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FICAR

Eu sei quando te amo: é quando com teu corpo eu me confundo, não apenas nesta mistura de massa e forma, mas quando na tua alma eu me introduzo e sinto que meu sangue corre em ti, e tudo que é teu corpo não é que um corpo meu que se alongou em mim. Eu sei quando te amo: é quando te apalpo e não te sinto, e sinto que a mim mesmo então me abraço, a mim que amo e sou um duplo, eu mesmo e o corpo teu pulsando em mim. "Poema para a Amiga (Fragmento 2) " Affonso Romano de Sant'Anna O meu comentário??? E quem sou eu realmente?? Quem faz totalmente parte da tua vida... Quem amas apaixonadamente.... Sem dizeres verdadeiramente as palavras, mas fazes com que as sintas tão fortes dentro de mim... O meu corpo despido sem o teu... Sei, sim que me ames... Sou muito mais que uma sombra. Vivo no teu sorriso, liberto-me na tua alma... As amantes diluem-se no tempo... Mas eu fico no teu...

RESPOSTA A TUDO

Estou te amando e não percebo, porque, certo, tenho medo. Estou te amando, sim, concedo. mas te amando tanto que nem a mim mesmo revelo este segredo "Amor e Medo" de Affonso Romano de Sant'Anna O meu comentário??? Ter medo... Por se sentir todo esse amor, A transbordar no coração.. E, sim, não faz sentido... Á primeira vista...é como um puzzle... As peças não encaixam..... Um labirinto... Um oceano em fúria.... Uma noite na praia... Amor é a resposta a nada... é a verdade de tudo....

QUEM AS DIZ

É por dentro de um homem que se ouve o tom mais alto que tiver a vida a glória de cantar que tudo move a força de viver enraivecida. Num palácio de sons erguem-se as traves que seguram o tecto da alegria pedras que são ao mesmo tempo as aves mais livres que voaram na poesia. Para o alto se voltam as volutas hieráticas sagradas impolutas dos sons que surgem rangem e se somem. Mas de baixo é que irrompem absolutas as humanas palavras resolutas. Por deus não basta. É mais preciso o homem. "Nona Sinfonia" - Ary dos Santos in "O Sangue das Palavras" O meu comentário??? As palavras são livres... Tornam-se eternas e sagradas para quem as declama por amor. Para quem diz na poesia a essência da vida... Deixa as verdades nas entrelinhas... Nos sons que as encantam... Numa canção de louvar... Seja a Deus... seja ao Homem... Que fiquem... No coração de quem as diz, de quem as ouve. De quem as escreve, com toda a certeza de que são absolutas...

COM A ALMA

Out of the night that covers me Black as the Pit from pole to pole I thank whatever Gods may be For my unconquerable soul. In the fell clutch of circumstance I have not winced or cried aloud Under the bludgeoings of chance My head is bloody, but unbowed Beyond this place of wrath and tears Looms but the Horror of the shade And yet the menace of the years Finds, and shall find me, unafraid It matters not how strait the gate How charged with punishments the scroll, I am the master of my fate; I am the capitan of my soul "Invictus" de Willian Ernest Henley (1849 - 1903)** O meu comentário??? Baixei a minha cabeça e vivi no medo. Procurei conforto na escuridão... atormentada com as imagens e as exigências impostas pelos outros.. Sem certezas do que queria verdadeiramente. Cega, surda e muda... no caminho mais fácil.. Não olhei para dentro da minha alma; ignorei-a... Não tomei conta do meu destino e perdi o respeito por mim... Hoje, aprendi a ser tolerante... Não exigo; compreendo

MÁGICO

Invento-te recordo-te distorço a tua imagem mal e bem amada sou apenas a forja em que me forço a fazer das palavras tudo ou nada. A palavra desejo incendiada lambendo a trave mestra do teu corpo a palavra ciúme atormentada a provar-me que ainda não estou morto... E as coisas que eu não disse? Que não digo: Meu terraço de ausência meu castigo meu pântano de rosas afogadas... Por ti me reconheço e contradigo chão de palavras mágicas joio e trigo apenas por ternura levedadas.... "Soneto de Mal Amar" de Ary dos Santos in "O Sangue das Palavras" O meu comentário??? E é sangue que sinto ao morder os lábios.. Ao sentir todo esse desejo de largar nas palavras escritas O que não desabafo... Esse amor... esse ciúme... sempre com esse desejo... Essa ternura caótica que percorre todo o meu corpo... Em que tudo, não só as palavras, é mágico.... Porque é puro e suspira em mim...

FALAR AGORA

Contam que em pequenino costumava, Ao ver-me num cristal reproduzido, Beijar a própria boca, em que julgava Ver a boca de alguém desconhecido. Cresci. Amei-a. E tão alheio andava, No sonho por seus olhos promovido, Que em vez de cartas que ela me enviava Eu lia o que trazia no sentido... Rodou o tempo. Estou doente e velho... Agora se me acerco dum espelho... Oh meus cabelos, noto que alvejais... E as cartas dela, se as releio agora, Só vejo por aquelas linhas fora, Palavras e palavras...Nada mais! Poema de Augusto Gil O meu comentário??? Com os quais já não sonho... Não lhes descubro o sentido... Já nem sei se amei ou mesmo o que é o amor... E, o espelho é impiedoso... Ou terei sido eu quem se esqueceu de olhar? E decifrar no reflexo as verdadeiras palavras.... O prazer do beijo, da paixão, do amor... Não falam comigo agora???

MAPA

Lembra-te que todos os momentos que nos coroaram todas as estradas radiosas que abrimos irão achando sem fim seu ansioso lugar seu botão de florir o horizonte e que dessa procura extenuante e precisa não teremos sinal se não o de saber que irá por onde fomos um para o outro vividos Poema de Mário Cezariny in "Pena Capital" O meu comentário??? O que lembras? O que dizes? Tudo tem o seu lugar. Tudo tem o seu preço. Sem que haja resposta que atenue a dor, a ansiedade, a tristeza de memórias. Hoje tudo pode parecer radioso.. Amanhã pode ser o dilúvio e do mapa, ficar apenas o saber o que era uma mapa...