografias deste acampamento pode ser vista, na página do húngaro Krisz, a partir daqui.
Sotaque brasileiro
Fotografia de Roland de Haan [+]
Gradualmente, o Carnaval em Sesimbra foi adoptando formas e conteúdos de inspiração brasileira. Os desfiles das escolas de samba são já uma tradição e certas actividades estendem-se a outras épocas do ano. Sesimbra até já “exporta” as suas escolas de samba para diversos pontos do país.
Esta aculturação perturba algumas pessoas, que acham que estamos a perder as nossas raízes culturais na medida em que imitamos outro povo. Penso no entanto que não existe esse problema. Os tempos mudam e as formas de divertimento também. O mal não está em adaptar as criações de outros povos: isso sempre aconteceu. Essa adaptação deve é contribuir para a afirmação dos nossos próprios valores culturais e civilizacionais. Temos de reconhecer que alguns dos sambas originais feitos em Sesimbra para os nossos Carnavais retratam com muita argúcia e espírito crítico aspectos da nossa vida colectiva, tais como os problemas da actividade piscatória, da política ou da protecção ambiental.
Existe nos portugueses um preconceito intelectual contra a cultura brasileira: gostam que os brasileiros cantem “aportuguesado”, mas odeiam que os portugueses cantem “abrasileirado”. Um português como Roberto Leal, porque canta com “pronúncia” brasileira, sofre do nosso mau feitio: senti-me uma vez muito envergonhado quando, num concerto da brasileira Elba Ramalho no Coliseu de Lisboa, ela aproveitou para homenagear Roberto Leal, presente na plateia, e o público simplesmente vaiou o cantor português. Elba Ramalho ficou se saber o que fazer - uma vergonha.
Caetano Veloso, pelo seu lado, sugeriu que os cantores portugueses não deveriam ter medo de cantar com sotaque “brasileiro”, dando o exemplo dos Beatles, que não tiveram qualquer preconceito em usar a pronúncia dos americanos para internacionalizar as suas canções. Caetano Veloso, ele próprio não teve problema em escrever e gravar o fado “Os Argonautas”, onde canta o refrão com “pronúncia” genuinamente portuguesa: “Navegar é preciso, Viver não é preciso…” Correrá Caetano o risco de perder a sua identidade cultural? Não: nem Caetano nem os sesimbrenses.
Faço por isso votos para que esta miscigenação cultural se afirme, ultrapassando os preconceitos e criando realidades novas adaptadas aos novos tempos.
[Adaptado de um texto publicado originalmente no Jornal de Sesimbra]
terça-feira, fevereiro 21, 2006
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
N. S. da Aparecida chegou a terras do Brasil!
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A barca N. S. da Aparecida já chegou ao arquipélago brasileiro de Fernando de Noronha. A notícia foi publicada hoje mesmo pelo portal de "Fernando de Noronha". É o seguinte o conteúdo da notícia:
Barco da Época de Cabral em Noronha 20/2/2006 «Uma embarcação portuguesa chamou a atenção de curiosos em Fernando de Noronha. A réplica de um pesqueiro da época do navegador Pedro Álvares Cabral atracou no Porto de Santo Antônio na Ilha para fazer uma parada estratégica. «Os quatro portugueses que compõem a tripulação falaram sobre a emoção de refazer a rota de Cabral. A Barca Nossa Senhora da Aparecida ganhou esse nome porque a santa é padroeira dos dois países. «Construído em 1961, o barco foi adaptado para seguir as normas de navegação em alto mar. Com onze metros de comprimento por três de largura, a réplica tem um bom desempenho em oceano e usa apenas as velas como meio de propulsão. O motor é exclusivo para entrar e sair dos portos. «A expedição saiu de Sesimbra, em Portugal, no dia vinte e oito de Dezembro de 2005 e já passou por Tenerife na Espanha, São Vicente em Cabo Verde e, após a parada em Fernando de Noronha, segue para Porto Seguro na Bahia.» |
Porto de Santo António, em Fernando de Noronha
domingo, fevereiro 19, 2006
Carnaval de 2006
"Poluição Marinha" - Bota no Rego
Aproxima-se o Canaval e as Escolas de Samba voltam a apresentar os seus fatos, músicas e coreografias desenvolvidas em torno de temas de actualidade, tais como a Arrábida e a preservação da natureza, ou de homenagem, como a Martinho da Vila e a mulheres de ontem e de sempre. É de salientar a iniciativa de uma das Escolas (Bota no Rego) de divulgar na net os seus fatos, atitude bem mais consentânea com os tempos modernos do que o secretismo antigo, que se mantinha até à hora do desfile.
Apresentamos a seguir os temas das Escolas e excertos das respectivas canções:
Bigodes de Rato |
Bota no Rego |
Navegar
Descobrir um Mundo novo
E vou contar, peripécias de um Povo
Fenícios, Egípcios , Gregos, Romanos
primeiros aventureiros
do berço da humanidade.
Dá que Falar |
Num doze de Fevereiro
Nascia mais um brasileiro
Era Martinho José Ferreira
Que na música teria sua carreira
E o mundo encantaria.
Saltaricos do Castelo |
Tens em teu ventre guardada
a semente gerada
esperança e paz.
És tempestade acabada
é o Anjo da Guarda
que a calma nos traz.
Trepa no Coqueiro |
Arrábida, onde a minha serra encontra o mar
A riqueza do seu paladar
tudo isso é para se preservar
Há-de arder, uma fagulha de esperança
Quem tem amor nunca se cansa
de te adorar e proteger.
Tripa Cagueira |
Pintados de preto, com penicos na cabeça
Defendendo o povo, nossa força e união
Descemos a serra e entrámos na avenida
Para tocar na ferida que nos rói o coração
foi assim que começou, com alegria e brincadeira
Hoje são 10 anos na rua
Nós somos "Tripa Cagueira"
Unidos de Vila Zimbra |
Misterioso Mundo, Reino de Neptuno
Reino divinal!
Hippocampus, baleias e belas sereias
Será um sonho ou será real?
Tudo é puro, é verde, é lindo
É a Vila Zimbra que vem sorrindo.
Veja ainda na Internet os seguintes sites com insformações sobre o Carnaval de Sesimbra e as suas Escolas de Samba:
Coutada
Oriundo das paragens agrestes do interior nordestino, Miguel Torga não deixou escapar a oportunidade de escrever sobre as amenidades do litoral estremenho para ironizar, propondo esta doce província para coutada do lirismo nacional. A Estremadura «O nosso lirismo devia ser coutado. O País devia consagrar-lhe um parque de reserva, onde fosse proibido dizimar as espécies que ainda restam, deixando-as viver num paradisíaco devaneio, à lei da inspiração. E nenhum sítio mais indicado para isso do que esta província portuguesa, feita de dunas e calcário. Nos areais onde já D. Dinis trovou, e na pedra mole onde Afonso Domingues, Mateus Fernandes e os Arrudas arquitectaram e esculpiram, poderiam os imaginários e poetas de agora continuar a construir, a lavrar e a rimar endechas. Ao cabo e ao resto, também dos seus artistas vive uma pátria. E ali onde se eternizou o melhor do seu génio, é que era dar-lhes foral. Donos e senhores de Leiria, de Tomar, da Batalha, de Alcobaça e de Óbidos, sentir-se-iam certamente felizes sem grandes encargos para a grei. A terra não é tão boa que se perdesse muito. O iodo do mar tonificar-lhes-ia o sangue, já um pouco delido. E outros túmulos de D. Pedro e D. Inês que rendilhassem, ou meia dúzia de éclogas que escrevessem, era mais um pecúlio a juntar ao património comum. Seriam, afinal de contas, os nossos templários de agora, ou frades bernardes laicos menos nutridos, que os tempos são outros, mas ainda assim vitaminados com boa fruta, curtidos com bom vinho e agasalhados num clima doce. Poderiam passear à sombra evocadora do grande pinhal que o colega medieval semeou, sonhar nas margens do Lis e do Lena, do Alcoa e do Baça, que são rios encantadores para sonhar, e em Pedrógão, S.Pedro de Muel, Nazaré, S. Martinho, Baleal, Ericeira e Sesimbra tomariam banhos de mar sem perigo de maior. Visitariam Mafra de vez em quando, como penitência, gozariam férias graníticas em Sintra, e os seus retiros espirituais seriam na Arrábida, fora do convento. Teriam grandes motivos poéticos e humanos à mão de semear, como a vida dos pescadores da Nazaré, as peregrinações a Fátima, a morte lenta à boca dos fornos da Marinha Grande, a trituração das pedras e dos homens para fazer cimento na Maceira, sem falar no clássico manancial de Aljubarrota, assunto que nunca mais acaba - todas as condições, como se vê, para que outro apogeu da nossa cultura surgisse das margas onde ela afinal tem as suas raízes.» Miguel Torga, "Portugal" |
sábado, fevereiro 18, 2006
Cão no castelo
"Esqueleto de cão no castelo de Sesimbra"
(pó de carvão sobre poliester)
Detalhe de um desenho de Guida Casella, ilustradora
especializada em desenho de sítios arqueológicos.
"Refugo": 100 anos
Comemoram-se amanhã, dia 18 de Fevereiro, os 100 anos da Sociedade Recreio Sesimbrense, situada na Rua do Forno e popularmente conhecida como "Refugo". Das comemorações destacam-se os seguintes eventos:Os nossos parabéns à Sociedade Recreio Sesimbrense.
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
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Para a dedicação de um homem Terrível é o homem em que o senhor desmaiou o olhar furtivo de searas ou reclinou a cabeça ou aquele disposto a virar decisivamente a esquina Não há conspiração de folhas que recolha a sua despedida. Nem ombro para o seu ombro quando caminha pela tarde acima A morte é a grande palavra desse homem não há outra que o diga a ele próprio É terrível ter o destino da onda anónima morta na praia |
Ruy Belo
Pesca de Naufrágios
João Pedro Vaz, autor do blogue Marítimo, acaba de publicar um valioso livro sobre a história naval portuguesa: "Pesca de Naufrágios: as Recuperações Marítimas e Subaquáticas na Época da Expansão"."Nesta obra, são apresentadas o contexto, as motivações, os protagonistas e as experiências por detrás das operações de resgate. A informação histórica, arqueológica e documental é ainda complementada por uma vasta iconografia de grande novidade onde são retratados episódios pouco conhecidos da época da Expansão marítima (secs. XV-XVIII)".
Vale a pena referir a bela citação que o autor tem como lema do seu blogue: "E se os antigos portugueses, e ainda os modernos, não foram tão pouco afeiçoados à escritura como são, não se perderiam tantas antiguidades entre nós de que agora carecemos, nem houvera tão profundo esquecimento de muitas coisas (...)" [Pero de Magalhães de Gândavo, 1576].
João Pedro Vaz cursou Ilustração e História da Arte e História. Desempenha desde 1998 actividade em diversas vertentes históricas: especialista no registo gráfico em campanhas de Arqueologia Subaquática em Portugal continental e nos Açores, coordenador editorial e autor. É co-autor de "Invencível Armada, 1588 - A Participação Portuguesa" (2002) e autor de "Campanhas do Prior do Crato, 1580-1589-Entre Reis e Corsários pelo Trono de Portugal" (2005), ambos publicados na colecção "Batalhas de Portugal" da editora Tribuna. |
O topónimo Santiago
O blogue Toponímia Galego-Portuguesa e Brasileira apresenta uma interessante explicação para o topónimo Santiago. Claro, há a conhecida evolução Jaccob - Santo Iago - Sant'Iago - Santiago. Mas o viajante autor deste blogue propõe uma origem mais antiga:«Se andarmos por Navarra (Nafarroa) ou pelo País Basco (Euskadi), todos os caminhos e estradas são "Iasa" e a cidade onde o Caminho Francês sai dos Pirinéus e entra afoitamente na Península chama-se "Jaca". Uma e outra são palavras de uma língua ibérica que também é muito antiga: o euskera ou basco. E em França os jacques ou peregrinos já se faziam ao Caminho de Santiago inda os tataravós do apóstolo andavam de cueiros e chupeta. Não andaremos muito longe da verdade se dissermos que entre os santos iagos e os santos peregrinos existe uma mudança de fronteira linguística e religiosa - o mesmo é dizer: política. O Santo Iago cristão, o Apóstolo Jaccob, foi colado depois, na Idade Média, às peripécias do misterioso Caminho de Compostela.» |
Segue a viagem!
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Compare com a rota de Pedro Álvares Cabral
Continua a viagem da N. S.da Aparecida rumo ao Brasil, que partiu do Mindelo a 28 de Janeiro. Foram actualizados os Diários e Bordo até ao dia 8 de Fevereiro, dos quais fazemos a seguir um pequeno resumo:
28 de Janeiro |
A Policia Marítima disponibilizou um rebocador que traria o Veríssimo para terra depois de ter saído do porto na barca mas quando foram solicitados pelo rádio a tripulação não estava e não mais deu sinal de vida pelo que fizemos tudo com a prata da casa e viemos traze-lo a terra, sempre com a ajuda do José e logo zarpámos debaixo de efusivos gritos de despedida vindos da praia. Encontramos fora do porto bom vento e mar muito agitado dentro do canal entre ilhas e na noite escura recomeçámos a traçar o rumo da nossa viagem.
29 de Janeiro |
Decidi não reduzir pano esta noite para aproveitar o excelente andamento que vimos tendo com a barca a mostrar grande agradecimento pelas melhorias e reparações efectuadas nos dias anteriores.Com as melhorias que foram executadas pode agora a barca içar as velas que necessita para progredir com velocidade e sem esforço, aproveitando a bom pano as magníficas condições de mar e vento. Seguimos agora o rumo 195 com vento ENE de 15 nós e a uma velocidade média perto dos 8 nós, o que é inédito nesta viagem especialmente quando o mar fica calmo.
30 Janeiro |
31 de Janeiro |
1 de Fevereiro |
Acabo de tirar a capota e experimento agora a versão cabriolet desta linda barca usufruindo o dia bonito que se pôs. Esta capota que é composta de uma lona, armada com tubos de aço, é facilmente recolhida e não empata nada e quem a desenhou sabia por certo ao que a barca vinha, pois oferece boa protecção aos ventos e mar dominantes e é muito forte.
Com um salto de vento aconteceu uma cambadela e com a violência do embate partiu-se no mastro uma pequena peça de madeira que serve de descanso à retranca quando se encontra sem vela mas que não prejudica a nossa marcha. Montou-se um pau no mastro para trabalhar com o estai à laia de pau-de-spi utilizando para o efeito o velho croque às riscas que passa agora a estar de serviço.
2 de Fevereiro |
3 de Fevereiro |
4 de Fevereiro |
24 horas depois voltamos a virar de bordo e numa tentativa de obter melhor rumo, içámos o saudoso spi em borboleta e iniciámos uma etapa de velejada-intensiva pois requer muita perícia, destreza e dedicação do homem do leme para manter ambas as velas enfunadas com a vaga que vinha de popa. A débil brisa, ajudada por tamanha área vélica conseguia mover-nos a 5 nós no rumo certo. A reparação do spi mostra-se impecável mas o conjunto não funciona quando o mar aumenta e optámos pela forma normal na mudança de quarto, rumando a um largo folgado até, que passadas um par de horas e sem que se notasse nenhuma alteração que não fosse algum desvio mais para a orça e záááspuuuu!: o spi voltou a abrir-se em dois, não no mesmo lugar, e a desperdiçar mais esta hipótese de colaboração com a companha. Decididamente, não é uma vela indicada para a barca. Se a temperatura continua a aquecer ainda vai promovido a toldo geral.
(...)
Ao realizar trabalho na carta conducente à obtenção dos melhores rumos a seguir para evitar andar à popa cerrada, apercebo-me que estamos a passar pelo período em que estamos mais longe de terra desta viagem. As costas de África e do Brasil encontram-se à distancia de 750 milhas e é quando nos apercebemos de que estamos entregues ao Criador e que mais ninguém nos pode valer.
5 de Fevereiro |
Estamos abastecidos em água e viveres para um período de calmaria de até duas semanas sem seguimento, findo o qual teremos de aprender a viver de outra maneira, recorrendo provavelmente a técnicas ancestrais e/ou canibais.
Devo dizer que o sistema de informação meteorológica Navtex que temos a bordo não funciona, por não conseguir fornecer mensagens legíveis a esta distância da costa e o telefone satélite há já muito que só funciona esporadicamente e por curtíssimos períodos pelo que só contamos com a bagagem trazida sob a forma de previsões de longo termo, que são muito teóricas.
6 de Fevereiro |
7 de Fevereiro |
8 de Fevereiro |
O percurso de Setúbal a Tenerife encontra-se referido aqui, com o respectivo mapa. O percurso de Tenerife a Cabo Verde encontra-se referido aqui, com o correspondente mapa. Veja também um mapa com a rota de Pedro Álvares Cabral. (*) Doldrums: cintura equatorial de calmaria ou ventos fracos, variáveis em direcção, entre os dois sistemas de ventos alísios. A grande quantidade de radiação solar que atinge o planeta nesta zona aquece intensamente as águas, provocando a subida de ar quente e húmido, baixas pressões, neblinas, elevada humidade e até tempestades: é nesta zona que têm origem os furacões. Os doldrums também se caracterizam por calmarias que chegam a paralisar os veleiros durante dias ou mesmo semanas e constituíam o grande terror dos marinheiros das Descobertas. Sobre as possíveis condições de tempo nesta zona vale a pena ler este texto sobre a Viagem de Vasco da Gama; na viagem de ida para a ìndia as caravelas e naus portuguesas afastavam-se de África e faziam a "Volta ao Largo", com um percurso semelhante ao que está neste momento a fazer a N. S. da Aparecida. |
Porto de Sesimbra
O jornal digital "Setúbal na Rede" apresenta uma entrevista com o presidente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, Carlos Lopes, onde se refere ao porto de Sesimbra:«Como um dos projectos para 2006 está também a elaboração de um novo plano de ordenamento para o Porto de Sesimbra. Os últimos dados existentes são de 1998, e desde então deu-se o desmantelamento da frota que pescava em Marrocos, a vinda de algumas novas embarcações com o encerramento da doca de Pedrouços e um aumento significativo do recreio náutico. Estas alterações “obrigam à actualização dos dados de modo a desenvolver cenários para o futuro ordenamento”. O porto de Sesimbra registou, em 2005, um aumento de 11,7% do valor de pescado movimentado, enquanto Setúbal registou uma quebra de 6% no valor de pescado.»
link para a entrevista
Casa no campo
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一昔前のセジンブラ
Outras pinturas deste autor:
| barcos | castelo | pôr do sol | casas | igreja |
Circuito MATIX/SCS 2006
Pessoal do SCS: Nuno Fachada, António Entrudo, Tiago Ezequiel, Gastão Entrudo, Gonçalo Neves, José Paulo Neto 'Calhau', Luis Rodrigues 'Bonga', Pedro Silva 'Seko', Carlos Jorge 'Pilinhas', Vitor Almeida 'Assanhado', Luis Apolinário 'Come', João Diogo, Nuno Ferreira [ clique para ampliar ] |
Decorreu no passado fim de semana, na praia de Sesimbra e na Lagoa de Albufeira, a 1ª etapa do Circuito MATIX/SCS 2006, organizada pelo Surf Club de Sesimbra. Segundo o próprio clube, "esta foi das melhores provas realizadas pelo SCS até agora, com um número recorde de inscritos, num total de 119 atletas divididos em 14 categorias. O primeiro dia de prova contou ainda com ondas perfeitas em Sesimbra, muito sol, e milhares de pessoas a assistir ao evento.
O primeiro dia, na Praia de Sesimbra, esteve solarengo, sem vento, com ondas entre meio a um metro perfeitas. O sol continuou a fazer-se sentir durante o segundo dia, na Lagoa de Albufeira; no entanto as ondas estiveram mais pequenas, a rondar o meio metro, sem vento de manhã, mas com algum on-shore a entrar pela hora de almoço."
Resultados Finais | |
Bodyboard Open 1- Gastão Entrudo 2- Carlos Jorge 3- João Diogo 4- Gonçalo Neves | Bodyboard Feminino 1- Joana Silva 2- Sofia Moura 3- Patrícia Jesus |
Bodyboard Dropknee 1- Vitor Almeida 2- Manuel José 3- Bruno Franco 4- Gastão Entrudo 5- José Paulo Neto | Bodyboard Sub-18 1- Carlos Jorge 2- Lúcio Antunes 3- António Saraiva 4- Paulo Sequeira |
Bodyboard Sub-16 1- Carlos Jorge 2- António Saraiva 3- Martim Branquinho | Surf Open 1- Gonçalo Bandeira 2- Pedro Madeira 3- Ricardo Matos 4- Ivo Meira |
Longboard 1- Paulo Jacinto 2- Manuel Constantino 3- Luis Calado 4- Pedro Silva | Surf Feminino 1- Marta Santos 2- Maria Benoliel 3- Mónica Santos 4- Catarina Penim 5- Rita Gomes |
Surf Sub-18 1- Francisco Alves 2- Diogo Cipriano 3- José Raimundo 4- Hugo Ribeiro | Surf Sub-16 1- Francisco Alves 2- Francisco Brito 3- André Ramos 4- Francisco Magalhães |
Skimboard Open 1- André Ribeiro 2- Diogo Carvalho 3- Márcio Alves 4- Hugo Simões | Skimboard Feminino 1- Maria Fontain 2- Maria Martins 3- Maria Fontain 4- Sofia Lopes 5- Vanessa Martins |
Skimboard Sub-18 1- Diogo Conceição 2- Pedro Silva 3- Diogo Braz | Skimboard Sub-16 1- Luis Fernandes 2- Diogo Conceição 3- João Pedro 4- Pedro Silva |
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
terça-feira, fevereiro 14, 2006
Gruta do Frade
A complementar a revelação da existência, nas nossas águas profundas, de um dos peixes mais feios dos oceanos, chega agora a notícia da descoberta, na Arrábida, de uma das mais pequena aranhas do mundo. A notícia é dada, na edição de hoje do Correio da Manhã, pelo nosso conterrâneo Francisco Rasteiro, presidente do Núcleo de Espeleologia da Costa Azul (NECA).
Francisco Rasteiro e o NECA não param de nos surpreender com novas descobertas.
Pedro Cardoso, biólogo especialista em aranhas, adianta: “É quase certo que a nossa aranha de quatro olhos é uma anapistula symphytognathidae.” Os exemplares encontrados são fêmeas, amarelas, de patas curtas, com cerca de um milímetro. “Nunca vi uma aranha adulta tão pequena.” O macho, que os espeleólogos não encontraram, poderá ser ainda mais pequeno.
Francisco Rasteiro queixa-se do pouco interesse das autoridades pelas investigações, nomeadamente o Instituto da Conservação da Natureza, que não mostrou interesse em apoiar o estudo da gruta do Frade: “Apesar da extrema dificuldade de encontrar animais com poucos milímetros de comprimento, a equipa de trabalho tem conseguido descobri-los e fotografá-los. Logo que for possível efectivar estudos mais concretos com especialistas na área da bioespeleologia, será dado um passo importante na compreensão de todo o ecossistema cársico, bem como da relação com os agentes do exterior.”
Recorde-se que o NECA, fundado em 1995, tem desenvolvido ao longo dos anos um trabalho notável de exploração das zonas naturais da Arrábida, tendo descoberto muitas grutas naturais, entre as quais se destaca o complexo sistema de salas subterrâneas da gruta do Frade. Esta descoberta deu origem à publicação de um video e do livro "Sistema Cársico do Frade - o fantástico mundo oculto dos minerais", bem como da exposição "Mundo subterrâneo da Arrábida" de Março do ano passado, eventos que constituiram, sem margem para dúvida, o mais importante acontecimento cultural do ano de 2005 em Sesimbra. Esta descoberta, de resto, teve honras de divulgação na revista "National Geographic".
Quimera lusitana
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Os cientistas portugueses analisaram uma quantidade de exemplares de um estranho peixe que os pescadores sesimbrenses têm capturado, com palangre de fundo, a profundidades de 1.600 metros - e concluiram que se tratava de uma nova espécie, à qual propuseram o nome de Hydrolagus lusitanicus. Apesar da sua originalidade, o peixe pertence uma extensa linhagem com vários parentes, entre os quais se contam os seguintes "primos":
Quimera americana (Hydrolagus collei) | Ratazana da fundura (Hydrolagus affinis) |
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O nosso simpático "hidrolago lusitano" pertence, portanto, à família das "quimeras", nome que diz tudo: na mitologia grega, a Quimera era uma monstrinha com cabeça de leoa, corpo de cabra, cauda de serpente e que cuspia fogo.
Trata-se de uma linhagem de peixes bastante primitiva, ainda aparentada com os tubarões, com um esqueleto de cartilagem, em cuja cabeça é visível a junção de várias placas. Não têm escamas nem nadam com impulso dos movimentos de cauda, mas sim com as longas barbatanas laterais. Quanto à Quimera lusitana, ela exibe uma cor entre o rosa e o castanho claro, e do bilhete de identidade consta o seguinte:
Classe - Holocephali Ordem - Chimaeriformes Família - Chimaeridae Género - Hydrolagus Espécie - Hydrolagus lusitanicus |
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
Peixe Fresco
Miguel Zegre, um dos criadores da empresa "Peixe Fresco"
A revista DiaD que acompanha a edição de hoje do jornal Público, divulga a "Peixe Fresco", uma empresa virtual criada no início do ano por Miguel Zegre e Manuel Cardoso. As encomendas são recebidas através da net, até às 17 horas de cada 5ª feira, sendo depois o produto entregue durante a sexta e o sábado. A empresa garante que o peixe chega a casa de cada cliente entre 12 a 24 horas depois de pescado. Mais uma excelente iniciativa pexita para a qual desejamos o melhor dos sucessos.
sábado, fevereiro 11, 2006
quinta-feira, fevereiro 09, 2006
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
Nª. Sª. da Aparecida
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Segundo informações da família de Alexandre de Souza e Holstein, a barca Nossa Senhora da Aparecida encontrava-se, há cinco dias atrás, aproximadamente nas coordenadas de 8º Norte e 27º Oeste, a cerca de 480 milhas do Equador - veja a imagem de cima. Veja também esta imagem com a rota percorrida e coordenadas geodésicas.
A velocidade era, na altura, de 14,5 nós, mas a tripulação prevê que venha a baixar para os 7,5 nós, à medida que se deslocam para zonas mais bonançosas, com menos vento. No entanto, como a direcção do vento deverá rodar para Este, beneficiarão de um ângulo mais favorável para vento fraco. A chegada a Porto Seguro está agora prevista para
Naquela zona oceânica o telefone de satélite nem sempre funciona, ficando a família, por vezes, vários dias sem saber notícias, razão pela qual o Diário de Bordo só tem sido actualizado quando a tripulação se encontra em terra.
O percurso de Setúbal a Tenerife encontra-se referido aqui, com o respectivo mapa. O percurso de Tenerife a Cabo Verde encontra-se referido aqui, com o correspondente mapa.
Agradecemos a Ana de Souza e Holstein as informações fornecidas.
Imagens da zona que a N. S. da Aparecida está a atravessar | ||
Ventos dominantes (Março de 2001) | Meteorologia (6 de Fevereiro de 2006) | |
Imagens do NOAA[ clique nas imagens para ampliar ] |
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Mais uma fotografia do nevãozinho que caíu em Sesimbra, publicada no blogue Whereinsesimbra.
domingo, fevereiro 05, 2006
Que nome darei à minha barca?
Que nome darei à minha barca tão dos homens cansada, jamais do mar? A maré, e as outras marés da minha vida, ora leves, ora em alta vaga, vão e vêm devagar - abandonando-me às horas que demoram, e já partem, como se fossem uma pálida luz que não deseja ser vista para que possa durar um pouco mais. Também a barca do meu corpo, velha, aterrada, se ajusta ao cais obscuro da sua nova morada. A outra, a que me serve de jangada, ganha-pão e sepultura, pede-me que a pinte mais uma vez E ela não espera, ela não obedece à seca emoção do seu arrais. Que nome darei à minha barca dos homens tão cansada, jamais do mar? Nossa Senhora do Homem Só lhe vou dar. |
Casimiro de Brito
Fragmento 16 do Livro das Quedas
Lisboa, Julho de 2001
in "A Meu Ver", de Carlos Pinto Coelho
Escrito como legenda para uma fotografia de Carlos Pinto Coelho em que se vê um homem a pintar uma barca de Sesimbra e onde se divisam, como início do nome da barca, as iniciais "N. S."
sábado, fevereiro 04, 2006
Canoa da Picada