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Versões: W. B. Yeats


Canção de beber

O vinho é para beber
E o amor para olhar;
É o que há para saber
Antes da morte e envelhecer.
Deste vinho vou provar
A olhar para ti e suspirar.


W. B. Yeats«A drinking song», The Colleted Poems, Wordsworth Editions, 2008, p. 75. 

Versões: W. B. Yeats



Quando estiveres velha

Quando estiveres velha e grisalha em dias
Sonolentos à lareira, deves neste livro pegar
E ler lentamente, recordando o teu doce olhar
De antigamente, e as tuas olheiras sombrias.

Muitos gostaram dos teus dias de vitalidade
E da tua beleza, com paixão falsa ou verdadeira,
Mas só um gostou da tua alma aventureira
E das mudanças no teu rosto com a idade.

E dobrada sobre as brasas quentes e cintilantes
Murmura, tristemente, a fuga do Amor um dia
A passo rápido para a montanha alta e fria
Onde escondeu o rosto nas estrelas bruxuleantes.

W. B. Yeats«When you are old», The Collected Poems, 2008, pp. 32-33.

Versões: W. B. Yeats


Oh, não ames tempo demasiado

Coração, não ames tempo demasiado:
Eu amei em demasia
E fiquei antiquado
Como uma velha melodia.

Durante a juventude e o seu tempo
Nenhum de nós do outro sabia
O que lhe ia no pensamento,
Cada um a sua vida vivia.

Mas num instante ela tudo mudaria —
Oh, não ames tempo demasiado,
Ou ficarás antiquado
Como uma velha melodia.


W. B. Yeats, «O do not love too long», The Colleted Poems, Wordsworth Editions, 2008, p. 67.

Versões: W. B. Yeats


Os pássaros brancos

Quem me dera que fôssemos, amor, pássaros brancos sobre a espuma do mar!
Estamos cansados da chama do cometa, antes de desaparecer e soçobrar;
E dessa chama azul da estrela crepuscular, suspensa numa aresta de céu,
Que nos nossos corações plantou, amor, uma tristeza que ainda não morreu.

Húmido de orvalho chega o cansaço daqueles que sonharam com o lírio e a rosa;
Ah, amor, não sonhes com eles nem com a chama do cometa que passa luminosa,
Nem com a chama azul da estrela crepuscular suspensa em orvalho no seu apogeu;
Quem me dera nos transformássemos em pássaros brancos na espuma errante: tu e eu!

Sou assombrado por inúmeras ilhas, pelas muitas falésias de Dannan e a sua baía,
Onde o Tempo de nós se esqueceria certamente e a Tristeza afastada estaria;
Por instantes longe da rosa e do lírio e no meio das chamas ocuparíamos o nosso lugar,
Se ao menos, amor, nós fôssemos pássaros brancos flutuando sobre a espuma do mar!


W. B. Yeats, «The white birds», The Collected Poems, Wordsworth Editions, 2008, p. 33.

Versões: W. B. Yeats


Três andamentos

Peixes shakespearianos nadavam longe no alto mar;
Peixes românticos nadavam nas redes à mão de semear;
Que peixes são aqueles na areia da praia a estrebuchar?


W. B. Yeats, «Three movements», The Collected Poems, Wordsworth Editions, 2008, p. 203.

Versões: W. B. Yeats


Nunca dês todo o coração

Nunca dês todo o coração, o amor
Não merece o sofrimento e a dor
Ou a paixão de mulheres a pensar
Que é certo, e nem ousam sonhar
Ser fugaz e breve como um beijo;
Pois tudo o que é belo é sobejo
Em matéria de sonho e prazer.
Oh, nunca dês o coração a correr,
Pois há aqueles que sem discernir
Entregam o seu coração a fingir.
E quem poderá assim continuar
Se cego, surdo e mudo por amar?
Este que escreve sabe o que sofreu
Pois deu todo o coração e perdeu.


W. B. Yeats, «Never give all the heart», The Collected Poems, Wordsworth Editions, 2008, p. 63.

Versões: W. B. Yeats



Um aviador irlandês prevê a sua morte

Sei que encontrarei o meu destino
Por entre as nuvens lá no ar;
Os que combato não abomino
Os que protejo sou incapaz d' amar;
Kiltartan Cross é o meu país,
Os seus pobres meus semelhantes,
No fim de tudo não será mais feliz
Nem mais triste do que antes.
Não combato por lei, ou dever,
Nem por políticos, ou multidão,
Guia-me apenas o solitário prazer
Destas nuvens em turbilhão;
Por mim tudo foi ponderado,
Do amanhã nada terei que recorde,
Do passado tudo é desperdiçado
Se for esta a vida, esta a morte.


W. B. Yeats, “An Irish Airman Foresees his Death”, The Collected Poems, Wordsworth Editions, 2008, p.111. Foram consultadas as traduções disponíveis de Nelson Ascher e Jorge Wanderley.

Um poema de W. B. Yeats

Três Andamentos

Peixes shakespearianos nadavam no mar, longe da costa;
Peixes românticos nadavam nas redes que os traziam à mão;
De que espécie será todo esse pescado que agoniza na praia?


em Os Pássaros Brancos e Outros Poemas, tradução de Maria de Lourdes Guimarães e Laureano Silveira, Lisboa: Relógio D'Água, 1993, p.89.