Mesmo quando não se concorda integralmente com Matt Ridley, é sempre um prazer lê-lo. Erudição, fluência narrativa e uma insuperável elegância são traços que o caracterizam. A acrescentar também, evidentemente, o optimismo "racional" que o próprio reivindica num tempo de onde ele me parece arredado e que eu próprio, devo confessar, nem sempre consigo adoptar. No texto que constituí a minha proposta de hoje, Ridley não foge ao seu registo habitual e - que diferença, caros leitores, para os alarmistas de profissão e conveniência! - constrói o caso que justifica o título do post (que mais não é que uma paráfrase do do seu artigo) com sistemático rigor de onde não está ausente um saudável "cepticismo metodológico" ou, pelo menos, a humildade de quem sabe poder não ter razão. Uma referência adicional para sublinhar a importância que também atribuo ao recente livro de Alex Epstein - The Moral Case For Fossil Fuels - que Ridley menciona e que já ocupou durante uns dias a vitrina das leituras aqui no blogue.
Continuação de uma boa semana.
22 de Março de 2015
Por Matt Ridley
Nos anos recentes, o movimento ambientalista avançou três argumentos para justificar o abandono dos combustíveis fósseis: (1) que, em qualquer caso, dentro em breve se esgotarão; (2) que as fontes alternativas de energia irão arredá-los, pelo preço, do mercado; e (3) que não podemos arcar com as consequências da sua queima para o clima.
Nos dias que correm, nenhum dos três argumentos parece gozar de boa saúde. Na verdade, uma avaliação mais realista da nossa energia e situação ambiental sugere que, nas próximas décadas, iremos continuar a depender esmagadoramente dos combustíveis fósseis que têm contribuído de forma tão dramática para a prosperidade e progresso do mundo.
Matt Ridley
Em 2013, cerca de 87% da energia que o mundo consumiu proveio dos combustíveis fósseis, um número que, de forma notável, se manteve inalterado face a 10 anos antes. E que se divide, aproximadamente, em três categorias de combustível e três categorias de utilização: o petróleo, usado principalmente nos transportes, o gás no aquecimento e o carvão na geração de electricidade.
Ao longo deste período, o volume global de consumo de combustíveis fósseis aumentou dramaticamente, mas segundo uma tendência ambientalmente encorajadora: uma quantidade cada vez menor de emissões de dióxido de carbono por unidade de energia produzida. O maior contributo para a descarbonização do sistema energético tem vindo da substituição do carvão, de alto teor de carbono, pelo gás, de baixas emissões de carbono, na produção de electricidade.
A nível global, as fontes de energia renováveis como a eólica e a solar quase nada contribuíram para a redução nas emissões de carbono, e o seu modesto crescimento limitou-se a compensar o declínio da energia nuclear que não produz emissões. (O leitor deve saber que eu tenho interesses indirectos no carvão pelo facto de ser proprietário de terras no norte da Inglaterra em que se faz extracção do minério, mas, não obstante, eu aplaudo a substituição do carvão por gás nos anos recentes.)