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quarta-feira, 18 de março de 2015

a viagem


Da janela olho a chuva cair e as gotas fugirem do vidro. A rua chama-me. De repente, a chuva para. Sorrio. Pergunto à minha mãe se posso descer. Ela consente.
Abro a porta do quarto. Não há ninguém à vista. Desço as escadas de madeira a correr. Um cheiro a comida vem da cozinha e invade devagar o resto da casa da Missão. Abro a porta. Tenho o jardim à minha frente, quase a perder de vista. Sou invadida pelo cheiro a relva e terra molhada. O sol continua escondido. Passo pelo local onde há uns dias plantei uma árvore. Disseram-me que ia demorar para conseguir ver alguma coisa a brotar da terra, ainda assim, insisto diariamente em espreitar, não vá a coisa acontecer mais depressa do que o esperado.
Chego perto do rio cheia de esperança. Espero um pouco. Lá estão eles! Os patos adultos e os bebés, vestidos de um amarelo vivo. Nada nos bolsos. Volto a casa. A correr, claro. Detenho-me no quintal, nas traseiras da cozinha, muito quieta. Aparentemente, estar quieta era na altura sinal de bom comportamento. Quanto mais estátua e silenciosa estivesse, mais bonita era. Correr e saltar não encaixava no bom comportamento esperado pela cozinheira e mais alguns. Olho impaciente para dentro da cozinha. Uma cara amigável espreita e sorri-me. Uma estudante espanhola que tinha um filho de uma ano e meio que gostava de comer apenas as coberturas dos bolos, para desespero da cozinheira.
"Bread?", pergunta.
"Yes, please!" respondo quase a saltar.
Volta para dentro e traz-me um saquinho pequeno, transparente, com pão de forma esmigalhado.
Retribuo com um sorriso tímido e vou embora a correr. Passo o quintal e piso a relva do jardim outra vez. Dou a maior corrida que consigo [já vos disse o quanto ainda hoje gosto de correr?] e chego novamente ao pé do rio, rodeado de altas e densas árvores. Começa então um dos meus momentos preferidos do dia: dar de comer aos patos. Devagar, juntam-se à minha volta. Atiro-lhes pão e converso com eles. O tempo parecia muitas vezes parar ali. Sem etiquetas estonteantes. Apenas eu e os patos. Quando eles iam embora, corria de braços abertos pelo relvado e sonhava com uma casa na árvore que não existia. Fazia casas atrás de arbustos e imaginava que os pássaros e árvores falavam. Inventava mil histórias que tinham a  sua continuidade no dia seguinte.
Ouve-se um sino ao longe. Regresso. Volto a correr para a casa da Missão e vou lavar as mãos. Na sala de refeições uma mesa comprida espera-me e o som de várias línguas enche a sala. Sento-me ao lado da minha mãe. Olho pela janela. A chuva recomeça a cair.

A buzina de um automóvel soa. Abro os olhos. Estou no jardim da Estrela, em Lisboa e já não tenho sete anos.

sábado, 25 de agosto de 2007

Love the rain!

(o nosso pinheirinho que um dia será grande...)
Hoje o dia esteve como eu gosto: nublado. Não sei bem porquê, mas um dia nublado sempre me dixa mais pensativa. Lembro-me de um dia nublado em especial, na ilha de Faro, nas férias de 1994, com a Shana e o Lipe. (the best!) Nesse dia não víamos mesmo "um palmo à frente do nariz" e fomos para a praia tentar jogar vollei... isso é que foi rir! Depois optámos pelo snoccer no café dos pescadores.
À pouco, quando parou de chover, estive um bocadito lá fora a sentir o fresco que fica após a chuva cair. I love the rain!!! Acho que aprendi a gostar ainda mais dela depois da minha primeira ída a Inglaterra com os meus pais, aos 8 anos. Em Inglaterra não existe seca. Adorava fazer o percurso a pé da Missão (EMF) até à igreja e sentir a frescura no ar, o cheiro a terra molhada e mergulhar no verde vivo da natureza. (really miss it...)

O Lucas veio cá passar o fim de semana e vai na segunda feira conosco para o Kids Camp. Estivémos a montar a nova cama do Jojó, que comprámos hoje no IKEA. Vai mudar-se para o quarto do Sammy, que está desejoso de ter companhia. Vamos lá ver como corre a primeira noite...