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sábado, 14 de julho de 2018

Rápida Master Class

"As três teorias acerca do sector bancário"

Já por aqui demos conta de um magnífico estudo/documentário conduzido por Richard Werner (Príncipes do Yen) e encontrámos mais um belo documento deste autor, onde se procede à rápida exposição e análise do "negócio" (notem-se as aspas) bancário nas nossas economias. A apresentação dura cerca de quinze minutos e é elucidativa.

Alguns dos pontos fortes da apresentação são os seguintes:
- o sector bancário e a sua história mostram o carácter, simultaneamente, excepcional e perverso de uma ideologia política;
- não há consciência social da natureza das relações que julgamos estabelecer com as instituições bancárias e financeiras;
- se os governos quisessem - verdadeiramente - resolver alguns problemas, as soluções são conhecidas;
- centralização e descentralização das decisões financeiras;
- importa partilhar visões alternativas acerca das potencialidades destas instituições;
- o crédito e a moeda;
- o risco moral - dimensões política, monetária e social.

Pode assistir-se ao período de perguntas e respostas com os intervenientes na sessão (aqui).

Boas reflexões e bom fim-de-semana.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Master Class - Ray Dalio

"Haverá mais intervencionismo"

Partilhamos com os nossos leitores uma extensa entrevista a Ray Dalio de Julho passado. São várias as intervenções que Dalio tem feito acerca do presente económico e financeiro. Inclusive, de modo recorrente, tem partilhado as suas reflexões sobre outros temas (ver aqui, entre outros destaco este artigo).

Não resisto a assinalar a hesitação que Dalio demonstra a responder a certas questões. Contrasta, de um modo fundamental, com a determinação e a certeza de políticos e burocratas. Mas estes não arriscam algo de seu. Não têm "skin in the game".

Alguns dos temas e problemas analisados são:

- os ciclos económicos e o crédito - ciclos curtos e longos;
- o crédito e a moeda - aos bancos centrais só resta manipular mais a moeda;
- a história está cheia de exemplos que importa analisar, mas os responsáveis não parecem estar interessados nisso;
- a máquina económica e os seus processos - crédito, moeda e produtividade;
- a Europa (a sul especialmente) está em dificuldades;
- um trabalhador francês, italiano ou espanhol custa o dobro de um trabalhador americano;
- vêm aí mais programas de facilitamento quantitativo (QE) - os bancos centrais não têm margem para, de modo eficaz e consistente, fazer subir as taxas de juro;
- a arte de investir, segundo Dalio;
- cerca de 70% das compras nos mercados bolsistas são recompras de acções pelas próprias companhias;
- os retornos do investimento (em qualquer classe) serão cada vez menores nos próximos anos.

Boas reflexões.


terça-feira, 7 de março de 2017

Terapia de choque ou uma conversa entre cavalheiros?

"Haverá uma maldição financeira?"

No vídeo que aqui partilhamos, muitos são os detalhes que importa sublinhar. Seja o nível intelectual, a cordialidade e a actualidade dos temas aqui tratados.

O anfitrião Ross Ashcroft (realizador do premiado "Os Quatros Cavaleiros do Apocalipse") dirige, com um ritmo, com uma qualidade e um tacto raro no jornalismo económico, uma entrevista/debate acerca da possibilidade da existência de uma maldição financeira. Os convidados são o académico Richard Werner (autor da expressão Quantitative Easing e já aqui lhe demos destaque) e David Buik, comentador económico londrino.

A verdadeira natureza do negócio bancário das últimas décadas é aqui explicada com uma facilidade estonteante. O papel do crédito e da moeda no contexto das necessidades produtivas do mercado e as suas consequências nas crescentes desigualdades sociais são aqui relacionadas de um modo muito esclarecedor.

A rematar uma consideração histórica: a cidade de Londres não é uma jurisdição britânica. Não faz parte do Reino Unido. A rainha tem de pedir autorização para lá se deslocar.

Imperdível para perspectivar o presente.



Por que haveremos de pagar tão caro por um "serviço de intermediação que funciona, ainda por cima, em circuito fechado"?
Uma pérola, certo?

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O futuro finalmente comunicado pelo Consenso

Ainda num ritmo algo intermitente, publicamos a tradução de parte de uma entrevista levada a cabo por David McAlvany a Richard Duncan. Seleccionaram-se estes parágrafos, pois considerou-se que eles permitem vislumbrar com clareza o que devem estar, seguramente, a pensar fazer os curadores e especialistas do Consenso económico e político.

Por aqui sempre procurámos evidenciar o tamanho das mangas dos mágicos de serviço, assim como a ausência de limites da sua imaginação. As linhas que aqui traduzimos, porém, revelam que o Consenso já equaciona abandonar, definitivamente, qualquer tentativa de justificar o injustificável, já equaciona deixar de criar ilusões e distracções. Estas linhas mostram o que sempre esteve por detrás de uma filosofia da economia e da política dos últimos cinquenta anos: um logro; um negócio para obter algo a troco de nada.

O entrevistado afirma, com todas as palavras, que o passado deve ser esquecido e que, não podendo a tradição servir de guia na compreensão da presente situação económica e política, se deve fazer tábua rasa do pensamento e da investigação passada para se poder escolher livremente novas soluções para os novos problemas...



O Creditismo substituiu o Capitalismo” – Richard Duncan em entrevista concedida a David McAlvany a 27 de Julho de 2016

David McAlvany (DM) – Na sua opinião, a mudança nas políticas dos bancos centrais para controlar as taxas de juro a estes níveis indefinidamente, não causará mudanças na natureza dos mercados financeiros?

Richard Duncan (RD) – Sim, julgo que causarão mudanças fundamentais e completas porque, se considerarmos os últimos cem anos, os bancos centrais – se existissem – não se preocupavam em manipular os preços dos activos. Mas em termos da economia global, e das implicações económicas globais, o mundo nunca gozou das condições que agora enfrentamos: níveis globais de dívida altíssimos, uma economia com excesso de capacidade (tanto nas indústrias, como nos mercados de trabalho). Na Índia, por exemplo, é possível encontrar 300 milhões de pessoas que trabalham por cinco dólares por dia. Por isso temos um excesso de capacidade de mão-de-obra, o que significa a ausência de pressões inflacionistas.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Radar

A realidade segue imparável. Deixo aqui aqui a ligação para o último artigo de Ambrose Evans-Pritchard, onde expressa os seus votos para o ano de 2016.
Destaco o último parágrafo e um dos gráficos que acompanha o artigo.

"Ninguém sabe o nível de dor que podemos alcançar como resultado de um sistema global alavancado como nunca. Os rácios de dívida pública e privada rondam os níveis extraordinários de 265% do PIB nos países da OCDE e 185% nas economias emergentes, o que corresponde a um crescimento de 35% desde o topo da bolha de crédito no momento pré-Lehman. Mas isso é uma história de horror para 2017."


O que vemos ali no terceiro lugar?
A realidade em todo o seu esplendor.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Será que toda a gente sabe?

"As políticas dos Bancos Centrais correspondem a piscar para a direita, mas virar à esquerda."

As novas políticas dos Bancos Centrais

Com a coordenação de Robert Johnson, neste longo vídeo, procuram-se analisar as novas dimensões das acções e intenções das instituições que têm o nome de Bancos Centrais. Através do suporte quantitativo, os intervenientes constroem os movimentos da evolução dessas instituições, assinalando, especialmente, a mutação de infraestrutura de salvaguarda para o papel de agentes activos na construção e promoção dos mercados.
Num segundo momento da conferência, foca-se a reflexão nas consequências das acções dos Bancos Centrais ao plano global. E essa reflexão, segundo Andrew Sheng tem de passar pela admissão da manipulação implícita na acção e discurso público dos seus responsáveis, em particular na dissimulação das crescentes desigualdades sociais e económicas. Essa reflexão é enriquecida pela referência aos derivativos, às novas tecnologias, as novas “moedas” que os Bancos Centrais não controlam e os mercados emergentes.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Por detrás da cortina: a Autoridade de Repressão Financeira

"Os programas de injecção de liquidez (QE) são um modo de anular a dívida"

Tentando descortinar todos os recantos do palco em que nos encontramos, o seguinte vídeo é surpreendente na sua simplicidade. Richard Duncan procura explicar (e mostrar com dados de intervalos temporais consideráveis) que o "Truman Show" já dura, pelo menos desde a IIª Grande Guerra. Os pilares deste espectáculo - crédito, valorizações de activos financeiros e crescimento da dívida -, a sua origem e o seu propósito tornam-se claros e podemos projectar o futuro próximo do ponto de vista económico e político.

As dinâmicas de globalização, sendo deflacionárias, despertam o interesse das Autoridades em levar a cabo uma Repressão Financeira de proporções nunca vistas. Que por sua vez conduzirá a reacções políticas que aprofundarão a distância para a concretização de um mercado mais livre e próspero. São estas as linhas por onde segue a entrevista.

Dias após Vítor Gaspar ter escrito acerca da desigualdade e o que se pode fazer para a diminuir aumentar, este vídeo acaba por ser premonitório.


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Quando a poeira assenta, eis os resultados do voluntarismo estatal

Dei conta deste ilustrativo gráfico no sempre excelente Carpe Diem do Prof. Mark Perry. Depois de mais de quinze anos - de Bush I a Bush II, passando por Clinton - a promover a aquisição de habitação própria, mediante todo o tipo de incentivos e regulamentações para fazer baixar os padrões de exigência na atribuição de crédito (subprime) perseguindo a famigerada política de "affordable housing", conjugada com a longa manipulação em baixa das taxas de juro por parte da Fed, eis-nos chegados ao ponto de partida. Pelo meio, uma devastadora destruição de riqueza e uma crise bancária de proporções egrégias em resultado do estouro da bolha imobiliária.


ACTUALIZAÇÃO: mas há quem não aprenda.

sábado, 6 de setembro de 2014

"A paranóia antideflacionista", por Jesús Huerta de Soto

Um antídoto contra a barragem de propaganda da elite manipuladora, amplificada pelo habitual papaguear extasiado dos media convencionais, é a proposta que deixamos para o fim-de-semana. Ele consiste em uma recente alocução do professor Jesús Huerta de Soto em que este desmonta o que muito propriamente designa da "paranóia antideflacionista" que a elite propala a bem de uns beneficiários muito específicos. Uma hora de visionamento que, assim o julgamos, pode proporcionar um elevado retorno e permitir perceber por que razão coisas como esta possam estar a acontecer sem que o céu se abata sobre as cabeças dos (moderadamente) hereges.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Citação do dia (169)

"Sem brincadeiras...

O mundo depois de 1970 foi tornado possível por vários desenvolvimentos. O mais importante dos quais foi o declínio das taxas de juro. Isto permitiu a expansão da dívida de um modo muito relevante. O mercado do crédito (total) dos EUA passou dos 170% do PIB no início dos anos 80 para mais de 350% em 2007. Em termos nominais, o total de dívida dos EUA passou de 5 triliões de dólares para mais de 50 triliões em 2007. Isto teve os seguintes efeitos:

- O crédito mascarou os efeitos do abrandamento da economia real. Os salários, na sua maior parte, estagnaram. Mas os consumidores continuaram a gastar mais dinheiro. Os gastos, que excederam a capacidade real da economia, mudaram o foco desta da produção para o consumo e para a finança. A indústria financeira, em particular, registou enormes lucros... e usou essa riqueza para controlar as políticas governamentais.

- Os governos também aumentaram os gastos. As receitas fiscais cresceram com o consumo alimentado a crédito e com as engenharias financeiras que proliferaram. As receitas fiscais em 1990 eram apenas de 1 trilião de dólares. Agora são de 2,5 triliões. Em cima disto, os governos aproveitaram a vantagem das taxas de juro baixas para se endividarem mais ainda.

Isto torceu e distorceu a economia ainda mais; sejam os fundos provenientes do crédito ou dos impostos, os governos transferem essa riqueza das partes produtivas da economia para aquelas que não o são... ou até para as que são, manifestamente, anti-produtivas.”

Torcendo e distorcendo” – Bill Bonner

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Zonas não conhecidas do nosso universo monetário

Acabado de publicar, o relatório anual da equipa da Incrementum é uma ferramenta muito útil para compreender os "tempos económicos" em que vivemos. Ou experimentar uma cartografia das zonas inéditas do universo monetário que, sem ilusões, habitamos. Especialmente quando se procura compreender quem ganha e quem perde com as políticas actuais dos governos e bancos centrais. FMI incluído, claro.
O relatório possui, igualmente, análises de variados cenários económicos e geoestratégicos futuros, o papel do ouro e da prata em carteiras de investimento diversificado (comparações com dólares, petróleo, acções em diferentes combinações). Complementando o conteúdo e o interesse dos mais recentes comentários dos nossos leitores, traduz-se a seguinte passagem (o relatório é uma versão mais extensa do que o habitual), acrescentando-se o sublinhado.
Ronald-Pete Stoeferle & Mark J. Valek (Junho, 2014), “In Gold We Trust” - Incrementum p.19

"No actual sistema monetário, profundamente fraccionário, um fenómeno deflacionário no crédito teria consequências importantes para a economia real, em particular no sistema bancário. A permanente expansão da oferta de moeda e crédito tornam-se fins em si mesmos no actual sistema de moeda-crédito.
Esta é a verdadeira razão pela qual a deflação é, nos dias de hoje, a nemesis dos governadores dos bancos centrais.
O objectivo de todos os organismos, de todos os seres humanos e de toda a burocracia é maximizar as suas hipóteses de sobrevivência. Nesta perspectiva, a deflação representa uma ameaça existencial ao actual sistema monetário, que tem de ser combatida por todos os meios. Por forma a esconder a instabilidade inerente do sistema de crédito, as políticas extremamente expansivas dos bancos centrais continuarão a compensar a deflação no crédito.
Na nossa opinião, isto representa um acto de equilibrismo sobre o fio da navalha."

domingo, 15 de junho de 2014

Sobre o Crédito ou a história a repetir-se

Nos pacotes de medidas dos bancos centrais podemos identificar ciclos. Ou seja, as políticas dos bancos centrais repetem-se desde, segundo o texto que a seguir se traduz, os anos vinte. Isso é válido para o BCE que, enquanto instituição, não existia nesse tempo. Segundo Doug Nolan, as políticas são, precisamente, as mesmas. Apesar de conduzirem a problemas e a dilemas já conhecidos. Que hão-de dar lugar a mais intervenções num ciclo que facilmente se torna visível.
Esta é a tese do artigo (parcial) que a seguir se publica, introduzindo os sublinhados que não estavam no original.


Doug Nolan, "A distribuição do crédito" - 6 de Junho de 2014

Nos últimos 23 trimestres – desde o terceiro trimestre de 2008 até ao primeiro do corrente ano – o crédito federal americano cresceu 3.338 triliões ou 351%. Acima deste crescimento ´parabólico` o crédito/liquidez da FED cresceu 1.474 triliões ou 52% nas últimas 82 semanas. (...) Tracei, repetidamente, paralelos entre o actual ciclo de Crédito – extraordinariamente prolongado – e o ciclo do período entre a 1ª Grande Guerra e 1929. Ambos os períodos possuem muitas características semelhantes, sejam os profundos avanços tecnológicos, inovação financeira, activismo experimental na gestão monetária e nos resultantes ciclos de crédito, economia e especulação.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Aquela primeira semana de Junho



A equipa de sábios do Banco Central Europeu (BCE) prometeu. E cumpriu. A orientação prospectiva que manifestou é, apesar de tudo, espelho das dúvidas que existem na Europa. Da cartola tirou as taxas de juro negativas, condições especiais para operações de refinanciamento, mas ficou aquém de um programa de "facilitamento quantitativo" - QE à americana. Ou seja, não deu o passo que a FED já deu há muito - a da injecção directa de liquidez nos mercados financeiros. A FED assumiu essa política porque podia e não tinha dúvidas que o podia. Ou não queria deixar adivinhar hesitações a ninguém. Mas e a Europa? E o projecto europeu? Estariam os alemães disponíveis para a "solução americana"?
Seja como for estas medidas suscitam umas quantas perguntas. Não são originais, mas, julgo, oportunas:
- Pode o BCE obrigar os bancos a fornecerem mais crédito à economia? (estando com rácios de capital em limites - considerados até bem recentemente - baixos e sem terem do outro lado parceiros com bom perfil de risco);
- Mais dívida pode conduzir à prosperidade?
- De que forma a penalização da poupança conduz à criação de riqueza?
- Por que razão se tem, da deflação, um medo como do mar sem fim e dos monstros que o habitam?
Haverá alguém que articule respostas?
Isto, deixando toda a aparelhagem keynesiana de parte, claro.