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quinta-feira, 26 de abril de 2018

E a Primavera a começar


As narrativas multiplicam-se e os curadores europeus começam a mostrar as suas dúvidas acerca da saúde disto tudo.
Uma tese que li (de Alex Gurevitch e através de subscrição) aponta para um cenário diferente do que as imagens sugerem. Mas a diferença é relativa ao tempo em que se desenrolam os principais episódios. Logo atrás da prosperidade vendida pelos meios convencionais, há razões para suspeitar que a recessão está já aí. Aliás, Gurevitch afirma que dar conta dela é já estar nela.
E o seu raciocínio parece simples: nos EUA, as taxas subirão um pouco mais face à volatilidade que os índices bolsistas vão revelando e aos medos inflacionistas. O que agravará a situação e, de seguida com o mesmo desplante, os magos decidirão baixar as taxas novamente.
Segundo o mesmo autor, a Zona Euro mostra sinais ainda mais preocupantes. E o ponto de partida é ainda mais crítico (o BCE ainda está no modo fácil, digamos).

Há algum tempo que vamos assinalando a "orientação das percepções" e os seus mecanismos, como aqui.

E a Primavera a começar.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Consequências lógicas

Com as primeiras chuvas damo-nos conta da realidade necessária. Daquela que, logicamente, tem de seguir-se quando são tomadas determinadas decisões.
A muitos deve espantar a generalizada subida nos custos associados às contas bancárias (a começar pela DECO, pelos vistos), mas apenas a distração que nos embala durante o Verão ou - quem sabe -, o desconhecimento do complexo sistema e políticas monetárias e financeiras nos pode causar espanto. Então, as taxas de juro vão a zero (ou são negativas) por obra e graça das visões de Draghi, o que até aos bancos coloca em situação desconfortável, e não haveriam os clientes de ver reflectido em si esse desconforto?
Este generalizado "acerto de custos" não é política comercial (de um mercado onde a concorrência deve ser compreendida no seu sentido mais ténue), mas uma resposta à actual conjuntura do sistema bancário e das políticas monetárias e financeiras do BCE.
Foi precisamente disso que me lembrei ao ler os títulos de hoje. E que associei ao seguinte artigo.
Trago à consideração dos leitores parte de um artigo de Charles Gave (Evergreen Gavekal), que traduzi (negritos e adaptações são da minha responsabilidade).
Naturalmente a leitura integral é vivamente recomendada.

"O estrangulamento do dinamismo económico

No mundo actual, aqueles que podem aceder ao crédito para comprar os activos existentes são as grandes corporações com fluxo de caixa positivo (ainda que com um crescimento débil) e os seus accionistas – os ricos. Estas corporações endividam-se para recomprar as suas próprias acções ou outros activos disponíveis, como imobiliário. Isto aumenta o endividamento não produtivo no sistema através destas grandes companhias, ou através de clientes dos bancos de investimento (...), que não poderia existir e prosperar se as taxas estivessem nos 4% ou 5%.

Em contraste, os empresários, aqueles em quem a economia pode contar para construir os activos de amanhã, não conseguem obter capital, pois o sistema bancário considera menos arriscado destinar esse capital a uma General Electric para que esta possa recomprar as suas próprias acções do que emprestar a um lunático com o projecto bizarro de contruir uma nova armadilha para ratos ou um computador quântico, ou qualquer outra coisa de útil. Escusado será dizer que esta combinação de aumento do endividamento financeiro e declínio do investimento produtivo, aumenta muito a vulnerabilidade do trabalhador comum, bem como dos mais pobres quando um abrandamento económico ocorrer.

Em conclusão:
- Baixas taxas de juro não são mais do que uma forma de capitalismo para os amigos (crony capitalism). Quanto mais próximo se estiver do banco central ou do governo, mais lucro é possível concretizar, como bem mostrou Richard Cantillon no séc. XVIII.
- Baixas taxas de juro beneficiam os ricos que são proprietários de activos.
- Baixas taxas de juro conduzem a um declínio na taxa de crescimento estrutural da economia.
- Baixas taxas de juro aumentam muito a fragilidade do sistema através de um aumento generalizado do endividamento nos segmentos da economia que não produzem riqueza.
- Baixas taxas de juro impedem a destruição criativa, em particular a manutenção das companhias que não são saudáveis, encurralando o trabalho e o capital em projectos sem viabilidade económica.
- Tudo isto conduz ao aparecimento dos demagogos.

É difícil imaginar uma política mais desastrosa."


Charles Gave, "Strangulation of enterprise", 25 de Agosto de 2017.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Crises de Identidade - actualização



Os gráficos ilustram bem o caminho a seguir por parte do BCE quanto ao Programa de Compras para o Sector Público (obrigações), mas também quanto ao Programa das Garantias de Crédito/Liquidez dos Mercados.
Os limites estão à vista, mas ainda há algum espaço para manter o Jogo.
O que acontece se chegarmos a esse limite e os resultados continuarem a ser tão pobres? Ou caso a situação se agrave?
Há, sabemos, o poder para estes génios dobrarem as vicissitudes quando elas são obstáculo à manutenção da Narrativa do sucesso. Isso já sabemos.
Mas quem garante que os restantes jogadores não começa a duvidar da sanidade da jogada?

Crises de identidade - a paródia de um sistema


Quando podemos ver para além do faz-de-conta, beneficiando de um salutar distanciamento, é fácil identificar a natureza bipolar, digamos, é possível vislumbrar as mutações forçadas por que passam os curadores de serviço.
Mal que, por natureza, infligem a si mesmos. E que nos faz vítimas.
Pela Europa já assistimos à "Japanização" do mercado bolsista e, à distância num horizonte não muito longínquo, sabemos que os estímulos dados por (Super Mario) Draghi aumentarão. Fantástico. Não deve haver problemas. Nenhum mesmo.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Vacas voadoras e deleitosas prisões

Humildade e bom senso

No meio da tempestade de activismos políticos, monetários e financeiros, são cada vez mais refrescantes as escassas hipóteses de pensar a realidade com consciência dos limites humanos, com conhecimento histórico e técnico. O bom senso parece ter desaparecido definitivamente da paisagem e do discurso - social e político. Partilhamos, por isso, uma palestra muito informal de James Grant. A frontalidade e a humildade de Grant parecem de outro tempo.

São tempos de vacas voadoras, de uma presidência sufocante, do excepcionalismo na consideração dos problemas (veja-se CGD), de piadas de mau gosto (as empresas gozarem de uma conta-corrente com o estado é considerado um avanço civilizacional e fruto de uma mente brilhante socialista). São tempos em que acumulamos ataques à liberdade de propriedade e pensamento (quando o estado exige que um hotel não discrimine os clientes que quer servir).
Há quem acredite na bondade desta tolerância forçada? Neste paternalismo sem vergonha?

Nas esferas mais elevadas do poder (na Europa e nos EUA), as discussões para concertar activismos devem estar ao rubro, pois nada está a funcionar como há muito pretendem os curadores. São vários os títulos de dívida a taxas de juro negativas (8 a 10 triliões, consoante as fontes) e as dúvidas crescem quanto à saúde da economia mundial, mas os curadores ainda exercem o seu papel inchados de credibilidade auto-atribuída.

Que contexto para a conversa com Grant!

Resta-nos o humor e o bom senso.
Rindo e pensando.






quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A guerra ao cash é uma ameaça à liberdade e é a antecâmara da expropriação

Está em curso uma campanha de desinformação por parte do establishment que visa banir progressivamente a utilização das notas e moedas, começando pelas de mais elevada denominação. A ideia que é vendida ao público é que o dinheiro físico, já só sendo marginalmente necessário, possibilita certas formas de criminalidade - comércio de substâncias proibidas, "lavagem" de dinheiro, actividades terroristas - como ainda permite a subsistência de uma economia paralela de produtos e bens legais (na realidade formada de mercados verdadeiramente livres) e, consequentemente, que as pessoas que dele participam paguem os impostos que são "devidos".
Os media tradicionais papagueiam esta "narrativa" sendo raríssimos os casos que salientam que a eliminação do dinheiro físico - isto é, a sua total digitalização - significaria em primeiro lugar o fim da privacidade pois toda a nossa vida ficaria integralmente exposta nos registos bancários; por outro lado, a possibilidade de expropriação pura e simples das poupanças das pessoas no sistema bancário seria uma tentação irresistível para entidades - banca e estados - que estão falidos ou para lá caminham. O artigo que se segue, da autoria de Simon Black, expõe esta questão de forma entendível para não iniciados e propõe algumas medidas de salvaguarda que cada um poderá seguir.
Esta é uma questão, a meu ver, absolutamente determinante. Tenha medo, caro leitor, e mantenha junto de si o montante em cash que a situação aconselhará a cada um.

17 de Fevereiro de 2016
Por Simon Black

Imagem Sovereign Man
Isto está a começar a tornar-se muito preocupante.

O movimento para a proibição do "cash" ("dinheiro vivo"), e, em particular, das notas de denominação mais elevada como a de 500 euros e a de 100 dólares, está seriamente a ganhar força.

Na Segunda-feira, o presidente do Banco Central Europeu revelou, de forma enfática, estar activamente a ponderar o abandono progressivo da nota de 500 euros.

Ontem [dia 16], um ex-secretário do Tesouro [dos EUA], Larry Summers, publicou um artigo de opinião no Washington Post cujo tema versava sobre o modo de acabar com a nota de 100 dólares.

Economistas proeminentes e bancos juntaram-se ao coro e defenderam o fim do cash nos últimos meses.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Cogitações (3)

Esta semana Draghi fez das suas. Mais uma vez.
Estamos em plena Idade Dourada dos Bancos Centrais, mas esta última decisão política da equipa de burocratas do BCE teve efeitos contrários ao que era desejado.
O (ir)racional costumeiro é o seguinte: o BCE continua a comprar dívida mensalmente, conferindo liquidez ao sistema; junta-se-lhe uma taxa de juro interbancária um nadinha mais negativa para provocar uma resposta automática no crédito concedido pelos bancos à economia; pelo caminho, desvalorizava-se a moeda e isso traduzia-se numa melhoria nas exportações. E, pronto, a modos que era isto.
Mas o euro subiu mais de três por cento! E os índices bolsistas estão, no mínimo, anémicos!
Para quem está Draghi a trabalhar, afinal? Terá dado uma ajudinha a Yellen? Porquê?

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O próximo passo


Há intensas discussões (indícios aqui) por detrás das cortinas quanto ao calendário do que o BCE vai fazer. Não quanto à substância do que vai fazer. Quanto a isso não há novidade. É apenas uma continuação.
Os aforradores que se cuidem, pois as taxas podem baixar mais. É que o homem na imagem parece ter fósforos que nunca mais acabam.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Aquela primeira semana de Junho



A equipa de sábios do Banco Central Europeu (BCE) prometeu. E cumpriu. A orientação prospectiva que manifestou é, apesar de tudo, espelho das dúvidas que existem na Europa. Da cartola tirou as taxas de juro negativas, condições especiais para operações de refinanciamento, mas ficou aquém de um programa de "facilitamento quantitativo" - QE à americana. Ou seja, não deu o passo que a FED já deu há muito - a da injecção directa de liquidez nos mercados financeiros. A FED assumiu essa política porque podia e não tinha dúvidas que o podia. Ou não queria deixar adivinhar hesitações a ninguém. Mas e a Europa? E o projecto europeu? Estariam os alemães disponíveis para a "solução americana"?
Seja como for estas medidas suscitam umas quantas perguntas. Não são originais, mas, julgo, oportunas:
- Pode o BCE obrigar os bancos a fornecerem mais crédito à economia? (estando com rácios de capital em limites - considerados até bem recentemente - baixos e sem terem do outro lado parceiros com bom perfil de risco);
- Mais dívida pode conduzir à prosperidade?
- De que forma a penalização da poupança conduz à criação de riqueza?
- Por que razão se tem, da deflação, um medo como do mar sem fim e dos monstros que o habitam?
Haverá alguém que articule respostas?
Isto, deixando toda a aparelhagem keynesiana de parte, claro.