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quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Antonio Leão e o Super-8 no Brasil: Um sonho de cinema


Publicado originalmente no site Portal Metodista, em 27/03/2018

Antonio Leão da Silva Neto e o Super-8 no Brasil: Um sonho de cinema

O Livro é um Dicionário sobre o movimento Super-8 no Brasil e um ensaio de filmografia.

Por Vittória Cataldo

Em um país de tão pouca memória, todo livro de referência deve ser prestigiado. Ainda mais quando o assunto é sobre um método hoje pouco utilizado, como é o caso do Super-8, um formato cinematográfico desenvolvido nos anos 1960 e lançado no mercado em 1965 pela Kodak, como um aperfeiçoamento do antigo formato 8 mm, mantendo a mesma bitola. O movimento juntou milhares de pessoas para assistir filmes desse formato e deixou marcas profundas na tradição nacional de cinema.

O Super-8 no Brasil: um Sonho de Cinema, de Antonio Leão da Silva Neto, é uma obra de 2017 dividida em duas partes: a primeira parte do livro contém as fichas de 5.519 filmes. Na segunda, são listados 3770 realizadores e 952 biografias. Essas duas partes são precedidas por textos de 12 convidados, formados por realizadores, pesquisadores e jornalistas, que testemunharam ou participaram dos movimentos superoitistas em várias regiões do país.

Antonio Leão da Silva Neto é um pesquisador e escritor brasileiro nascido na cidade de São Paulo (SP), em 1957. Formado em Economia com pós-graduação em Administração Financeira e Recursos Humanos pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), sempre atuou na iniciativa privada em cargos executivos. Como grande apaixonado por cinema, principalmente o brasileiro, percebendo uma grande lacuna do mercado editorial na área, dedica todo o seu tempo vago a pesquisas direcionadas ao resgate da memória cinematográfica nacional.

O autor do livro é apaixonado por cinema desde criança e na época frequentava os cinemas do bairro do Ipiranga e, em particular, as cabines do local. Curioso, observava um dos muitos Totósespalhados pelo Brasil, maravilhado com aquela enorme máquina que projetava imagens e sonhos. Ele conta que o cinema é “a paixão que o move desde criança” e relata que seus teve os primeiros contatos com a sétima arte, aos domingos, quando seu tio projetava filmes 16mm. Seu primeiro projetor, um Barlan, depois um projetor 16mm mudo, foi o estopim para colecionar filmes 16mm. Com o passar do tempo, passou a pesquisar e juntar dados até chegar aos livros.

Antônio Leão se interessou pelo cinema brasileiro nos anos 1960, quando assistiu a série Vigilante Rodoviário e filmes de Mazzaropi. No final dos anos 1960, começou a colecionar filmes na bitola 16 mm. Nos anos 70/80,  passou a frequentar o Cine Clube Ipiranga. Em 1992 funda, com Archimedes Lombardi, a Associação Brasileira de Colecionadores de Filmes em 16mm, entidade que reúne colecionadores de todo o Brasil, com a finalidade de catalogar, preservar e exibir filmes raros, em sessões gratuitas no auditório da Biblioteca Municipal do Ipiranga, hoje Biblioteca Temática Roberto Santos, em São Paulo, onde, ao longo de dez anos, foram exibidos mais de 500 filmes raros, produções fora de circulação.

Sua paixão pelo cinema o levou a escrever o Super-8 no Brasil: Um sonho de cinema. Antonio Leão diz que esse é um projeto que teve início há dez anos. Ele Foi superoitista quando muito jovem, mas não participou do movimento. “O livro surgiu da necessidade de contar essa história, que estava meio no limbo, já que o Super-8 nunca foi devidamente valorizado e teve um papel fundamental na a formação de centenas de jovens entusiastas de cinema”, declara.

O pesquisador afirma que a dificuldade de escrever um livro desse tipo é sempre a mesma: encontrar informações confiáveis, que possam ser checadas. “Eu já tinha uns 800 filmes cadastrados de outros dicionários, imaginei conseguir 2000 filmes para catalogar, consegui 5500. Fui encontrando as pessoas e recebendo as informações”, declara. Ele ressalta que as redes sociais foram muito úteis, pois encontrou muitos colaboradores pelo Facebook.

O livro é uma importante obra para trazer ao público leitor a importância do movimento Super-8 e a história do cinema nacional. “O Brasil não guarda essas memórias. Muita gente hoje nem sabe o que é Super-8”, finaliza.

Texto e imagem reproduzidos do site: portal.metodista.br