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Andei desesperada pelo quarto.
Lágrimas corriam silenciosas dos meus olhos.
Eu precisava fazer alguma coisa, precisava ter Edu de volta. Já não conseguia imaginar minha vida sem ele.
Liguei o computador e pesquisei o horário dos ônibus.
Iria atrás de Eduardo. Ele lutara tanto por mim, agora era minha vez de fazer o mesmo.
Um ônibus sairia em meia hora, e o outro só sairia de madrugada.
Apressada peguei minha bolsa e desci correndo os degraus da escada. Já estava saindo quando me lembrei de deixar algum recado para o meu pai ou do contrário ele teria um infarto, afinal já era tarde da noite.
Havia começado a abrir as gavetas da estante em busca de uma caneta e papel quando a campainha tocou.
Praguejei com raiva.
Quem poderia ser uma hora daquelas?Quem era o idiota que estava tentando me impedir de ser feliz?
A campainha tocou de novo.
Caminhei com pressa até a porta.
Fosse quem fosse com certeza não demoraria muito, afinal já era tarde da noite, não era hora para visitas.
Abri a porta e lá estava a visita.
Eu não podia acreditar.
O que ele estaria fazendo ali?
_Oi Mary!-Ele disse alegre.
_André.
Eu não estava feliz. Droga! Eu tinha meia hora para pegar um ônibus e ir atrás da minha felicidade. Ele não percebia isso?
_Tudo bem?- ele perguntou.
_Sim.-eu disse sem prolongar o assunto. Queria que ele fosse logo embora.
_Não vai me convidar pra entrar, Mary?
Eu o olhei surpresa. Pra que ele queria entrar?
_Tudo bem.-Dei passagem para ele.
André caminhou calmo até o sofá e se sentou.
Olhei no relógio, em vinte minutos o ônibus sairia.
_Eu cheguei agora de viagem e quando soube que você estava aqui vim te ver.
Sussurrei um monossílabo qualquer.Ele me olhou surpreso:
_Estou te atrapalhando, Mary? Sei que já é tarde, mas é que preciso conversar com você.
Eu olhei novamente para o relógio.Eu ainda tinha 18 minutos.
Se bem que eu poderia pedir André que me levasse de carro para a rodoviária, seria tão mais rápido.
Olhei para ele disposta a contar a loucura que estava fazendo, mas desisti quando vi o seu rosto.
_Claro que não está atrapalhando, André.- disse tentando parecer feliz.
_Bom saber disso.
Silêncio.
Ele olhou de novo para mim:
_Você vai ficar em pé aí, Mary?
Minha vontade era de pular em cima dele e esbofetá-lo.
Respirei fundo, caminhei para o outro sofá e me sentei.
Ainda tinha esperanças de conseguir pegar o ônibus que provavelmente sairia em 15 minutos.
_Pronto, pode falar agora.
André sorriu e começou a falar.
Sua voz foi ficando cada vez mais distante e eu já não conseguia me concentrar no que ele dizia.
Minha mente voou para muito longe dali e eu comecei a me lembrar de tudo que já tinha vivido com Eduardo.
André falava e falava sem parar.
A única coisa que eu via era os seus lábios se mechendo, mas meu pensamento estava muito longe. Até que os lábios pararam de se mecher e ele se calou.
Olhei para André e vi que ele estava esperando que eu dissesse alguma coisa, então eu disse a primeira coisa que veio em minha mente:
_Por que só damos valor depois que perdemos? Por que precisamos ver a pessoa com outra para perceber que a amamos? Por quê?
Perguntei agoniada.
Estava falando de mim e da minha descoberta tardia.
Não fazia a menor ideia do que André tanto tinha dito enquanto eu estava pensando.
André ficou de pé:
_Você não escutou nada do que eu falei, não é?
Continuei em silêncio.Podia ouvir o tic-tac do relógio.Faltavam apenas cinco minutos.
André segurou em meus braços e me pôs de pé.
_Mary, eu sei que eu fui um idiota. Mas agora eu tenho certeza que eu quero você!
Senti meu coração parar de bater.
Continua