Ministério da Cultura paga prejuízos de 12 galerias portuguesas na ARCOmadrid 2009
15.01.2009, Joana Amaral Cardoso
Associação de Galerias acha que "pretenso subsídio" "é melhor do que nada". Três galerias mantêm ausência
O Ministério da Cultura divulgou ontem que vai apoiar 15 galerias portuguesas na ARCOmadrid 2009, mas sob a forma de ressarcimento, se provarem ter tido prejuízos. A representação portuguesa estará garantida, mas apenas 12 das 15 galerias portuguesas aceites na pré-selecção da feira de arte contemporânea devem estar em Madrid, disse ao PÚBLICO Pedro Cera, presidente da direcção da Associação Portuguesa de Galerias de Arte (APGA).
A APGA considera que o modelo de apoio "é melhor do que nada", como disse Pedro Cera à Lusa. Mas, a título pessoal, Pedro Cera considera que faltou "criatividade" à tutela, visto que fornece apoio ao negócio, mas não à internacionalização dos artistas portugueses, nem à função divulgadora das galerias. "Não acho que o Ministério da Cultura esteja a fazer o seu papel para assegurar a representatividade da cultura portuguesa no estrangeiro", disse ao PÚBLICO.
A retracção do mercado em tempo de crise, mas também o vazio que desde 2007 existe nos apoios à internacionalização da arte portuguesa (até aí ao abrigo de um acordo tripartido do antigo Instituto das Artes, Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento) levaram a APGA a pedir apoios à tutela para garantir a representação portuguesa na ARCO. A tutela revelou ontem, em comunicado, que vai atribuir um máximo de oito mil euros por stand/galeria para as galerias que tenham stand próprio inscrito no programa geral da feira (13 galerias) e um máximo de 4500 euros por stand/galeria para aquelas que estejam integradas no Programa ARCO 40 (três galerias).
Os apoios em causa serão atribuídos às galerias que "façam prova de ter tido prejuízo nessa participação", sob a forma de ressarcimento "após a apresentação das respectivas contas". "Nunca vi um pretenso subsídio apresentado desta maneira", disse Pedro Cera ao PÚBLICO, depois de ter classificado o apoio, em declarações à Lusa, como "uma espécie de seguro de risco dentro da actividade comercial". E considera ser difícil avaliar o que são "prejuízos" numa actividade que pode fazer-se muito de contactos, sobretudo numa feira que tem funcionado como a principal plataforma de internacionalização da arte portuguesa. O preço mínimo para um stand é de 15 mil euros. Os gastos de uma galeria podem oscilar entre os 25 e os 30 mil euros.
Enquanto presidente da APGA, que representa 41 galerias, Pedro Cera tem indicações de que serão 12 as galerias portuguesas a levar obras de cerca de 90 artistas a Madrid. Ficam de fora a as que já tinham anunciado a sua desistência: Vera Cortês, Lisboa20 e Pedro Cera. A Galeria Pedro Cera, explica o seu responsável, não estará na feira de arte contemporânea madrilena "por um conjunto de factores", embora se faça representar no programa de cinema.
"Pessoalmente, não gosto do modelo" de apoio encontrado pela tutela, disse ao PÚBLICO. "Não pedi apoio ao Ministério da Cultura para suportar a minha actividade económica, mas para suportar algo de que julgo que o ministério também deve fazer encargo: temos uma dupla função, comercial e divulgadora dos jovens artistas portugueses". "O Ministério da Cultura prontificou-se a apoiar os nossos negócios", constatou, e não contemplou a missão de divulgação das galerias na ARCO, que decorre entre 11 e 16 de Fevereiro.
8000 euros é o valor máximo por galeria/stand que o Governo socialista prevê gastar por entidade na ARCOmadrid09
(in_publico 15/01/09)