domingo, 30 de setembro de 2012

TERREIRO DO PAÇO

Ontem, em Lisboa, durante e depois da manifestação! Porque será que, duas horas depois, ainda estava gente a dirigir-se ao local? Mania de se atrasarem... :)

sábado, 29 de setembro de 2012

SÃO ROSAS, NÃO SÃO CRAVOS...

28 de Setembro de 1974:
Estava de férias em casa de uma amiga, em Vila Nova de Ourém - sim, porque naquela época as aulas só recomeçavam depois do dia 5 de Outubro, eram férias grandes mesmo!
Havia um baile lá na terra - da Uva, para comemorar o fim das vindímas - em que nos tinhamos comprometido a ajudar na organização. Trabalho de adolescentes, nestes eventos, passava por cobrar os bilhetes à porta, servir às mesas, mas por turnos, que a malta também se queria divertir e dançar. Tudo muito metódico e organizado.
Só que nessa tarde, começaram a surgir boatos de um golpe militar em Lisboa, cada um acrescentava mais uns pós da sua fértil imaginação: a minha cidade a ferro e fogo, pejada de mortos, a preocupação a crescer, já não conseguia conter as lágrimas, que brotavam em catadupa. Telefonei para casa, atendeu a minha irmã, que os meus pais tinham ido ao cinema (este gosto cinéfilo é de família), ela nem tinha dado por nada de anormal, mas também começou a ficar preocupada... Enfim, bem me tentavam acalmar, assim com umas palavras simpáticas, tipo "não, parece que só há meia dúzia de mortos", mas não estava nada convencida que me estivessem a dizer a verdade...
Só sosseguei quando a minha mãe telefonou, perto da hora do jantar, tinham ido e vindo do cinema sem reparar em qualquer golpe militar em curso. Claro que aí já não havia nada a fazer pelos meus olhos, vermelhos e inchados q.b. depois de tamanha choradeira.
O baile correu bem - depois de um susto destes, o que é que não corre?
Mas lembro-me que o grupo local tocou e cantou esta música:



Quem diria que, 38 anos volvidos, iria para a rua protestar pelo desagrado da situação a que o meu país chegou? A melancolia juvenil (publicada aqui a 6 de março de 2008, com o texto acima e a propósito de um desafio musical) deu lugar à convicção que vale a pena ir para a rua "lutar": a democracia e a liberdade não têm preço, por muito espinhosos que sejam os caminhos... tal como as rosas, afinal, não são cravos vermelhos!


Imagem do facebook

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

MISTÉRIO INTRIGANTE

Se há mistério intrigante é a razão do sucesso ou do insucesso. De pessoas, livros, filmes, obras de arte, músicas, empresas, negócios e por aí fora. É impossível que seja só uma questão de feitio ou mentalidade, sorte ou azar, empenho ou descaso de quem se propõe seguir em frente num determinado rumo. Embora esses factores possam, de alguma forma, contribuir para o epílogo...

Esquecendo dúvidas existenciais sem solução à vista, recentemente "As Vozes do Jazz" - página do facebook que sigo com bastante interesse - destacou as 30 músicas/canções com mais sucesso de sempre, dentro do género. Todas anteriores ao meu nascimento (gostos antiquados, hein?!?), medidas pelo êxito que obtiveram ao longo de décadas. No top figura este "Body and Soul", de 1930, aqui na sua versão mais recente de 2011, nas vozes de Amy Winehouse (ela própria um misto de sucessos e insucessos) e Tony Bennett:


Voltarei ao tema do sucesso e do insucesso em breve, para já desejo a todos um...

FELIZ FIM DE SEMANA!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

ABRIU A ÉPOCA DA CAÇA?

- Acabei de ler na net, que o governo reforçou a sua segurança pessoal. Achas normal? Alguém lhes vai fazer mal? - perguntou uma mulher a outra, num serviço hospitalar.
A outra sorriu, mas hesitou antes de responder:
- Não sei! - olhou para mim, que não as conhecia mais gordas (nem magras!) e acrescentou - anda tanta gente prái que não tem o que dar de comer aos filhos... Se é connosco é como o outro, mas quando são os nossos filhos... 
Acenei com a cabeça, em sinal de concordância, mas não resisti a concluir: "É, é melhor que se cuidem!"

Não sou, nem nunca fui, adepta de caça ou de qualquer outro tipo de violência. Também não votei nestes governantes, sendo que voto sempre (duas exceções, no longo currículo)! Mas tanta autoridade, arrogância e insensibilidade para esmifrar os trabalhadores mais mal pagos da União Europeia - em nome da crise e da "necessária" austeridade - enquanto fecham os olhos perante amigalhaços corruptos ou administradores incompetentes que nomearam, alinh(av)ando mentiras e hipocrisias sucessivas, sem se esquecerem de distribuir benesses por banqueiros e grandes empresários, para afinal... terem medo?!? Ui, ui, garanto que também tinha...


Imagem do facebook.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

PARA ROMA, COM AMOR

O último filme escrito e realizado por Woody Allen tem Roma como cenário e estreou recentemente por cá.  Cenário esse onde se entrecruzam quatro histórias diferentes, sem ligação entre si. Ora à partida prefiro um argumento bem concebido - quer dizer, com princípio, meio e fim! - mas desta vez o entrelaçar das histórias dá a sensação de estarmos à janela, curiosos, a assistir às peripécias do dia a dia da vizinhança: 

- Leopoldo (Roberto Benigni), um empregado de escritório com uma vida rotineira, torna-se repentinamente famoso e, agora, uma multidão de jornalistas e de fãs corre atrás dele sempre que sai à rua, mesmo que ele não saiba o que dizer, nem de onde lhe advém a fama;

- um arquiteto de meia idade (Alec Baldwin), tendo vivido na cidade uma grande paixão na juventude, resolve passear pelas ruas de outrora e encontra um jovem arquiteto (Jesse Eisenberg) em tudo semelhante a ele - será o reviver do seu romance com uma fogosa atriz (Ellen Page), que por sinal era amiga da sua companheira?; 

- em lua-de-mel e em busca de contactos para obterem um melhor emprego na capital, um casal de provincianos deixa-se enredar numa teia de mentiras, desencontros e desejos nunca confessados, que envolvem uma prostituta (Penélope Cruz) e um ator famoso...;

- e o romance entre a americana e o italiano, que resolvem casar, mas o neurótico e 'avant-garde' pai da rapariga (Woody Allen), um produtor de espetáculos musicais reformado, descobre o talento de tenor do futuro sogro da filha e insiste em levá-lo para os palcos, mesmo que o cangalheiro só se sinta à vontade para cantar no duche?

Para além do breve resumo de cada um dos mini-enredos, deixo o trailer:


6.6/10 na classificação da IMDb não é nada por aí além, mas já se sabe que os críticos não apreciam comédias leves e bem-dispostas. Ao contrário deles, tenho a mania de ir ao cinema para me divertir... como foi o caso! (ah, e também dá uma enorme vontade de visitar Roma, asap...)

Imagem de cena do filme, da net.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

MUSEUS DE CERA

Desde que visitei o Madame Tussaud, em Londres, fiquei fã dos museus de cera e de todo o trabalho artístico que envolvem, a par de alguma reconstituição histórica para enquadrar as várias personagens num ambiente próximo ao que viveram, bem como na escolha do vestuário adequado. Daí ter sido das primeiras "clientes" do museu de cera de Lisboa, assim que abriu portas nos finais do século passado. Nunca ouviram falar? Pois, comparativamente era bem mais modesto - cerca de 180 figuras - e encerrou as portas poucos anos depois. Possivelmente devido aos poucos visitantes ou à publicidade quase inexistente... Adiante!

Claro que não podia falhar o de Madrid (e para encerrar o capítulo da viagem pela capital espanhola!), no meu modesto entender aquém do de Londres, mas bastante melhor que o congénere de Lisboa. A começar por esta personagem, a primeira que surge na zona histórica - Viriato, tido como figura ibérica!

Hoje é impossível constatar se algumas destas personalidades realmente se assemelham aos bonecos que as representam, mas facto é que em muitos casos nem se necessita ler as legendas...

Pois, zarolhos não há muitos!

Outros, pelo contrário, são facilmente identificáveis pelas fotografias que lhes conhecemos, mesmo que de outros tempos. Não há dúvida que a fotografia foi uma grande invenção! 

Pablo e...

Pablo, muito fiéis às suas imagens!

Já não se pode dizer o mesmo em relação à rapaziada de Liverpool, que se não fosse o caso de estarem os quatro juntos e o nome The Beatles estampado na bateria, seriam uma verdadeira incógnita. Muito melhor, Presley ou Jackson, em frente a eles, já o tio Louis lá para a beira do palco... nem o reconheci!

Clooney charmoso e sedutor, as always...

... enquanto Marilyn não lhe fica atrás, em glamour e sedução no feminino.

Já a Chaplin falta-lhe o essencial: o sorriso triste e o brilhozinho nos olhos meigos e suplicantes, como se se tratasse de um cão escorraçado pelo dono...

Os políticos presentes no museu estão genericamente muito bem - de Rajoy a Cavaco, passando por Arafat, Obama ou Ghandi, e acabando na Merkel ou em Hollande - mas como estamos todos tão cansados de ver as suas caras nos noticiários... decidi poupar-vos! 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

AVENTURAS DE JOÃO SEM MEDO

A Tons de Azul sugeriu a leitura deste livro em tempos, mas não foi a única a aconselhá-la. Encontrá-lo à venda não foi tarefa fácil, acabou por surgir num escaparate nesta edição de bolso, de meras 218 páginas de letra gorda - fora uma nota final da 2ª edição (de 1973), com pouco mais de uma dezena de páginas.

O subtítulo desta obra de José Gomes Ferreira é sobejamente elucidativo: panfleto mágico em forma de romance. Tal como o próprio autor explica na referida nota final, a primeira versão desta narrativa foi concebida e publicada em 1933, "esfacelada em episódios n'O Senhor Doutor", um jornal da época, e só cerca de 30 anos depois tomaria a forma de livro, após algum trabalho de remodelação a que acrescentou uma conclusão - o que não fizera inicialmente!

João Sem Medo vivia em Chora-Que-Logo-Bebes, "uma exígua aldeia aninhada perto do Muro, construído em redor da Floresta Branca", mas, ao contrário dos seus conterrâneos, recusava-se a passar os seus dias a choramingar e a lastimar-se. Assim, um dia avisa a mãe que irá saltar o Muro, ao que a pobre viúva responde com a choraminguice habitual e súplicas prolongadas. No entanto, determinado, João Sem Medo parte à aventura por esse mundo desconhecido...

Logo de início depara-se com Dois Caminhos, onde uma estranha fada (melhor dizendo, um marmanjão mascarado de fada, pois trata-se do contínuo da Repartição da 3ª Mágica, o único que estava disponível no momento, quando telefonaram a pedir uma representante para o local), lhe indica que o asfaltado o conduzirá à felicidade e o de pedregulhos à infelicidade. O nosso herói opta pelo asfaltado, até ao momento em que descobre que a felicidade tem um preço: consentir que lhe cortem a cabeça. "para não pensar, não ter opinião nem criar piolhos ou ideias perigosas" e "trazer nos pés e nas mãos correntes de ouro." João recusa cortar a cabeça e envereda então pelo outro caminho, jurando contudo não ser infeliz, "PORQUE NÃO QUERO".  Põe-se então em marcha enfrentando perigos vários e estranhas personagens, entre gigantes, fadas, bruxas e animais falantes, em mundos às avessas. Será que algum dia regressará a Chora-Que-Logo-Bebes para reencontrar a sua triste mãe?

Quase 5 décadas volvidas sobre a publicação em livro (e 8 sobre o seu formato folhetinesco) ainda é uma leitura muito agradável que, à primeira vista, pode ser confundida com uma história infantil. Não é! Ao evocar a criança que ainda existe dentro de quase todos nós, vai-nos dando conta simbolicamente de um outro tempo de "caça às bruxas", em que as pessoas eram dominadas pelo medo, evitando até expressar as suas opiniões livremente...

Citações:

"- Na verdade - admitiu a formiga - a maioria dos animais tornou-se muda. Que queres? Os homens diziam tantos disparates que, certo dia, os bichos, para não se confundirem com vocês, votaram a greve geral, a greve do silêncio que ainda hoje dura... Greve apenas furada pelos papagaios e outras aves sem categoria..." 

"[...] não devemos confundir igualdade com identidade... baralhada muito comum, aliás... Do ponto de vista exterior vocês serão sempre desiguais."

"- Sabes quem são estes homens? [...]
- Escravos que vivem no aviltamento de um trabalho sem sentido para alimentar a preguiça dos habitantes dos ninhos de penas. Enquanto os semideuses comem, bebem e passam os dias enfeitados de flores a cantar louvores ao sol e à lua, os outros na escuridão mourejam como máquinas de pavor negro.
- E no entanto são todos feitos da mesma carne humana, não?"

sábado, 22 de setembro de 2012

FOLHAS DE OUTONO...

O outono começa hoje e, apesar do  calor e do bom tempo, já começou a dar os seus sinais. Árvores que se vão despindo lentamente, enquanto a sua folhagem se tinge em tons diferentes de verde, em cambiantes de amarelo e acastanhados... A estação mais poética do ano, inspiradora de tantos versos e temas musicais. Como este, na doce voz de Nat King Cole:


UM EXCELENTE OUTONO PARA TODOS
E
BOM FIM DE SEMANA!


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

PRAÇAS DA MINHA VIDA

Nunca foi uma praça bonita, antes pelo contrário: era um enorme descampado, com muito trânsito a circular no pavimento de paralelepípedos existente, que convergia para o seu centro.  Num dos lados, mais precisamente no enfiamento da vereda da foto, um polícia sinaleiro comandava a circulação automóvel e pedonal, no cimo de uma peanha, a gesticular aparatosamente com um apito na boca.

O único espaço ajardinado era este (que ainda hoje existe), mas desde miúda que me habituei a atravessar a praça para os outros extremos: para ir para a escola primária, visitar os meus avós, mais tarde para o liceu ou para apanhar o autocarro (ou boleia) para a faculdade... Ao longo de mais de duas décadas foi caminho que percorri quase diariamente, ponto de encontro e de desencontros sucessivos que relembram histórias antigas, daí ser a praça da minha vida!

Depois de inúmeras alterações ao seu traçado, ao longo dos anos, não beneficiou nada em termos de beleza, mas  facto é que o escoamento de trânsito melhorou de forma significativa. Curiosamente, também nunca apelidei o local de praça - que é, pelo menos pós 25 de abril de 1974! - o seu nome original tem mais relação com o historial geográfico da zona...

Esta foi a minha participação no desafio lançado pelo Carlos Barbosa de Oliveira, no seu blogue "crónicas on the rocks", sobre as "Praças da Minha Vida", em que é suposto os seus leitores adivinharem a que praça nos estamos a referir. Daí, não ter sido mais óbvia... que muito mais haveria a acrescentar!

Trata-se - obviamente para os lisboetas, para os restantes nem tanto! - de Sete Rios ou Praça Marechal Humberto Delgado. Onde também se situa a entrada principal do Jardim Zoológico e um terminal de camionetas para todos os pontos do país. E, noutros tempos, a escola da PIDE/DGS, situada ao lado de um quartel de bombeiros, ambos desaparecidos.

Local onde o polícia sinaleiro comandava o trânsito, em frente da escola da PIDE/DGS (apenas parcialmente demolida, como podem verificar) e junto à estrada de Benfica, nos dias de hoje.

Nesta foto antiga, da net, ainda se podem ver os elétricos a passar ao lado do pequeno espaço ajardinado. Do outro, fica o Zoo de Lisboa.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

PARA NÃO ESQUECER...

Esta foi a estátua que mais me impressionou em Madrid, não tanto pela sua beleza, mas pelo que representa: um triste e violento episódio da história "recente" de Espanha (por recente entenda-se dos últimos 40 anos). Alguém sabe ou lembra a que episódio me estou a referir?

Outras perspetivas da estátua.

Tal como refere a placa, a 24 de janeiro de 1977, durante uma reunião de advogados laborais e sindicais que teve lugar no nº 55 da calle de Atocha, quatro advogados e um administrativo foram assassinados a tiro, enquanto outras quatro pessoas ficaram gravemente feridas. Todos eles eram membros do PCE e do CCOO, partidos ainda não legalizados - que, curiosamente, o viriam a ser poucos meses depois - e o ataque foi perpetrado por conhecidos elementos da extrema direita, que nem se deram ao trabalho de fugir de Madrid, confiantes que estavam das suas "boas ligações" ao regime franquista. É salutar manter essas memórias vivas, independentemente da ideologia das fações extremistas ser de esquerda ou de direita. Assassinos são apenas isso, por muito que se mascarem!
  

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

VONTADE... NÃO FALTA!

A notícia é sobejamente conhecida, o cartoon de Henrique Monteiro animou ainda mais os portugueses. Não sei porquê, talvez porque haja por aí uma "vontadezinha" de ver alguém ir à tromba ao PM... nem que seja só no "boneco"!

Imagem do facebook, de Henrique Monteiro.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O PLANALTO E A ESTEPE

"Músicas diferentes de gotas batendo no zinco, quem pode esquecer? Bebé eu era e estendia as mãos para o tecto, talvez para agarrar a música da chuva. Contaram mais tarde os meus pais, sorrindo. No entanto, essas lições da primeira infância não tiveram importância nenhuma para o resto da estória, pois sempre fui péssimo em música, duro de ouvido. Acabei mesmo meio surdo, mas isso foi mais tarde, por causa dos tiros e rebentamentos." O esclarecimento nas páginas iniciais provém de Júlio Pereira, o protagonista, que assim nos alerta para a história de vida que se segue. Que começa na sua tenra infância em Huíla, Sul de Angola, as primeiras brincadeiras, a escola e os amigos pretos, que muitos pareciam não compreender num rapaz branco. Após os brilhantes exames do fim do liceu, o pai obteve uma bolsa de estudos para ele poder continuar. "Não havia universidade em Angola, os colonialistas nunca tinham querido, para manterem a terra no atraso, como me tinha explicado o professor de Filosofia. Devia ir para Portugal." A ideia de partir arrepiava-o: "Deixar tudo? Não era muito, talvez, mas era tudo. Sonhos, amigos, família, terra, bois, cheiros, mato, rochedos, sabores, verde."  

Começa então a grande viagem do jovem estudante, rumo à universidade de Coimbra, onde se sente infeliz, embora juntamente com outros companheiros africanos abra os olhos para a política colonialista dos anos 60. E, nos primeiros meses de 1961, estoiram as revoltas em Angola. Sonha com lutas de libertação e um dia, parte para Marrocos, com alguns desses camaradas. A cor da pele decide o seu destino, em Rabat: os escuros receberão treino militar, os claros irão estudar em países amigos na Europa. Desiludido, apenas lhe cabe aceitar e Moscovo é a nova paragem, onde deve aprender a língua e seguir estudos de Economia. É sobre o luar moscovita que conhece Sarangerel - uma jovem estudante mongol, filha de um alto funcionário  da República Democrática e Popular da Mongólia - e "nada foi como antes". Será que o amor consegue ultrapassar todas as fronteiras?

Talvez os livros sejam como o amor: há um instante certo para o(s) encontrar, possivelmente noutros momentos não nos diriam tanto! Só assim se explica a leitura completamente apaixonada deste romance de Pepetela - mesmo que seja fã empedernida do escritor, desde que li o primeiro Bunda...

Citações:

"Como constataria mais tarde na minha penosa existência, os fiéis deixam de o ser ao estudarem marxismo e comunismo e enquanto lhes convinha. Mas, tempos depois, desiludidos com a vida, abandonavam o marxismo. E regressavam às religiões. Acontecia por vezes não ser a religião de origem, mas era de qualquer modo uma religião. Fraquezas, medos, interesses, sei lá.
Não é fácil viver sem Deus."

"Há gente muito boa a inventar desculpas, não fazem outra coisa, é um emprego com largo futuro no mundo da política."

"- Basta-nos onze meses por ano de socialismo e de países amigos - respondi. - Por um mês de férias preferimos espairecer nas molezas do capitalismo. Amigos amigos, férias à parte!"


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

VOLTA POR MADRID

4 dias em paseo por las calles madrilenas, 877 fotografias e uns quantos euros a menos na algibeira depois, regressámos a Lisboa com os olhos cheios da bonita cidade espanhola que praticamente desconhecíamos. Resolvemos comemorar o 22º aniversário de casamento - no passado dia 15 - com uma viagem, diferente do habitual jantar a dois. Tanto por não conhecermos a cidade, como por termos facilidade de alojamento (um familiar próximo reside e trabalha lá) e ainda uns quantos dias de férias para gozar. Não nos arrependemos!

Claro que 4 dias não dá para ver tudo, muito menos para visitar museus enormes como o do Prado ou o Thyssen-Bornemisza (dois dos mais famosos): no capítulo de museus cingimo-nos ao da cera. Além dos bilhetes não serem especialmente baratos, 10/12/17 euros por adulto, havia que escolher o que mais nos interessava ver... e não pretendíamos estar limitados a quatro paredes a tempo inteiro.

O Palacio de Comunicaciones, em plena praça Cibeles, é um dos muitos e belos palácios que existem na cidade, onde também abundam múltiplas igrejas, estátuas e fontes. Problema é fotografar, pois com o trânsito intenso do centro urbano, praticamente só conseguimos captar carros e motas...

O Parque del Buén Retiro é um passeio incontornável para todos os turistas e para os próprios habitantes da cidade, nomeadamente ao fim de semana. Neste lago também se alugam barcos para quem tenha vontade de remar... Ideia posta de parte perante a caloraça que se fazia sentir, embora o arvoredo já anunciasse o outono que está a chegar! 

O Palácio de Cristal, em cujo interior se expõem algumas obras modernas (estranhas, diria eu!) também se situa no parque, a par do palácio Velázquez, entre tantas outras fontes e monumentos.

Outro passeio inevitável passa pelo mercado de San Miguel, onde de comercializam frutas, bolos, carnes,  presuntos, mariscos, petiscos e bebidas variadas, se se tiver a sorte de encontrar lugar num dos balcões.  (cerejinhas carnudas a 24 euros, hein?!) Bem próximo da Plaza Mayor...

... delimitada por um grande edifício que forma um quadrado e que no passado foi palco de execuções públicas, casamentos e julgamentos da Inquisição. Atualmente mais calma, aloja várias esplanadas e artistas de rua, que aí exibem os seus talentos para a pintura, música ou outros, em troca de uns euros. Aliás, tanto no centro da cidade como em todas as linhas do metro, abundam estes artistas-pedintes, o que não admira muito, com o nível de desemprego que existe por Espanha. 

Km 0, ou o centro de Madrid propriamente dito, é nesta plaza del Sol, igualmente cheia de vida e animação.  Os espanhóis gostam de andar pelas ruas, de sair ao fim da tarde ou à noite, independentemente da idade - nada de ir para casa calçar as pantufas! O que resulta em bares e botecos quase sempre pejados de gente, por vezes até um bocado barulhentos.

Rodeado de jardins por todos os lados, excepto o que faz face à catedral de Almudena, o palácio real é o mais imponente da capital. A família real não vive lá, mas sim no palácio da Zarzuela, fora de Madrid, mas este serve para cerimónias oficiais e está aberto ao público visitante. Mediante um ingresso, evidentemente! Até na catedral pedem um "donativo" para entrar...

Pausas para refeições ligeiras ou uma jarra de cerveza... nos montaditos, está claro! O mais barato que há em Madrid, mas apetitoso! E que saudades já tínhamos (depois de abandonarmos as férias em Islantilla) de saborear esses paladares tão típicos! 

Ficou muito por ver? Certamente! Talvez um dia voltemos com mais tempo... quem sabe?

domingo, 16 de setembro de 2012

MARCHA EM MADRID

Na impossibilidade de estar presente na grande manifestação de ontem em Lisboa, bem como noutras cidades portuguesas, restou-me observar a(s) marcha(s) pacífica(s) que ocorreram em Madrid, com o mesmo protesto, e que igualmente movimentaram milhares de espanhóis. Aqui fica a "reportagem fotográfica" possível...








(este cartaz estrategicamente colocado numa janela do majestoso edifício do "Banco Español de Crédito")

Imagens elucidativas, não são?

E pronto, as férias acabaram em beleza, com os últimos dias passados na capital espanhola, que nunca tinha visitado. Sobre a viagem escreverei nos próximos dias, para já vou tentar visitar os vossos blogues e pôr-me a par do que aconteceu em terras lusas...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

SILÊNCIOS!

Há silêncios preocupantes e outros que são apenas devidos ao difícil acesso à net! O meu é o último caso, os outros falarão por si, se assim o entenderem...

Que o silêncio pode ser cúmplice, já se sabe! Agora se é para abrirem a boca e "bater mais no ceguinho ou na avó" (sendo que ceguinho aqui não está no sentido de invisual, embora qualquer avó possa estar!), sigam o conselho de Sarah Menescal


FIQUEM BEM!
(volto assim que puder!)

Imagem da net, de Charles Schulz (ou baseada na banda desenhada de sua autoria).

terça-feira, 11 de setembro de 2012

TERAPIA A DOIS

Após 31 anos de casamento, a vivência de Kay (Meryl Streep) e Arnold (Tommy Lee Jones) baseia-se na rotina e numa ou noutra conversa trivial, sobre o trabalho ou a ementa do jantar. Se Arnold parece acomodado com a situação, Kay sente-se infeliz, pois considera que ainda é cedo para desistir da magia do relacionamento a dois. Ao encontrar numa livraria o livro do terapeuta conjugal dr. Feld (Steve Carell), supõe ser essa a solução para o seu casamento e, gastando todas as suas poupanças, marca uma viagem de uma semana para ambos, rumo à pequena cidade de Hope Springs, no Maine, onde o terapeuta dá cursos intensivos a casais com problemas.

O marido refila mas acaba por aceder. Será que com a ajuda do dr. Feld, o casal reencontra a intimidade há muito perdida, ultrapassando os tabus e o pouco à vontade de conversar sobre "certos assuntos"? Fica o trailer, para quem quiser espreitar:


Realizado por David Frankel, segundo argumento de Vanessa Taylor, o filme obtém apenas a pontuação de 6.6/10, na IMDb. Talvez porque a par de nos fazer rir ou sorrir, também nos comove e incentiva a pensar: a rotina e a falta de diálogo, carinho e sexo não são o caminho mais rápido para qualquer casamento se desgastar?

Os atores, escusado será dizer, têm excelentes interpretações! Nem que fosse só por isso, já valia a pena...

Imagem de cena do filme da net.


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

UM MOMENTO INESQUECÍVEL

Quando cheguei mais ou menos a meio das 155 páginas deste romance de Nicholas Sparks, o enredo pareceu-me algo familiar - descobri posteriormente que já tinha visto o filme de 2002, intitulado "Um Amor para Recordar".

Landon é filho de um político conceituado e neto de um avô que enriqueceu através de vários estratagemas, nem todos legais. Aos 17 anos, no decurso de 1958, é eleito como presidente da associação de estudantes da escola da Carolina do Norte que frequenta, mas depois da ex-namorada o ter trocado por outro, não tem par para o baile do início do ano letivo. Como presidente não pode faltar, mas ir sem acompanhante resulta em tarefas pouco simpáticas, nomeadamente aturar uns quanto chatos. Daí que se empenha a sério na busca do seu par, encontrando em Jamie, uma antiga colega de carteira, a sua melhor possibilidade. Não que esteja interessado na rapariga - filha de um pastor baptista que ele costuma gozar conjuntamente com os amigos, dados os seus discursos moralistas contra os "fornicadores" - que tem a mania de andar sempre com a Biblia na mão, vestir roupas sem graça e usar o cabelo apanhado num antiquado carrapito, se bem que lhe admire a ingenuidade e a solidariedade de tentar salvar o mundo. Ela aceita o convite.

Mas Jamie pede-lhe posteriormente que ele interprete o papel principal na peça do seu pai, um sucesso de longos anos na comunidade local, uma vez que o único outro rapaz da turma de teatro é gago. Ele acede, embora contrariado e alvo da chacota dos amigos. Mas nem tudo o que parece é: a jovem tem um segredo...

Como é que se explica que, num maravilhoso dia de praia, se chore copiosamente numa esplanada? Só lendo! Apesar de dramático, gostei da escrita acessível e do enredo em si!

Citações:
"Pois bem, ele escreveu uma peça chamada 'O Anjo de Natal', porque não queria continuar a encenar aquele velho clássico de Charles Dickens, 'Cântico de Natal'. Na sua opinião, Scrooge era um pagão que alcançou a sua redenção apenas por ter visto fantasmas, não anjos - e, de qualquer maneira, quem poderia garantir que eles tivessem sido enviados por Deus? [...] Alguns anos antes, ele tinha alterado o final, fazendo a sua própria versão, com o velho Scrooge a transformar-se em padre e tudo, partindo para Jerusalém a fim  de encontrar o lugar onde Jesus em tempos ensinara os escribas. Não foi muito bem recebida - nem sequer pela comunidade de fiéis, sentados na plateia assistindo ao espectáculo com os olhos arregalados [...] "

"A vida, aprendi, nunca é justa. Se se ensinasse algumas coisas nas escolas, deveria ser isso."


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§ 1º - Deixei de conseguir comentar em blogues que têm verificação de palavras (?!?) no final. E que tal se moderassem apenas os comentários e tirassem aquele empecilho dali? Garanto que não sou um robot...

§ 2º - Ainda estou sem palavras para descrever a minha indignação com esta cambada de (des)governantes! Quer dizer, palavras há muitas, mas todas de baixo nível!

sábado, 8 de setembro de 2012

SE FOSSE HOJE...

... a Mafaldinha já não tinha dúvidas!

Imagem do facebook, de Quino.