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domingo, 6 de janeiro de 2013

Afasta de mim esse cálice!


Há muitos anos (1973), em plena ditadura militar nos Brasil, Gilberto Gil e Chico Buarque participaram em duo num concerto em que seria suposto cantarem “Cálice”, uma canção escrita pelos dois expressamente para essa ocasião.
Previamente ouvida pela censura, a canção foi de imediato proibida.
Para encurtar a estória... os dois, contra as ordens recebidas, acabaram a cantá-la, em palco, apenas com a letra tartamudeada, entrecortada repetidamente pela palavra “cálice”, que faz realmente parte da letra... mas que na pronúncia brasileira resultou num provocador “Cale-se!”, cantado até que a organização lhes foi desligando os microfones um a um.
Sabemos bem que ainda não estamos aí... e, pelo menos alguns de nós, sabem bem qual o sabor daquele “vinho tinto de sangue” de que fala (realmente) a canção. Felizmente, sabemos também que os soldados mais dificilmente são apanhados a dormir, são aqueles que montam sentinelas e estão de prevenção e alerta.
O segundo vídeo, desta vez com Milton Nascimento e cantado sem censura, serve para quem ainda não tenha ouvido, ficar a conhecer... e para todos os restantes que já conhecem poderem recordar uma canção histórica.
Bom domingo.
“Cálice” (versão censurada) – Chico Buarque e Gilberto Gil
(Chico Buarque e Gilberto Gil)


“Cálice” – Chico Buarque e Milton Nascimento
(Chico Buarque e Gilberto Gil)



domingo, 25 de novembro de 2012

Pi de la Serra – “Se os filhos da puta voassem nunca veríamos o sol!”


“A vida é filha da puta,
a puta é filha da vida
Nunca vi tanto filho da puta
na puta da minha vida!”

Estes versos mal comportados são, quem sabe se erradamente, atribuídos ao Bocage. Se não são dele... a verdade é que sempre se pôs a jeito. Se são, embora não tenham o fino recorte de muita da sua poesia, a verdade é que são muito difíceis de desmentir.
Vieram-me à memória (lembro-me de cada coisa!) a propósito das eleições na Catalunha, do cantautor catalão de Pi de la Serra e de uma das suas velhas canções, que deu título a este post: “Si els fillsde puta volessin no veuríem mai el sol”.
Pi de la Serra vem de longe, está agora a celebrar 50 anos de carreira. Fez o seu caminho, como cantor de intervenção, ombro a ombro com todos os que se destacaram nessa geração fantástica do Zeca, do Adriano, do Paco Ibañes, da Maria del Mar Bonet, do Joan Manuel Serrat... deste foi mesmo colega de escola em miúdo.
Conheci-o em 1976 na primeira Festa do Avante!, na FIL. Encantou-me o seu ar bonancheirão, atento, de humor rápido, irreverente... e a sua forma surpreendente de cantar e tocar a guitarra... só por si, já uma assinalável irreverência.
Na letra, cantada em catalão, Pi de la Serra descreve várias situações de injustiça, exploração e repressão, rematando cada uma delas com um velho ditado popular catalão, a fazer de refrão: “se os filhos da puta voassem, nunca veríamos o sol”.
Felizmente, nada disto se passou... ou passa, entre nós!!!
Aqui fica (com uma tradução para castelhano aqui) , na versão actual e dicado às meninas e meninos que nas antigas escolas da Catalunha eram obrigados a falar exclusivamente o castelhano... chegando mesmo a sofrer castigos corporais se cometessem o “sacrilégio” de falar na sua própria língua, dos seus pais, dos avós...

Bom domingo!
“Si els fills de puta volessin no veuríem mai el sol” – Pi de la Serra
(Pi de la Serra)