3:00 horas da madrugada.
Um barulho suave de um carro na
rua, seguido por um barulho cortante de uma moto em alta velocidade.
Uma foto na
cabeceira, janelas fechadas e o leve murmurar do silêncio.
A cama
parece grande demais, estende os braços para longe do corpo, rola pela cama,
tenta ocupar o espaço vazio, abraça as próprias pernas, depois se estica de
novo. Percebe que mesmo que consiga disfarçar o vazio da sua cama, não poderia
preencher o vácuo do seu coração.
Era aquele
o vazio que mais incomodava.
A luz do
abajur atravessa seus cabelos loiros, queima a pele de seu corpo e a faz se
sentir estranhamente insuportável.
Ouve vozes
na rua, um barulho de passos apressados na calçada.
A voz dela
é alta, agitada e angustiada.
A voz dele
tão calma, doce e suave faz com que ela se acalme.
O casal
passa. O barulho também.
Os
ponteiros do relógio caminham devagar, não têm pressa, nenhum compromisso.
Tic-tac,
tic-tac.
Mais passos
do lado de fora.
Dessa vez
param em frente a sua porta.
Uma batida
leve, e então duas batidas rápidas.
Ela se
levanta.
Cabelos bagunçados. Moletom
velho.
No rosto nenhuma marca de quem
havia dormido.
A porta se abre fazendo barulho,
ela então o vê.
Mãos no bolso, sorriso torto,
cabelo bagunçado.
Ela abre a
boca, queria dizer o quanto odiava aquele sorriso. Ia dizer que não sentia sua
falta, que estava bem, que estava sobrevivendo.
Ele a
abraça. Ela se cala. Se rende.
Ela
reconhece o seu perfume cítrico.
Os seus
braços quentes.
Se sente em
casa de novo.
Era a mesma
luz do abajur, a mesma janela, a mesma fotografia, a mesma cama, o mesmo
silêncio.
Mas já não
era o mesmo vazio.
E o relógio
continuava a cantar tic-tac, tic-tac...
"Mas o melhor do abraço não é a ideia dos
braços facilitarem o encontro dos corpos. O melhor do abraço é a
sutileza dele. A mística dele. A poesia. O segredo de literalmente
aproximar um coração do outro para conversarem no silêncio que dá
descanso à palavra. O silêncio onde tudo é dito sem que nenhuma letra
precise se juntar à outra. O melhor do abraço é o charme de fazer com
que a eternidade caiba em segundos. A mágica de possibilitar que duas
pessoas visitem o céu no mesmo instante."
Ana Jácomo
Ana Jácomo
Olá, galeraa!!
Estou postando esse texto que escrevi noite passada, inspirada pelo silêncio, pelo escuro, pelo nada. Espero que vc's gostem!
Quanto ao que postarei daki para frente, ainda não sei... Gostaria de saber se vocês ainda querem que eu poste a continuação de Reescrevendo o amor! Por favor, deixem sua opinião neste comentário, ok?
Seus lindos, boa semana pra vc's!
Bjokinhaas! =*