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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

doença

as cidades são o câncer do mundo
semeando cinza
alteram o metabolismo do tempo
aceleram a pulsação por rodovias engarrafadas
tudo e todos correndo correndo correndo atrás de nada
até que explode
uma bomba, um louco, um poema

(Fabio Rocha)

sábado, 6 de outubro de 2012

minha vida é insônia e um ônibus engarrafado

uso óculos escuros
na noite alta

estrelas

pianos

mortos me assustam vivos

respiração descompassada
entre os passos do passado
e os furos do futuro

toco a realidade
através de um véu amarelo
de racionalidade:

não sinto nada
além de falta

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

aspartame

nem o amargo do aspargo
nem o doce do açúcar:

queremos tomar veneno
e emagrecer saudáveis

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

torci-colo

o pescoço aperta
afasta o sono
afasta escrever
afasta sorrisos
e modos de ser
mais leves
o pescoço alerta:
olhe
apenas
pra frente!


(Fabio Rocha)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

POR HORA

yoga acalma a ansiedade
e piora a tendinite

trabalho te dá o salário
e gastrite

xarope corrói o estômago
e melhora a bronquite

namoro vai contra a solidão
(e é o que a rima permite)

(Fabio Rocha)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

TONTO?

como um surdo
tentando entender que música toca
com a ajuda das cores dos sinais de trânsito

na cidade cinza
da idade torta

sem fazer exames
sem gostar de festa
sem saber por que

essa pressa

(Fabio Rocha)

terça-feira, 12 de julho de 2011

TENDÊNCIAS E TENDÕES


não se pode mudar
sua própria essência...

uma vida de maremotos
e quando acho um porto
absorvo o absurdo:
mudo

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

SP

(Para Núbia Costa)

bruto
e rápido
e ríspido
respira-se o cinza
vive-se em luto apressado
e o silêncio desassossega o plexo

*

resta o luto
de tantos desencontros
resoluto
parto o peito
(parto
e nada nasce)

*

sampa sem samba

terra minha tripartida
língua cinza
tudo cinza fast
brigam-amam alto e sempre
nada como o esperado, amiga
como a pizza mais triste da vida
minutos depois do melhor omelete:
dor de barriga

saudade do mar
da paz do mar

se amar é isso
tenho orgulhosamente
medo de amar

*

não fode:

mão estendida apenas
quando a outra mão
foge

*

é um absurdo
nos obrigarem a tirar férias

farei piquetes
construirei fábricas
me acorrentarei a escritórios

*

fui até são paulo
encontrar o pior de mim.

amor,
nada
absolutamente nada
funcionou como deveria
(do início ao fim)
e nenhum dos dois
está minimamente disposto
a quaisquer contratempos.

(no entanto teve o melhor omelete)

voltei voando sobre uma dor inexplicável
enquanto me ofereciam amendoim
e não sei se isso tem algo a ver com o supracitado

(lástimas e lágrimas)

que bosta, Costa:
amar não basta.

não me ame
pelo amor desse deus filha da puta
nem depois de todas as cervejas do mundo
me ame

como pode tão já
tanto extremo
bom e ruim?
50 anos em 5 dias?

não me toque.
a noite é longa demais.
não me acorde apenas pra te ver dormir!

o sonho rápido demais em pesadelo
o colo rápido demais em abismo
fere.
não desperte o pior de mim!

nosso filme
(comédia nonsense)
só teve inícios
nunca terá o devido meio
nem fim

fume em paz:
aqui jaz o que seremos
(nesses versos ridículos)

perante tanta tristeza
estou com saudade
de minha ansiedade solitária

vou entrar nesse apartamento
e só vou sair
depois de dormir pelo menos uma noite inteira
quando a vida deixar de ser um lamento triste e sem sentido
após você me esquecer perto do celular e dos óculos
e mesmo assim não vou entender o que houve
nem por que choro

cuspo reto na palavra amar

(por favor, me ame)

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

quarta-feira, 6 de abril de 2011

APITAM

faço experiências sociológicas
com as legiões ilógicas
que me habitam

(Fabio Rocha)

terça-feira, 5 de abril de 2011

POETRIX-XISTE


receita de paz sem dor:
duas maracuginas por dia
e um amor

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

MADRUGADA INSONE


a chuva estala
cada folha da amendoeira
que cala

a noite sem sono ao meu redor
dança com os olhos dela:
um de cada cor

(Fabio Rocha)

sábado, 2 de outubro de 2010

LUZES DA CIDADE

sexta-feira santa
star perdido entre amigos

Copacabana se abre em lua

prédios antigos
janelas infindas de solidão nelas
nenhuma mulher nua
(os poetas que chorem a falta que passa dos vidros)

no entanto
no encanto da sexta-feira imprevisível
sob uma igreja
sobre um shopping que tem um puteiro e uma loja de antigüidades
um batuque acorda
acode
sacode a minha tontura:
tudo se pode

tudo é molde
pra se acabar em pizza
ou em samba

(Fabio Rocha)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

terça-feira, 24 de agosto de 2010

EXCESSO


de quando em vez
em certos dias
tenho certo receio
de explodir em poesias

(Fabio Rocha)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

DO MOTIVO DE EU NÃO PASSAR NA PORTA DE HOSPÍCIOS

a melhor sensação
sempre foi
o imaginar antes

esperar
o encontro
da paixão
do pastel
ou do amigo

depois
do fato em si
vários níveis de decepção...

vivo na variação entre a tristeza cinza
(quase suicida, quase estrogonofe)
e uma sensação de sorriso duro
tão boa quanto a da primeira estrofe
(e mais duradoura)
sem encontro ou motivo futuro

(Fabio Rocha)

VAN GOGH

pela melhora da minha poesia nos tempos mais fodas
eu devia mesmo é me apaixonar por putas
usar drogas em vez de maracugina
surtar em vez de fazer yoga

(Fabio Rocha)

DEVE HAVER UMA TERCEIRA OPÇÃO

se não me inclino
em direção ao impossível
minha vontade morre
o frio vence
minha vida cinza

se inclino
vôo por segundos
Ícaro caio
dói meses dois quatro
morro vermelho sangue

(Fabio Rocha)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

AO FILÓSOFO SUICIDA

meu amigo filósofo
tá sem família
gosta de Nietzsche mas bebe whisky
tá engordando
chorando lendo Rilke
pensando em suicídio com muita dor

amigo
antes de saltar do barco, por que não
amar desbragadamente
comer moderadamente
mudar tudo
pensar menos
largar as drogas
tentar ioga, ufologia, meditação, telecinese?

mas cale sua mente
silencie a maldita razão anti-poética e lógica
e pode ser que voltes a achar graça num ácaro
comendo lascas de pele velha
no canto mais feio
do sofá onde dormes

(Fabio Rocha)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

SÓ POR HOJE

hoje eu quero ser
triste
sem me justificar com um poema
sem explicar porra nenhuma com um poema
sem tentar me entender com um poema

hoje eu quero ser triste
em silêncio
quieto no meu canto
sem ninguém lendo

(dito isto, aí vai um poema)

(Fabio Rocha)