Mensagens

A mostrar mensagens de julho 20, 2008

SAUDADE

Desaparecido Sempre que leio nos jornais: «De casa de seus pais desapar’ceu...» Embora sejam outros os sinais, Suponho sempre que sou eu. Eu, verdadeiramente jovem, Que por caminhos meus e naturais, Do meu veleiro, que ora os outros movem, Pudesse ser o próprio arrais. Eu, que tentasse errado norte; Vencido, embora, por contrário vento, Mas desprezasse, consciente e forte, O porto do arrependimento. Eu, que pudesse, enfim, ser eu! - Livre o instinto, em vez de coagido. «De casa de seus pais desapar’ceu...» Eu, o feliz desaparecido! Carlos Queirós O meu comentário??? Por vezes, temos essa vontade.... Desaparecer... Recomeçar noutro lugar.... Noutro mundo..... Partilhar outras ideias, outras verdades.... Não muda o Vento.... As histórias ficam sempre gravadas na memória... E há sempre a Saudade... Nunca desaparece................

VALE A PENA

Vem Vento, Varre Vem vento, varre sonhos e mortos. Vem vento, varre medos e culpas. Quer seja dia, quer faça treva, varre sem pena, leva adiante paz e sossego, leva contigo nocturnas preces, presságios fúnebres, pávidos rostos só covardia. Que fique apenas ereto e duro o tronco estreme de raiz funda. Leva a doçura, se for preciso: ao canto fundo basta o que basta. Vem vento, varre! Adolfo Casais Monteiro O meu comentário?? Culpa e medos....que o Vento os leve.... Desimpeça o caminho.... Para que se erga a cabeça e se deixe de sentir culpado.... Pela alegria com que brindamos a vida..... Não, o Vento não deve varrer a doçura... A alegria, o riso.... Deve ensinar como os preservar.... Pois culpa e medos....o mundo tem em demasia.... E há sempre alguém mesquinho que nos faz sentir culpados... Por algo tão natural, tão necessário e que vale tanto a pena........

QUEM SABE???

Navio Tenho a carne dorida Do pousar de umas aves Que não sei de onde são: Só sei que gostam de vida Picada em meu coração. Quando vêm,vêm suaves; Partindo,tão gordas vão! Como eu gosto de estar Aqui na minha janela A dar miolos às aves! Ponho-me a olhar para o mar: -Olha-me um navio sem rumo! E,de vê-lo,dá-lho a vela, Ou sejam meus cílios tristes: A ave e a nave, em resumo, Aqui, na minha janela. Vitorino Némesio O meu comentário??? Despreocupada e alegre.... Devia ser...a vida.... Nem sempre...há uma tristeza encalhada tal como o navio.... Abandonado e triste...esquecido, mas refúgio do tempo e das aves.... Livres e alegres.... Ou não.......... Quem sabe que histórias contam ao soltar gritos tão estridentes? Quem sabe se não cortam as asas nas correntes do vento? Procuram a nossa companhia, pois nos sentem tão sós como elas???

VERSOS E MUNDO

Nomeio o Mundo Com medo de o perder nomeio o mundo, Seus quantos e qualidades, seus objectos, E assim durmo sonoro no profundo Poço de astros anónimos e quietos. Nomeei as coisas e fiquei contente: Prendi a frase ao texto do universo. Quem escuta ao meu peito ainda lá sente, Em cada pausa e pulsação, um verso. Vitorino Nemésio O meu comentário??' Em cada verso, uma paixão... Em cada palavra, um desejo... Ardente de falar.... Soltar o coração..... Envaidecer as estrelas e os planetas..... Porque as palavras jorram com sentido.... Há alegria...... Que o mundo, por vezes, esquece, mas existe......