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09/06/09

AS ESCOLHAS DE INÊS PEDROSA

Na sessão do dia 18 de Junho serão lidos 24 POEMAS DE AMOR dos seguintes Poetas:

MÁRIO CESARINY
ANTÓNIO BOTTO
ÁLVARO DE CAMPOS
EUGÉNIO DE ANDRADE
ARMANDO SILVA CARVALHO
ANA HATHERLY
NATÁLIA CORREIA
ALEXANDRE O'NEILL (2 poemas)
FERNANDO ASSIS PACHECO
PEDRO TÁMEN
AL BERTO
MARIA TERESA HORTA (2 poemas)
NUNO JÚDICE
LUÍS MIGUEL NAVA
LUIZA NETO JORGE
MANUEL ANTÓNIO PINA
JORGE SOUSA BRAGA
MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA
FERNANDO PINTO DO AMARAL
JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA
HERBERTO HELDER
INÊS PEDROSA

As leituras estarão a cargo de Catarina Nunes de Almeida, Filipa Leal, Isaque Ferreira, Pedro Lamares e Rute Pimenta.

O LENTO E INCENDIÁRIO CAMINHO DO AMOR: DIA 18, NAS "QUINTAS".

Inês Pedrosa escolheu:

DA VERDADE DO AMOR

Da verdade do amor se meditam
relatos de viagens confissões
e sempre excede a vida
esse segredo que tanto desdém
guarda de ser dito

pouco importa em quantas derrotas
te lançou
as dores os naufrágios escondidos
com eles aprendeste a navegação
dos oceanos gelados

não se deve explicar demasiado cedo
atrás das coisas
o seu brilho cresce
sem rumor

JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA

Este poema será lido por Rute Pimenta.

08/06/09

POEMAS DE AMOR. DIA 18 de JUNHO, NAS "QUINTAS DE LEITURA".

Outra magnífica escolha de Inês Pedrosa:

A BELA DO BAIRRO

Ela era muito bonita e benza-a Deus
muito puta que era sempre à espera
dos pagantes à janela do rés-do-chão
mas eu teso e pior que isso néscio desses amores
tenho o quê? Quinze anos
tenho o quê uns olhos com que a vejo
que se debruçava mostrando os peitos
que a amei como se ama unicamente
uma vez um colo branco e até as jóias
que ela punha eram luzentes semelhando estrelas
eu bato o passeio à hora certa e amo-a
de cabelo solto e tudo não parece
senão o céu afinal um pechisbeque

ainda agora as minhas narinas fremem
turva-se o coração desmantelado
amando-a amei-a tanto e sem vergonha
oh pecar assim de jaquetão sport e um cigarro
nos queixos a admiração que eu fazia
entre a malta não é para esquecer nem lá ao fundo
como então puxo as abas da farpela
lentamente caminho para ela
a chuva cai miúda
e benza-a Deus que bonita e que puta
e que desvelos a gente
gastava em frente do amor

FERNANDO ASSIS PACHECO

Este poema será lido por Isaque Ferreira.

03/06/09

ESTE POEMA VAI SER LIDO PELA FILIPA LEAL NO RECITAL DO DIA 18.

Mais um POEMA DE AMOR escolhido por Inês Pedrosa:

POEMA DE AMOR PARA USO TÓPICO

Quero-te, como se fosses
a presa indiferente, a mais obscura
das amantes. Quero o teu rosto
de brancos cansaços, as tuas mãos
que hesitam, cada uma das palavras
que sem querer me deste. Quero
que me lembres e esqueças como eu
te lembro e esqueço: num fundo
a preto e branco, despida como
a neve matinal se despe da noite,
fria, luminosa,
voz incerta de rosa.

NUNO JÚDICE

02/06/09

AS ESCOLHAS DE INÊS. POEMAS DE AMOR. DIA 18, NUM TEATRO PERTO DO SEU CORAÇÃO.

DESINFERNO II

Caísse a montanha e do oiro o brilho
O meigo jardim abolisse a flor
A mãe desmoesse as carnes do filho
Por botão de vídeo se fizesse amor

O livro morresse, a obra parasse
Soasse a granizo o que era alegria
A porta do ar se calafetasse
Que eu de amor apenas ressuscitaria

LUIZA NETO JORGE

Este poema será lido por Catarina Nunes de Almeida.

01/06/09

AS ESCOLHAS DE INÊS PEDROSA. DIA 18 DE JUNHO. POEMAS DE AMOR

AMOR COMO EM CASA

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor; e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

MANUEL ANTÓNIO PINA

29/05/09

MAIS UM POEMA DE AMOR ESCOLHIDO POR INÊS PEDROSA

PAIXÃO

Ficávamos no quarto até anoitecer, ao conseguirmos
situar num mesmo poema o coração e a pele quase podíamos
erguer entre eles uma parede e abrir
depois caminho à água.

Quem pelo seu sorriso então se aventurasse achar-se-ia
de súbito em profundas minas, a memória
das suas mais longuínquas galerias
extrai aquilo de que é feito o coração.

Ficávamos no quarto, onde por vezes
o mar vinha irromper. É sem dúvida em dias de maior
paixão que pelo coração se chega à pele.
Não há então entre eles nenhum desnível.

Luís Miguel Nava

Este poema será lido por Isaque Ferreira.

28/05/09

POEMAS DE AMOR ESCOLHIDOS POR INÊS PEDROSA

O ESPÍRITO


Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;

E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:

Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.

Natália Correia

Este poema será dito por Rute Pimenta.

27/05/09

DIA 18 DE JUNHO. POEMAS DE AMOR ESCOLHIDOS POR INÊS PEDROSA

poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

Este poema será lido por Isaque Ferreira.

26/05/09

FAZES-ME FALTA.



Começamos hoje a divulgar alguns dos Poemas de Amor, escolhidos por Inês Pedrosa, que serão lidos na sessão do próximo dia 18 de Junho.


Quanto, quanto me queres? - perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...

Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...

Não perguntes, não sei - não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.

António Botto (1900-1959)

Este poema será lido por Catarina Nunes de Almeida.

(fotografia retirada da revista brasileira online Bravo).

25/05/09

O Amor segundo Inês Pedrosa e Aldina Duarte





"Fazes-me falta" é o título da próxima sessão do ciclo poético "Quintas de Leitura", que se realiza a 18 de Junho, às 22h00, no Auditório do TCA, com a participação do colectivo poético Caixa Geral de Despojos.

Esta sessão é marcada pela presença de duas mulheres insubmissas e brilhantes da cultura portuguesa: a escritora Inês Pedrosa e a fadista Aldina Duarte.

Inês Pedrosa escolheu e apresentará 25 belos e surpreendentes Poemas de Amor, todos de autores portugueses: Mário Cesariny, António Botto, Álvaro de Campos, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner, Ana Hatherly, Natália Correia, Alexandre O'Neill, Fernando Assis Pacheco, Pedro Támen, Al Berto, Maria Teresa Horta, Nuno Júdice, Luís Miguel Nava, Luiza Neto Jorge, Manuel António Pina, Jorge Sousa Braga, Maria do Rosário Pedreira, Fernando Pinto do Amaral, José Tolentino Mendonça, Herberto Helder e Inês Pedrosa.

Os poemas foram escolhidos para as vozes de Catarina Nunes de Almeida, Rute Pimenta e de três elementos do colectivo poético Caixa Geral de Despojos (Filipa Leal, Isaque Ferreira e Pedro Lamares).

A imagem da sessão, produzida em tempo real, é da responsabilidade do ilustrador António Jorge Gonçalves.

O momento de performance é assegurado por Victor Hugo Pontes e Elisabete Magalhães. Apresentarão a peça "Dupla em Fotomontagem".

O espectáculo contará ainda com o regresso aos palcos das “Quintas de Leitura” do jovem, talentoso e laureado pianista Raúl Peixoto da Costa, que interpretará temas de Chopin e Liszt.

Aldina Duarte dará um concerto com cerca de 45 minutos, a fechar a sessão, onde cantará temas do seu último disco " Mulheres ao Espelho".


Refira-se, por fim, que o espectáculo é assinado pela dupla João Gesta e Mafalda Capela, também elementos do colectivo Caixa Geral de Despojos, e igualmente responsáveis por espectáculos de sucesso como "Bife Picado", “Irene! Irene! Sirva o Leite-creme!”, “Fio Mental” e “Nunca mais é sável”, todos apresentados no âmbito das “Quintas de Leitura”.

Adivinha-se uma noite intensa, arrebatadora, cheia de tensão poética, construída à medida do seu coração.


Bilhetes a pensar na crise: 9,00 Euros e 6,00 Euros (c/ desconto).

MORRER DE AMOR

Morrer de amor

ao pé da tua boca

Desfalecer

à pele

do sorriso

Sufocar

de prazer

com o teu corpo

Trocar tudo por ti

se for preciso

(MARIA TERESA HORTA)









24/11/08

Irene! Irene! Sirva o leite-creme!















Nós tínhamos prometido: um recital com jantes alargadas. Assim foi. Começou às 22h10 e terminou à 01h20. Aqui ficam alguns registos desta noite memorável. As fotografias são da Mafalda Capela. Se cá estiveram comentem. Gostamos sempre de partilhar opiniões.

Os heróis da noite (de cima para baixo)

Carlos Maza
A família Maza
Ana Carla Maza
Mariana Rocha ( performance «Curta-Mixagem»)
Pedro Lamares (membro da CGD em sentida homenagem ao poeta Joaquim Castro Caldas)
Isabel Nunes ( A «Irene» que trouxe o leite-creme)
O COPO (Paulo Condessa e Nuno Moura, festejam 10 anos de acção poética no TCA)
Daniel Maia-Pinto Rodrigues e Isaque Ferreira ( dupla exótica da CGD)
Nos agradecimentos: também Manuela Pimentel a artista plástica que deu «imagem» ao recital.

19/11/08

HOJE NA TV


Hoje, entre as 16:00h e as 18:00h, no programa ZONA INTERDITA da Porto Canal, a Caixa Geral de Despojos estará em estúdio, em directo na TV, convidada a propósito da sessão de Quintas de Leitura de amanhã.

Tudo por culpa do RECITAL COM JANTES ALARGADAS: "Irene!Irene! Sirva o leite-creme!"

Participem também através do blogue do programa. Basta clicar aqui.

(fotografia: pat)

14/11/08

HOMEM


Velho
à porta de sua casa
o pescador.
À sua frente grande
o mar.

A vida. A mulher. Os sonhos.
Subitamente a consciência toda
daquele momento carregado de frio
e de distância.
Mas o vinho ganha no copo
assim como o complicado sabor do cigarro
nos seus dedos.

A tranquilidade desce ao velho.
A imensa companhia da mulher.
Oceanos à viola outonos de lã.

(Daniel Maia-Pinto Rodrigues, in "Dióspiro", Quasi Edições)

13/11/08

O LAGARTO DE GILA

Adquiri numa loja o sui generis lagarto de Gila.
Em casa observava amiúde o bicho.
Um dia lembrei-me de convidar amigos impressionáveis
para se boquiabrirem e assustarem o lagarto.
Já com os convidados a chegar
pareceu-me sentir nos olhos do animal
o querer dizer-me que não pretendia ver ninguém.
Correspondendo, escondi-o à pressa
no quarto de banho de serviço.
Os convidados, que suspeitavam ir haver uma surpresa
surpreenderam-se por não ter havido surpresa nenhuma.
Creio, porém, que consideraram o serão animado.
Eu, apesar de não o deixar transparecer
achei o convívio aborrecido.

(Daniel Maia-Pinto Rodrigues, in "Dióspiro", Quasi Edições)

12/11/08

DANIEL, O GRANDE DESAFIADOR

Alguns momentos mais com a poesia de Daniel Maia-Pinto Rodrigues.

MARRECO

Ainda hoje me recordo
olha que foi mesmo engraçado
quando tu, Lagardère, naquela festa de arromba
de rompante me mostras a lomba.

x

De certo modo também eu, em tempos
fui infiel ao príncipe Charles.

x

Papagaia loira
de bico doirado
leva-me este corno
ao teu namorado.

x

VISITA DA CASA

"Afinal, o que é que vem cá fazer a Gabriela?!"
"Ó querida, não te virá mostrar as mamas dela?"

x

Houve uma coisa que veio do céu e disse:
- Sou a Celeste. Não te lembras!? A Celeste!
- Ah, sim! Olá, Celeste. Assim de repente
não estava a contar contigo.

x

LA NATURE AU PIMBA

Foram vistas duas palomas in the sky.
Uma era a filha, a outra era o pai.

(in "Dióspiro", Quasi Edições)

11/11/08

Daniel Maia-Pinto Rodrigues nas "Quintas de Leitura"

Fotografia : Daniel Maia-Pinto Rodrigues por Pat


A sessão "Irene! Irene! Sirva o leite-creme!" servirá também para marcar o regresso do poeta Daniel Maia-Pinto Rodrigues às "Quintas de Leitura". Lerá, na companhia de Isaque Ferreira, alguns poemas de sua autoria e também de Alberto Pimenta.
Publicamos hoje um dos poemas que será lido na sessão:

ENQUADRADINHOS MÉTODOS DE TRABALHO

Ultimamente têm-me maçado
com enjoativos trechos de lamúrias.

Ele são cinco mil mulheres mal tratadas
não sei quantas raparigas mal amanhadas
sete mil e quinhentas gaivotas assassinadas
um sem número de situações assaz desesperadas.

Eu tenho os meus próprios problemas:
ir à missa das doze, adiantar os estudos,
levar o cão à rua, assim não dá, não dá.

Desisto deste vilancete. É uma pena
eu não ter método de trabalho na escrita.

(Daniel Maia-Pinto Rodrigues, in "Dióspiro/poesia reunida 1977-2007", Quasi Edições)

05/11/08

Sirva-se o leite-creme !!!

Copo e Caixa Geral de Despojos no mesmo prato.

JÁ RESTAM POUCOS BILHETES PARA A PRÓXIMA SESSÃO DAS "QUINTAS".

A sessão "Irene!Irene!Sirva o leite-creme!" está quase a esgotar. Anuncia-se um recital de poesia cheio de emoção, com as presenças imaculadas dos colectivos "Caixa Geral de Despojos" e
"O Copo".

Hoje continuamos a divulgar poemas da grande Adília Lopes, que serão e não serão lidos na sessão por Nuno Moura e Paulo Condessa.

HARDCORE

Dez para as duas
Sapatos a mais para Cinderela
Não há orquídeas para Miss Blandish

x

Ela era boa rapariga - Sãozinha
ela era uma rapariga boa - Samantha
ela não era uma rapariga - Lassie

x

Saiu das suas tamanquinhas
para calçar escarpins de verniz
mas ficou descalça
depois tiveram de lhe cortar os pés
podres de ricos

(in "Obra", Mariposa Azual)