domingo, 16 de setembro de 2012

tic-tac tic-tac



3:00 horas da madrugada.
Um barulho suave de um carro na rua, seguido por um barulho cortante de uma moto em alta velocidade.
            Uma foto na cabeceira, janelas fechadas e o leve murmurar do silêncio.
            A cama parece grande demais, estende os braços para longe do corpo, rola pela cama, tenta ocupar o espaço vazio, abraça as próprias pernas, depois se estica de novo. Percebe que mesmo que consiga disfarçar o vazio da sua cama, não poderia preencher o vácuo do seu coração.
            Era aquele o vazio que mais incomodava.

            A luz do abajur atravessa seus cabelos loiros, queima a pele de seu corpo e a faz se sentir estranhamente insuportável.
            Ouve vozes na rua, um barulho de passos apressados na calçada.
            A voz dela é alta, agitada e angustiada.
            A voz dele tão calma, doce e suave faz com que ela se acalme.
            O casal passa. O barulho também.
            Os ponteiros do relógio caminham devagar, não têm pressa, nenhum compromisso.
            Tic-tac, tic-tac.
            Mais passos do lado de fora.
            Dessa vez param em frente a sua porta.
            Uma batida leve, e então duas batidas rápidas.
            Ela se levanta.
Cabelos bagunçados. Moletom velho.
No rosto nenhuma marca de quem havia dormido.
A porta se abre fazendo barulho, ela então o vê.
Mãos no bolso, sorriso torto, cabelo bagunçado.
            Ela abre a boca, queria dizer o quanto odiava aquele sorriso. Ia dizer que não sentia sua falta, que estava bem, que estava sobrevivendo.
            Ele a abraça. Ela se cala. Se rende.
            Ela reconhece o seu perfume cítrico.
            Os seus braços quentes.
            Se sente em casa de novo.
            Era a mesma luz do abajur, a mesma janela, a mesma fotografia, a mesma cama, o mesmo silêncio.
            Mas já não era o mesmo vazio.
            E o relógio continuava a cantar tic-tac, tic-tac...


 "Mas o melhor do abraço não é a ideia dos braços facilitarem o encontro dos corpos. O melhor do abraço é a sutileza dele. A mística dele. A poesia. O segredo de literalmente aproximar um coração do outro para conversarem no silêncio que dá descanso à palavra. O silêncio onde tudo é dito sem que nenhuma letra precise se juntar à outra. O melhor do abraço é o charme de fazer com que a eternidade caiba em segundos. A mágica de possibilitar que duas pessoas visitem o céu no mesmo instante."
Ana Jácomo


Olá, galeraa!! 
Estou postando esse texto que escrevi noite passada, inspirada pelo silêncio, pelo escuro, pelo nada. Espero que vc's gostem!

Quanto ao que postarei daki para frente, ainda não sei... Gostaria de saber se vocês ainda querem que eu poste a continuação de Reescrevendo o amor! Por favor, deixem sua opinião neste comentário, ok?

Seus lindos, boa semana pra vc's!

Bjokinhaas! =* 



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