Publicado originalmente no site Portal Metodista, em 27/03/2018
Antonio Leão da Silva Neto e o Super-8 no Brasil: Um sonho
de cinema
O Livro é um Dicionário sobre o movimento Super-8 no Brasil
e um ensaio de filmografia.
Por Vittória Cataldo
Em um país de tão pouca memória, todo livro de referência
deve ser prestigiado. Ainda mais quando o assunto é sobre um método hoje pouco
utilizado, como é o caso do Super-8, um formato cinematográfico desenvolvido
nos anos 1960 e lançado no mercado em 1965 pela Kodak, como um aperfeiçoamento
do antigo formato 8 mm, mantendo a mesma bitola. O movimento juntou milhares de
pessoas para assistir filmes desse formato e deixou marcas profundas na
tradição nacional de cinema.
O Super-8 no Brasil: um Sonho de Cinema, de Antonio Leão da
Silva Neto, é uma obra de 2017 dividida em duas partes: a primeira parte do
livro contém as fichas de 5.519 filmes. Na segunda, são listados 3770
realizadores e 952 biografias. Essas duas partes são precedidas por textos de
12 convidados, formados por realizadores, pesquisadores e jornalistas, que
testemunharam ou participaram dos movimentos superoitistas em várias regiões do
país.
Antonio Leão da Silva Neto é um pesquisador e escritor
brasileiro nascido na cidade de São Paulo (SP), em 1957. Formado em Economia
com pós-graduação em Administração Financeira e Recursos Humanos pela FAAP
(Fundação Armando Álvares Penteado), sempre atuou na iniciativa privada em
cargos executivos. Como grande apaixonado por cinema, principalmente o
brasileiro, percebendo uma grande lacuna do mercado editorial na área, dedica
todo o seu tempo vago a pesquisas direcionadas ao resgate da memória cinematográfica
nacional.
O autor do livro é apaixonado por cinema desde criança e na
época frequentava os cinemas do bairro do Ipiranga e, em particular, as cabines
do local. Curioso, observava um dos muitos Totósespalhados pelo Brasil,
maravilhado com aquela enorme máquina que projetava imagens e sonhos. Ele conta
que o cinema é “a paixão que o move desde criança” e relata que seus teve os
primeiros contatos com a sétima arte, aos domingos, quando seu tio projetava
filmes 16mm. Seu primeiro projetor, um Barlan, depois um projetor 16mm mudo,
foi o estopim para colecionar filmes 16mm. Com o passar do tempo, passou a
pesquisar e juntar dados até chegar aos livros.
Antônio Leão se interessou pelo cinema brasileiro nos anos
1960, quando assistiu a série Vigilante Rodoviário e filmes de Mazzaropi. No
final dos anos 1960, começou a colecionar filmes na bitola 16 mm. Nos anos
70/80, passou a frequentar o Cine Clube
Ipiranga. Em 1992 funda, com Archimedes Lombardi, a Associação Brasileira de
Colecionadores de Filmes em 16mm, entidade que reúne colecionadores de todo o
Brasil, com a finalidade de catalogar, preservar e exibir filmes raros, em
sessões gratuitas no auditório da Biblioteca Municipal do Ipiranga, hoje
Biblioteca Temática Roberto Santos, em São Paulo, onde, ao longo de dez anos,
foram exibidos mais de 500 filmes raros, produções fora de circulação.
Sua paixão pelo cinema o levou a escrever o Super-8 no
Brasil: Um sonho de cinema. Antonio Leão diz que esse é um projeto que teve
início há dez anos. Ele Foi superoitista quando muito jovem, mas não participou
do movimento. “O livro surgiu da necessidade de contar essa história, que
estava meio no limbo, já que o Super-8 nunca foi devidamente valorizado e teve
um papel fundamental na a formação de centenas de jovens entusiastas de
cinema”, declara.
O pesquisador afirma que a dificuldade de escrever um livro
desse tipo é sempre a mesma: encontrar informações confiáveis, que possam ser
checadas. “Eu já tinha uns 800 filmes cadastrados de outros dicionários,
imaginei conseguir 2000 filmes para catalogar, consegui 5500. Fui encontrando
as pessoas e recebendo as informações”, declara. Ele ressalta que as redes
sociais foram muito úteis, pois encontrou muitos colaboradores pelo Facebook.
O livro é uma importante obra para trazer ao público leitor
a importância do movimento Super-8 e a história do cinema nacional. “O Brasil
não guarda essas memórias. Muita gente hoje nem sabe o que é Super-8”,
finaliza.
Texto e imagem reproduzidos do site: portal.metodista.br