Mostrando postagens com marcador poemas ansiolíticos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador poemas ansiolíticos. Mostrar todas as postagens

domingo, 29 de abril de 2012

ansiolítico 45

ofegante e oprimido
sonolento e vencido

num caminho entre

a guerra e a paz
a sã e a louca
amante e amigo
sentindo na boca
as águas por mim
retiro (sem gelo)
um poema do rim

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

SONHEI COM O EMPREGO

quero é morrer deitado
no meio
do imenso feriado

dizendo tudo que calo
cantando tudo que mudo

quero é morrer lutando
no seio
do imenso feriado

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

TONTO?

como um surdo
tentando entender que música toca
com a ajuda das cores dos sinais de trânsito

na cidade cinza
da idade torta

sem fazer exames
sem gostar de festa
sem saber por que

essa pressa

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

IMPLOSÃO

poesia
é minha prece

se a vida apressa
feito louca
se o amor não desce
do céu da boca
pouco importa:

a poesia
é minha prece

(Fabio Rocha)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

BA_LANÇA DE ESCRITÓRION

preso ao tempo livre que não tenho
reparo pequenos sons
de minha perna balançante

estalos de estabilizadores

sinfonia de teclados

algo por fazer
algo por fazer
algo por fazer
(que não faço)

e essa falta gigantesca de um canto

(Fabio Rocha)

sábado, 10 de julho de 2010

HÁ OUTRA FORMA?

cavalos
muitos cavalos
presos
corações pesados
por muito tempo
ansiogênicos
acelerados

quando abre-se o mundo

ir é escancarado

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 22 de março de 2010

SOLENE (OU DA AUSÊNCIA DE MOBY DICK)

minha poesia quer explodir
não sei bem a causa
a calça
o tamanho
a direção

não sei
mal a faca
o arpão
as compras
o gume
o lugar
a espada
o legume...

mas
é lindo
meu navio um
sozinho no mar

minha poesia quer explodir
e não chega a lugar nenhum

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

ESTADO PLEXO

Para Vanessa Souza Moraes

é quando
leio a coisa certa
(ou a errada)

e quando uma música lenta

e quando uma cena cortada

acho maravilhoso
a princípio
(oh, momento de glória!)

e no seguinte

sumo eu
e qualquer fruto de precária paz
resta flutuando
no meio de tudo
além do espaço
esse peito indefinível
em chamas, em pânico, em frenesi de dor, ácido

e estou fora do tempo
longe do momento
o passado é i-n-a-c-r-e-d-i-t-á-v-e-l
e o futuro, imprevisível

(Fabio Rocha)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

INIMIGO MUNDO (HORÁRIO COMERCIAL)


Escalo o muro
escalo o monte
de percevejos

Espalho a raiva
espalho o murro
dos meus desejos
inatingíveis

Escalo a jato
escalo arfante
antes que eu note
o que almejo

(Mas quando é noite
sozinho eu ouço
o meu silêncio...)

(Fabio Rocha)

sábado, 19 de setembro de 2009

INFINDÁVEL

Para Drummond

Meu coração é menor que o mundo.
Muito menor.

O mundo é grande
e cheio de desafios
que não quero vencer.

Meu peito
é cheio
de ansiedade
dor
e ar.

O que me faz andar...
Cheio de falta.

Me falta dinheiro, aliás.

No peito,
sobra vazio.

Não tenho meta
mas sou poeta...

Ando
pela praia
pela casa
pela vida
sozinho e manco.

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

PRODUZA, CONSUMA, POLUA

O urso polar
busca o gelo fino
mais fino a cada ano.

Nada.
Nada.
Nada.

O gelo mínimo.
O último gelo.

Nada.
Nada.
Nada.

O vento venta.
O urso acha.

Sobe.
O gelo estala.

Abaixo,
o infinito
azul
escuro.

O urso polar
contra a inevitabilidade
salta branco
salivando orgulho
de escolher por último
ser nada.

(Fabio Rocha)

terça-feira, 21 de julho de 2009

DA BUSCA REVISITADA

No fundo de toda agonia
o vazio do agora
que eu deveria
abraçar
e não buscar preencher
com algo de fora
desta poesia.

(Fabio Rocha)

terça-feira, 9 de junho de 2009

ABUTRE: O HOMEM

jurar a jubarte
de morte
de arte
judiar a jubarte
juba de jujuba
inexistente e doce
júbilo em marte
a jubarte
que voa no vácuo
vermelho de sangre
planeta com rosto
sorrindo de triste

(Fabio Rocha)

terça-feira, 26 de maio de 2009

SALA DE ESPERA (MUDANDO DE ANALISTA)

Sentamos na sala de espera. O som do silêncio é o relógio de parede que quebra, por não estar quebrado - infelizmente. Dura três longos minutos. Fala-se, então, das novas descobertas científicas na revista que podem nos fazer viver mais. Me pergunto para quê. E a caverna subterrânea, da beira do profundo nos observa, repleta de silêncio e coisas escuras por dizer. Entreolhamo-nos, semiconscientes dela mas sem coragem. O não-dito. O relógio segue. Ninguém desce a si.

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

FECHADO

Antes que eu rime poesia com dia
um poema fecho
de manhã
antes do meio-dia
de manha
antes que eu seja tarde.

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

FUNDAMENTAÇÃO POÉTICA 1: ANSIEDADE COMO BEM

A base de minha poesia é a pressa.

Escrevo antes que o poema passe
antes que eu me critique
me encontre
e morra.

Escrevo antes de qualquer revisão ou cuidado excessivo
com as novas regras gramaticais
sem pensar no FBI
ou na ABNT.

Antes de tudo
antes que o poema morra.

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

AMOR FATI 2 - A REVANCHE

Para Bob Dylan

A dor do dia no apartamento sozinho
me pesa as pernas.

A louça por lavar me olha entre panelas, suspiros e literalidade.

Uma baleia de aço
canta sofrida em algum ponto perto
asfalto.

Ar falta
na ansiedade concentrada
entre o peito e os braços abertos
ansiedade pulsante que se torna
tempestade crescente
Beethoven
e então
letra e palavra...

Palavra escrita
pela voz não dita
voz não dita no apartamento que me aperta o dia
agita antes de usar
aperta e pulsa e uso
relógio no pulso pulsando a vida passando em medidas exatas
entra as minhas asas fechadas e a nostalgia do que não faço
matemático.

Mas algo me mostra que
apesar de tudo e de nada
o momento é perfeito
o momento formado por todas essas partes do todo caótico
e a gaita de Bob Dylan
e a baleia indefinível em algum lugar por perto
algum lugar por certo que não se pode ver pela janela
(tiros ao longe, tiros dos jornais de amanhã)
a solidão da plenitude...

Nada poderia ser diferente no dia
na minha vida
no mundo
ou no universo
pelo bem desta canção.

(Fabio Rocha)

(Este poema interrompeu o belo, louco e longo filme "Não estou lá", sobre Bob Dylan, passando agora no Telecine Cult.)

terça-feira, 1 de julho de 2008