E, "de repente", o movimento secessionista na Europa vê-se significativamente reforçado com o resultado iniludível do referendo em Veneza, ainda que não vinculativo. Se a ele juntarmos o mais que provável "sim" por parte da Escócia no próximo Outono, conjugado no tempo (Novembro) com um outro relativo à Catalunha marcado por fortes tensões com o governo central, não me espantaria que a chama secessionista se alastrasse rapidamente no continente europeu (com a Bélgica e outras regiões da Itália, como a Sardenha,como sérios candidatos.
Pat Buchanan, em artigo que achei oportuno traduzir, procura explicar as razões desta irrupção que, na sua leitura, são sinais de um problema mais vasto que o autor abordou em Suicide of a SuperPower referindo-se naturalmente aos EUA: a "centrifugação" dos EUA decorrente da não miscigenação das últimas gerações de imigrantes no que até então tinha sido o grande e bem-sucedido melting pot.
Não partilho inteiramente das teses de Buchanan embora tenda a concordar que os modernos estados de bem-estar - que alguém, em última análise, terá sempre que pagar - forneçam incentivos à imigração em massa e, com isso, se abram caminhos a verdadeiros combates demográficos e consequentes tensões culturais e religiosas. Só não os verá quem não quiser ver.
Num próximo post, e relativamente ao movimento secessionista, irei reproduzir um ponto de vista bem mais optimista que o de Buchanan que o encara, tal como eu tendo a concordar, como algo de bem positivo como já tive oportunidade de o escrever.
25 de Março de 2014
Por Patrick J. Buchanan
Os laços europeus começam a desvanecer-se
(Europe’s Bonds Begin to Fade)
Há uma semana atrás, no Salão de São Jorge no Kremlin, a elite russa aplaudiu e chorou quando Vladimir Putin anunciou a reanexação da Crimeia. Sete em cada 10 russos aprovam a governação de Putin. Na Crimeia, a maioria russa ainda não parou de celebrar. A reconquista aproxima-se da conclusão. No leste da Ucrânia, os russos começaram agora a promover a agitação pela anexação por Moscovo. O nacionalismo ucraniano, manifesto no golpe anti-Rússia verificado em Kiev, provocou a inevitável reacção entre os russos. Apesar de elogiar os ucranianos que foram até à Maidan protestar pacificamente, Putin disse que aqueles por trás dos acontecimentos decisivos "recorreram ao terror, assassinato e tumultos. Nacionalistas, neonazis, russófobos e anti-semitas levaram a cabo este golpe". O Kremlin irrompeu em aplausos.
Patrick J. Buchanan
Mas não é apenas na Ucrânia que o nacionalismo étnico está a crescer.
"A votação na Frente Nacional atordoa Hollande" [registo prévio necessário] foi a manchete do Financial Times relativa às eleições municipais francesas no Domingo. Embora a FN de Marine Le Pen, filha do fundador do partido Jean Marie Le Pen, não se tenha candidatado em muitas cidades, ela ganhou em definitivo a corrida à presidência da câmara em Henin-Beaumont e ficou em primeiro ou segundo lugar numa dúzia de cidades de média dimensão, pelo que disputará a segunda volta nas eleições de 30 de Março. "A Frente Nacional alcançou o estatuto de grande força independente - uma força política nos planos nacional e local", declarou Le Pen.