sábado, 15 de novembro de 2008


Vitali Konstantinov


As mães apaziguam os medos.
Os pais também.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A minha mãe adormeceu



img. Gabriel Pacheco



História do Sr. Mar

Deixa contar...
Era uma vez
O senhor Mar
Com uma onda...
Com muita onda...
E depois?

E depois...
Ondinha vai...
Ondinha vem...
Ondinha vai...
Ondinha vem...
E depois...
A menina adormeceu

Nos braços da sua Mãe...

Matilde Rosa Araújo, O Livro da Tila

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Continuo viagem ...Djuku, cap. 7 e 8





7

É noite. O restaurante está fechado. Um a um, todos os clientes se foram. Até o senhor Isidoro já foi para sua casa. Djuku ficou sozinha. Sentada, olha as palmas das mãos, a geografia das rugas da sua pele, talvez procurando um caminho a seguir.
Tudo está calmo na cozinha. Mas Djuku ouve um barulho imenso. Os objectos, acolchoados no interior dela, estão ali, agitados, barulhentos, e querem escapar a qualquer preço.
«O vosso lugar não é aqui», suplica Djuku, «deixem-se estar sossegados.» Eles não queriam ouvir nada e continuaram com a sua terrível algazarra. Então, uma vez mais, Djuku conta a historia a si mesma. Em voz alta, invoca a aldeia e as suas gentes, o calor que faz quando o Sol atinge o seu zénite, o odor do carvão de madeira, do peixe que foi posto a secar nos telhados das casas, o da poeira que tudo invade.
Absolutamente decidida, entra no restaurante.
A sua memória, tão viva, apazigua-se a pouco e pouco. Quando tudo parece voltar a estar em ordem, que de novo nela se instalou a paz, Djuku deixa o restaurante e vai para casa descansar.


8
Quando Djuku cozinha, tudo o resto perde importância.
Os clientes na sala bem podem falar alto e grosso, a rádio e a televisão bem podem armar zaragata, que Djuku consagra-se à sua tarefa de tal maneira que só ouve as encomendas do criado de servir. Ela é como uma rainha no seu reino e cada uma das suas coisas, marmitas, panelas, pratos, talheres, especiarias, pratos ou fogões, a protegem da confusão, mantendo-a no centro daquele forte, a cozinha. Nem mesmo o senhor Isidoro pode ali entrar.
Certo dia, contudo, um estranho projéctil atingiu Djuku em cheio: era uma palavra.
Uma palavra que havia escapado da boca do apresentador de televisão. Djuku deixou cair a batata e a faca que segurava nas mãos e deixou-se literalmente invadir. A palavra cresceu nela, ganhou balanço, fez-se furacão, explosão. Acabou por inundá-la, deixando apenas uma casca vazia, desorientada, frágil.
Djuku entrou na sala e dirigiu-se, hipnotizada, para a televisão. Ao vê-la de lágrimas nos olhos, os clientes calaram-se todos, olharam uns para os outros e interrogavam com esse mesmo olhar o senhor Isidoro.
Este, sentado no lugar do costume, perguntou com voz inquieta:
— Está tudo bem, Djuku?
Ela não respondeu. Assoou o nariz com o punho. Soluçava.
«Deve ter queimado os dedos», pensa um cliente.
— Minha senhora, a caldeirada estava fa-bu-lo-sa, devorei-a todinha! Veja aqui o meu prato — diz-lhe outro.
— Mas o que é que se passa hoje? — perguntaram de súbito a uma voz todos os clientes.
Pela primeira vez desde a chegada de Djuku, os clientes da BARRIGA DA BALEIA viram-na e olharam-na verdadeiramente.
A palavra, insignificante para eles, era o nome da aldeia de Djuku.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O outro lado


The Other Side, Istvan Banyai, Chronicle Books
(espreita aqui e vai abrindo o livro)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

domingo, 2 de novembro de 2008

Street Art


POLI NUÑEZ, BUENOS AIRES, 2008



CORDOBA & BONPLAND, BUENOS AIRES,2006



CASA TEC, BUENOS AIRES, 2006


sábado, 1 de novembro de 2008

O meu vizinho é um cão



Com o desenho de "O meu vizinho é um cão" da editora Planeta Tangerina, Madalena Matoso venceu o prémio de "Melhor ilustração para livro infantil" no Festival Internacional de BD da Amadora deste ano.
Fala de vizinhos, de relações de vizinhança, de tolerância e aceitação.

O Livro Inclinado



No Domingo, dia 2 (17h), na Fnac do Chiado, é apresentado um dos livros mais bonitos editados este ano em Portugal: O Livro Inclinado, de Peter Newell, edição da Orfeu Negro.
Uma cena banal numa qualquer cidade: uma ama deixa escapar por uma rampa abaixo, um carrinho de bebé. Ela fica aflita mas, lá dentro, o pequeno Bobby diverte-se com tudo o que lhe vai acontecendo durante a louca corrida. A sequência dos encontros do carrinho com as personagens que se encontram na rampa, revela situações desastrosas e muito cómicas.
Este livro foi publicado pela primeira vez em 1910 e tornou-se precursor de edições com formatos especiais.
Difícil, difícil mesmo, é arrumá-lo na estante!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Exposição de Cristina Valadas




Até 9 de Novembro vale a pena ir à Amadora para ver os
originais de Cristina Valadas, a vencedora do Prémio Nacional de Ilustração deste ano ( O rapaz que sabia acordar a Primavera, com texto de Luísa Dacosta, Asa) expostos na Casa Roque Gameiro, no âmbito do FIBDA.

A Viagem de Djuku (capítulos 5 e 6)


5

Se alguma coisa atraiu a atenção do senhor Isidoro foram as mãos de Djuku. Aliás, ao longo dos vários meses que Djuku passou a trabalhar na BARRIGA DA BALEIA, as coisas resumiam-se a isto: para ele e para os clientes habituais do restaurante, Djuku não era mais que duas mãos, uma esquerda genial, uma direita fabulosa.
Convém saber que, durante o dia, Djuku não aparecia na sala do restaurante, e como ela vinha trabalhar de manhã cedo, só saindo muito depois do fecho, ninguém sabia ao certo quem ela era, como ela era. Só as suas mãos eram conhecidas do «público».
É que era um espectáculo, como dizer, real, ver aquelas mãos elevando um prato através da abertura que separa a cozinha da sala do restaurante. Djuku, numa palavra atirada ao criado de servir, anunciava o prato, mas a sua voz é demasiado doce para ser ouvida. Em palco estavam apenas as suas mãos.
Os clientes que pediam, fosse um qualulu, fosse uma galinha com molho de amendoins, passavam os minutos seguintes de olhos postos na abertura. Não eram poucos aqueles, mais nervosos, que chegavam a roer as unhas.
— Deviam ter pedido também uma entrada — aconselhava-os sempre o senhor Isidoro.
As mãos de Djuku são as suas ferramentas e o seu tesouro. Não serão o que podemos chamar belas: a palma é larga, os dedos finos de tamanho médio e bem assentes, as unhas compridas tratadas. A pele neste lugar do corpo parece um pergaminho e, no caso dela, é riscado por pequenas cicatrizes (talvez o preço de uma distracção no momento da aprendizagem).
É mesmo a graça dos seus gestos, a agilidade, o que encanta os clientes da BARRIGA DA BALEIA. As mãos dançam ao redor dos pratos até ao momento da entrega. Acontece às vezes descansarem na borda da abertura. Estarão a contemplar, satisfeitas, a vida ruidosa da sala do restaurante? Ou será que esperam alguém ou alguma coisa? É difícil saber. Elas partem sempre de súbito, saltitantes, para se agitarem ao redor dos fogões.

6

— Uau, este frio gela-me as mãos e o senhor Isidoro que nunca mais vem! Deve estar na cama, tudo lhe serve de pretexto para se lá meter! — constata Djuku divertida ao abrir as portas da BARRIGA DA BALEIA.
Não que precise do seu patrão para pôr em andamento a cozinha, ela já conhece o ritual. De imediato, deita mãos ao trabalho, pois tem muito que fazer. Acende os fornos, tira os alimentos da arca congeladora, e logo os seus dedos se afadigam, descascam legumes, amassam as pastas, preparam os caldos, confeccionam as sobremesas. Durante toda a manhã, Djuku não terá um minuto de descanso, mas assim que, aí pelo meio-dia, chegarem os primeiros clientes, tudo estará pronto. Nestas alturas, a aldeia está em bem longe. Djuku nem sonha.
Ao meio-dia dispara o tiro de partida! Todos os clientes afluem para almoçar. A confusão ameaça. Mas a comandante Djuku está ao leme e a BARRIGA DA BALEIA não aderna e continua a sua rota.
Segue-se a calma da tarde. Djuku conta com um repouso bem merecido. Mas, com cada vez mais frequência, é assaltada por antigas imagens, incómodas como crianças turbulentas mantidas demasiado tempo à mesa e que têm necessidade de esticar as pernas.
«Antes», pensa, «todos sabiam quem era Djuku, agora eu sou uma sombra que passa, que vai para o trabalho de manhã e que regressa à noite. Aqui ninguém me conhece, sou uma sombra sem história.»
Olha à sua volta e o que vê fá-la sorrir: ela imagina a aldeia, a savana, os campos de arroz, o sol quente na sua pequena cozinha!
«Por que raio não será isso possível? Um dia», pensa, «será preciso que o que eu vivi se case com o que eu vivo, que o restaurante fique noivo da aldeia.»
Uma ideia engraçada que a fez, primeiro, rir e, depois, chorar.


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Banda Desenhada na Amadora



Inaugurou no passado fim-de-semana o 19º Festival Internacional de BD da Amadora (FIBDA) que terminará dia 9 de Novembro.O tema central desta edição é a "Tecnologia e Ficção Científica".

Ler+



No Dia Internacional das Bibliotecas Escolares,
a BE/CRE da escola convidou os alunos para ouvirem ler o livro



A Fada Palavrinha e o Gigante das Bibliotecas
Luísa Ducla Soares
Livros Horizonte
Boa ideia!

Bibliotecas



Boa ideia!
Uma biblioteca do País de Gales vai usar livros gigantes como fachada, até que o prédio definitivo esteja concluído.
Ao fundo da minha rua há uma biblioteca municipal "em construção" há cinco anos e ainda não se vislumbram os alicerces.

domingo, 26 de outubro de 2008

Rebecca Dautremer

Já conhecia o belíssimo "Princesas esquecidas ou desconhecidas"


Este sábado reparei em dois outros livros também ilustrados por Rebecca Dautremer:


Cyrano

Nasredin e o seu Burro

A Viagem de Djuku (capítulos 3 e 4)


Alain Corbel
3
"Pela manhã, muito cedo, Djuku entra na cidade quase deserta àquela hora.
Alguém, todo vestido de amarelo, lava as ruas com grande quantidade de água. Um pouco mais adiante, um condutor de autocarro sem passageiros assobia alegremente enquanto faz manobras. Djuku ziguezagueia na calçada com a impressão de que caminha sobre terreno virgem.
Não presta atenção à grande mosca verde barulhenta que engole com uma boca gigantesca os últimos pedaços de noite, até que esta, depois de muito mastigar, se atira a ela. Djuku vacilou e quase caía se antes uma vaga de pessoas, vindas de lado nenhum, não a levasse em uma louca cavalgada. São milhares de homens e de mulheres que se precipitam para os seus locais de trabalho. Viram à direita e à esquerda, sem nexo, embrenham-se nas entranhas da terra para logo saírem mais adiante, sobem e descem escadas, corredores, ruas e depois avançam a golpes de gritos e assobios, de buzinas e apitos ululantes.
— É uma floresta de gente em marcha! — exclama Djuku, que nunca tinha visto tanta gente na sua vida.
Desta vez ninguém lhe oferece presentes, nem lhe pergunta de onde vem.
Djuku deixa-se levar ao sabor da corrente durante toda a manhã, incapaz de resistir, sacudida por uns, empurrada por outros, sem saber para onde ir. Ao meio-dia, quando a corrente diminuiu de intensidade, Djuku, com o corpo extenuado e os pés doridos, consegue escapar-se e vai encalhar um pouco adiante no banco de uma praça.
— Por pouco não me afogava nesta maré! — suspira Djuku massajando os tornozelos. — Ninguém me tinha dito que havia transumâncias.
Lentamente retoma o fôlego e passeia o seu olhar, tentando descobrir onde acabou por cair. É uma pequena praça, tendo ao centro um relvado careca, com um trio de árvores enfezadas e um cão minúsculo que cabriola entre uma e outra para as aspergir. A toda a volta estão casas de fachada rosa-cinza e umas quantas pequenas lojas.
Djuku repara que na montra de cada uma há um anúncio pendurado. Aproxima-se da loja mais próxima e lê: «Procura-se aplicadora de champô em cães mimados. Pede-se C.V.»
— Isto não é para mim — diz Djuku — nem sei o que é!
A loja seguinte desejava encontrar rapidamente uma «comediante para duas tragédias» e o terceiro anunciava: «Uma profissão brilhante? Torne-se lavadora de azulejos.»
— É demasiado arriscado. Para mim não serve! — suspira Djuku.
A quarta loja procurava uma «operadora-de-máquina-electricista a meio-tempo para grandes reparações em brinquedos delicados».
— Oh, isso é muito complicado. Também não é para mim — diz uma Djuku já desolada.
A quinta loja é um restaurante chamado BARRIGA DA BALEIA, e um cartaz escrito à mão explica: «Boa cozinheira? Entre depressa!»
— Claro que vou entrar! — exclama logo Djuku — isto sim, é para mim."


4


"Mal Djuku passa a soleira da porta do restaurante, é acolhida por um pequeno homem bonacheirão, o patrão, o senhor Isidoro, que quase logo a aceita como cozinheira.
Quase logo, porque lhe pergunta antes se ela sabe «distinguir o sal da pimenta, é que, sabe, tenho clientes que não são nada fáceis!». E diz-lhe em seguida, mostrando o menu:
— Bem, está tudo aí, não é complicado e a partir deste momento a chefe da cozinha é você! De resto — corrige-se ele — o chefe do aprovisionamento é você também, e o chefe da condimentação é também você, além, é claro, das idas ao mercado.
Nas semanas que se seguiram, ao ver tantas vezes o senhor Isidoro junto à porta do restaurante, Djuku compreendeu o ar de satisfação dele ao dizer-lhe aquilo tudo. O senhor Isidoro adora fazer a sesta na BARRIGA DA BALEIA.
Djuku aproveitou este cargo para fornecer a cozinha de novos condimentos: coentros, cominhos, funcho, menta, alecrim. E para modificar os pratos, cozinhando ou temperando de maneira diferente as carnes, os legumes, os peixes. Nem toda a gente gostou.
— Socorro, tenho a garganta a arder — gritava um cliente de vez em quando.
— Querem envenenar-me, chamem a polícia! — vociferavam outros.
Mas o senhor Isidoro não se deixava convencer, e nada dizia, até porque a maioria dos clientes aprovava a mudança e Djuku conseguia realizar pratos suculentos.
Uma nova vida começava para Djuku na BARRIGA DA BALEIA."

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A Viagem de Djuku (2)

"Durante a viagem de vários dias, as descobertas sucedem-se e deslumbram Djuku. Pouco a pouco, ela esquecerá a aldeia.
Atravessa imensas planícies acariciadas por ventos amistosos e cruza montanhas azuis onde chega a pensar que morrerá de frio. Incontáveis rios e ribeiras fazem-lhe companhia no seu périplo e, enquanto caminha ao longo das margens, as águas tumultuosas e murmurantes contam-lhe histórias fabulosas.
Muita gente se empurra na berma da estrada para a ver passar. Alguns aconselham-na a fazer meia-volta, pois é uma grande loucura. Outros, pelo contrário, encorajam-na, oferecem-lhe pequenas prendas, que ela se apressa a dar por sua vez, mal entra numa nova aldeia.
«Convém ir ligeiro quando se viaja», diz ela de si para si, e logo acrescenta: «Gosto destes dias, gosto destes perfumes novos.»
Pela primeira vez desde há muito tempo, Djuku sente-se extremamente feliz, pondo um pé à frente do outro com uma espécie de embriaguez. Pressente que a sua viagem chegou ao fim quando certa noite viu desenhar-se no horizonte uma barreira sombria de grandes edifícios iluminados aqui e ali por pequenas cintilações.
— Eis a cidade que eu procurava — disse Djuku simplesmente.
Decide que só entrará no dia seguinte."

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Desmatemática. O quê?!

O Pequeno Livro da Desmatemática, Manuel António Pina, Assírio e Alvim.


Um problema de multiplicar

Numa multiplicação,

Se um dos factores faltar

E outro chegar atrasado,

Quando é o resultado?

Valerá a pena esperar?

Um problema de dividir

Partindo da proposição

“Dividir para reinar”,

divide até te fartares

calcula a reinação.


Pérola recomendada pelo Plano Nacional de Leitura para o 6º Ano, principalmente para leitura orientada na sala de aula, com um grau 2 de dificuldade.
Poesia, Literatura e Matemática? Afinal que livro é este que mistura tantas coisas diferentes? Será que são mesmo diferentes? Queres descobrir? Só tens que o ler!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A Viagem de Djuku (1)

"No exacto momento em que parte, Djuku apercebe-se de que é a primeira vez que deixa a sua aldeia.
Desde o seu nascimento até hoje, Djuku viveu sempre rodeada pelos seus na pequena aldeia à beira da savana. Ela conhece cada recanto. E ninguém lhe é ali desconhecido. Do mesmo modo, todos os aldeões sabem quem é Djuku:
— Djuku? É aquela que sabe assobiar, melhor até do que um pássaro!
— Quando há por aqui almoço de festa ou de cerimónia, é sempre Djuku quem os faz: ela conhece todas as receitas e até inventa mais!
É verdade que Djuku cozinha galinha como ninguém, mas hoje Djuku vai-se embora. Decidiu partir para longe, muito longe. É que aqui na aldeia, apesar dos amigos, apesar das cerimónias, não há trabalho suficiente.
Fez-se à estrada e fixa os olhos na linha do horizonte para não se voltar, para não chorar. Bem, vamos lá a ver, partir assim é demasiado duro. Então, uma última vez, e antes que a aldeia desapareça na desordem das ervas altas, ela olha-a. Olha-a durante tanto tempo e tão apaixonadamente que todas as coisas onde o seu olhar toca entram no seu corpo.
Agora sim, Djuku pode pôr-se a caminho.
A velha guitarra de Quecuto entra no seu corpo. E com ela todos os perfumes das músicas tantas vezes ouvidas.
A palmeira inclinada e o embondeiro do largo entram no seu corpo.
O caldeirão de Nhô-Nhô entra no seu corpo.
A casa de Pepito entra no seu corpo, apesar do seu tecto desgrenhado.
A barca e as redes de pesca de Benvindo que repousam sobre a areia entram no seu corpo. Sente que todas estas coisas estão dentro dela firmemente atadas como carga de um navio. Sente que, a cada passo dos muitos que dará, a aldeia estará consigo."

A Viagem de Djuku, Alain Corbel e Éric Lambé, Caminho

Partindo de uma das questões mais relevantes da actualidade – a imigração e a integração de estrangeiros na sociedade portuguesa – este conto, com soberbas ilustrações de Éric Lambé, repletas de exotismo e recriando com expressividade o encontro de culturas de que o texto fala, apela a um olhar mais atento, e também mais solidário e tolerante, perante o outro, a sua cultura e a sua especificidade. A multiculturalidade ganha, pois, neste livro, uma particular atenção, talvez pelo facto de os seus autores serem estrangeiros.

Estas e outras sugestões, podem ser vistas em:
http://www.casadaleitura.org/
Para mais informações sobre o Ano Europeu do Diálogo Intercultural podem visitar:
http://www.aedi2008.pt/

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Viagem

Alguém quer contar uma história ilustrada assim?

João Vaz de Carvalho


quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Pó de Estrelas

BURACOS NEGROS


As estrelas também gostam de brincar
às escondidas
A maioria das vezes escondem-se umas atrás das outras
ou nas imediações de um quasar
Mas não há melhor lugar
para uma estrela se esconder
que num buraco negro
Elas vêm as outras
e ninguém as consegue ver

Jorge Sousa Braga "Pó das Estrelas", Assírio e Alvim, 2004