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sexta-feira, 17 de julho de 2009

terça-feira, 26 de maio de 2009

SALA DE ESPERA (MUDANDO DE ANALISTA)

Sentamos na sala de espera. O som do silêncio é o relógio de parede que quebra, por não estar quebrado - infelizmente. Dura três longos minutos. Fala-se, então, das novas descobertas científicas na revista que podem nos fazer viver mais. Me pergunto para quê. E a caverna subterrânea, da beira do profundo nos observa, repleta de silêncio e coisas escuras por dizer. Entreolhamo-nos, semiconscientes dela mas sem coragem. O não-dito. O relógio segue. Ninguém desce a si.

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

CHOQUE (TERAPIA INÚTIL CONTRA A TIMIDEZ)

Para Machado de Assis

Os olhos de Capitu
quando encontram
no infinito segundo
meu olhar cansado
libertam (e matam) pombas seculares
(bombas nucleares)
abrigadas nas calçadas do plexo.

Entanto, as mãos não movem
as mãos não movem não
as mãos não movem
como sempre não moveram
resolutamente não movem
rumo ao que quero
e tudo passa
escapa
e vivo morto
morto vivo
agarrando minha raiva
a volantes de automóveis
e versinhos por fazer
eterna mente.

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

AMOR FATI 2 - A REVANCHE

Para Bob Dylan

A dor do dia no apartamento sozinho
me pesa as pernas.

A louça por lavar me olha entre panelas, suspiros e literalidade.

Uma baleia de aço
canta sofrida em algum ponto perto
asfalto.

Ar falta
na ansiedade concentrada
entre o peito e os braços abertos
ansiedade pulsante que se torna
tempestade crescente
Beethoven
e então
letra e palavra...

Palavra escrita
pela voz não dita
voz não dita no apartamento que me aperta o dia
agita antes de usar
aperta e pulsa e uso
relógio no pulso pulsando a vida passando em medidas exatas
entra as minhas asas fechadas e a nostalgia do que não faço
matemático.

Mas algo me mostra que
apesar de tudo e de nada
o momento é perfeito
o momento formado por todas essas partes do todo caótico
e a gaita de Bob Dylan
e a baleia indefinível em algum lugar por perto
algum lugar por certo que não se pode ver pela janela
(tiros ao longe, tiros dos jornais de amanhã)
a solidão da plenitude...

Nada poderia ser diferente no dia
na minha vida
no mundo
ou no universo
pelo bem desta canção.

(Fabio Rocha)

(Este poema interrompeu o belo, louco e longo filme "Não estou lá", sobre Bob Dylan, passando agora no Telecine Cult.)

sexta-feira, 29 de agosto de 2008