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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Dois livros da Contraponto na lista de melhores do ano

A revista LER anuncia na edição deste mês de dezembro a lista dos melhores do ano.
Entre as distinções para o TOP 10 2011 de livros infanto-juvenis encontram-se dois editados pela Contraponto: Contos dos Subúrbios, de Shaun Tan, e A Evolução de Calpurnia Tate, de Jacqueline Kelly.


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Imprensa: «A Evolução de Calpurnia Tate»

«A Ciência da Literatura


Infelizmente, não é frequente um livro juvenil ser uma obra literária. Não invalida que a história seja bem contada, sequer que a fórmula não seja louvável, divertida, contagiante... Mas a literatura é mais do que isso. E ler este livro, que tem a teoria da evolução das espécies de Darwin como "leitmotiv", é aceder a uma verdadeira narrativa literária. É uma história de época, na viragem do séc. XIX para o séc. XX no sul dos EUA, narrada na primeira pessoa com desenvoltura, em que uma rapariga de doze anos vai descobrindo um mundo de liberdade através da ciência, à qual acede de forma semi-secreta através do seu excêntrico avô. Esta experiência, que percorre todo o livro, contribui para alterar a percepção que Calpurnia tem do universo social que a rodeia e que a tenta preparar para uma função que não lhe interessa. "A Evolução de Calpurnia Tate" é um exemplo de uma novela bem construída, em que os temas escolhidos se entrelaçam sem se sobreporem ou soarem forçados, e a informação revela-se sempre necessária. Como tantas outras obras juvenis, este livro (o primeiro de Jacqueline Kelly) é transversal, que agradará tanto a adolescentes como a adultos.»
Os Meus Livros

terça-feira, 26 de julho de 2011

Curiosidades...

«– Sabes, Calpurnia, que a classe Insecta compreende o maior número de organismos vivos conhecidos pelo homem?
– Avô, ninguém me chama Calpurnia a não ser a minha mãe, e só quando estou metida em sarilhos.
– Porque não? É um nome muito bonito. A quarta mulher de Plínio, o Jovem, aquela com quem ele casou por amor, chamava -se Calpurnia, e o facto é que ele nos deixou algumas das maiores cartas de amor de todos os tempos. Também há uma planta da família Fabaceae, género Calpurnia, uma leguminosa muito útil característica do continente africano. Depois há a mulher de Júlio César, mencionada por Shakespeare. E assim por diante.
[...]»
A Evolução de Calpurnia Tate, Capítulo 2, pág. 27

Crítica: «A Evolução de Calpurnia Tate»

«Calpurnia Tate é uma menina de onze anos, nascida no Texas e filha de boas famílias, a quem a tradição e a moral do século XIX predestinam o recato da vida doméstica, sem outros entretenimentos que não a gestão da copa e da cozinha – e a procura de um bom partido para casar. O tédio feito existência, dito de outra maneira. Porque Calpurnia Tate é também uma menina curiosa e inteligente, fascinada pelas descobertas científicas do século de Darwin, cuja natureza instintiva quer mais do que crescer entre barrelas de roupa e tartes de nozes pecã, por muito doces que estas sejam. Um avô naturalista, homem de poucas falas e nenhuma inclinação por crianças, vai ajudá-la a entender o vasto mundo que cabe entre o céu estrelado e um olhar microscópico, o mundo a que Calpurnia Tate escolheu pertencer. Não é líquido que o consiga, mas outra coisa não podemos desejar.

A Evolução de Calpurnia Tate é um belíssimo primeiro livro de Jaqueline Kelly, autora neozelandesa que se estreou a ganhar o Prémio Newbery, em edição da Contraponto. Para todas as idades.»
Carla Maia de Almeida, O Jardim Assombrado

terça-feira, 19 de julho de 2011

Crítica de Leitor: «A Evolução de Calpurnia Tate»

«Calpurnia Tate, ou Callie, uma encantadora e perspicaz menina de "quase" doze anos (tal como a própria evidencia variadas vezes) conta-nos, na primeira pessoa o seu processo de aprendizagem em tão tenra idade.

De personalidade carismática, extremamente inteligente e madura, a personagem principal não poderia estar melhor executada.
Atenta ao mundo que a rodeia, embora pertencendo a a uma sociedade ignorante, Callie busca a sabedoria no quente e aborrecido verão de 1899.
Através da sua propensão para a inovação e curiosidade em saber mais sobre a teoria d'A Origem das Espécies de Charles Darwin, estabelece uma relação forte e nunca antes pensada, com o seu avô. Este último, vem mostrar-se decisivo e influente na progressão e desenvolvimento da pequena Callie.
Dotado de uma narrativa que nos embala, este livro faz-nos querer participar nas aventuras de Callie, vendo com os nossos próprios olhos todos os elementos maravilhosos que nos são descritos.
Embora possa haver um certo exagero na maturidade de Callie, tendo em conta que se encontra num tempo em que a religião se sobrepõe à ciência, reconheço que a menina e o seu avô são duas mentes brilhantes, estimulando o leitor desde a primeira à última página, com as suas fascinantes personalidades e intelectos, assim como conseguem converter leigos na matérias em verdadeiro entusiastas da ciência.
Não esqueçamos que Callie vem de uma família do seu tempo, onde é a única rapariga no meio de seis irmãos.
Irmãos estes que, em muito, diferem da sua irmã, ocupando-se por assuntos mais triviais mas não menos importantes, como o amor.
Destaca-se, também, a mãe de Callie que se concentra em tornar a filha numa excelente futura matriarca, tentando lidar com a rebeldia da mesma.
"A Evolução de Calpurnia Tate" é, acima de tudo, uma estória de desenvolvimento pessoal, deixando portas abertas quanto ao futuro ao seu leitor. Essas mesmas portas são deixadas em aberto para a protagonista, terminando de maneira inacabada, deixando-nos curiosos em relação ao futuro de Callie.
Personagens reais e encantadoras à mistura de uma boa dose de conhecimentos e busca pelo desconhecido, são alguns dos ingredientes que temperam este excelente livro.
De leitura fácil e aprazível, "A Evolução de Calpurnia Tate" é um livro para todas as idades, para todas as mentes abertas à sabedoria, pois como sabemos, o conhecimento não ocupa espaço!»
Segredo dos Livros

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Imprensa: «A Evolução de Calpurnia Tate»


«Desejo e método

A autora Jacqueline Kelly dá vida à jovem Callie e à sua família, capturando um ano verdadeiramente invulgar com uma sensibilidade e sabedoria únicas. Trata-se de um conto, bem escrito e estruturado de forma apelativa para ser lido por adolescentes e adultos. De realçar ainda as palavras de Darwin como preâmbulo de cada capítulo.»
TV Guia

terça-feira, 24 de maio de 2011

Excerto de «A Evolução de Calpurnia Tate»

Nota: A partir de Junho, os livros da Contraponto passarão a adoptar o Novo Acordo Ortográfico.




«1
A ORIGEM DAS ESPÉCIES

Quando um jovem naturalista inicia o estudo de um grupo de organismos que desconhece por completo, começa por ficar demasiado perplexo para poder determinar quais as diferenças a considerar… pois nada sabe acerca da quantidade e do tipo de variação a que o grupo está sujeito…

POR VOLTA DE 1899, já sabíamos como lidar com a escuridão, mas não com o calor do Texas. Levantávamo-nos de madrugada, algumas horas antes do nascer do Sol, quando apenas se via uma mancha de índigo no céu oriental e o resto do horizonte era puro breu. Acendíamos os candeeiros a petróleo e transportávamo-los à nossa frente, no meio do negrume, como pequenos sóis minúsculos. Havia toda uma jornada de trabalho pela frente até ao meio -dia, altura em que o calor extremo nos obrigava a recolher ao nosso casarão, com as portadas todas fechadas, e a ficarmos deitados nos nossos quartos, às escuras, como vítimas transpiradas. O remédio habitual da mãe, de borrifar os lençóis com uma água-de-colónia refrescante, durava apenas um minuto. Às três da tarde, quando já estava na altura de nos levantarmos outra vez, a temperatura era ainda insuportável.
O calor era uma tragédia para todos os habitantes de Fentress, mas as mulheres sofriam muito mais, por causa dos espartilhos e dos saiotes. (Eu ainda era demasiado jovem para usar essa forma de tortura exclusivamente feminina.) Davam folga aos espartilhos e passavam o tempo todo a suspirar, amaldiçoando o calor e também os maridos por as terem arrastado até ao condado de Caldwell para plantarem algodão e hectares de nogueiras-pecãs. A mãe desistia temporariamente dos seus postiços, uma franja falsa de cabelo frisado e um enrodilhado de crina de cavalo, plataformas sobre as quais edificava diariamente uma montanha elaborada do seu próprio cabelo. Nesses dias, quando não tínhamos visitas, chegava mesmo a enfiar a cabeça debaixo da torneira que havia na cozinha, enquanto a Viola, a nossa cozinheira com um quarto de sangue negro, ia bombeando a água com a manivela. Não nos era permitido dar a menor gargalhada perante tão assombroso espetáculo. Enquanto a mãe ia perdendo gradualmente a sua dignidade por causa do calor, fomos descobrindo (a exemplo do pai) que mais valia afastarmo-nos do seu caminho.
O meu nome é Calpurnia Virginia Tate, mas, nesses tempos idos, toda a gente me tratava por Callie Vee. Nesse verão, tinha onze anos e era a única rapariga de sete irmãos. Conseguem imaginar pior do que isto? Estava encaixada entre três irmãos mais velhos – Harry, Sam Houston e Lamar – e três irmãos mais novos – Travis, Sul Ross e o benjamim, Jim Bowie, mais conhecido por J. B. Os mais pequenos ainda conseguiam dormir à hora do almoço, por vezes amontoados em cima uns dos outros como cachorros molhados exalando vapor. Os homens que chegavam dos campos, bem como o meu pai vindo do seu escritório na oficina de descaroçamento, também passavam pelas brasas, não sem antes se refrescarem com alguns baldes de água tépida retirada do poço, no alpendre que fazia de dormitório. Depois caíam nas suas camas de rede como que derrubados por um machado de guerra.
Sim, o calor era uma tragédia, mas também me dava liberdade. Enquanto o resto da família dormitava, esgueirava-me secretamente até às margens do rio San Marcos, onde podia gozar de um interlúdio diário sem escola, sem as pestes dos meus irmãos e sem a minha mãe por perto. Não tinha propriamente autorização para o fazer, mas também ninguém mo proibia. Pude prosseguir com estas escapadelas porque tinha um quarto só para mim no fundo do corredor, ao passo que os meus irmãos eram forçados a partilhar o deles. Caso contrário, teriam logo dado com a língua nos dentes. Tanto quanto me era dado a observar, essa era a única vantagem de ser uma rapariga no meio de tantos irmãos.
A nossa casa estava separada do rio por uma parcela de dois hectares em forma de lua crescente, coberta por uma vegetação densa e espontânea. Ter -me -ia sido tremendamente difícil atravessar toda a zona, não fosse o pequeno trilho aberto pelos habituais clientes do rio – cães, veados, irmãos – por entre as perigosas plantas que se erguiam à minha altura, plantas essas que largavam umas sementes espinhosas que ficavam agarradas ao cabelo e ao bibe sempre que me encolhia para tentar passar. Quando chegava ao rio, despia a roupa e ficava só em camisa; punha-me a flutuar de costas com os meus movimentos a provocarem ligeiras ondulações na corrente suave, apreciando a frescura da água a fluir à minha volta. Eu era uma nuvem de rio revirando ao de leve nos remoinhos. Olhava para cima, para as teias tecidas pelas lagartas na luxuriante cobertura de carvalhos vergados sobre o rio. Os insetos pareciam refletir a minha imagem, flutuando nos seus invólucros de gaze sob o pálido céu azul-turquesa.
Nesse verão, todos os homens menos o meu avô, Walter Tate, cortaram o cabelo à escovinha e raparam a barba e os bigodes farfalhudos. Pareciam tão nus como salamandras cegas durante os poucos dias que levámos a ultrapassar o choque de ver os seus queixos pálidos e frágeis. Estranhamente, o avô não parecia sofrer com o calor, mesmo com a sua barba branca tombando-lhe sobre o peito. Dizia que era por ser um homem de hábitos regulares e moderados, que nunca bebia uísque antes do almoço. O seu velho fraque malcheiroso já estava inexoravelmente fora de moda, mas nem pensar em desfazer-se dele. Apesar das constantes esfregadelas com benzina levadas a cabo pela nossa criada SanJuanna, o casaco nunca perdia o seu cheiro a mofo, bem como a sua cor estranha, algures entre o preto e o verde.
O avô vivia connosco debaixo do mesmo teto, mas movia-se como uma sombra. Desde há muito que delegara a gestão do negócio da família ao seu único filho, o meu pai, Alfred Tate, e passava os dias envolvido em «experiências» no seu «laboratório». O laboratório era composto por um velho barracão em tempos usado para acomodar os escravos. Quando não estava no laboratório, estava a apanhar espécimes ou embrenhado nos seus livros bafientos num canto escuro da biblioteca, sem que ninguém se atrevesse a perturbá-lo.»
A Evolução de Calpurnia Tate

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Brevemente


A Evolução de Calpurnia Tate

Jacqueline Kelly


O meu nome é Calpurnia Virginia Tate, mas, nesses tempos idos, toda a gente me tratava por Callie Vee. Nesse verão, tinha onze anos e era a única rapariga de um total de sete irmãos. Conseguem imaginar pior do que isto?

O verão de 1899 é quente na adormecida cidade do Texas onde vive Calpurnia, e não há muitas maneiras eficazes de combater o calor. A mãe tem uma nova ventoinha comprada na cidade, mas a única alternativa que Callie encontra é cortar discretamente o cabelo, uns furtivos dois centímetros de cada vez. Também passa muito tempo no rio na companhia do seu irascível avô, um ávido naturalista, e descobre assim que cada gota de água está cheia de vida – nada como olhar através de um microscópio!

Ao mesmo tempo que Callie vai explorando o mundo natural à sua volta, consegue desenvolver uma forte relação com o avô, contornar o perigo que é viver com seis irmãos e aprender o que significa ser-se rapariga na viragem do século.

A autora estreante Jacqueline Kelly dá vida a Callie e à sua família, capturando um ano verdadeiramente invulgar com uma sensibilidade e sabedoria únicas.