Não faço surf. Nunca fiz e quase vos garanto que nunca farei.
Talvez por essa incapacidade estar tão presente em mim, sempre me senti um
tanto fascinada pela coisa. Por essa capacidade que outros têm de entrar no mar
sem medo, de ser amigo da onda e com ela apanhar boleia. O cheiro do mar
embutido na pele, pertencer ao mar durante um pôr do sol. Tudo isto deverá ser
um romantismo tosco, mas dou comigo a ler as crónicas do Cadilhe e a
imaginar-me descalça, numa praia quase deserta, de prancha na mão. Se houver
uma pão de forma no cenário, tanto melhor. Depois observo o solitário Andres
Kozminsky a fazer uma prancha de balsa, na periferia deste mundo. Observar o mar e esperar a onda, ensina mesmo
isto, a esperar. Esperar por algo que não depende só de nós. Fixar o olhar.
Quando era miúda e vi o “Point Break” com o Swayze e o Reeves , guardei na mente a cena em que fazem surf à noite, com os faróis dos carros a iluminar a água. Eu avisei que era um romantisco tosco. Depois vejo o Free Ride, dos anos 70 e há ali qualquer coisa que me prende. Também me parecia mais simples na altura, mais em bruto. Mas isso sou eu, que não percebo patavina do assunto.
Quando o equilíbrio não é amigo e nadar não é o nosso forte, ficamo-nos pelos livros e filmes e alimentamos o sonho com a vivência dos capazes.
Quando era miúda e vi o “Point Break” com o Swayze e o Reeves , guardei na mente a cena em que fazem surf à noite, com os faróis dos carros a iluminar a água. Eu avisei que era um romantisco tosco. Depois vejo o Free Ride, dos anos 70 e há ali qualquer coisa que me prende. Também me parecia mais simples na altura, mais em bruto. Mas isso sou eu, que não percebo patavina do assunto.
Quando o equilíbrio não é amigo e nadar não é o nosso forte, ficamo-nos pelos livros e filmes e alimentamos o sonho com a vivência dos capazes.